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S u m á r i o
apontamentos sobre o sistema recursal do projeto de cpc - manoel caetano FeRReIRa FIlHo
a possibilidade jurÍdica do pedido: de liebman ao projeto do novo cpc - KaRIna Da SIlVa maGatÃo
medidas antecipatÓrias: perspectivas de como a temÁtica serÁ tratada 
pelo novo cÓdiGo de processo civil - mauReen cRIStIna SanSana
continua na página 2
01
04
06
Nº 54 - Agosto/Setembro 2014
manoel caetano FeRReIRa FIlHo
Advogado inscrito na OAB/PR sob o nº 08.749
Tramita no Senado Federal o Projeto de Código de Processo Civil. Nesta breve re-flexão pretendo destacar alguns pontos do 
sistema de recursos nele proposto, comparando-o 
com o do atual Código.
1. No Código vigente são previstos oito 
recursos (art. 476). Embora suprima os embar-
gos infringentes, o Projeto contempla nove, 
pois acrescenta o agravo interno e o agravo 
extraordinário. Na verdade, mantém o mesmo 
número de recursos, pois o agravo interno está 
contido na expressão genérica agravo, no inciso 
II do art. 496.
Os dois sistemas têm em comum, sem 
mudanças significativas: a) apelação, cabível 
de sentença (ato que extingue o processo); b) 
agravo de instrumento (cabível de algumas de-
cisões interlocutórias); c) agravo interno (cabível 
de decisão proferida por relator); d) embargos 
de declaração; e) recurso ordinário; f) recurso 
especial; g) recurso extraordinário; h) embargos 
de divergência (cabíveis de acórdão proferido 
em recurso extraordinário ou recurso especial).
apontamentos sobre o sistema 
recursal do projeto de cpc
2
O Projeto não contempla os embargos 
infringentes. Todavia, no art. 955, prevê um 
sucedâneo seu, ao impor a continuidade do jul-
gamento, com a presença de outros julgadores, 
quando o acórdão da apelação não for unânime, 
a ação rescisória for procedente e, no agravo de 
instrumento, “houver reforma de decisão que 
julgar parcialmente o mérito”. Portanto, na re-
alidade, ficam ampliadas as hipóteses que hoje 
admitem embargos infringentes. 
Além disso, o Projeto extingue o agravo 
nos próprios autos, cabível de decisão denega-
tória de seguimento a recurso extraordinário ou 
especial (art. 544 do atual CPC). Por outro lado, 
cria o agravo extraordinário, sobre o qual faremos 
considerações adiante.
Como sucede com os demais temas, em 
matéria recursal o projeto não contém significa-
tivas mudanças em relação ao regime vigente.
2. Na apelação, no recurso ordinário, no 
recurso especial e no recurso extraordinário, não 
há juízo de admissibilidade na origem. Decorrido 
o prazo para resposta da apelação, os autos serão 
encaminhados ao tribunal, independentemente 
de decisão sobre sua admissibilidade (art. 1.023, 
§ 3º). Do mesmo modo, ocorre em relação ao 
recurso ordinário (art. 1.041, parágrafo único).
A inovação adquire maior relevância no 
que se refere aos recursos especial e extraordiná-
rio. No caso deles, o tempo necessário ao juízo de 
admissibilidade consome, normalmente, alguns 
meses. Além disso, quando têm seguimento 
denegado (o que ocorre na grande maioria dos 
casos), a parte interpõe agravo nos próprios autos 
e o processo acaba chegando ao Tribunal Supe-
rior. Com o novo Código, o procedimento ficará 
bem mais simplificado, não haverá necessidade 
de mais um recurso (agravo nos próprios autos) 
e os autos serão encaminhados diretamente ao 
Tribunal Superior, onde será feito, uma única 
vez, o juízo de admissibilidade.
3. Quanto aos efeitos da apelação, man-
tém a regra da não suspensividade da eficácia 
da sentença, com as mesmas exceções do 
Código atual e outorga ao relator poder para 
conceder o efeito suspensivo.
