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UNIDADE I Avaliação da Aprendizagem 2 UNIDADE 1 AVALIAÇÃO PARA INÍCIO DE CONVERSA Querido (a) aluno (a), este é seu guia de estudo. Ele servirá de auxílio para você compreender melhor seu livro texto da disciplina AVALIAÇÃO. É necessário que você compreenda que este guia de estudo é um material de apoio e um meio de facilitar o seu acesso ao livro texto, mas a leitura do guia não elimina a do livro, elas se complementam. ORIENtAçõES DA DISCIPlINA Nesta disciplina você irá refletir sobre o atual cenário da educação nacional e sobre o processo da avaliação escolar, que pode ser somativa ou formativa, e a depender de como se dá esse processo avaliativo, pode causar grande impacto na configuração escolar com altos índices de repetição e evasão. Dessa forma, se faz necessário compreender, antes de tudo, o conceito de avaliação e suas fun- ções dentro da escola, bem como compreender que a avaliação faz parte do processo de ensino -aprendizagem. Para assim, refletirmos sobre as abordagens e procedimentos desse processo, assumindo a avaliação como peça de extrema relevância. Além disso, iremos analisar as diversas competências – procedimentais, conceituais e atitudinais - e o processo de avaliação educacional, de que forma essas competências têm sido trabalhadas nos métodos avaliativos. Por fim, iremos ter uma visão geral da legislação educacional, das po- líticas educacionais e refletir sobre os conceitos discutidos durante toda a disciplina. Além de discutirmos sobre as práticas e métodos avaliativos relacionados à Educação Infantil e ao Ensino Fundamental. Caro (a) aluno (a), refletir sobre o processo avaliativo e como ele pode interferir no processo de aprendizagem do aluno, mais do que apreender as diversas formas de avaliar, é de fundamental importância. Ao final desse estudo fica a sugestão para um aprofundamento sobre o tema, com propostas para um sistema avaliativo eficaz e mais sensível, que compreenda melhor os saberes dos alunos e suas habilidades. “Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas”, assim determinou Rubens Alves, não queremos que o processo de ensino-aprendizagem, do qual a avaliação faz parte, faça da escola uma prisão, faz parte da nossa missão, querido aluno (a), que o nosso ensino inspire o voo, não cortemos as asas dos nossos alunos, eduquemos para a liberdade. Um ótimo estudo. Seja bem-vindo! 3 CONCEItOS, CONCEPçõES E FINAlIDADES NO CONtEXtO ESCOlAR Meu caro (a) aluno (a), para adentrarmos na análise dos conceitos e finalidades da avaliação, se faz necessário, antes de tudo, relembrar o seu tempo da escola, quando se aproximava a semana de provas e todos os alunos se desesperavam, porque sabiam que se não se saíssem bem nas provas, receberiam castigo dos pais, reclamação da professora diante de toda a sala e ficaria aquele sentimento de frustração por não ter alcançado a média, ao menos. O medo imperava, e quanto mais você tinha medo, mas o desastre se tornava iminente. É necessário relembrar esse tempo, pois, passados 10, 15, 30 anos, a semana de prova ainda é temida e não avalia de fato as habilidades e saberes dos alunos. Aqui, tentaremos compreender por que, apesar de tantas mudanças no ensino, a avaliação continua sendo utilizada de maneira errônea e ineficaz. Nesta unidade iremos estudar o que é avaliação e como ela funciona na escola, suas funções e finalidades, bem como as principais consequências da avaliação escolar no processo de ensino -aprendizagem. O que é e como funciona a avaliação? Para que você compreenda o que é e como funciona a avaliação é de fundamental importância en- tender o cenário atual da educação no Brasil. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimen- to Econômico (OCDE) divulgou, em 2015, um ranking sobre a qualidade da educação no mundo, o Brasil ficou na 60ª posição, entre os 76 países pesquisados. (PALHARES, 2015). Esses dados são assustadores, não são? Mas não é algo novo e revelam a baixa qualidade e ine- ficácia da educação no Brasil. Os dados do Ministério de Educação são ainda mais assustadores: 91% dos estudantes brasileiros saem do Ensino Fundamental abaixo do nível esperado de apren- dizagem. Ou seja, concluem o Fundamental com dificuldades em compreender e reter informações de textos básicos. (VILLAS BOAS, 2008). GuARDE ESSA IDEIA! Fique atento, como