Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - UFPE Centro Acadêmico do Agreste - CAA Cálculo Diferencial e Integral I – 2014.2 Integrais Definidas Desde cedo em nossas vidas escolares aprendemos a calcular a área de figuras planas simples tais como Elas eram dadas por fórmulas bem determinadas para cada tipo de figura. No entanto, para figuras mais gerais, como definir e calcular sua área? O problema surge especialmente quando temos regiões com lados curvos, pois para polígonos podemos usar o método de dividi- los em triângulos e assim encontrar suas áreas. Por exemplo, a área do polígono ao lado será dada pela soma das áreas 𝐴1, 𝐴2, 𝐴3 dos triângulos, que já sabemos calcular 𝐴 = 𝐴1 + 𝐴2 + 𝐴3. O que faremos inicialmente com uma região 𝑆 que está sob a curva 𝑦 = 𝑓(𝑥) de 𝑎 até 𝑏 é aproximar sua área pela área de figuras que sabemos facilmente calcular. Suponha que queiramos encontrar a área da região 𝑆 dada abaixo. Vamos dividir o intervalo [𝑎, 𝑏], sucessivamente em 2, 4 e 8 partes. Em cada intervalo consideremos o retângulo cuja base é o próprio intervalo e a altura é dada pelo valor de 𝑓 em seu extremo direito. Observe que nesse caso a soma das áreas dos retângulos é superior àquela que procuramos, mas que a aproximação é melhor quanto maior é a quantidade de intervalos considerados. Usando a mesma ideia, porém utilizando o extremo inferior do intervalo, obtemos Note que a área dos retângulos é menor que a procurada e que a aproximação é melhor quando aumentamos a quantidade de intervalos. Exemplo 1: Estime o valor da área abaixo do gráfico de 𝑓(𝑥) = −𝑥2 + 1 no intervalo de zero a um. Solução: A região de nosso interesse é dada ao lado. A princípio tomaremos o extremo superior e em seguida o inferior de cada um dos intervalos. 𝐼1 = [0, 1 4 ] 𝐼2 = [ 1 4 , 1 2 ] 𝐼3 = [ 1 2 , 3 4 ] 𝐼4 = [ 3 4 , 1] 𝐴1 = 1 4 𝑓 ( 1 4 ) + 1 4 𝑓 ( 1 2 ) + 1 4 𝑓 ( 3 4 ) + 1 4 𝑓(1) = 1 4 (− 1 16 + 1 − 1 4 + 1 − 9 16 + 1 − 1 + 1) = 1 4 (− 1 16 − 1 4 − 9 16 + 3) = 1 4 ( −1 − 4 − 9 + 48 16 ) = 1 4 ∙ 34 16 = 17 32 . 