4. Ao contrário do que se divulga, creio 
que não foi reduzido o cabimento do agravo de 
instrumento. Ao contrário, os vinte incisos do art. 
1.028 mantêm as hipóteses atuais de cabimento 
e acrescentam várias outras. Merece destaque 
a possibilidade de correção do instrumento, 
mediante juntada de cópia de novas peças ou 
saneamento de “outro vício” que comprometa 
a admissibilidade do recurso (art. 1.030, § 3º).
5. Para assegurar o contraditório, o Pro-
jeto prevê prazo de quinze dias para resposta ao 
agravo interno (art. 1.034). No mais, não altera o 
procedimento atual: após o prazo da resposta ou 
o relator se retrata ou inclui o recurso em pauta, 
para julgamento pelo órgão colegiado.
6. Nos embargos de declaração, o Projeto 
prevê expressamente a possibilidade de efeito 
infringente, ao exigir a intimação do embargado, 
para manifestar-se no prazo de cinco dias, “caso 
seu eventual acolhimento implique modificação 
da decisão embargada” (art. 1.036, § 2º). Este já 
é o entendimento consolidado na jurisprudência.
Para superar divergência doutrinária e ju-
risprudencial, o Projeto dispõe que os embargos 
de declaração não têm efeito suspensivo (art. 
1.039), que poderá, todavia, ser concedido pelo 
juiz ou pelo relator (art. 1.039). Rejeitando en-
tendimento que ganhou prestígio jurisprudencial, 
prevê que, se o julgamento dos embargos não 
modificar o resultado do julgamento, o recurso já 
interposto pela parte contrária antes da respectiva 
decisão “será processado e julgado independen-
temente de ratificação” (art. 1.038, § 4º).
7. Quanto aos recursos extraordinário e 
especial, além de suprimir o juízo de admissibi-
lidade no tribunal de origem, o Projeto contém 
3
inovações que merecem destaque: a) ao contrário 
do enunciado nas Súmulas 634 e 635 do STF, 
a competência para a concessão do efeito sus-
pensivo é sempre do Tribunal Superior (STF ou 
STJ), salvo se o recurso tiver sido sobrestado (por 
estar a matéria subordinada ao regime de recursos 
repetitivos), hipótese em que será do Presidente 
ou Vice-Presidente do tribunal local. Nos termos 
das referidas Súmulas, hoje a competência é do 
tribunal local no período que vai da interposi-
ção ao juízo de admissibilidade. A modificação 
proposta é coerente com a extinção do juízo de 
admissibilidade no tribunal local.
Novidade elogiável é a possibilidade de 
conversão do recurso especial em recurso ex-
traordinário sempre que o relator entenda que o 
recurso versa sobre questão constitucional. Para 
tanto, o recorrente deverá ser intimado para que 
“demonstre a repercussão geral e se manifeste 
sobre a questão constitucional” (art. 1.045). 
Do mesmo modo, se no julgamento do recurso 
extraordinário o STF considerar como reflexa a 
alegada ofensa à Constituição, “por pressupor a 
revisão da interpretação da lei federal”, deverá 
remeter os autos ao STJ, “para julgamento como 
recurso especial” (art. 1.046).
8. No julgamento de recurso extraordinário 
e recurso especial repetitivos, o Projeto prevê 
mecanismo para que o recorrente alegue que o 
recurso sobrestado contempla matéria diversa 
das discutidas no recurso afetado: requerimento 
ao juiz (se o processo tiver sido sobrestado em 
primeiro grau) ou ao relator (quando sobrestado 
no tribunal). Da decisão de primeiro grau caberá 
agravo de instrumento; a do relator será impugná-
vel por agravo interno. Reconhecida a distinção, 
o recurso terá regular processamento.
9. O agravo extraordinário contempla solu-
ção para algumas questões tormentosas. A principal, 
ao meu aviso, está na ausência de recurso contra de-
cisão do Presidente ou Vice-Presidente do tribunal 
local que nega seguimento a recurso extraordinário 
sob o fundamento de que o STF já decidiu que a 
matéria nele versada não tem repercussão geral. 
