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* Fatores que afetam o desenvolvimento microbiano em alimentos ProfªAndréa Matta Ristow * Importância dos Microrganismos Classificação: Deteriorantes Patogênicos Benéficos O mesmo microrganismo pode ter atividades diferentes em alimentos diferentes Existem 4.600 espécies bacterianas catalogadas - sendo apenas 300 espécies consideradas patógenas * FONTES DE CONTAMINAÇÃO Solo e água Plantas Utensílios Trato intestinal do homem e de animais Manipuladores de alimentos Ração animal Pele dos animais Ar e pó * MICRORGANISMOS DE INTERESSE EM ALIMENTOS BOLORES Estrutura básica – filamentos denominados hifas – Micélio Função: Micélio vegetativo – fixação do bolor ao substrato Micélio reprodutivo – produção de esporos Menos exigentes que as leveduras e as bactérias: Aw, pH, temperatura e nutrientes Aeróbios – superfície dos alimentos * MICRORGANISMOS DE INTERESSE EM ALIMENTOS: BOLORES Alternaria Aspergillus Aureobasidium Botrytis Byssochlamys Cladosporium Claviceps Colletotrichum Fusarium Geotrichum Monilia Mucor Neurospora Penicillium Rhizopus Scopulariopsis Sporotrichum Thamnidium * MICRORGANISMOS DE INTERESSE EM ALIMENTOS: LEVEDURAS Def: Fungos – forma predominante é unicelular Esféricas Ovóides Cilíndricas Triangulares Algumas produzem pseudomicélios / micélios verdadeiros 25 à 30°C pH ácido Aeróbicas Mais resistentes do que as bactérias: ↓ Aw * MICRORGANISMOS DE INTERESSE EM ALIMENTOS: LEVEDURAS Candida Cryptococcus Debaromyces Hanseniaspora Issatchenkia Kluyveromyces Pichia Rhodotorula Saccharomyces Schizosaccharomyces Torulospora Trichosporon Zygosaccharomyces * MICRORGANISMOS DE INTERESSE EM ALIMENTOS: BACTÉRIAS Gram positivas e negativas Aeróbias e anaeróbias – estritas e facultativas Esporuladas ou não Coliformes Totais Coliformes Termotolerantes Bolores e Leveduras Clostridium Sulfito redutores Bacillus cereus Estafilococos Coagulase Positiva Escherichia coli Listeria monocytogenes Salmonella sp * MICRORGANISMOS DE INTERESSE EM ALIMENTOS: VÍRUS Hepatite A Feco-oral Água e alimentos Poliomielite Virose do SN Hábitat – intestino – Hosp. natural – homem Gastrenterites por Rotavírus Gastrenterites por Vírus Norwalk * FASES DO CRESCIMENTO BACTERIANO EM AMBIENTE FAVORÁVEL Latência adaptação e ajuste (LAG) Logarítmica crescimento até alcançar multiplicação rápida e constante “crescimento exponencial” (LOG) Estacionária depleção nutrientes – acúmulo metabólitos tóxicos – redução da velocidade de crescimento – nº células nascem = nº células morrem – divisão celular se igualam – população permanece constante Declínio n° células que morrem > que nº células que nascem – acúmulo de substâncias de escória * FATORES DETERMINANTES DO CRESCIMENTO MICROBIANO Fatores Intrínsecos Fatores Extrínsecos 1 . Fatores Intrínsecos– são relacionadas com as características próprias dos alimentos. atividade de água(Aa), acidez (pH), potencial de oxi-redução(Eh), composição química, presença de fatores antimicrobianos naturais ; interações entre os microrganismos presentes nos alimentos * FATORES DETERMINANTES DO CRESCIMENTO MICROBIANO 2. Fatores Extrínsecos – são relacionados com o ambiente em que o alimento se encontra. Umidade ambiental Temperatura ambiental Composição química da atmosfera que envolve o alimento * FATORES INTRÍNSECOS 1.1. Atividade de água Mede a disponibilidade de água em um alimento. Varia de 0 a 1 É o teor de água livre, que é a relação entre a pressão de vapor do alimento e a pressão da água pura na mesma temperatura. Aa = P soluto (alimento) P0 solvente (água) Efeitos da variação da Aa no alimento: Crescimento microbiano Deterioração química * 1.1. ATIVIDADE DE ÁGUA - AA Redução da Aa do alimento: Adição de sais, e de açúcar; Desidratação; Congelamento. Os