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economia
Renda nacional e 
cRescimento econômico
formador profissional sérgio almeida
ECONOMIA
Renda nacional e 
cRescimento econômico
4
O PIB mede duas coisas ao mesmo tempo: a renda total 
de todas as pessoas da economia e a despesa total com 
bens e serviços produzidos na economia. Isso ocorre, na 
verdade, porque para a economia como um todo, a ren-
da deve ser igual à despesa, já que toda transação envol-
ve um comprador e um vendedor. O que é renda para o 
vendedor, é despesa para o comprador. Pode-se enxergar 
melhor essa relação através do fluxo circular da renda:
mercado de 
bens e serviços
mercado de fatores 
de produção
empresasfamília
demanda de 
bens e serviços
oferta de FP:
trabalho, capital, terra, ...
Fluxos monetários Fluxos reais
Renda das famílias
Despesas
Pagamento dos fatores de produção
Receitas
oferta de bens e serviços
demanda de FP
Figura 1. Fluxo 
circular da renda.
Fonte: MANKIW, 
G. 2001.
Economia / Aula 4 Renda nacional e crescimento econômico 3
O PIB é, então, o valor de mercado de todos os bens e serviços finais pro-
duzidos em um país, em um dado período de tempo. Não são considera-
dos no PIB os bens intermediários usados para a fabricação do bem final, 
já que o valor do bem intermediário está incluído no valor do bem final; 
contar ambos seria um erro.
Os elementos do PIB:
Y  =  C + I + G + EL
Y PIB.
C Consumo: as despesas das famílias em bens e serviços.
I Investimento: dispêndio em equipamentos de capital, estoques e es-
truturas (bens que produzirão mais bens no futuro).
G Compras do Governo: gastos em bens e serviços pelos governos mu-
nicipais, estaduais e federal.
EL Exportações Líquidas: exportações – importações.
PIB NomINal versus PIB real
O PIB mede a despesa total de uma economia, portanto se essa despesa 
aumenta, duas coisas podem ter ocorrido:
1. A economia está produzindo uma quantidade maior de bens e serviços.
 Ou
2. Os bens e serviços produzidos estão sendo vendidos a preços mais 
elevados.
Para estudar a economia ao longo do tempo, precisamos de uma medida 
que não seja afetada pelas variações nos preços desses bens e serviços. 
Para isso, usa-se uma medida chamada PIB Real, que calcula o valor de 
bens e serviços produzidos este ano, mas avaliados a um nível de preços 
constante.
PIB e Bem-estar ecoNômIco
O PIB mede tanto a renda total como a despesa total da economia, assim, 
o PIB per capita mede a renda e gastos do indivíduo médio na economia. 
Como a maioria das pessoas preferiria ter renda maior para poder ter 
maior dispêndio, o PIB per capita parece ser uma boa medida de bem-
-estar do indivíduo médio.
Economia / Aula 4 Renda nacional e crescimento econômico 4
O PIB não mede saúde e educação, mas países com maiores PIBs po-
dem arcar com melhores atendimentos médicos e melhores escolas. O 
PIB não mede diretamente o bem-estar, mas mede a capacidade de obter 
insumos que aumentam o bem-estar.
O PIB omite o valor das atividades que não vão ao mercado. Por exem-
plo, o serviço de cuidar de crianças em creche faz parte do PIB, enquanto 
o serviço de cuidar das crianças realizado pelos pais em casa não faz.
O PIB também não diz nada a respeito da distribuição da renda. Uma 
sociedade em que 100 pessoas tenham renda média anual de R$50 mil 
tem um PIB de R$5 milhões (e PIB per capita de R$50 mil). Mas o mesmo 
ocorre em uma sociedade em que 10 pessoas ganham R$500 mil e 90 
pessoas não ganham nada. O PIB per capita nos diz o que acontece com 
a pessoa média, mas por trás da média existe uma ampla variedade de 
experiências individuais.
país peRíodo pibpc inicial pibpc final cRescimento médio (ano)
Japão 1890-2006 $ 1.480 $ 33.150 2,76%
Brasil 1900-2006 $ 729 $ 8.880 2,39%
Argentina 1900-2006 $ 2.147 $ 15.390 1,88%
EUA 1870-2006 $ 3.752 $ 44.260 1,83%
Indonésia 1900-2006 $ 834 $ 3.950 1,48%
Paquistão 1900-2006 $ 690 $ 2.500 1,22%
Os dados sobre o PIB real per capita mostram que os padrões de vida 
variam consideravelmente de país para país. Os países subdesenvolvi-
dos têm uma renda média que há muito tempo não é vista nos países 
desenvolvidos.
A última coluna mostra a taxa de crescimento, ou seja, a velocidade com 
que o PIB real per capita cresceu em um ano típico. A taxa de crescimento 
desconsidera flutuações de curto prazo em torno da tendência de longo 
prazo, ou seja, representa uma taxa média de crescimento para o período.
Observe o Japão: cem anos atrás não era um pais rico, mas por causa 
do seu crescimento espetacular, hoje é uma superpotência econômica. 
Agora observe o Paquistão, como cresceu pouco, seus habitantes conti-
nuam a viver na pobreza.
Para explicar as diferenças de crescimento e renda entre os países, po-
demos usar uma única palavra – produtividade. Para explicar por que as 
Tabela 1. 
Crescimento.
Fonte: MANKIW, 
G., 2001.