Nesta hipótese, o recorrente poderá interpor agravo 
extraordinário para que o STF examine “a existência 
de distinção entre o caso em análise e o precedente 
invocado” (art. 1.055, § 1º, II).
Este mesmo mecanismo é adequado para 
impugnar decisão denegatória de seguimento 
a recurso extraordinário ou recurso especial 
repetitivo, sobrestado na origem, sob o fun-
damento de que o acórdão recorrido coincide 
com a orientaçãodo Tribunal Superior. Hoje, 
a jurisprudência entende que desta decisão não 
cabe recurso ao Tribunal Superior. O Projeto 
prevê o agravo extraordinário.
Por fim, no julgamento de recursos repe-
titivos, o recorrido poderá requerer a exclusão 
de recurso sobrestado, sob alegação de intem-
pestividade. Ouvido o recorrente em cinco dias, 
o Presidente ou Vice-Presidente do tribunal 
local decidirá. Se indeferir, da decisão caberá 
agravo extraordinário.
Encerro declarando que, lamentavelmente, 
a experiência de professor e advogado leva-me 
a acreditar que, no que depender do sistema de 
recursos, não haverá melhora da prestação juris-
dicional com o novo código. 
4
a possibilidade jurÍdica 
do pedido: de liebman ao 
projeto do novo cpc
KaRIna Da SIlVa maGatÃo
Advogada inscrita na OAB/PR sob o nº OAB/PR 
41.529; Mestre em Direito. Especialista em Direito 
Processual Civil. Professora nos cursos de graduação e 
pós-graduação da Universidade Positivo e da Pontifícia 
Universidade Católica do Paraná.
O Código de Processo Civil Brasileiro adotou a teoria de Enrico Tullio Liebman sobre as condições da ação1, o que ocorreu vez 
que o estudioso italiano esteve no Brasil e acabou 
influenciando os processualistas que com ele es-
tiveram, os quais, mais tarde, foram responsáveis 
pela redação do Código que se aprovou em 1973.
Liebman defendia a existência de um direito 
constitucional de acesso ao Poder Judiciário, com 
base no art. 24 da Constituição Italiana, e de um 
direito de ação, que para existir dependia da pre-
sença de três condições, de modo que, na ausência 
delas, o processo deveria ser extinto sem a análise 
do mérito. A partir deste pensamento, o sujeito 
que fosse a juízo e tivesse o seu processo extinto 
sem a análise do mérito tinha apenas o direito de 
agir, mas não o direito de ação, que era o direito ao 
julgamento do mérito, fosse ele favorável ou não.2
As condições então propostas pelo teórico 
eram: a) a legitimação para agir; b) o interesse de 
agir; e c) a possibilidade jurídica do pedido. Legi-
timação é a titularidade da ação, olha-se para quem 
pertence o interesse de agir e a pessoa em relação à 
qual ele existe.3 O interesse de agir advém da neces-
sidade de se obter, através do processo, a proteção 
de um direito, de forma que deve haver lesão a esse 
direito e o provimento buscado deve se mostrar apto 
a protegê-lo e satisfazê-lo.4 E a possibilidade jurí-
dica do pedido é a admissibilidade, em abstrato, do 
provimento solicitado, segundo as normas vigentes 
no ordenamento jurídico, de modo que não deve 
existir proibição em lei ou obstáculo no sistema em 
relação ao que foi pedido.5 Para a verificação destas 
condições, necessário se faz analisar os elementos 
identificadores da ação, quais sejam, as partes, a 
causa de pedir e o pedido. Ainda, segundo Liebman, 
esta análise deve ser aferida com base na situação 
apresentada, não apenas a partir da petição inicial, 
mas após investigação probatória, de tal sorte que, 
independente da fase em que o processo encontre, 
verificada a ausência de condição da ação deve ha-
ver a extinção do processo sem a análise do mérito.
