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01- Teoria Geral dos Recursos

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01- Teoria Geral dos Recursos
1. DOS RECURSOS TRABALHISTAS
 
Recurso, na linguagem processual, é o ato pelo qual a parte tenta rever uma decisão. O Juízo ou o Tribunal de origem (do qual emanou a decisão recorrida) é chamado de Juízo ou Tribunal a quo, ao passo que o Tribunal de destino é chamado de Tribunal ad quem.
Trata-se de uma oportunidade de tentar mudar total ou parcialmente
uma sentença ou uma decisão interlocutória. Sentença, nós já estudamos, e já sabemos o que é. Decisões interlocutórias são todas as decisões do Juiz anteriores à sentença.
 
No processo trabalhista, existem os seguintes recursos: recurso ordinário, recurso de revista, agravo de instrumento, agravo de petição, embargos de declaração, agravo regimental, embargos no TST e recurso extraordinário.
 
Os recursos trabalhistas possuem características em comum:
 
Juízo de Admissibilidade: tanto o Juízo a quo quanto o Juízo ad
quem devem proferir um “juízo de admissibilidade”, que consiste em conhecer (receber, aceitar) ou não do recurso. As hipóteses gerais de não conhecimento são intempestividade (fora do prazo), deserção (falta de preparo) e ilegitimidade de representação.
 
# Unirrecorribilidade: cada tipo de decisão comporta um e somente um tipo de recurso, o que significa dizer que os recursos são sempre sucessivos. Exemplo: da decisão que nega seguimento ao recurso ordinário cabe apenas agravo de instrumento.
 
# Fungibilidade: a não ser na hipótese de erro grosseiro da parte, um recurso pode ser recebido como se fosse outro. Fungibilidade significa “troca, permuta, substitutividade”. Exemplo: a parte interpõe embargos de declaração requerendo efeito modificativo da decisão que nega seguimento a recurso ordinário, os embargos são convertidos em agravo de instrumento, recurso adequado à hipótese.
 
# Irrecorribilidade das decisões interlocutórias: em geral, no processo do trabalho, diferentemente do processo civil, as decisões interlocutórias (a exemplo da decisão que manda o empregador reintegrar o empregado, por ser estável), são irrecorríveis, isto é, não comportam recurso.
 
O TST, na Súmula 214, prevê três exceções a esta regra:
a) decisão suscetível a recurso para o mesmo tribunal – é o caso de agravo regimental.
b) decisão que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado – é o caso de recurso ordinário.
c) decisão de TRT em desconformidade a Súmula ou OJ do TST – é caso de recurso ordinário (se for ação originária do próprio Tribunal, como no caso de ação rescisória) ou é caso de recurso de revista (no caso de ação com origem em uma Vara do Trabalho).
 
# Unicidade de prazo: no processo do trabalho, os recurso têm prazo de 8 (oito) dias, exceto recurso extraordinário (15 dias) e embargos de declaração (5 dias).
 
Contrarrazões (resposta da outra parte) são aceitas em igual prazo,intimando-se o recorrido após ser recebido o recurso.
 
Atenção: as pessoas jurídicas de direito público têm prazo em dobro para recorrer!
 
# Transcendência ou prejuízo: somente a parte sucumbente ou oMinistério Público, na condição de custus legis (fiscal da lei), pode recorrer.
 
# Efeito meramente devolutivo: via de regra, os recursos trabalhistas têm efeito meramente devolutivo, isto é, simplesmente devolvem a matéria recorrida ao Tribunal de destino, sem efeito suspensivo. Isso significa que, a princípio, as decisões podem ser executadas provisoriamente, salvo se a parte consiga o tal “efeito suspensivo” (que suspende a execução provisória).
 
Para que a parte consiga efeito suspensivo, há de ser ajuizada uma ação cautelar, junto ao Tribunal ad quem (Súmula 414, do TST).
 
Existe apenas um caso em que o Tribunal ad quem pode, de ofício, conceder efeito suspensivo ao recurso. É o caso de recurso ordinário para o TST em decisão de dissídio coletivo, em que o Presidente do TST pode suspender os efeitos da decisão até o julgamento final do recurso.
 
