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Apresentação de caso clínico Caso Clínico de Sensibilidade (“C”) Apresentação Paciente: Homem, 37 anos. Queixas: há vários meses - Dor médio torácica dorsal - Febre baixa - Calafrios - Sudorese noturna - Perda ponderal Apresentação - Histórico Viciado em Heroína Intravenosa. Não utilizou drogas por via parenteral (as mais comuns são a intravenosa, intramuscular e subcutânea). Últimas duas semanas: fraqueza progressiva nas pernas. - Mais importante na perna esquerda, com polaciúria* e urgência urinária. *Aumento na frequência de micções, sem que haja aumento na quantidade de urina. Apresentação - Exame clínico Decúbito Dorsal: -Dificuldade em levantar membro inferior esquerdo. Outros músculos do mesmo membro têm uma força de grau 3 em 5. -Membro inferior direito levemente mais fraco. -Ambos membros inferiores possuem aumento no tônus (hipertonia), maior à esquerda. Diminuição acentuada das sensações de dor, abaixo da cicatriz umbilical à direita e uma redução leve ao mesmo nível à esquerda. Dermátomos sacros estão incluídos na perda sensorial. Propriocepção reduzida nos dedos do pé e tornozelo esquerdos, mas é normal à direita. Apresentação - Exame clínico Presença de Clônus no Joelho e no tornozelo, caracterizado pela contração muscular rítmica e involuntária. Sinal de Babinsk à esquerda. Babinski negativo Babinsk positivo Clônus é uma série de contrações musculares involuntárias e rítmicas devido a um estiramento súbito de um músculo. Apresentação - Exame clínico Reflexos abdominal inferior¹ e cremastérico² estão ausentes à esquerda. 1.Contração dos músculos abdominais em resposta ao estímulo no local. 2.Contração do músculo cremaster ipsilateral ao estimo na região medial da coxa. ANÁLISE – problema motor “fraqueza progressiva nas pernas”; “dificuldade em levantar membro inferior esquerdo”; “hipertonia”. “Sinal de Babinsk à esquerda.” “Presença de Clônus no Joelho e no tornozelo”; aumento na espasticidade. “Reflexos abdominal inferior e cremastérico estão ausentes à esquerda.” -Hiperreflexia de Reflexos Profundos -Arreflexia de Reflexos Superficiais -Hipertonia -Maior espasticidade Síndrome do Neurônio Motor Superior Os reflexos cremastérico e abdominal inferior são reflexos ditos superficiais. Já o sinal de Babinsk um reflexo profundo. Na dita Síndrome, há uma super estimulação dos reflexos profundos ( hiperrflexia) e uma ausência/diminuição dos reflexos superficiais (arreflexia). A Síndrome do Neurônio Motor Superior indica que há, de alguma maneira, um defeito do sinal motor córtico-medular. Através do sintoma de que há dificuldade motora, pode-se suspeitar de um defeito na via do trato córtico espinal (principal via motora do humano). Como essa dificuldade motora se estabelece no membro inferior esquerdo, e a via do trato córtico-medular descende pelo funículo lateral, na medula espinhal, é de se imaginar uma possível lesão medular, a primeira instância, no próprio funículo lateral. A ausência dos reflexos abdominal inferior e cremastérico (que não deveria ocorrer, visto que os reflexos são movimentos independentes do sinal cortical) sugerem que exista um defeito sensitivo, que será descrito adiante, impossibilitando o sinal eferente do arco reflexo. Por fim, a lesão deve se estabelecer do lado esquerdo, pois, como a via descrita se cruza na decussção das pirâmides (bulbo), a ausência de resposta motora deve ser ipsilateral à lesão. PS: O sinal de Babinsk é um arco reflexo mediado pela coluna anterior medular no nível de L1-L2. Assim, para que esteja presente, como no caso, a lesão medular, necessariamente, deve ser acima de L1. ANÁLISE – problema sensorial Diminuição acentuada das sensações de dor, abaixo da cicatriz umbilical à direita e uma redução leve ao mesmo nível à esquerda. A propriocepção está reduzida nos dedos do pé e tornozelo esquerdos, mas é normal à direita. Dermátomos sacros estão incluídos na perda