Economia / Aula 4 Renda nacional e crescimento econômico 5
rendas são mais altas em alguns países do que em outros, precisamos ana-
lisar os muitos fatores que determinam a produtividade de uma nação.
Produtividade é a quantidade de bens e serviços produzidos por uni-
dade de insumo de mão de obra. Vamos pensar no famoso Robinson 
Crusoé, que vive em uma ilha deserta e todo seu consumo – peixes, 
frutas, legumes – depende da sua produção. Se ele for hábil em pescar, 
plantar e colher, viverá bem, caso contrário, viverá mal. Como ele só 
pode consumir aquilo que produz, seu padrão de vida está inteiramente 
ligado à sua produtividade.
Da mesma forma que Crusoé, uma nação só terá um padrão de vida 
elevado se puder produzir uma grande quantidade de bens e serviços 
(lembre-se que o PIB mede, ao mesmo tempo, renda e despesa, já que 
essas são iguais). O Japão cresceu mais rápido que a Argentina pois a pro-
dutividade de seus trabalhadores cresceu mais rapidamente.
como a ProdutIvIdade é determINada?
1. Capital Físico: os trabalhadores são mais produtivos se tiverem fer-
ramentas adequadas para seu trabalho. O estoque de ferramentas 
e estruturas usado para a produção de bens e serviços é chamado 
Capital Físico.
2. Capital Humano: é a expressão utilizada para denotar o conheci-
mento e habilidades que os trabalhadores adquirem por meio de 
educação, treinamento e experiência.
3. Recursos Naturais: são os insumos para a produção de bens e ser-
viços que são fornecidos pela natureza, como terra, rios, depósitos 
minerais. Embora sejam muito importantes, não são fundamentais. 
Alguns países do Oriente Médio, como o Kuwait e Arábia Saudita, 
são ricos simplesmente pelas suas reservas de petróleo. Já o Japão é 
um dos países mais ricos do mundo, apesar de ter poucos recursos 
naturais. O comércio internacional torna possível o seu sucesso, pois 
o Japão importa os recursos naturais que necessita e exporta bens 
manufaturados que produz.
4. Conhecimento Tecnológico: é o conhecimento que a sociedade tem 
das melhores maneiras de produzir bens e serviços. Há cem anos a 
maioria da população trabalhava no campo, pois com a tecnologia 
da época era preciso muita gente para produzir todo o alimento ne-
cessário. Hoje, com toda a tecnologia agropecuária existente, apenas 
uma pequena parcela da população é necessária para a produção. 
Tal mudança tecnológica disponibilizou mão de obra para a produ-
ção de outros bens e serviços.
Economia / Aula 4 Renda nacional e crescimento econômico 6
PolítIcas PúBlIcas e crescImeNto ecoNômIco
1. Poupança e Investimento: investimentos levam a aumento de capital, 
que por sua vez leva a aumento de produtividade e aumento do PIB.
2. Rendimentos Decrescentes: o benefício de uma unidade a mais de 
um insumo diminui à medida que a quantidade do insumo aumenta, 
ou seja, um trabalhado com as ferramentas necessárias fará pouco 
proveito de uma unidade extra. Para países pobres, com poucocapi-
tal e poucos insumos, o crescimento tende a ser mais acelerado no 
início do processo, pois seus trabalhadores terão um grande aumen-
to de produtividade.
3. Investimento Estrangeiro: a poupança de outros países pode ser 
utilizada para financiar o aumento de capital, via investimentos es-
trangeiros. O governo pode promover políticas de incentivo ao capi-
tal externo.
4. Educação: é um investimento em capital humano. Nos EUA, um ano 
a mais de estudo eleva o salário de uma pessoa em 10%, em média. 
Em países menos desenvolvidos, onde o nível educacional é menor, 
a diferença salarial entre trabalhadores instruídos e não instruídos 
é ainda maior.
5. Saúde e Nutrição: é outro tipo de investimento em capital humano. 
Trabalhadores saudáveis e nutridos produzem mais.
6. Direitos de Propriedade e Estabilidade Política: os direitos de 
propriedade referem-se à capacidade das pessoas de exercer au-
toridade sobre seus recursos. Uma empresa não irá produzir se 
não tiver certeza que irá se beneficiar da venda de seus produtos. 
Uma das ameaças ao direito de propriedade é a instabilidade polí-
tica; quando revoluções e golpes ocorrem com frequência, não se 
sabe se o direito de propriedade será respeitado no futuro, o que 
desencoraja investimentos.
7. Livre Comércio: quando há políticas protecionistas (que visam pro-
teger a indústria interna) muitos dos ganhos comerciais se perdem, 
diminuindo o bem-estar econômico. 
8. Pesquisa e Desenvolvimento: a maior parte das pesquisas e avan-
ços tecnológicos são realizados por empresas privadas, mas o gover-
no tem incentivos para promover esses esforços. Conhecimento leva 
a avanços na tecnologia, e consequente aumento na produtividade.
9. Crescimento Populacional: uma grande população significa que há 
mais trabalhadores para produzir bens e serviços, mas ao mesmo 
tempo significa mais pessoas para consumir esses bens e serviços. 
De fato, podemos encontrar países de todos os tamanhos em todos 
os níveis de desenvolvimento econômico.
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bibliografia
MANKIW, G.�Introdução à Economia. Rio de Janeiro: Campus-Elsevier, 2001.� 
872 p.� 2ª ed.�

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