microrganismos têm valor mínimo, máximo e ótimo de Aa para multiplicação. Bactérias requerem Aa + alta que os fungos Bactérias gram - são mais exigentes que as gram +. A maioria das bactérias deteriorantes não se multiplicam em Aa a 0,91. * 1.1. ATIVIDADE DE ÁGUA - AA Valor Aa limitante para multiplicação de microrganismo é 0,60. Bactérias halofílicas -0,75 Bolores xerofílicos – 0,65 Leveduras osmofílicas -0,60 A presença de nutrientes e temperaturas ideais amplia a faixa de Aa para multiplicação bacteriana - são interdependentes. * 1.1. ATIVIDADE DE ÁGUA - AA * 1.2.ACIDEZ (PH) Classificação dos alimentos: baseada no pH mínimo para multiplicação e produção da toxina do Cl. botulinum. * 1.2.ACIDEZ (PH) Acidez : natural – fermentação artificial - adição de ácidos fracos * PH: POTENCIAL HIDROGENIÔNICO * 1.3.POTENCIAL DE ÓXI-REDUÇÃO -EH É a facilidade com que determinado substrato ganha ou perde elétrons.Essa transferência estabelece uma diferença de potencial que pode ser medida por equipamentos em volts ou milivolts Perder elétrons : Oxidar – Eh positivo Ganhar elétrons: Reduzir – Eh negativo Classificação: Baseada na capacidade de utilizarem ou não o oxigênio como receptor final de elétrons no metabolismo respiratório. * 1.3.POTENCIAL DE ÓXI-REDUÇÃO -EH Microrganismos aeróbios : Eh + (+350 a +500mV) para multiplicação, presença de oxigênio: bolores e leveduras, bactérias deteriorantes, alguma patogênicas 2.Microrganismos anaeróbios: valores baixos de Eh, inferiores a -150mV, ausência de oxigênio Patogênicas :Cl. Botulinum, Cl. perfringens Deteriorantes: Desulfotomaculum nigrificans 3. Microrganismos microaerófilos- são bactérias aeróbias que se multiplicam em condições reduzidas: lactobacilos e estreptococos. 4. Microrganismos anaeróbios facultativas - (-100 a +300mV) multiplicam tanto em condições aerobiose quanto em anaerobiose: Enterobacteriaceae. * 1.4.COMPOSIÇÃO QUÍMICA Os microrganismos têm suas necessidades nutricionais definidas: deteriorantes são menos exigentes e patogênicos são + exigentes A multiplicação microbiana necessita dos seguintes nutrientes: Água Fonte de energia – açúcares e lipídios Fonte de nitrogênio - proteínas (aminoácidos) Vitaminas : B (biotina e ácido pantotênico) Sais minerais: Na, K, Ca, Mg, Fe, Cu, Mn, Z * 1.4.COMPOSIÇÃO QUÍMICA Proteínas: alimentos de origem animal, principal fonte de N: aminoácidos Ação proteolítica das bactérias se chama putrefação: Pseudomonas, Bacillus Proteus, Achromobacter, Clostridium, Micrococcus e fungos. Fontes de energia: Glicídios e Lipídios Monossacarídeos: glicose e frutose Dissacarídeos: lactose, maltose e sacarose Bactérias lipolíticas – produção de lipase: Pseudomonas, Achromobacter, Micrococcus, Serratia e grande variedade de fungos * 1.5.Fatores antimicrobianos naturais São substâncias naturalmente ou intencionalmente presentes nos alimentos com capacidade de retardar ou impedir a multiplicação microbiana. Ex: eugenol – cravo e canela; alicina – alho; timol e isotimol – orégano. Leite: sistema antimicrobiano natural Clara do ovo: pH (9 e 10) e lisozima * 1.6.INTERAÇÕES ENTRE MICRORGANISMOS É a produção de metabólitos por um microrganismo que podem afetar a capacidade de sobrevivência e multiplicação de outros. Bactéria láticas - pH do alimento que impede o crescimento de outros microrganismos. Bacteriocinas - são substâncias com atividade bactericida, produzidas por alguns microrganismos ex: colicinas ativa contra E.coli, produzidas por outras cepas. Exclusão Competitiva- é a adição de microrganismos inofensivos a um produto para estimularo processo competitivo, eliminando ou reduzindo a população dos patogênicos. Controle de Salmonella e Campylobacter em aves. * FATORES EXTRÍNSECOS 2.1 TEMPERATURA AMBIENTAL