esses alunos chegarão ao Ensino Médio? Conseguirão su- prir as carências do fundamental? Como sairão da escola? Como chegarão ao mercado de trabalho? À universidade? Esses questionamentos nos levam a uma problemática muito maior: Por que a nossa educação tem fracassado (de acordo com os resultados das pesquisas)? A todos tentam jogar a culpa: ao professor desestimulado, à péssima estrutura, aos governantes que só visam quantidade e não qualidade do ensino, aos alunos sem perspectiva. Não há como culpabilizar um único grupo, há uma diversidade de fatores que contribuem para o processo de aprendizagem (VILLAS BOAS, 2008) entre eles: a falta de condições de trabalho na 4 escola, a ausência de envolvimento dos pais, a baixa escolaridade dos pais, a falta de formação dos professores e outros profissionais que atuam no ambiente escolar, bem como a falta de orga- nização do trabalho pedagógico. ACESSE O AmbIENtE VIRtuAl Você pode ver isso de forma mais detalhada no seu livro texto, na página 4. Caro (a) aluno (a), você pode perceber que os dados apresentados acima revelam a ineficácia do nosso processo de ensino-aprendizagem, do qual a avaliação costuma ser excluída. Há uma tendência em incentivar a escola a exigir dos alunos apenas a aprovação no final do ano, tendo a prova como parâmetro, assim, os alunos estudam apenas para passar na prova, decoram ou reprovam. PAlAVRAS DO PROFESSOR Mas o que é avaliar? O ato de avaliar faz parte da natureza humana, o tem- po inteiro estamos avaliando os nossos atos, filmes a que assistimos, serviços que utilizamos, pessoas que conhecemos, etc. É um ato que está vinculado ao sistema de ensino mundial, ou seja, faz parte do cotidiano escolar, onde todos avaliam e são avaliados. De acordo com Gadotti, no livro “Educação e poder: introdução à Pedagogia do conflito” (1984), Avaliação é inerente e imprescindível, durante todo processo educativo, que se realize em um constante trabalho de ação-reflexão, porque educar é fazer ato de sujeito, é problematizar o mundo em que vivemos para superar as contradições, comprometendo-se com esse mundo para recriá-lo constantemente. (p. 90) VOCê SAbIA? Você sabia que a avaliação pode assumir duas formas? Pois é, uma é a avaliação formativa, que visa a formação e promoção da aprendizagem do aluno; a outra é a avaliação somativa, que visa o desempenho pontual. A formativa é mais eficaz por enfatizar a aprendizagem do aluno, por promover a produção e incluí-lo no ambiente escolar. A somativa é necessária para a formação de dados que con- tribuem na tomada das decisões pedagógicas. Elas não se excluem, deveriam, inclusive, caminhar juntas, complementando-se. ??? 5 O problema é que a escola esquece, quase por completo, a avaliação formativa e seus pontos positivos para a formação do estudante como o foco na aprendizagem, caráter de inclusão, par- ticipação, avaliação de perspectiva conjunta, etc. Enquanto privilegia a somativa, ressaltando os seus pontos negativos: foco na classificação, caráter de exclusão, autoritarismo, avaliação de perspectiva individual, destaque para a memorização, valorização do quantitativo e busca por apenas um bom resultado na prova. Avaliar é o ato de diagnosticar uma experiência, tendo em vista reorientá-la para produzir o me- lhor resultado possível; por isso, [...] é diagnóstica e inclusiva. O ato de examinar, por outro lado, é classificatório e seletivo e, por isso mesmo, excludente, já que não se destinaà construção do melhor resultado possível; tem a ver, sim, com a classificação estática do que é examinado. O ato de avaliar tem seu foco na construção dos melhores resultados possíveis, enquanto o ato de examinar está centrado no julgamento de aprovação ou reprovação. (p.2) Meu caro (a), fica clara, na citação de Luckesi, a importância da avaliação para a aprendizagem, pois através dela somos capazes de diagnosticar e construir junto ao aluno um melhor resultado. PAlAVRAS DO PROFESSOR Você deve estar se perguntando por que a escola, professores e alunos não ques- tionam esse sistema focado na classificação e exclusão. É bem simples! Se tor- nou um círculo vicioso: a escola utiliza o método como forma de classificar os alunos; os professores utilizam apenas as provas para “medir” o conhecimento dos alunos; passar nas provas, se torna meta do aluno, não importa a que preço, o importante é entregar