  
# Necessidade do preparo: no prazo do recurso, a parte recorrente
deve realizar o preparo, isto é, o pagamento das custas do processo e o recolhimento do depósito recursal, repito, dentro do prazo do recurso, sob pena de o recurso ser declarado “deserto” e não ser conhecido (recebido).
 
Recolher o depósito recursal significa realizar um depósito, na conta vinculada do FGTS do trabalhador, valor que será levantado pela parte vencedora após o trânsito em julgado da decisão.
 
São isentos do recolhimento do depósito recursal as mesmas pessoas isentas do pagamento de custas.
 
O valor teto (máximo) do depósito recursal é fixado todo ano pelo Tribunal Superior do Trabalho, sempre no mês de agosto.
 
A parte deverá depositar o valor da condenação (fixado na sentença),mas sempre respeitando o valor máximo fixado pelo TST.
 
A CLT, nos parágrafos do artigo 899, fala em “dez vezes o valor do salário mínimo”. Esqueça isso. O que vale, para fins de depósito recursal, é observar quanto o juiz fixou como valor da condenação e quanto é o limite do TST.
 
Do Recurso Adesivo
 
 
A CLT não prevê, mas o TST (Súmula 283) permite expressamente a aplicabilidade das normas do CPC a respeito, no processo do trabalho.
 
O recurso adesivo é o recurso admitido no prazo de contrarrazões. É o recurso do recorrido, se se pode assim dizer.
 
Havendo sucumbência recíproca, isto é, as duas partes perderam em
parte, ambas as partes podem recorrer. Mas se só uma recorre, a outra pode apresentar recurso adesivo, no prazo para contrarrazões.
 
É uma segunda chance para a parte que se olvidou em recorrer.
 
O recurso adesivo é sempre da mesma espécie do principal, e segue
sempre a sorte deste. Isso significa que se quem recorreu primeiro desiste do recurso, o recurso adesivo é extinto. Ainda, se o recurso principal não é conhecido, o recurso adesivo também não.
 
Admite-se o recurso adesivo para o recurso ordinário, recurso de revista, agravo de petição e embargos no TST.
 
A Súmula 283, do TST, ainda estabelece que o recurso adesivo não
precisa versar sobre a mesma matéria do principal.
 
 
	 
Pedro ajuizou reclamação trabalhista contra a empresa Sonhos Ltda., pleiteando o pagamento de horas extras laboradas. Encerrada a instrução processual, foi designada audiência para o dia 04.03.2010 para a leitura e publicação da sentença. Na data aprazada, não foi possível a prolação do veredicto, sendo este publicado no diário eletrônico da Justiça do Trabalho em data de 11.03.2010 (quinta-feira). Pedro, que até então fez uso do jus postulandi, buscou, no dia 18.03.2010, um advogado, visto que a sentença lhe foi desfavorável. O causídico protocolou recurso ordinário, visando a reforma do julgado, em 22.03.2010 (segunda-feira) não tendo efetuado o recolhimento das custas processuais. No exame de admissibilidade, o Juiz do Trabalho negou seguimento ao recurso, por intempestivo e deserção, neste último caso em razão da ausência de pedido específico de justiça gratuita quando da elaboração do termo de reclamação, embora preenchesse os requisitos legais para a concessão. Sobre a admissibilidade do recurso, e considerando que não houve feriados nesse período, é correto afirmar que:
	A 
	 
o recurso é tempestivo, mas o recolhimento das custas no caso é obrigatório;
	B 
	 
o recurso é intempestivo e o recolhimento das custas é obrigatório;
 