Acontece que, ainda antes da edição do 
nosso Código, Liebman revê a sua teoria para não 
mais prever a possibilidade jurídica do pedido 
como condição da ação. Isso ocorreu porque o 
exemplo que usava para justificar a sua tese, o 
divórcio, passava a ser permitido na Itália com a 
Lei 898, de 1º de dezembro de 1970. Assim, então, 
resolveu tratar a possibilidade dentro do interesse 
de agir, de modo que diante de uma proibição 
em lei ou de um obstáculo no sistema, faltaria à 
1 Foi no ano de 1949, na aula inaugural da Universidade de Turim, na Itália, que Liebman apresentou a sua teoria. Mais tarde o escrito é publicado 
nos Scritti giuridici in onere de F. Carnelutti, Padova, Cedam, 1950, v. 2, na Revista Trimestrale de Diritto e Procedura Civile, 195, p. 47.
2 LIEBMAN, Enrico Tullio. Manual de direito processual civil. Rio de Janeiro: Forense, 1985. v. 1. p. 150-155. LIEBMAN, Enrico Tullio. L’azione nella teoria 
Del processo civile, Problemi Del processo civile. Napoli: Morano, 1962. p. 46-47.
3 LIEBMAN, Enrico Tullio. Manual de direito processual civil. Rio de Janeiro: Forense, 1985. v. 1. p. 150-146-148.
4 LIEBMAN, Enrico Tullio. Manual de direito processual civil. Rio de Janeiro: Forense, 1985. v. 1. p. 150-155.
5 LIEBMAN, Enrico Tullio. L’azione nella teoria Del processo civile, Problemi Del processo civile. Napoli: Morano, 1962. p. 46.
5
parte interesse de agir.6 Apesar disso, em 1973 
é aprovado o CPC no Brasil, com a redação que 
atualmente conhecemos: Art. 267. Extingue-se o 
processo, sem resolução de mérito: Vl - quando 
não concorrer qualquer das condições da ação, 
como a possibilidade jurídica, a legitimidade das 
partes e o interesse processual. Adotou-se, por-
tanto, a teoria de Liebman na sua versão inicial.
Noutro ponto, entretanto, a teoria de Lie-
bman não foi adotada: naquilo que diz respeito à 
aferição das condições da ação no caso concreto 
e suas consequência. Apesar de o legislador bra-
sileiro não querer dessa forma, a jurisprudência7 
e, em certa parte, a doutrina8 são adeptas da teoria 
da asserção ou da propettazione. Segundo ela, a 
aferição da presença das condições da ação deve 
ser realizada com base naquilo que é trazido pelo 
demandante na petição inicial. Assim, toda vez que 
seja necessário avançar para além da fase inicial 
do processo a fim de se averiguar a presença das 
condições, adentrar-se á no mérito da causa, sendo a 
sentença, nestes casos, pela procedência ou impro-
cedência.9 Por exemplo: a parte demandante requer 
a usucapião de área de terra sobre a qual, há muito, 
tem a posse. Alega não existir registro da aludida 
terra. Quando da intimação da Fazenda Pública, o 
Estado apresenta contestação alegando se tratar a 
área de bem público estatal, de tal modo, ter-se-ia 
impossibilidade jurídica do pedido, nos termos do 
art. 183, §3º da Constituição Federal. Ocorre que 
diante das alegações e com base nos documentos 
juntados até então não é possível o juiz concluir se 
tratar de bem público, de modo que vão os autos 
à instrução. Assim, adentrou-se no mérito para se 
concluir que o bem, de fato, é público, com a pro-
lação de sentença julgando improcedente o pedido 
formulado pelo demandante.10 Afinal, se analisar 
o mérito é analisar a lide, como já dizia Canelutti, 
o que se passa neste caso é um verdadeiro enfren-
tamento do mérito, pois se investiga o conflito de 
interesses do caso concreto.11
No Projeto de novo Código a legitimidade e 
o interesse de agir continuam causa de extinção do 
processo sem a análise do mérito. Não há, contudo, 
menção à possibilidade jurídica do pedido como 
hipótese que leva à inadmissibilidade do processo 
(art. 327, XI e 472, VI do Projeto), bem como não 
há menção a ela no rol de hipóteses de indeferimen-
to da petição inicial (art. 305 do Projeto). A partir 
disso, pergunta-se: diante de pedido juridicamente 
impossível passar-se-á tratar a questão como sendo 
de mérito ou continuará a questão como condição da 
ação a inviabilizar o julgamento do mérito, dentro 
da ideia de que não haveria interesse de agir nessa 
situação? Vejamos:
No ver de Calmon de Passos12 e Adroaldo Fur-
tado13, é impossível afastar a análise da possibilidade 
6 Foi na terceira edição do seu manual que Liebman inseriu a possibilidade jurídica do pedido dentro da categoria interesse processual (LIEBMAN, Enrico 
Tullio. Manual de direito processual civil. Rio de Janeiro: Forense, 1985. v. 1. p. 151).