aos pais o resultado positivo, pois é o que a maioria exige, sem se importar muito em como se deu o aprendizado dos filhos. Você pode compreender melhor esse círculo vicioso no quadro da página 6 do seu livro texto. Além disso, muitos professores utilizam as provas como meio de punir os alunos, aqueles que foram indisciplinados durante o bimestre, terão a vingança no dia da prova, fato que o próprio professor faz questão de divulgar: “quero ver no dia da prova”! Você já deve ter passado por essa situação, ou presenciado em sala de aula! 6 Mas vamos lá, se a escola sempre funcionou assim, qual é o problema? Você pode questionar. Esse método avaliativo, como já foi dito, é excludente e não se importa com as habilidades e os saberes dos alunos, que nem sempre apresentam o saber exigido. É um método baseado na me- ritocracia, ou seja, depende dos méritos individuais de cada um, no entanto, não é justo, pois se supõe na meritocracia, que todos têm as mesmas condições e oportunidades, o que não é verda- deiro, cada aluno apresenta suas especificidades e dificuldades (sejam ligados a fatores externos ou internos). Esse método acaba por distinguir os alunos em fortes, fracos e medianos. Algumas escolas chegam, de fato, a separar essas turmas. Os fortes são mais exigidos, enxergam neles resultados excelentes nos vestibulares mais concorridos, o que vai elevar o nome da escola; os fracos ficam em outra turma, tendo uma aula mais focada nas suas dificuldades; os medianos acabam sendo esquecidos, pois não se enquadram em nenhuma das necessidades. A escola aca- ba criando, assim, um ambiente de desigualdades, competitivo, além da enorme pressão que os alunos sofrem por estar na turma dos fortes, ou por querer estar nela. Assim, querido (a) aluno (a), fica fácil de entender que a avaliação ideal, de fato, seria aquela que conseguisse aliar a somativa à formativa. Como explica Villas Boas (2008, p. 35): [ Na avaliação formativa, ] a análise do progresso considera aspectos como: o esforço por ele [aluno] despendido, o contexto particular de seu trabalho e as aprendizagens adquiridas ao longo do tempo. Consequentemente, o julgamento de sua produção e o feedback que lhe será oferecido levarão em conta o processo de aprendizagem, e não apenas os critérios de avaliação. A avaliação formativa visa o processo de aprendizagem do aluno, não apenas a nota final que irá aprová-lo ou reprová-lo, ela contextualiza, percebe as habilidades e saberes dos alunos, poten- cializando-os. Cria-se nesse método uma relação de parceria entre professor-aluno, nenhum deles é responsabilizado se não alcançar os objetivos esperados, pois todo processo é uma construção coletiva. Por que então, não implantar a avaliação formativa nas escolas? Trata-se de um grande desafio, já que o sistema educacional está imerso em um grande círculo vicioso, como já vimos, em que a avaliação somativa já está enraizada e quase nunca é questionada. Avaliação formativa: um caminho de mão dupla PAlAVRAS DO PROFESSOR Como já discutimos anteriormente, a avaliação formativa tem a aprendizagem como foco, além de promover a inclusão e o compartilhamento. Ela pode receber diversos nomes: avaliação mediado- ra, emancipatória, dialógica, fundamentada e cidadã. E, apesar da diversidade de nomenclatura, todas têm como base a relação de feedback entre professor-aluno, ou seja, eles trabalham em conjunto, tendo sempre o retorno do outro. Nenhum deles se torna elemento passivo do processo, todos participam ativamente. 7 FIquE AtENtO! Mas como compreender como se dá esse processo do feedback? Fica mais fácil de compreender, se tomarmos a avaliação somativa como exemplo. Nessa ava- liação, o professor costuma passar os conteúdos durante o bimestre, o aluno ouve, anota, questiona, mas apenas recebe a informação, no final do bimestre, ele será avaliado para sabermos se atingiu a meta ou não. Já na relação do fee- dback, o professor deixa claro o que espera do aluno desde o início e dá o retorno ao aluno durante todo o processo, assim, o estudante tem a chance de corrigir os erros, melhorar no desempenho, etc. Ele é um agente ativo. No seu livro texto há uma excelente ilustração para o método do feedback, na página 9! VOCê SAbIA? Você sabia que o professor também se beneficia nesse processo? Pois é, já que ele vai ajustando suas aulas em resposta às informações colhidas