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Os microrganismos podem sobreviver em uma diversidade de ambientes. Para qualquer mudança ambiental haverá um microrganismo capaz de sobreviver. Crescimento Favorável ◈ Interação agente X Hospedeiro X Ambiente ◈ Temperatura ◈ pH ◈ Nutrientes ◈ Atividade de água (Aw) ◈ Ação enzimática e/ou imunológica ◈ Osmolaridade ◈ Pressão hidrostática ◈ Oxigênio ◈ Metabólitos tóxicos resultantes do metabolismo das células da população em crescimento ◈ Agentes antimicrobianos Controle da Infecção por Microrganismo Através da prevenção da infecção e da doença (colonização e patogenicidade) realizando o controle do ambiente e do hospedeiro através de condição nutricional adequada, imunização preventiva, eliminação da fonte de infecção e controle de vetores. O crescimento deve ser controlado através da prevenção da contaminação com o controle da matéria-prima, controle do processamento térmico, assepsia dos equipamentos e operadores, eliminação dos microrganismos presentes e barreiras para a multiplicação. Teoria das barreiras de Leistner, consiste na interação entre os fatores intrínsecos e extrínsecos com objetivo de impedir a multiplicação dos organismos deterioradores e patogênicos, combinação de dois ou mais métodos de conservação de alimentos, e com isso melhorar a estabilidade e qualidade dos alimentos. Os microrganismos crescem de acordo com a capacidade de sobrevivência e multiplicação através dos fatores intrínsecos e extrínsecos. Fatores Intrínsecos Expressão pelo microrganismo de suas propriedades físicas. ◈ pH: o grau de acidez dos alimentos que tem uma influência importante na determinação da microbiota epífita e alterante, à medida que os valores de pH decrescem, maio será a seleção da microbiota, o pH mais baixo também causa um desdobramento da molécula de proteína por rompimento dos laços de hidrogênio e isto reduz a atividade enzimática e aumenta a sensibilidade para desnaturação. O efeito inibitório do pH depende do tipo de ácido presente no alimento e da interação deste com todos os outros fatores. Os microrganismos tem pH mínimo, ótimo e máximo para crescimento, a maioria dos microrganismos crescem melhor em pH próximo da neutralidade (6,5 a 7,5), em geral os fungos filamentosos crescem melhor em pH mais baixo que as leveduras e estas são mais tolerantes que as bactérias. As bactérias crescem melhor que Crescimento microbiano leveduras em pH neutro ou pH levemente ácido. pH Organismo Alimento 5,0 ou menos Leveduras podem competir ou superar o crescimento de bactérias > 4,5 Crescimento bacteriano Baixa acidez (neutro ou pouco ácido) Entre 4,5 e 4,0 Leveduras oxidativas ou fermentativas, bolores aeróbios e algumas bactérias esporogênicas e não esporogênicas Alimentos de média acidez (ácidos) < 4,0 Bactérias acéticas e quase que exclusivamente leveduras e bolores Alimentos de alta acidez (muito ácido) Os ácidos nos microrganismos causam um efeito de maior gasto de energia para manter o pH intracelular, desnaturação de proteínas, DNA, alteração da atividade das enzimas responsáveis pelas atividades vitais da célula e menor velocidade de crescimento. O ambiente influencia no crescimento dos microrganismos, assim como os microrganismos influenciam no ambiente, então os produtos metabólicos formados pelos microrganismos podem ser ácidos ou alcalinos. ◈ Atividade de Água (Aw): os microrganismos necessitam de água livre para crescer, ou seja, nenhum microrganismo cresce em meio totalmente seco. Então a atividade de água é o quociente entre a pressão de vapor do alimento (soluto) e a pressão da água pura (solvente) à mesma temperatura. 𝐴𝑤 = 𝑃 𝑃𝑜 = 1 Onde: P= pressão de vapor do alimento (soluto) Po= pressão de vapor da água pura (solvente) O valor absoluto de Aw fornece uma indicação segura do teor de água livre do alimento (é a única forma de água passível de utilização por parte dos microrganismos). Microrganismos Atividade de Água (Aw) Bactérias 0,90 Leveduras 0,88 Fungos filamentosos 0,80 Bactérias halófilas 0,75 Bactérias xerotolerantes 0,71 Fungos filamentosos xerófilos 0,65 Leveduras osmóticas 0,60 A adição de solutos a um liquido puro irá causar uma redução na pressão de vapor da solução e consequentemente diminuir a atividade de água (Aw). Redução da atividade de água no alimento ocorre pela adição de soluto (sal, açúcar e glicerol) e remoção de água livre (desidratação e congelamento). Um mesmo valor de Aw pode determinar diferentes graus de crescimento dependendo das propriedades dos solutos e de outros fatores como: temperatura e nutrientes. Aw Alimentos Microrganismos 1 a 0,98 Leite, pescados, carne fresca, verduras, vegetais em salmoura e fruta em calda leve Todos os patógenos e a Maioria dos deteriorantes. Ex: Salmonella, Campylobacter, E.coli, Shigella, B. cereus, Clostridium, S. aureus 0,98 a 0,93 Queijo processado, carne curada, embutidos, linguiça cozida, fruta em calda forte e pães. Enterobacteriáceas, S. aureus e V. parahaemolyticus e outros acima crescem lentamente ou para sua reprodução 0,93 a 0,85 Leite condensado, queijo cheddar maturado, linguiça fermentada, carne seca, presunto cru e bacon. S. aureus mas sem produção de enterotoxina. Fungos produtores de micotoxinas. 