7 REsp 1324430/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 19/11/2013, DJe 28/11/2013; 
8 “Se a ação se desenvolve até a última fase do processo, chega-se a um momento em que o juiz está apto para reconhecer a existência ou inexistênciado direito material ou para julgar o mérito ou o pedido, de modo que não há racionalidade em sustentar que a sentença, nessa ocasião, pode simplesmente 
extinguir o processo sem julgamento de mérito” (MARINONI, Luiz Guilherme. Teoria geral do processo. 5. Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. P. 
187). Podemos citar outros adeptos desta teoria, como José Carlos Barbosa Moreira, Sérgio Cruz Arenhart, Araken de Assis, Alexandre Freitas Câmara, 
Leonardo Greco, dentre outros.
9 DIDIER JUNIOR, Fredie. Pressupostos processuais e condições da ação. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 216-219. 
10 Exemplo similar julgado pelo STJ: RECURSO ORDINÁRIO. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO DE LOCAÇÃO FIRMADO COM ESTADO ESTRANGEIRO. 
POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO. SENTENÇA DE EXTINÇÃO REFORMADA. 1. A possibilidade jurídica do pedido configura-se com a precisão ou a 
ausência de vedação expressa em lei ao pedido formulado pelo autor na inicial. 2. Este Superior Tribunal de Justiça já se pronunciou no sentido de admitir 
a contratação em moeda estrangeira, desde que o pagamento seja realizado pela conversão em moeda nacional. Para a verificação de tal circunstância, 
no caso, imprescindível a instalação do contraditório, sendo, pois, prematura a extinção do feito sem julgamento do mérito, uma vez que a possibilidade 
jurídica do pedido, na hipótese, se confunde com o mérito. 3. Recurso Ordinário provido. (RO . 81/SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, 
julgado em 19/05/2009, DJe 15/06/2009). Ainda, pode-se consultar: REsp 909.968/DF, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, TERCEIRA TURMA, julgado em 
08/04/2008, DJe 17/04/2008, REPDJe 01/08/2008.
11 Segundo Francesco Carnelutti, lide é conflito de interesses qualificado pela pretensão resistida de uma das partes. Enfrentar o mérito é enfrentar esse 
conflito.
12 PASSOS, José Joaquim Calmon de. Comentários ao Código de Processo Civil. 9 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004. v. 3. 215-217.