durante as atividades, seja aprofundando, se os alunos apresentarem resultados além do esperado, ou desenvolvendo outras estratégias para desenvolver determinado assunto, caso os alunos não tenham alcançado o objetivo. Dessa forma, a aula se torna dinâmica e criativa. lEItuRA COmPlEmENtAR Que tal você fazer uma boa leitura? Lhe indico aqui o artigo Avaliação Formati- va – um Elemento do Processo de Ensino aprendizagem, no link, que servirá de complemento ao nosso guia de estudo e ao livro texto. Voltando ao nosso raciocínio, como você observou no título desse subtópico, esse tipo de avalia- ção é uma via de mão dupla, então, o professor deve estar atento ao que foi pedido ao aluno e ao que se espera dele – evitando nivelar muito acima, ou muito a baixo -, bem como ter em mente que o feedback não visa melhorar de nota (assim, era só pedir para refazer o trabalho) e sim a consciência de todo processo, bem como da construção do conhecimento. Enquanto o aluno tam- bém tem suas responsabilidades durante o processo, ele deve participar de todos os processos de aprendizagem, e utilizar o feedback dado pelo professor para se autoanalisar e buscar estratégias para melhorar e alcançar os objetivos esperados. Caro (a) estudante, tanto professor, quanto os alunos se tornam autônomos nesse processo. O aluno passa a se automonitorar, de acordo com sua maturidade. Não é fácil alcançar o automo- nitoramento, requer disciplina, foco e maturidade. Destacam-se três componentes que podem integrar a avaliação formativa: a avaliação informal, a avaliação por colegas e a autoavaliação. ??? 8 De acordo com a imagem abaixo (que também está no livro-texto, na página 11 e equivale a figura 1.2), essas avaliações apresentam um continum,ou seja, há um aumento gradativo na autonomia, à medida que passa de um estágio para o outro: Como você pode observar, na avaliação informal, há um menor nível de autonomia, enquanto na autoavaliação o nível de autonomia é o desejado e a avaliação por colegas é o nível intermediário. Veremos, a seguir, cada um desses componentes de forma mais detalhada. a) Avaliação informal Você deve conhecer muito bem a avaliação formal que é formada por provas, trabalhos, ativida- des, etc. Pouco atentamos para a avaliação informal, mas ela é de extrema importância para o processo de ensino-aprendizagem. É a forma como os professores e alunos constroem representa- ções um do outro, essas representações podem ser positivas ou negativas e afetam diretamente na relação entre oprofessor e o aluno. Ou seja, o contato entre os dois pode ser positivo, quando promove incentivo, ou pode ser negativo, quando desencoraja o aluno. GuARDE ESSA IDEIA! Você pode perceber o quanto isso é problemático, não é? A partir do momento que o professor faz um julgamento negativo de determinado aluno, mesmo que inconscientemente, ele tende a afastá-lo, de diversas formas: com tratamento indiferente, comparando a nota dele com a dos outros alunos com melhor rendi- mento, com falta de apoio na realização de atividades, humilhando-o e utilizando apelidos pejorativos. Esse julgamento pode se tornar uma grande bola de neve, pois, se o próprio professor trata o aluno de maneira excludente, a tendência é que os outros alunos se espelhem na atitude do professor e passem a tratá-lo da mesma maneira, o que acaba incentivando a prática do bullying, tão discutido nas escolas, na mídia, etc. Você já deve ter visto as diversas campanhas contra o bullying, muito se debate sobre o tema, mas poucos associam tal prática à avaliação informal. A forma como o professor vê o seu aluno reflete para o resto da turma, levando a ações positivas e negativas. Quando as ações são negativas o processo de aprendizagem fica comprometido, pois muitas vezes o aluno que sofre o bullying não quer voltar à escola, por medo, vergonha, etc. b) Avaliação por colegas Esse tipo de procedimento ainda é pouco utilizado, mas é bastante eficiente, pois tira do professor a responsabilidade exclusiva de avaliar, e ainda dá certa autonomia aos alunos, por se sentirem responsáveis pela avaliação do colega e ativos no processo avaliativo. Representa o nível inter- mediário entre a avaliação individual e a autoavaliação, serve como um treino para esta última, pois à medida que eu avalio o outro também me autoavalia. É uma forma interessante de trabalhar com a aceitação de críticas que contribuam para o crescimento e autoconhecimento. 