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ENCEFALOPATIA HEPÁTICA RACIOCÍNIO CLÍNICO Luiza Mutinelli Nicole Dib Victoria Albero Leticia Basuino Definição A encefalopatia hepática (EH) é um distúrbio funcional do sistema nervoso central (SNC) associado à insuficiência hepática, de fisiopatologia multifatorial e complexa. É uma complicação neuropsiquiátrica frequente nos hepatopatas. Caracteriza-se por distúrbios da atenção, alterações do sono e distúrbios motores que progridem desde simples letargia a estupor ou coma. É um distúrbio metabólico, portanto potencialmente reversível. A amônia está relacionada à sua gênese, ao lado de várias neurotoxinas e fatores diversos, como o edema cerebral, o tônus GABAérgico e microelementos como zinco Epidemiologia Ocorre em 10-14% dos cirróticos em geral, 16-21% na cirrose descompensada e 10-50% em pacientes com shunt transjugular intra- hepático portossistêmico (TIPS). Encefalopatia mínima ocorre em 20-80% dos pacientes com cirrose. A EH tem um impacto significativo na qualidade de vida do paciente, na habilidade de conduzir veículos, e, recentemente, tem sido associado com o aumento de internações e morte. O risco de um 1º episódio de EH é de 5-25% nos primeiros 5 anos após o diagnóstico da cirrose, dependendo da presença de fatores de risco e, após o primeiro episódio o risco cumulativo é de 40% de recorrência em 1 ano. Após TIPS a incidência cumulativa em 1 ano é de 10-50%. Etiologia Pode ocorrer como uma complicação da progressão da cirrose hepática. Ocorre em pacientes portadores de disfunção hepática grave, aguda ou crônica, e, raramente, em pacientes portadores de shunts portossistêmicos. Fisiopatologia Distúrbio metabólico multifatorial associado à falha na detoxificação de metabólitos, principalmente a amônia, atribuídos à presença de insuficiência hepática e shunts portossistêmicos. Sua intensidade varia da forma clinicamente inaparente, formas conhecidas como mínima e leve (West-Haven grau I), até a forma aparente, que é clinicamente evidente (West-Haven graus II, III e IV), conforme o sistema spectrum of neurocognitive impairment in cirrhosis (SONIC) Disponível em: http://sbhepatologia.org.br/wp-content/uploads/2017/10/Manual-de-Cuidados-Intensivos-em-Hepatologia-1.pdf Disponível em: http://gastro.hu.ufsc.br/files/2015/08/PROTOCOLO-ENCEFALOPATIA-HEPATICA-HU-Telma-e-Leo.pdf MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS As manifestações clínicas variam de uma síndrome subclínica a complexas manifestações neuropsiquiátricas, tais como: Declínio cognitivo Confusão mental Redução das capacidades motoras finas Neuropatia periférica Sinal de Babinsk Postura de descerebração ou decorticação Bradicinesia Sintomas extrapiramidais Coma. Diagnóstico Diagnósticos diferenciais Se detectada causa específica: tratar de acordo. Se suspeita de EH deve ser investigado o fator precipitante Diagnóstico Para o diagnóstico de EH é indispensável a presença de insuficiência hepática aguda ou crônica. Critérios de West-Haven Escala de Coma de Glasgow Teste psicométricos Teste de Conexão Numérica A (NCT-A Number Connection Test A) Teste de Conexão Numérica B (NCT-B Number Connection Test B) “Line Tracing Test” avaliado em tempo e erro, “ Serial Dotting Test “ Teste Dígito e Símbolo (Digit Symbol Test- DST Tratamento Inicial: dissacarídeo não absorvível: prebiótico e laxativo. Manter ingesta proteica de 1,2g/kg/dia e 35 a 40 kcal/kg/dia. Lactulose 20 mL VO ou sonda nasogástrica de 6/6h, com 2 a 3 evacuações pastosas/dia. Enema de lactulose (lactulose 300mL + água destilada 700mL, via retal 3x/dia). Metronidazol 250 mg VO de 12/12h. Orientações: aderir ao tratamento, controlar evacuações, detectar recorrência, não dirigir e dar suporte nutricional. Referências Definição: http://www.sbhepatologia.org.br/pdf/encefalopatia/ged Epidemiologia: http://gastro.hu.ufsc.br/files/2015/08/PROTOCOLO-ENCEFALOPATIA-HEPATICA-HU-Telma-e-Leo.pdf