𝐴2 = 1 4 𝑓(0) + 1 4 𝑓 ( 1 4 ) + 1 4 𝑓 ( 1 2 ) + 1 4 𝑓 ( 3 4 ) = 1 4 (−0 + 1 − 1 16 + 1 − 1 4 + 1 − 9 16 + 1) = 1 4 (− 1 16 − 1 4 − 9 16 + 4) = 1 4 ( −1 − 4 − 9 + 64 16 ) = 1 4 ∙ 50 16 = 25 32 . Dessa forma, 17 32 < 𝐴𝑅 < 25 32 . Se quisermos uma aproximação melhor basta aumentarmos a quantidade de intervalos. Definição: Uma partição 𝑃 de um intervalo [𝑎, 𝑏] é um conjunto finito 𝑃 = {𝑥0, 𝑥1, 𝑥2, … , 𝑥𝑛} onde 𝑎 = 𝑥0 < 𝑥1 < 𝑥2 < ⋯ < 𝑥𝑛 = 𝑏. Uma partição 𝑃 de [𝑎, 𝑏] divide [𝑎, 𝑏] em 𝑛 intervalos [𝑥𝑖−1, 𝑥𝑖], 𝑖 = 1, 2, … , 𝑛. A amplitude do intervalo [𝑥𝑖−1 , 𝑥𝑖] é indicada por ∆𝑥𝑖 = 𝑥𝑖 − 𝑥𝑖−1. Assim, ∆𝑥1 = 𝑥1 − 𝑥0 ∆𝑥2 = 𝑥2 − 𝑥1 ∆𝑥3 = 𝑥3 − 𝑥2 … Os números ∆𝑥1 , ∆𝑥2, … , ∆𝑥𝑛 não são necessariamente iguais. O maior deles é denominado amplitude da partição 𝑃 e indicado por 𝑚á𝑥 ∆𝑥𝑖 . Seja 𝑅 a região abaixo do gráfico de 𝑓 ≥ 0 e entre as retas 𝑦 = 0, 𝑥 = 𝑎 e 𝑥 = 𝑏. Consideremos uma partição 𝑃 do intervalo [𝑎, 𝑏] de forma que ∆𝑥1 = ∆𝑥2 = ⋯ = ∆𝑥𝑛, ou seja, dividiremos a largura do intervalo [𝑎, 𝑏] por 𝑛, obtendo ∆𝑥𝑖 = 𝑏 − 𝑎 𝑛 , ∀ 𝑖 = 1, … , 𝑛. Por simplicidade chamaremos este valor de ∆𝑥. Com esse procedimento conseguiremos subdividir a região 𝑅 em 𝑛 faixas 𝑅1 , 𝑅2, … , 𝑅𝑛 de igual largura e [𝑎, 𝑏] em 𝑛 intervalos [𝑥0, 𝑥1], [𝑥1, 𝑥2], … , [𝑥𝑛−1, 𝑥𝑛] onde 𝑥0 = 𝑎 e 𝑥𝑛 = 𝑏. Tomando o extremo direito de cada um dos subintervalos, vamos aproximar cada uma das faixas 𝑅𝑖 por um retângulo de base ∆𝑥 e altura 𝑓(𝑥𝑖). Assim, o i-ésimo retângulo tem área 𝑓(𝑥𝑖)∆𝑥. Com isso teremos uma aproximação para o que entendemos como a área de 𝑅. Ela será dada por 𝐴𝑛 = 𝑓(𝑥1)∆𝑥 + 𝑓(𝑥2)∆𝑥 + ⋯ + 𝑓(𝑥𝑛)∆𝑥 = ∑ 𝑓(𝑥𝑖)∆𝑥 𝑛 𝑖=1 . Esse número é chamado Soma de Riemann de 𝑓, relativa a partição 𝑃 e aos números 𝑥𝑖 . Observe que essa aproximação será melhor quanto maior for a quantidade de subintervalos. Definição: A área 𝐴 da região 𝑅 que está sob o gráfico de uma função contínua 𝑓 é o limite das somas das áreas dos retângulos aproximantes: 𝐴 = lim 𝑛→ ∞ 𝐴𝑛 = lim 𝑛→ ∞ ∑ 𝑓(𝑥𝑖)∆𝑥 = lim 𝑛→ ∞ 𝑛 𝑖=1 [𝑓(𝑥1)∆𝑥 + 𝑓(𝑥2)∆𝑥 + ⋯ + 𝑓(𝑥𝑛)∆𝑥]. Futuramente mostraremos que este limite sempre existe quando 𝑓 é contínua. Embora tenhamos escolhido os ∆𝑥𝑖′𝑠 todos com mesma largura e o extremo direito de cada subintervalo para estabelecer a altura dos retângulos aproximantes poderíamos ter feito uma escolha mais geral. Dada uma partição 𝑃 qualque, para cada índice 𝑖 = 1, 2, 3, … , 𝑛 seja 𝑐, um número em [𝑥𝑖−1, 𝑥𝑖] escolhido arbitrariamente. A soma de Riemann será 𝐴𝑛 = ∑ 𝑓(𝑐𝑖)∆𝑥𝑖 𝑛 𝑖=1 e a área 𝐴 = lim 𝑚á𝑥∆𝑥𝑖→ 0 𝐴𝑛 = lim 𝑚á𝑥∆𝑥𝑖→ 0 ∑ 𝑓(𝑐𝑖)∆𝑥𝑖 . 