0,85 a 0,60 Farinhas, massas, cereais, nozes, frutas secas, gelatinas e geleias, melaço. Fungos xerofílicos, osmofílicos, halófilos. Não há crescimento de bactérias patogênicas Inferiores a 0,60 Confeitos, biscoitos, leite e ovos em pó, vegetais fermentados, chocolate, mel, macarrão seco, biscoitos e batatas chips. Microrganismos não se multiplicam. Não há crescimento microbiano, mas estes permanecem viáveis. ◈ Potencial de oxidação-redução (redox - Eh): de um substrato pode ser definido, de um modo geral, pela facilidade com a quela o substrato ganha ou perde elétrons. Quando um elemento perde elétrons, diz- se que este substrato é oxidado, ao passo que, quando um substrato ganha elétrons, diz-se que se tornou reduzido. Desta forma, um substrato que facilmente doa elétrons é chamado de bom agente redutor, e aquele que facilmente recebe elétrons é denominado um bom agente oxidante, quando os elétrons são transferidos cria-se uma diferença potencial, esta pode ser medida através de um instrumento apropriado e é expressa em milivolts, quanto mais oxidada está a substancia mais positivo será o seu potencial elétrico. Entre as substancias dos alimentos que ajudam a manter condições redutoras estão o ácido ascórbico e os açucares redutores em frutas e vegetais. O potencial redox de um ambiente pode ser afetado por uma série de compostos. O oxigênio é o fator que mais contribui para o aumento do potencial redox de um alimento, os microrganismos variam no grau de sensibilidade do meio de multiplicação e podem, de acordo com o Eh requerido serem divididos em grupos Grupo Tipo de Ambiente Representaçã o Aeróbios Exigem Eh positivo para o seu cresciment o (presença de O2). Bolores, bactérias como a Pseudomonas , Acinetobacte r, Moraxella, Micrococcus, algumas espécies de Bacillus e leveduras oxidativas; Anaeróbio s Requerem Eh negativo para seu cresciment o (ausência de O2). O O2 chega a ser tóxico para a célula, porque gera peróxidos letais ao microrgani smo. Gêneros Clostridium e Desulfotomac ulum Facultativ os Multiplica m-se em Eh positivo e negativo.Leveduras Microaeró filas Multiplica m-se melhor em Eh baixo. Bactérias lácticas. Verifica-se, portanto, que este é um fator de importância a ser utilizado na preservação de alimentos e que determina também quais tipos de microrganismos irão se desenvolver em determinados alimentos. Microrganismos Eh de crescimento (mV) Aeróbios +350 a +500 Anaeróbios +30 a -250 (melhor -150). Na ausência de O2 toleram substrato com Eh elevado (+370) e na presença de O2 este limite cai para +100. Anaeróbios Facultativos +100 a +350 Superóxido dismutase Elimina os radicais superóxido convertendo-os a peróxido de hidrogênio. O peroxido de hidrogênio produzido por esta reação pode ser metabolizado por outras duas enzimas Catalase Converte o peróxido de hidrogênio em oxigênio molecular e água. Peroxidase Converte o peroxido de hidrogênio em água ◈ Nutrientes: podem variar dependendo das condições em que se encontrem os microrganismos, a maior exigência de nutrientes, quando em temperaturas abaixo ou acima do ótimo para crescimento do microrganismo. São denominados quanto a utilização e degradação de nutrientes. Proteolíticos Degradação de proteínas por enzimas, chamadas proteases. Sacarolíticos Degradação de açucares como fonte de energia no metabolismo. Lipolíticos Degradação de lipídeo como fonte de energia no metabolismo. Halofílicos ou halófilos Microrganismo que se desenvolve em ambientes com concentrações salinas. Osmofílicos Capacidade de sobreviver em meio rico em açúcar. Antimicrobianos constituintes naturais dos alimentos apresentam diversos mecanismos como inibição da síntese de ácidos nucléicos, proteínas ou parede celular, quebra da integridade da membrana, interferência em processos metabólicos essenciais para microrganismos e alguns tem efeito microbicida e outros microbiostático. ◈ Constituintes antimicrobianos: são substancias que apresentam a capacidade de retardar ou