9 Meu caro (a) estudante, a tendência é que nessas atividades, que podem ser em dupla ou em trio, os alunos aceitem melhor o feedback quando vem dos colegas de classe, do que quando parte do professor. Para o professor, a atividade é uma forma de dividir as responsabilidades, enquanto o aluno avalia o outro, o professor orienta os alunos que têm mais dificuldades, tornando o processo ainda mais focado, inclusivo e eficaz. c) Autoavaliação Por fim, temos a autoavaliação em que o aluno avalia a sua participação e envolvimento nas ati- vidades desenvolvidas. A ideia é que ele perceba, através da autoavaliação, ações que podem ser colocadas em prática para melhorar seu desempenho. É necessário que você compreenda que a autoavaliação não é da aprendizagem, mas sim para a aprendizagem, ou seja, eu me avalio para aprender da melhor forma possível. Não tem como função atribuir notas, a ideia é que o aluno através dessa avaliação reflita sobre o seu processo de aprendizagem, o que aprendeu, o que não compreendeu, e o porquê de não ter assimilado determinado assunto, para assim desenvolver estratégias para facilitar o processo. Caro (a) aluno, quando o professor deve inserir esse tipo de avaliação na turma? Não existe um momento determinado para que isso ocorra, geralmente, os professores fazem a autoavaliação no fim de um tópico, de uma unidade, de um bimestre, fica a critério do professor. O ideal, no entanto, é que ele faça da autoavaliação um hábito na sala de aula, ou seja, que o aluno seja incentivado a se automonitorar constantemente, sabendo, é claro, qual a finalidade e objetivo da autoavaliação e o que se espera dele com essa atividade. Com a autoavaliação, pode-se alcançar a metacognição, que nada mais é do que o debruçar-se sobre o próprio processo cognitivo, ou seja, seu próprio conhecimento e desenvolvimento, permite que ele conheça a si mesmo e suas dificuldades, bem como seus pontos fortes, etc. CONSEquêNCIAS E CONCEPçõES DA AVAlIAçÃO ESCOlAR PAlAVRAS DO PROFESSOR Acredito que você aluno, já percebeu o quanto a avaliação é importante para o processo de ensino-aprendizagem e a forma como ela é desenvolvida afeta dire- tamente na construção cognitiva, social e afetiva do estudante. Em muitos casos ela pode trazer alguns impactos negativos como a repetência e a evasão escolar, em outros, ela pode ser um fator determinante para o avanço do aluno. Veremos agora cada uma dessas consequências! a) Repetência Caro aluno (a), não é novidade que o Brasil apresenta altos índices de reprovação, aproximada- mente, 7 milhões de crianças e jovens reprovam todos os anos. De acordo com o Relatório de 10 Monitoramento da Educação para Todos, lançado este ano pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a taxa de reprovação no Ensino Fundamental é de 18,7%. Um a cada cinco alunos precisam repetir a série, no ano seguinte. É importante que fique claro que há diversas razões para que um aluno seja reprovado, seu baixo rendimento pode estar ligado a fatores externos como as condições socioeconômicas, falta de estímulo dos pais, desestrutura familiar – que afeta diretamente no desenvolvimento da criança -, ou fatores internos como a dificuldade para se enquadrar no tipo de avaliação utilizado pelo professor, desinteresse pela escola, pela metodologia, etc. A avaliação é apenas um dos fatores, mas é uma peça chave nesse processo. PAlAVRAS DO PROFESSOR Você deve imaginar o que implica esse alto índice de reprovação. Desde a des- motivação do aluno, que se sente frustrado por repetir a série enquanto os co- legas vão para a próxima turma, ao gasto de aproximadamente 10 bilhões de reais por ano. Isso mesmo! Gasta-se uma média de 10 bilhões de reais por ano, assustador, não? Uma reprovação traz prejuízos para todos os envolvidos: aumenta número de estudantes por tur- ma, diminui vagas para entrada de novos alunos, os alunos menores passam a conviver com alunos maiores, o que gera diversos problemas, etc. O Brasil é o país que mais reprova, por isso o combate à repetência é uma das áreas focadas pelo Ministério da Educação com seu plano de metas Compromisso Todos pela Educação (envolvendo todos os estados, municípios e distrito federal), observe o gráfico abaixo: lEItuRA COmPlEmENtAR Com isso que tal fazer uma excelente leitura? Posso lhe indicar