sensorial. O primeiro item sugere algum defeito da via espino talâmico lateral (via da dor e temperatura). Como a localização da diminuição da sensação está abaixo da cicatriz umbilical à direita e esquerda, através do estudo de sensibilidade somática pelos dermátomos, conclui-se que o problema medular deve se encontrar entre os segmentos de T10-L2 da medula espinhal. A propriocepção reduzida nos dedos do pé e tornozelo esquerdos indicam defeito da via do funículo posterior. Também através dos dermátomos, pode-se inferir que a primeira conclusão estaria condinzente com o quadro clínico. Sabendo-se que a via do funículo posterior só se cruza no bulbo, e que a via espino talâmico lateral se cruza na comissura branca, é possível concluir que a lesão deve ser ipsilateral para a primeira via e contralateral para a segunda. Assim, deve ser do lado esquerdo. ANÁLISE – problema sensorial Análise – Problema urinário “(...) polaciúria* e urgência urinária.” O controle miccional é realizado por fibras do parassimpático, que inervam tanto o músculo detrusor como o esfíncter interno. A inervação simpática funciona no intuito de impedir a manutenção do sinal parassimpático, sendo que este seria exercido apenas na real necessidade de micção. Com a possível lesão abaixo de T10 e acima de L1, as fibras simpáticas estariam prejudicadas, não exercendo a inibição característica no sistema parassimpático. Assim, o paciente apresentará estímulo miccional recorrente, e com menor quantidade de urina, pois não houve tempo suficiente para a formação da mesma e acúmulo na bexiga. QUESTÕES 1. Onde está a lesão? A lesão está situada na Medula Espinal, nos segmentos de T10-L1 no lado esquerdo. Possivelmente nos fúniculos lateral e posterior. 2. Quanto aos reflexos cremastérico e abdominal, qual a técnica realizada na pesquisa dos mesmos e qual o significado clínico? Estando ausente tais reflexos, o paciente possui arreflexia de reflexos superficiais. QUESTÕES – VIAS COMPROMETIDAS “Há uma diminuição acentuada das sensações de dor e temperatura, abaixo da cicatriz umbilical” - Via trato espino-talâmico lateral. “A propriocepção está reduzida nos dedos do pé e tornozelo esquerdos” - Via funículo posterior – lemnisco medial “Os reflexos abdominal inferior e cremastérico estão ausentes à esquerda” - Via trato corticoespinal QUESTÕES Retire do texto passagens que sugerem uma origem infecciosa para o problema neurológico. - “febre baixa, calafrios, sudorese noturna e perda ponderal” - “Ele foi viciado em heroína intravenosa” Possível infecção por HIV Discussão e possível diagnóstico Mielite Transversa aguda ”A mielite transversa aguda é uma doença inflamatória medular, cuja etiopatogenia não está, ainda, bem esclarecida, e que se manifesta clinicamente por disfunção motora, sensitiva e/ou autonômica.” (1) MTA HIV Desarranjo do sistema imunológico (2) Invasão direta e danos na medula (2) Acredita-se que infecções podem levar a um desarranjo do sistema imunológico, levando indiretamente a ataques autoimunes na medula espinal, ao invés de ataques diretos do patógeno. A MT se desenvolve com frequencia em conjunto com infecçoes virais e bacterianas. Cerca de um terço dos pacientes com MT apresentam uma doença febril concomitante ao início de sintomas neurológicos. Em alguns casos, há evidências de invasão direta e danos à medula pelo agente infeccioso (em especial AIDS). Referências Bibliográficas 1- SAMPAIO, Maria João et al . Mielite transversa aguda. Nascer e Crescer, Porto , v. 20, n. 1, p. 32-34, mar. 2011 . Disponível em http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0872-07542011000100007&lng=pt&nrm=iso . Acesso em 22 mar. 2017. 2- LYNN, Joanne. Transverse myelitis: symptoms, causes and diagnosis. April. 2015. Disponível em https://www.researchgate.net/publication/265233849_Transverse_Myelitis_Symptoms_Causes_and_Diagnosis . Acesso em 22 mar. 2017.
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