impedir a multiplicação microbiana, podem ser: naturais, produzidas pelos microrganismos e adicionados aos alimentos. Naturais: Lacteninas Leite fresco Lisozima Clara de ovo Eugenol Cravo, canela Ácido benzoico Vegetais Aldeído cinâmico Canela Alicina Alho Timol e isotimol Orégano Produzidos pelos microrganismos: Ácido propiônico Bactéria propiônica Ácido lático Bactéria lática Álcool Levedura Antibiótico Bolores Bacteriocinas Presente em bactérias gram- positivas Água oxigenada Estreptococos e lactobacilos Adicionados aos alimentos (conservantes): Ácidos Nitratos e nitritos Dióxido de enxofre e sulfitos Nisina Esses constituintes possuem tipos de ações das substancias antimicrobianas como inibição da biossíntese dos ácidos nucleicos, de proteínas ou da parede celular dos microrganismos, dano a integridade das membranas celulares e interferência nos processos metabólicos. ◈ Estruturas biológicas: são barreiras físicos naturais (pele, mucosas, muco, urina) com atividade do sistema imune (resposta celular e humoral). Cobertura natural de alguns alimentos constitui excelente barreira física contra a entrada de microrganismos: Casca de ovo Casca de fruta Casca de nozes Películas que envolvem sementes Cortes cárneos inteiros são mais protegidos que fatiados Fatores Extrínsecos São fatores próprios do ambiente onde os alimentos são produzidos, conservados ou armazenados. ◈ Temperatura de armazenamento: -8°C a +90°C é uma ampla faixa de crescimento, os microrganismos possuem uma temperatura mínima, ótima e máxima de crescimento e podem ser classificados em: psicrófilos, pscicrotróficos, criófilos, mesófilos e termófilos. Grupo T. Mín T. Ótima T. Máx Termófilos 40-45 55-75 60-90 Mesófilos 5-15 30-45 35-47 Psicrófilos -5-+5 12-15 15-20 Psicrotróficos -5-+5 25-30 30-35 Os bolores possuem uma faixa ampla de temperatura e crescem em temperatura de refrigeração e as leveduras crescem na temperatura de pscicrotróficos e mesófilos. Embora as temperaturas de refrigeração (< 10°C) prologuem a vida útil dos alimentos, diminuem a velocidade de crescimento da microbiota presente e reduzam significamente o crescimento estas são seletivas para microrganismos patogênicos e/ou toxígenos pscicrotróficos e psicrotolerantes. ◈ Umidade relativa do meio ambiente: possui uma estreita relação com a Aw, quando a Aw de um alimento for muito baixa (0,60) deve ser armazenado em condições em que não seja possível recuperar umidade. O uso de atmosfera controlada (AC) ou modificada (AM) envolvendo os alimentos poderá modificar sobremaneira a natureza do processo de deterioração chegando mesmo a retardá- lo. A modificação da atmosfera também selecionará a microbiota deteriorante nos alimentos. Hidrófitos Mínimo de 90% Mesófitos Mínimo de 80-90% Xerófitos <80% A umidade relativa (UR) está envolvida no maior ou menor grau de perecibilidade de um alimento e mantém uma estreita relação com Aw. %UR = Aw X 100 Onde: UR>Aw: absorção de água UR<Aw: perda de água ◈ Presença e concentração de gases no meio ambiente – atmosfera modificada: substituição parcial ou total do O2 por outros gases (CO2 e N) prolonga o tempo de armazenamento dos alimentos. Provavelmente o CO2 é o gás mais estudado e mais aplicado na prática industrial, particularmente em carnes e frutas. A composição gasosa do alimento decorre o tipo de microrganismo que poderá estar presente. Presença de O2 Aeróbios e facultativos Ausência de O2 Anaeróbios e facultativos Fatores Implícitos É a relação de dependência entre os microrganismos, que se estabelecem na seleção inicial resultante da influência dos fatores intrínsecos e extrínsecos. As formas mais comuns de interação são: Antagônicas ou antibióticas Inibição da microbiota acompanhante Antagonismo Simbiótica Cooperam entre si ou não dificulta o crescimento um do outro Simbiose Sinergética Cada uma tem seu tipo de ação, mas se auxiliam mutuamente mudando o rumo da alteração Sinergismo Metabiótica Criam condições necessárias para o crescimento de outros microrganismos Metabiose As influencias implícitas podem ser a velocidade especifica de crescimento dos microrganismos em condições ótimas, sinergismo (quando a presença de determinada microbiota favorece a incidência da outra) e antagonismo (determinada população é inibida pela presença de outra, muitas vezes pela produção de bacteriocinas). Teoria dos Obstáculos de Leistner Interações entre os fatores intrínsecos e extrínsecos para impedir a multiplicação de microrganismos deterioradores e patogênicos, melhorando a estabilidade e qualidade de alimento.
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