a leitura do ar- tigo da revista Nova Escola “Repetência: um erro que se repete a cada ano” de Ronaldo Nunes, para aprofundamento sobre a pesquisa acima, no link. Para diminuir esse alto índice, muitos educadores vêm defendendo a progressão continuada, que de acordo com o docente da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Fernando José de Almeida, A progressão continuada é um alargamento do conceito de período escolar, pois prevê, em vez de anos, ciclos. E aí é possível falar em ciclo letivo, com mais do que os 200 dias previsto na lei, e também em ciclo de aprendizagem do aluno - e esse pode ser de dois ou três meses, um semestre, um ou mais anos. Dividir o tempo escolar fugindo do calendário anual tem por objetivo aprofundar a concepção sobre o ensino e a aprendizagem. 11 lEItuRA COmPlEmENtAR Mais uma sugestão, leia na íntegra o texto “Progressão continuada não é apro- vação automática”, do qual foi retirado o trecho acima, para aprofundamento sobre o tema, no link. Esse modelo é utilizado em diversos países, de maneiras distintas, mas com o mesmo propósito: manter a criança na escola. Aqui no Brasil, o modelo já é utilizado, mas de forma errônea, pois a ideia da progressão continuada é de que o aluno não seja reprovado, mas tenha um acompanha- mento para que se alcance o objetivo desejado: a aprendizagem. No entanto, muitas escolas não reprovam os alunos e no ano seguinte fazem uma prova, visando apenas a aprovação (e livrar o aluno e a si mesmo!), sem qualquer acompanhamento específico.Você deve estar se perguntando, se reprovação não é o caminho, então seria a progressão con- tinuada? O caminho, caro aluno (a), sempre será a aprendizagem! E a avaliação faz parte desse processo! Se eu avalio meu aluno utilizando exclusivamente a avaliação somativa, a tendência de que esse aluno não alcance a média no final do ano é maior, o que vai gerar mais repetições, pois ela é excludente, ao avaliar todos os alunos da mesma maneira, eu não estou levando em consi- deração fatores determinantes, como o nervosismo que pode atrapalhar o andamento da prova, as condições externas, para citar apenas dois exemplos! Não importa se o aluno participou das aulas, foi interessado, atento, pois se ele “falhar” na prova, não terá a nota para ser aprovado. Já na avaliação formativa, todo o processo de aprendizagem é levado em consideração, além de que, durante esse processo, as dificuldades dos alunos serão imediatamente detectadas e podem ser solucionadas, à medida que ocorra o feedback. b) Evasão Você já deve ter ouvido casos de pessoas que desistiram da escola ao reprovarem (principalmente quando já é a segunda ou terceira vez). É claro que existe uma relação de consequência entre a reprovação e a evasão escolar, isso não quer dizer que essa seja a única razão. De acordo com Villas Boas (2008, p. 23): Mais do que a falta de vagas, a falta de transporte ou mesmo a necessidade de trabalhar, é a falta de vontade de estudar que os empurra [os jovens] para fora do sistema de ensino. Essa razão foi identificada em 40,4% dos casos entre os que não estão em sala de aula. A necessidade de trabalhar vem [bem] depois (17,1%). Os resultados do estudo indicam que [...], se a escola não for atraente e fizer algum sentido ao aluno, ele vai abandoná-la, mesmo que suas chances no merca- do de trabalho sejam nulas ou pouco atraentes. Ou seja, os alunos desistem da escola porque ela, com seu modelo arcaico, não é atrativa o su- ficiente para “amarrá-los”, e a avaliação está nesse meio, como algo que mais afasta o aluno do que aproxima. Afinal, quem gosta de ser avaliado? 12 Podemos destacar alguns pontos que poderiam fazer grande diferença na forma como o aluno se relaciona com a escola entre eles estão a falta da noção de pertencimento, isto é, o aluno não se sente pertencente do universo escolar, ele não se identifica com a escola; ele e o seu trabalho pouco (ou nunca) são valorizados, dizer ao aluno que “é sua obrigação ser bom!”, fará com que ele não se sinta recompensado ou feliz pelo trabalho feito; e por muitas vezes falta respeito em relação à pessoa do aluno, ele não é consultado sobre o processo de aprendizagem e todo o pla- nejamento vem empurrado de “goela abaixo”. A avaliação mais uma vez entra como fator chave aqui, pois, se ela é bem direcionada, pode moti- var o aluno e fazer com que ele se sinta