	C 
	o recurso é intempestivo, mas o recolhimento das custas pode ser dispensado, a requerimento da parte, nessa fase processual;
	D 
	o recurso é tempestivo, mas subsiste a deserção, uma vez que não houve requerimento específico quando da propositura da ação;
	E 
	o recurso é intempestivo e o recolhimento das custas processuais pode ser dispensado de ofício pelo juiz.
Você já respondeu e acertou esse exercício. 
A resposta correta é: E. 
	A pessoa jurídicaÔmega, com sede em São Paulo, celebrou contrato de empreitada para a construção de um edifício na cidade de Fortaleza – CE. Para a execução da avença, Ômega contratou diversos empregados moradores do Município de Fortaleza. Durante as obras, Mário, que exercia a função de pedreiro, por não utilizar equipamentos de proteção individual, caiu do terceiro andar do edifício em construção, objeto do contrato de empreitada. Em virtude desse acidente, Mário perdeu a perna esquerda e a visão de um dos olhos. Inconformado, ajuizou ação de indenização por danos morais e estéticos contra a sua empregadora. Ômega contestou a pretensão de Mário em apresentou exceção de incompetência, que foi julgada improcedente, em 10/05/2005. O juiz da causa, em 20/03/2006, proferiu sentença que julgou procedente o pedido de Mário e condenou Ômega ao pagamento de indenização no valor de R$ 150.000,00. A partir da situação hipotética descrita, assinale a opção correta.
	A 
	Considere que Ômega tenha recebido notificação postal, em sua sede, em São Paulo, que informava o teor da sentença condenatória. Nesse caso, o prazo para interposição de recurso ordinário se inicia no dia da juntada aos autos da notificação;
	B 
	Considere que os advogados de Ômega tenham sido intimados pelo Diário Oficial eletrônico a respeito do teor da sentença condenatória. Nesse caso, o prazo para interposição de recurso ordinário se inicia no dia seguinte, desde que dia útil, ao da disponibilização do teor da sentença;
	C 
	Para interposição de recurso ordinário, Ômega deve recolher R$ 3.000,00 a título de custas processuais acrescidos do valor correspondente ao depósito recursal;
	D 
	Da decisão proferida não cabe nenhum recurso.
	E 
	Em sede de recurso ordinário, é defeso a Ômega arguir a incompetência do juízo.
Você já respondeu e acertou esse exercício. 
A resposta correta é: C. 
	O art. 899 da CLT dispõe que os recursos trabalhistas devem ser interpostos por simples petição. Segundo entendimento pacífico da jurisprudência, no tratamento da necessidade de fundamentação dos recursos apresentados:
	A 
	não será necessária, ante a informalidade do processo trabalhista, a fundamentação dos recursos;
	B 
	apenas os recursos de natureza extraordinária, por expressa previsão constitucional, devem ser fundamentados, sob pena de não serem conhecidos;
	C 
	o recurso deve ser fundamentado, visto que, na Justiça do Trabalho, exige-se que as razões ataquem os fundamentos da decisão recorrida;
	D 
	a fundamentação recursal será necessária somente se o pedido não delimitar com precisão o objeto da irresignação, impossibilitando compreender-se a controvérsia em toda a sua extensão
	E 
	nenhuma das alternativas anteriores
Você já respondeu e acertou esse exercício. 
A resposta correta é: C. 
	Antônio moveu reclamação trabalhista contra a Empresa Alfa Ltda. e formulou pedido de condenação solidária da Empresa Ômega Ltda. O juiz de 1.ª instância julgou procedente o pedido e estabeleceu condenação contra a Empresa Alfa Ltda. e condenação solidária da Empresa Ômega Ltda. As empresas possuíam advogados distintos, constituídos nos autos. A Empresa Ômega Ltda. interpôs recurso ordinário no 7.º dia do prazo, e a Empresa Alfa Ltda. o fez no 14.º dia, fundamentando-se no art. 191 do Código de Processo Civil (CPC), que assim dispõe: “Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhe-ão contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos”. Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta com relação ao prazo para a interposição do recurso ordinário. 
	A 
	Sendo a CLT omissa, aplica-se subsidiariamente o disposto no CPC, de forma que o prazo é contado em dobro quando houver litisconsortes com procuradores distintos.
	B 
	O advogado da Empresa Alfa Ltda. não precisaria sequer invocar o CPC, pois a CLT também estabelece o prazo em dobro quando presentes litisconsortes com procuradores distintos.
	C 
	O prazo em dobro previsto no CPC é inaplicável ao processo do trabalho, visto que é incompatível com o princípio da celeridade inerente ao processo trabalhista.
	D 
	 Ambos os recursos apresentados seriam intempestivos, visto que o prazo para apresentar recurso ordinário é de 5 dias.
	E 
	nenhuma das alternativas acima
Você já respondeu e acertou esse exercício. 
A resposta correta é: C. 
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