13 Extinção do processo e mérito da causa. In: Ensaios de direito processual. Rio de Janeiro: Forense, 2003. p. 384.
6
mauReen cRIStIna SanSana
Advogada inscrita na OAB/PR sob o nº 43.648; 
Pós Graduada em Processo Civil pela PUC/PR 
e Mestre em Direito Econômico 
e Socioambiental pela PUC/PR
medidas antecipatÓrias: 
perspectivas de como 
a temÁtica serÁ tratada pelo 
novo cÓdiGo de processo civil 
Comumente se analisa na doutrina a distinção entre a tutela cautelar e a tutela antecipada, não somente porque tais institutos situam-se 
em locais diversos no vigente Código de Processo 
Civil - estando a primeira no Livro III e a segunda 
jurídica do pedido do mérito da causa, de modo que 
a sentença, no caso de impossibilidade jurídica, seria 
denegatória do bem da vida, cujos efeitos são de coisa 
julgada material. Também segundo Fredie Didier, 
mesmo no CPC atual, a impossibilidade jurídica do 
pedido gera coisa julgada material14, à luz do art. 269, 
inciso I, de sorte que o Projeto de novo Código teria 
apenas consagrado o entendimento, praticamente 
unânime, de que a possibilidade jurídica é causa de 
decisão de mérito15. Afinal, se o ordenamento proíbe 
determinado pedido, é porque a parte não tem direito 
ao que pede, como diz Leonardo Carneiro da Cunha.16
Ao contrário, alguns doutrinadores acreditam 
que Liebman acertou quando mudou de posiciona-
mento e incluiu a ausência de possibilidade jurídica 
dentro da categoria falta de interesse de agir, pois, 
como afirma Alexandre Feitas Câmara, “[...] aquele 
que vai a juízo em busca de algo proibido aprio-
risticamente pelo ordenamento jurídico postula, a 
rigor, uma providência jurisdicional que não lhe 
pode trazer qualquer utilidade . E isto nada mais 
é do que a ausência de interesse de agir”.17 Como 
exemplifica Luiz Guilherme Marinoni, baseado 
no direito brasileiro, “[...] a cobrança de dívida 
de jogo, certamente poderia ser pensada como 
ausência de interesse de agir”18 – trata-se de im-
possibilidade jurídica do pedido, porque aludida 
cobrança é vedada pelo ordenamento. 
A impossibilidade jurídica do pedido seria, 
então, caso de ausência de interesse de agir, como 
já defendia Liebman há anos? Por enquanto, per-
manece a dúvida. Caso prevaleça, entretanto, o 
entendimento de que a possibilidade jurídica do 
pedido foi inserida na categoria interesse de agir, é 
importante que a sua análise realize-se com base na 
teoria da asserção, pois, se for necessário investigar 
a possibilidade ou não do pedido e, assim, avançar 
no procedimento para além da fase inicial do pro-
cesso, que então se adentre no mérito para dizer se 
o demandante tem ou não razão naquilo que pede.
14 DIDIER JUNIOR, Fredie. Pressupostos processuais e condições da ação. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 227.
15 DIDIER JUNIOR, Fredie. Será o fim da categoria “condição da ação”? Um elogio ao Projeto do novo Código de Processo Civil. Revista de Processo, ano 
36, vol. 197, julho/2011. p. 258. 
16 CUNHA, Leonardo Carneiro da. Será o fim da categoria “condição da ação”? Uma intromissão no debate travado entre Fredie Didier Jr. e Alexandre 
Freitas Câmara. Revista de Processo, ano 36, vol. 198, agosto/2011. p. 231.
17 CÂMARA, Alexandre Freitas. Será o fim da categoria “condição da ação”? Uma resposta a Fredie Didier Junior. Revista de Processo, ano 36, vol. 197, 
julho/2011. p. 263. No mesmo sentido, Gregório Assagra de Almeida e Luiz Manoel Gomes Junior.
18 MARINONI, Luiz Guilherme. Teoria geral do processo. 5. Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. P. 180.
7
no Livro I- mas também em virtude da já exaustiva 
ideia de que aquela garante e que esta satisfaz.
É possível, entretanto, vislumbrar em ambas 
as tutelas de urgência a garantia e a satisfação, razão 
pela qual NEVES (2012, p. 1150) expõe ser impres-
cindível para a compreensão entender que “A tutela 
cautelar garante para satisfazer e a tutela antecipa-
da satisfaz para garantir”. O autor esclarece ainda 
que a presença da ‘garantia’ e da ‘satisfação’ tanto 
na cautelar como na tutela antecipada justifica ter o 
legislador previsto a fungibilidade das medidas por 
intermédio do §7° do artigo 273 do CPC.