integrante fundamental desse sistema, mas se trabalhada de maneira autoritária, pode afastar o aluno da escola, pois ele não se sente acolhido. FuNçõES E FINAlIDADES DA AVAlIAçÃO NO CONtEXtO ESCOlAR PAlAVRAS DO PROFESSOR Caro (a) estudante, já discutimos conceitos e consequências da avaliação, agora, iremos com- preender melhor quais as funções e finalidades da avaliação no contexto escolar. Afinal, avaliar para quê? Você já entendeu que a avaliação faz parte do processo e ensino-aprendizagem, que deve ser feito de maneira continua e progressiva, e deve ter como objetivo avaliar e diagnosticar a situação de aprendizagem que cada aluno se encontra, para, assim, buscar meios para solucionar os proble- mas encontrados, seja uma dificuldade do aluno ou do próprio método utilizado pelo professor, a avaliação é o feedback do docente e também do aluno!). Assim ele pode utilizá-la para desenvol- ver estratégias para superar as dificuldades que podem surgir pelo processo. ACESSE O AmbIENtE VIRtuAl No seu livro texto, na página 22, estão listados alguns teóricos e um resumo dos seus conceitos sobre a avaliação. Entre eles está Luckesi (2003) que afirma: No que se refere às funções da avaliação da aprendizagem, importa ter presente que ela permite o julgamento e a consequente classificação, mas essa não é a sua função constitutiva. É importante estar atento à sua função ontológica (constitutiva), que é de diagnóstico, e, por isso mesmo, a avaliação cria a base para a tomada de decisão, que é o meio de encaminhar os atos subsequentes, na perspectiva da busca de maior satisfatoriedade nos resultados. (p.175) 13 Luckesi, como os autores citados no seu livro texto, acreditam numa avaliação mediadora ou formativa, que tenha como função diagnosticar as possíveis dificuldades, para assim desenvolver meios para superá-las e alcançar o objetivo desejado, que não é a nota e sim a aprendizagem. Isto é, o importante de fato é o acompanhamento dado ao aluno durante o processo e que ele consiga identificar seus pontos fortes e fracos, e buscar maneiras para melhorar. Para o autor, outras funções estão ligadas a essa função básica como: e propiciar a autocompreensão, tanto do educando quanto do educador; motivar o crescimento; aprofundamento da aprendizagem; auxiliar a aprendizagem. lEItuRA COmPlEmENtAR Para um estudo mais completo dessas funções, indico a leitura do artigo de Lu- ckesi “Avaliação da Aprendizagem Escolar: um ato amoroso”, no link. A finalidade da avaliação é, de uma forma geral, auxiliar na construção dos saberes do aluno, à medida que, através dela, é possível criar um diagnóstico e assim desenvolver estratégias para continuar progredindo. COmO DESmIStIFICAR O PROCESSO DA AVAlIAçÃO A avaliação, para a maioria dos alunos, é encarada de maneira assustadora, mas como desmi- tificar esse processo? Sim, a tarefa não é simples. Nesta unidade, discutimos os conceitos de avaliação, os tipos, as funções e de como avaliação está intrinsecamente ligada ao processo de ensino-aprendizagem e que o professor deve buscar um caminho pensando sempre no desenvolvi- mento dos saberes do aluno, sendo esse o objetivo principal da avaliação. A avaliação não pode ser encarada como punição. PAlAVRAS DO PROFESSOR Bem, sabemos que avaliar não é uma tarefa fácil, principalmente, se o professor decide utilizar a avaliação formativa, pensando no crescimento do aluno. Para ajudá-lo no processo avaliativo, Both (2012) descreveu um conjunto de elemen- tos que englobam: competência – o domínio de um determinado tema; capacida- de – saber sobre um tema não é o suficiente, o aluno precisa ter a capacidade de aplicá-lo; e habilidade – ele precisa ter a habilidade de tratá-lo com criatividade. Esses três elementos funcionam conjuntamente e são mecanismos eficazes que o professor pode utilizar para avaliar seus alunos. Em contrapartida, os alunos, cientes desses elementos, se sen- tirão integrados ao processo, respeitados e valorizados, passando assim, a encarar a temida avaliação de uma forma menos intimidadora. 14 Por enquanto, é isso! Espero que todas essas informações sobre a avaliação tenham sido apreen- didas de maneira prazerosa. Nosso estudo não termina por aqui, ainda discutiremos bastante sobre avaliação e sua importância para o processo de ensino-aprendizagem! Até breve!
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