𝑛 𝑖=1 Limites como esse aparecem em diversas situações e por isso recebem um nome especial. Definição: Se 𝑓 é uma função contínua definida em 𝑎 ≤ 𝑥 ≤ 𝑏. Então a integral definida de 𝑓 de 𝑎 para 𝑏 é ∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 𝑏 𝑎 = lim 𝑛→ ∞ ∑ 𝑓(𝑥𝑖)∆𝑥 𝑛 𝑖=1 = lim 𝑚á𝑥∆𝑥𝑖→ 0 ∑ 𝑓(𝑐𝑖)∆𝑥 𝑛 𝑖=1 . ∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 𝑏 𝑎 é chamada de Integral de Riemann em [𝑎, 𝑏]. Nessa simbologia o termos são denominados ∫ : sinal de integral 𝑓(𝑥): integrando 𝑎 e 𝑏: limites de integração 𝑎: limite inferior 𝑏: limite superior Observação: A integral definida ∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 𝑏 𝑎 é um número e portanto independe a 𝑥. Assim, ∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 = ∫ 𝑓(𝑡)𝑑𝑡 𝑏 𝑎 = ∫ 𝑓(𝑠)𝑑𝑠 = 𝑏 𝑎 ∫ 𝑓(𝑝)𝑑𝑝. 𝑏 𝑎 𝑏 𝑎 Se 𝑓 assumir valores positivos e negativos interpretamos a integral definida como a diferença entre a soma das áreas dos retângulos que estão acima do eixo 𝑥 e a soma das áreas dos que estão abaixo deste eixo. Ou seja, se denotarmos por 𝐴1 a área acima do eixo 𝑥 e por 𝐴2 a área abaixo, então ∫ 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 = 𝐴1 − 𝐴2. 𝑏 𝑎 Exemplo 2: Calcule as integrais (a) ∫ √1 − 𝑥2𝑑𝑥 1 0 (b) ∫ (𝑥 − 1)𝑑𝑥 2 0 Solução: (a) A função que queremos integrar tem a propriedade de ser não-negativo. Além disso, se fizermos 𝑦 = √1 − 𝑥2 Obteremos 𝑦2 = 1 − 𝑥2 ⇔ 𝑥2 + 𝑦2 = 1, que por sua vez é a equação de uma circunferência de centro 𝑃(0,0) e raio 1. Como estamos considerando o intervalo [0, 1] podemos interpretar a integral como uma área. Note que procuramos um quarto da área de uma circunferência de raio 1. Logo, ∫ √1 − 𝑥2𝑑𝑥 = 1 4 𝜋 ∙ 12 = 1 4 𝜋 ∙ 1 = 𝜋 4 . 1 0 (b) O integrando agora é 𝑓(𝑥) = 𝑥 − 1. Observemos o gráfico dessa função no intervalo [0,2]. Podemos considerar duas regiões: 𝑅1 abaixo do eixo 𝑥 e 𝑅2 acima deste eixo. Ambas as regiões são triângulos. Dessa forma, ∫ (𝑥 − 1)𝑑𝑥 = 𝐴1 − 𝐴2 = 1 2 (1 ∙ 1) − 1 2 (1 ∙ 1) = 1 2 − 1 2 = 0. 2 0 ∎ Texto baseado nos livros GUIDORIZZI, H. L., Um Curso de Cálculo, Vol. 1. Ed. LTC.,2001. STEWART, J., Cálculo, V.1. Ed. Thomson Pioneira, 2005.
Compartilhar