Buscar

OF - APS - 12 homens e uma sentença x Kurt Lewin

Prévia do material em texto

SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 2 
2. DISCUSSÃO ............................................................................................................. 3 
3. CONCLUSÃO ............................................................................................................ 5 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................... 6 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Este trabalho tem como objetivo analisar criticamente o filme 12 Homens e uma 
sentença com base nas teorias de Kurt Lewin sobre os Processos Grupais. Em 
específico, entender qual a relação do comportamento dos jurados da trama com a 
Dinâmica Grupal e a Teoria do Funcionamento Grupal propostas por Lewin (1978). 
Originalmente lançado no ano de 1957, o filme apresenta um grupo de 12 jurados 
responsáveis por julgar o caso de um jovem acusado de matar o próprio pai. Já na sala 
do júri, a sessão se inicia com 11 votos a favor da condenação do jovem e apenas 1 por 
sua absolvição. O jurado número 8, sem a certeza de que o jovem é necessariamente 
culpado sente-se incomodado em acompanhar o restante do grupo e sentenciá-lo à 
cadeira elétrica sem, ao menos, discutirem sobre o caso que estavam acompanhando 
durante os últimos dias. 
Inicialmente, a narrativa traz à tona a postura autoritária de parte do grupo de 
jurados, mas em seguida, surge a transformação das atitudes e opiniões que acontecem 
no decorrer do filme, que podem ser explicadas pela mudança de método para uma 
conduta mais democrática e aberta. Sob a perspectiva dessas mudanças, é possível 
entender quanto o indivíduo influencia e é influenciado pelo grupo. 
Desse modo, o desenrolar das cenas acontece a partir de um contexto grupal onde 
doze indivíduos com personalidades e ideais diferentes unem-se com um único objetivo: 
analisar um caso de homicídio. Dito isso, pretende-se estabelecer uma correlação entre 
as teorias de Lewin e as cenas apresentadas no filme, traçando reflexões acerca dos 
fenômenos grupais e suas influências. 
 
2. DISCUSSÃO 
 
Ao iniciar essa discussão, vale citar os fenômenos que circundam a Teoria do 
Funcionamento Grupal de Kurt Lewin, baseada numa perspectiva gestáltica. Segundo 
essa teoria, os fenômenos grupais não poderiam ser analisados ou compreendidos se 
não feitos dentro do grupo em questão, isso porque, as situações vivenciadas num 
contexto grupal só podem ter seu real sentido mensurado por aqueles que participam de 
tal. A partir disso, é possível observar a dinâmica estabelecida entre os jurados do filme 
“12 homens e uma sentença”, e como a forma como conduzem todo o processo do 
veredito vai alterando e/ou influenciando seu modo de pensar e olhar para a situação em 
questão. 
Pode-se dizer que entre os jurados havia pessoas que impuseram no grupo uma 
dinâmica de autoritarismo. Essa dinâmica é estabelecida no início do filme, resultado de 
uma liderança também autoritária que atacava com palavras e gestos o único membro 
do grupo que possuía um comportamento diferente. Kurt Lewin, observou em seus 
estudos que quando há uma liderança autoritária os demais tem dificuldade de aceitar 
um líder mais liberal e assim, atacam-no. 
Analisando pela perspectiva da dinâmica grupal e tendo como foco principal a sala 
de jurados, podemos categorizá-los num contexto socio grupal (um grupo que se forma 
e organiza-se unicamente com o objetivo de executar uma tarefa em específico) para que 
se possa compreender de forma mais ampla os fenômenos envolvidos. Outro ponto 
importante a ser ressaltado é a liderança exposta no filme. Lewin foi um dos grandes 
estudiosos das lideranças e seus efeitos dentro dos contextos grupais. 
 
“Para ele, os grupos democráticos tinham mais eficiência a longo prazo, enquanto 
os autoritários tinham uma eficiência imediata. Como as decisões são 
centralizadas na figura do líder, os membros somente funcionam a partir de sua 
demanda e são, geralmente, cumpridores de tarefas. Já os grupos democráticos 
exigem maior participação de seus membros, que dividem as responsabilidades 
com a liderança. Isso torna a realização dos objetivos mais demorada, entretanto, 
mais duradoura.” (AMARAL, 2007) 
 