Nesse contexto, mostra-se atrativa a concep-
ção a ser adotada pelo Novo Código de Processo 
Civil, o qual tratará de forma unitária as situações 
que exijam maior celeridade em virtude da emer-
gência e da certeza do direito demonstrada nos 
autos. FREITAS JUNIOR (2013, p. 203), quando 
ainda pendente a análise do Projeto do Novo CPC 
pela Câmara dos Deputados, assim registrou: 
“O Projeto de Lei em referência, iniciado no 
Senado Federal e atualmente pendente na Câmara 
dos Deputados, no que se refere ao tratamento das 
tutelas de urgência, é de regulamentação unitária, 
juntamente com as chamadas tutelas de evidência. 
No Capítulo I do Título IX do Livro I (denominado 
“Parte Geral”) estão as disposições gerais da tutela 
de urgência e tutela de evidência, sendo que não há 
mais previsão de medidas de urgência nominadas”. 
Assim, uma das principais modificações 
constantes do Projeto de Lei do Senado n° 166, 
de 2010, renumerado na Câmara dos Deputados 
como PL n° 8.046, de 2010, é a substituição do 
atual tratamento seccionado da tutela antecipada 
e dos procedimentos cautelares típicos e atípicos. 
Todavia, há que se ter em mente não se es-
tar diante de situações consolidadas, isso porque, 
tem-se que há pouco o Projeto do Novo Código de 
Processo Civil foi aprovado na Câmara dos Deputa-
dos, situação essa que, por intermédio das emendas 
introduzidas ao projeto original, gerou um cuidadoso 
Relatório Final da referida Casa, tendo havido o seu 
envio ao Senado Federal para a derradeira apreciação 
e encaminhamento ao Poder Executivo para sanção.
A afirmativa acima aludida resta comprovada 
pelo fato do Relatório Final da Câmara dos Deputa-
dos atribuir o seguinte teor ao artigo 295 “A tutela 
antecipada,de natureza satisfativa ou cautelar, pode 
fundamentar-se em urgência ou evidência e ser 
concedida em caráter antecedente ou incidental”, 
sendo que anteriormente o Projeto n° 8.046/2010 
atribuía teor distinto a um artigo também com nu-
meração distinta: artigo 269 “ A tutela de urgência 
e a tutela de evidência podem ser requeridas antes 
ou no curso do processo, sejam essas medidas de 
natureza satisfativa ou cautelar”.
De qualquer modo, o raciocínio que se 
destaca ao se pensar na temática referente à ante-
cipação de tutela no novo diploma processual é o 
de promover a extinção de uma separação estan-
que de procedimentos (entre as cautelares típicas 
e atípicas e a tutela antecipada). Tal pensamento 
foi desenvolvido por SOUZA (2014, p. 151 e 152) 
ao tecer as seguintes linhas com base no Relatório 
Final confeccionado pela Câmara dos Deputados:
“O Projeto de Novo Código de Processo 
Civil, ao mesmo tempo que extingue o Livro III do 
Código de Processo Civil de 1973 (aliás, o primeiro 
Código de Processo Civil do mundo a dedicar um 
livro especial para a disciplina cautelar, elevando 
a ação cautelar ao nível da ação de conhecimento e 
da ação execução), faz surgir no Livro V – Da tutela 
antecipada – as normatizações concernentes às de-
nominadas tutela de urgência e tutela de evidência”.
O citado autor prossegue no intuito esclarecer 
que o tratamento conjunto das tutelas sob a qualifi-
cação de tutela antecipada não faz com que as carac-
terísticas das cautelares sejam tidas como inócuas.