Temperatura fator mais importante dos fatores extrínsecos para viabilidade e multiplicação microbianas Faixa ótima para patógenos: 35 a 37ºC. Alguns microrganismos permanecem viáveis por longos períodos em temperaturas de congelamento Ex: Salmonella spp. – Escherichia coli O157:H7 – Enterococcus spp. – Pseudomonas spp. * Comportamento das Bactérias Frente à Temperatura Temperatura (ºC) cardinais para M.O. procariontes Mínima Ótima Máxima Termófilas 40 - 45 55 – 75 60 – 90 Mesófilas 5 – 15 30 – 45 35 – 47 Psicrotróficas -5 +5 25 – 30 30 – 35 Psicrófilas -5 +5 12 – 15 15 – 20 Fonte: ICMSF, 1980 * FATORES EXTRÍNSECOS 2.1 TEMPERATURA AMBIENTAL Psicrófilos e Psicrotróficos multiplicam-se bem em alimentos refrigerados, são deteriorantes.Ex : Pseudomonas, Alcaligenes, Flavobacterium, Micrococcus. Mesófilos são a maioria dos patogênicos. Termófilos: Bacillus e Clostridium Espécies deteriorantes: B. coagulans, Cl. Termosacharolyticum Espécies patogênicas: Cl. Botulinum e Cl.perfringens Fungos e leveduras toleram temp. altas, preferem as faixas mesófilas e psicrófila. * * PSICROTRÓFICOS: Conceito atual de psicrotróficos microrganismos que crescem em temperatura próximas a 0ºC (geladeira) mesmo que não reunam os requisitos de temperatura ótima e máxima São considerados subgrupo dos mesófilos capazes de crescerem em temperaturas inferiores à mínima Bactérias psicrotróficas Gp – Gn - aeróbias – anaeróbias facultativas - esporuladas e vegetativas Gêneros bacterianos Acinetobacter – Aeromonas – Alcaligenes – Arthrobacter – Bacillus – Chromobacterium – Citrobacter – Clostridium – Corynebacterium – Enterobacter – Erwinia – Enterococcus – Escherichia – Flavobacterium – Klebsiella – Lactobacillus – Leuconostoc – Listeria – Microbacterium – Micrococcus – Moraxella – Proteus – Pseudomonas – Salmonellla – Serratia - Streptomyces – Streptococcus - Vibrio – Yersinia Gêneros de Fungos Psicrotróficos Candida – Torulopsis – Cryptococcus – Rhototorula – Penicillim – Cladosporium – Trichothecium – Aspergillus * EFEITO DAS BAIXAS TEMPERATURA O efeito da refrigeração sobre a microbiota do alimento depende temperatura – tempo de armazenamento – características fisiológicas da microbiota implicada A medida que a temperatura cai abaixo da ótima crescimento lento ausência de crescimento As baixas temperaturas selecionam a microbiota psicrotróficas afetando quantitativamente a carga microbiana inicial do alimento * ADAPTAÇÃO ÀS BAIXAS TEMPERATURAS Temperaturas inferiores à ótima provocam inúmeras modificações morfológicas e fisiológicas na microbiota *Ex: Candida utilis aumento de tamanho celular E. coli formação de filamentos Bacillus subtilis distribuição dos mesossomas – formação de dupla parede celular Redução das atividade enzimas altera rotas metabólicas e produtos finais Microbiota produtora de pigmentos (fenacina – carotenóides) tendem aumentar a produção em baixas temperatura alteração sensorial e bacteriológica de alimentos = Serratia marcescens (enterobactéria) * EFEITOS SOBRE A MICROBIOTA DE DETERIORAÇÃO Alteração alimentos mantidos em temperaturas inferiores a 7ºC psicrotróficos longos armazenamentos milhões/grama em poucos dias alterações = odor – sabor – textura *Evitar flutuações de temperatura de armazenamento velocidade de crescimento aumenta rapidamente EFEITOS SOBRE A MICROBIOTA PATÓGENA Maioria dos patógenos = mesófilos Ex: Salmonella Enteritides → crescimento a 7ºC em carne de aves. * *C. perfringens (ótimo 12-50ºC) crescimento lento abaixo de 15ºC sensíveis às baixas temperaturas e armazenamento em temperaturas de refrigeração destruição lenta *S. aureus suportam baixas temperaturas e crescem ± 7ºC limite inferior para produzir enterotoxina 10ºC * V. parahaemolyticus sensível às baixas temperaturas *Ex: superfície do pescado mantido (T< 5-8ºC) crescimento inibido - porém - sobrevive por longo período de estocagem * Y. enterocolitica → carne a vácuo ( 1 - 3ºC) – viabilidade mantida * C. botulinum tipo E e cepas proteolíticas tipos B – F → produção de toxinas (+3,5 – 5ºC) contudo - temperatura ótima de crescimento é de 35ºC * EFEITOS DO CONGELAMENTO Efeitos Iniciais muitos microrganismos cessam crescimento em temperatura acima do ponto de congelamento em meios de cultivo – outros – continuam crescendo em temperaturas abaixo do congelamento A maioria dos esporos e algumas células vegetativas sobrevivem praticamente inalteradas. * Geralmente - temperaturas de congelamento relativamente altas são mais letais que as baixas microbiota é mais destruída ou lesada a -2ºC – 10ºC que a -15ºC e -30ºC *LESÕES SUB-LETAIS ZONA CRÍTICA DE FORMAÇÃO DE MACRO CRISTAIS (-0,5 - +0,5ºC) Congelamento – destruição ou lesão sub-letal em 50% da microbiota do alimento FAO/WHO – as lesões subletais podem afetar os dados reconhecidos como base para a promulgação de normas – especificações – conselhos deliberativos – inspeções oficiais – programas industriais de controle de qualidade e alimentos seguros * CRESCIMENTO DURANTE O DESCONGELAMENTO Depende microbiota qualitativa e quantitativa sobrevivente e anterior ao processo – número de microrganismos sobreviventes – proporção de células lesadas que necessitam de um período de recuperação para novamente atingir plena atividade das condições afetadas (injúria celular) pelo congelamento e tempo de armazenamento... Descongelamento não controlado resulta em aumento significativo das populações microbianas Ex: descongelamento em temperatura alta crescimento rápido na superfície dos alimentos microbiota deteriorante e agentes etiológicos de doenças alimentares A condensação na superfície dos alimentos - durante o descongelamento e consequente aumento da umidade proporciona ambiente favorável ao desenvolvimento microbiano * 2.2. UMIDADE RELATIVA DO AMBIENTE Há uma correlação estreita entre a atividade de água do alimento e a umidade relativa do ambiente. Alimentos conservados em ambiente com umidade relativa superior à sua Aa, tenderão a absorver umidade do ambiente, aumentando sua Aa,. Umidade ambiental for inferior à Aa, . do alimento, perdem água. * 2.3. COMPOSIÇÃO GASOSA DO AMBIENTE A composição gasosa do ambiente que envolve um alimento pode determinar os tipos de microrganismos que poderão predominar. Ex: presença de O2 multiplicação dos aeróbios Ausência de O2 multiplicação dos anaeróbios Atmosferas Modificadas – são ambientes nos quais o O2 é total ou parcialmente substituído por outros gases. São recursos tecnológicos para aumentar a vida útil dos alimentos * 2.3. COMPOSIÇÃO GASOSA DO AMBIENTE Ex: Embalagem a vácuo – em carnes + temperaturas baixas para manter a ação biostática do CO2. Atmosferas com 10% de CO2 - prolongar o armazenamento de frutas: maçãs e pêras. * 3. IMPORTÂNCIA DOS FATORES O conhecimento deste fatores permite: Prever a vida de prateleira; A estabilidade microbiológica; Conhecer a capacidade de crescimento, e ou produção de toxinas por microrganismos patogênicos. Conceito dos obstáculos de Leistner: é o estudo das interações entre os vários fatores intrínsecos e extrínsecos que afetam a capacidade de sobrevivência e de multiplicação dos microrganismos nos alimentos. * REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASFRANCO, B. D. G. M.; LANDGRAF, M. Microbiologia dos Alimentos. São Paulo: Editora Atheneu,2005. JAY, M. J. Microbiologia Moderna de los Alimentos. 2.ed. Zaragoza: Editora Acribia, 1978. MOSSEL, D. A.A.; MORENO GARCIA,B. Microbiologia de los alimentos. Zaragoza: Editora Acribia, 1982.
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