Essa questão é abordada no filme de forma intensa. O oitavo jurado apropria-se 
durante toda a cenografia do papel de líder democrático atuando de modo diferente dos 
outros jurados apresentados – como o jurado 1 e o jurado 3 – que apropriavam-se de 
grosserias, autocracias e imposições para conseguirem o veredito que desejavam (a 
penalização do réu), o jurado 8 manteve uma postura pacífica e de diálogo, favorecendo 
o pensamento crítico e incentivando a contestação das provas e indícios apresentadas 
pela acusação. 
Assim, pode-se observar que o oitavo jurado adota uma postura de coordenador 
do grupo, como líder democrático modificou as atitudes e comportamentos autoritários 
tornando-os mais abertos aos diálogos, proporcionando uma quebra de protótipo, pois 
utilizou o diálogo com os integrantes para trabalhar de forma cooperativa, transformando 
o grupo autoritário em um grupo democrático. 
Baseando-se na Teoria de Campo de Lewin (1965), identificamos que o 
comportamento dos jurados está diretamente relacionado com suas perspectivas sobre 
o mundo de acordo com as experiências vividas por cada um. Os homens opinam sobre 
o crime julgado sem o desprendimento de seus costumes, valores culturais e sociais 
adotando uma postura preconceituosa referente ao rapaz, o que os impedia de enxergar 
claramente o contexto geral do ocorrido. 
Para Lewin (1978), só é possível conhecer um grupo quando se tenta modificá-
lo. Essas mudanças só serão possíveis se forem seguidos três passos fundamentais: O 
descongelamento, momento que o indivíduo se desprende de atitudes e crenças antigas; 
O resultado do descongelamento, uma fase que causa desconforto, agonia e confusão, 
pois ideias e padrões foram desconstruídos; E por fim, o congelamento, onde os novos 
conceitos são incorporados pelo indivíduo, o que causa estabilidade e conforto ao grupo. 
Ao argumentar sobre suas dúvidas e convidar os demais a refletirem sobre as 
provas e depoimentos apresentados durante o caso, o jurado número 8 vai, aos poucos, 
ganhando a confiança e participação do grupo, fazendo com que cada indivíduo ganhe 
importância na decisão do grupo. É também durante o diálogo e participação dos 
indivíduos que cada um vai apresentando seus motivos e preconceitos acerca do réu e 
deixando claro que muito do que foi a decisão inicial motivou-se, principalmente, pelo 
efeito do grupo sobre cada um. 
3. CONCLUSÃO 
 
Ao analisarmos o filme sob a perspectiva das teorias de Kurt Lewin, é possível 
observar como a dinâmica de um grupo pode ser influenciada pelas figuras de líder e 
pelas ações dos demais membros. Quando um grupo é conduzido de forma autocrática, 
observa-se uma maior dificuldade de posicionamento mesmo daqueles que não 
concordam com as ideias apresentadas, talvez porque sintam-se coagidos ou receosos 
de questionar ao grupo e/ou o líder. Durante o filme pudemos presenciar tais 
características principalmente acerca da agressividade do grupo contra o jurado número 
8 e durante a alternância de posição de outro jurado quando foi realizada a votação 
anônima. 
Quando o estilo de liderança democrático começou a ganhar espaço no grupo foi 
possível vê-lo conduzir os demais em uma reflexão e cooperação entre si, aumentando 
a interdependência ao analisarem cada afirmação apontada pelos que julgavam o réu 
culpado e elaborando a discussão por meio da dialética até que todos se convenceramdo contrário absolvendo o jovem. 
Por fim, podemos trazer toda essa contextualização ao nosso cotidiano. Uma vez 
que estamos diariamente inseridos em diversos grupos, agimos de formas diferentes de 
acordo com as figuras de liderança e com a dinâmica que cada grupo apresenta. Além 
disso, podemos observar como uma única figura de liderança pode conduzir um grupo 
para rumos diversos, sejam positivos ou negativos, e aqueles que adotam o papel de 
passividade, muitas vezes acabam por seguir o grupo ainda que não se sintam 
representados ou de pleno acordo com os ideais do grupo. 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 
 
AMARAL, Vera Lúcia. (2007). A dinâmica dos grupos e o processo grupal. Natal: ED 
UFRN. 
 
DOZE HOMENS E UMA SENTENÇA. Título original: “Twelve Angry Men”. Direção: 
Sidney Lumet. Produção/Distribuição: Fox/MG M. EUA. 1957. Drama. DVD. 96 min. 
 
LEWIN, K. Problemas de dinâmica de grupo. São Paulo: Cultrix, 1978. 
LEWIN, K. Teoria de Campo em Ciencia Social. São Paulo: Livraria Pioneira, 1965

Continue navegando