“Contudo, não obstante a nova sistematiza-
ção das tutelas antecipadas, tal fato não autoriza 
concluir que a tutela cautelar, em razão da reforma, 
tenha mudado as suas características ou tenha ha-
vido importante alteração sistêmica quanto à sua 
análise. Na verdade, o que pretende o Projeto do 
Novo Código de Processo Civil, assim como já o 
fez em relação ao processo de conhecimento e ao 
processo de execução, foi sincretizar o processo 
cautelar com o processo de cognição exauriente, 
inserindo num mesmo processo os diversos pedi-
dos correspondentes, ou seja, o pedido de tutela 
antecipada antecedente ou incidental com o pedido 
principal, mesmo nas hipóteses em que a tutela de 
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expediente:
urgência cautelar for requerida em caráter ante-
cedente ao pedido principal”.
Resta indubitável, então, que em que pese 
o tratamento unitário pensado pelo Novo Código, 
tal circunstância longe está de representar que 
as tutelas previstas possuem a mesma razão de 
existir, ou seja, deve-se ter em mente que a de-
pender do pleito a ser requerido, imprescindível 
será a demonstração do preenchimento dos seus 
requisitos, os quais serão a base de sua funda-
mentação. Desse modo, o profissional do Direito 
deverá estar familiarizado com os conceitos que 
envolvem o caráter satisfativo ou cautelar de uma 
medida, bem como conceitos que envolvem a 
tutela de urgência e a tutela de evidência.
No que concerne à tutela de urgência ob-
serva-se que no Projeto Originário n° 8.046/2010 
do Novo CPC seu tratamento encaixa-se como 
gênero, sendo que as tutelas cautelar e satis-
fativa seriam suas espécies. O Relatório Final 
da Câmara dos Deputados realizou abordagem 
outra, pois o gênero seria a tutela antecipada, 
e suas espécies a tutela antecipada satisfativa 
e a tutela antecipada cautelar. Percebe-se que 
se a redação do Relatório Final for mantida, a 
urgência será o fundamento para a concessão 
da tutela antecipada, assim como a evidência. 
A tutela de evidência – a qual já des-
pertou insurgência em virtude de algumas 
vozes entenderem que o melhor seria que a 
denominação fosse “tutela do direito apa-
rente” – poderá incidir ante a situações que, 
por exemplo, ficar caracterizado o abuso de 
defesa ou o propósito protelatório do réu; 
existir pedido incontroverso e ainda houver 
documentação irrefutável da pretensão acom-
panhando a petição inicial. Nesse sentido, 
DIDIER JR. (2010, p. 408) leciona:
“A evidência é uma situação processual 
em que determinados direitos se apresentam 
em juízo com mais facilidade do que outros. Há 
direitos que têm um substrato fático cuja prova 
pode ser feita facilmente. Esses direitos, cuja 
prova é mais fácil, são chamados de direitos 
evidentes, e por serem evidentes merecem tra-
tamento diferenciado”.
O autor também menciona que urgência 
não é o contrário de evidência, tanto que podem 
perfeitamente conviver.
Ante a abordagem apresentada, a qual 
longe está de exaurir a temática, tem-se que o 
Novo Código de Processo Civil, no que concerne 
a medidas antecipatórias, visa a prever um trata-
mento unitário, todavia, sem que isso signifique 
que acepções há muito debatidas, como o caráter 
satisfativo ou cautelar das medidas deferidas nos 
processos, sejam ignoradas.
DIDIER JR. Fredie; CUNHA, Leonardo José Carneiro da; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael. Curso de direito processual civil – execução. V. 5. 2ª ed. 
Salvador: Editora Juspodivm, 2010.
FREITAS JÚNIOR, Horival Marques de. Breve análise sobre as recentes propostas de estabilização das medidas de urgência. Em Revista de Processo, São 
Paulo, v.38, n.225, p. 179-219, nov. 2013.
 
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Porcessual Civil. 4ª ed. São Paulo: Editora Método, 2012. 
SOUZA, Artur César. Análise da tutela antecipada no Projeto da Câmara dos Deputados no novo CPC : tutela satisfativa urgente e de evidência - tutela 
cautelar primeira parte. Em : Revista de processo, São Paulo : Revista dos Tribunais, v.39, n.230, (abr. 2014), p. [127]-171.

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