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Apostila Patologia Geral - UFMG

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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE 
PATOLOGIA 
 "A coisa mais difícil do mundo é enxergar com os olhos tudo que diante deles 
está!" 
 
GOETHE. 
 O que é patologia? 
 O que é doença? 
 Como se estuda patologia? 
 O que faz um patologista? 
 Como ele trabalha? 
 Agentes etiológicos. 
 Um breve resumo histórico... 
 
 
1. O QUE É PATOLOGIA GERAL? 
 
 
Os conceitos variam de acordo com o universo em questão. 
 
 Para o estudante, a patologia deve ser encarada como uma introdução ao estudo 
(gr. "") da doença (gr. ""), abordando principalmente o mecanismo 
de formação das doenças e também as causas, as características macro e 
microscópicas e as conseqüências destas sobre o organismo. Deve ser encarada 
como uma matéria interessante (pois representa o primeiro contato com a 
terminologia médica) e importante (já que a compreensão do mecanismo de 
formação das doenças é que vai ser a base para a boa prática clínica, potenciando 
diagnósticos e indicando terapêuticas.). 
Para o bom clínico, a patologia representa um meio de apoio e de confirmação de 
diagnósticos. 
Para o patologista (profissional treinado para reconhecer morfologicamente as 
lesões), a patologia é o estudo das lesões decorrentes das doenças. Mas para o bom 
patologista, mais que um objetivo, o grande desafio é entender a doença (i.e., saber 
como e por que determinadas lesões ocorrem em determinadas circunstâncias, e 
quais as suas conseqüências.). Isto explica por que muitas vezes um quadro 
patológico muito ruim (para o paciente) desperta nos patologistas exclamações 
com entusiasmo. 
Para os cursos da área médica, a patologia é um importante elo entre as disciplinas 
básicas (anatomia, histologia, embriologia, fisiologia, microbiologia, bioquímica e 
parasitologia) e as profissionalizantes (clínicas, cirurgias, reprodução e inspeção de 
produtos de origem animal). 
 
2. O QUE É DOENÇA? 
 
É uma alteração orgânica geralmente constatada a partir de alterações na função 
[sintomas] de determinado órgão ou tecido, decorrentes de alterações bioquímicas 
e morfológicas causadas por alguma agressão, de tal maneira que se ultrapasse os 
limites de adaptação do organismo. 
O paralelo com "defeito na TV ou no carro" é aceitável, apenas diferindo em aqui 
se tratar de alteração em um ser vivo, i.e. envolver muito mais variáveis, algumas 
das quais imensuráveis. Assim, o estudo das doenças não é uma ciência exata, 
precisa-se, portanto saber interpretar os achados, não somente memorizar 
esquemas, circuitos e decisões. 
 
3. COMO SE ESTUDA PATOLOGIA? 
A primeira abordagem dos mecanismos de formação das lesões pode parecer 
complexa. As vezes alguns eventos biológicos parecem ser até mesmo conflitantes. 
Exemplos: 
Exemplos da aparente complexidade do tema Patologia: 
1. Os mesmos mecanismos que defendem o organismo de infecções podem, em 
determinadas ocasiões, causar graves lesões como a glomérulonefrite pós 
estreptocóccica; 
2. Os mesmos fatores que determinarão a hemostasia [coagulação] poderão 
também determinar trombose; 
3. Uma célula endotelial lesada libera, ao mesmo tempo, tromboplastina 
[coaguladora] e ativadores do plasminogênio [anticoagulante]; 
4. Enzimas líticas [lizozimas] de macrófagos e de polimorfonucleares usadas na 
digestão de partículas agressoras fagocitadas, podem também ser liberadas e 
agredir os tecidos... Tudo dependerá da situação em que estiver envolvido o 
organismo... Mais uma vez, o estudo das doenças não deve ser encarado como o de 
uma ciência exata, precisa-se, como já dissemos, saber interpretar os fatos. 
 
Didaticamente, e para efeito de currículos escolares, a patologia é dividida 
em 2 disciplinas: 
1. Patologia Geral - que estuda os fundamentos das doenças e 
objetiva a compreensão e a classificação das lesões básicas 
que determinam e que são determinadas pelas mesmas. 
2. Patologia Especial - que estuda as características de cada 
doença, de acordo com o órgão e sistema acometido. 
 
De acordo com a ênfase dada a determinado aspecto, a patologia pode ser 
subclassificada em: 
1. Etiologia - Parte da patologia que se atém às causas das 
lesões; 
2. Patogenia - Parte da patologia que se atém ao mecanismo 
de formação das lesões; 
3. Morfopatologia - que por sua vez se subdivide em : 
Anatomia Patológica - Parte da patologia que 
estuda as características macroscópicas das 
lesões; 
Histopatologia - Parte da patologia que 
estuda as características microscópicas das 
lesões. 
4. Fisiopatologia - Parte da patologia que se dedica ao estudo 
das alterações da função de órgãos lesados. 
5. Outras denominações comuns e afins: 
Outras denominações: 
Patologia médica; 
Patologia veterinária ou patologia animal; 
Patologia comparada (médica e veterinária); 
Patologia experimental; 
Patologia diagnóstica (morfopatologia); 
Patologia cirúrgica (estudo de biópsias); 
Patologia clínica (laboratório clínico); 
Patologia especializadas (com a virtual explosão das informações científicas - 
neuropatologia, dermatopatologia, imunopatologia, etc...) 
 
4. O QUE FAZ UM PATOLOGISTA? 
 
O patologista definitivamente não é: 
"Aquele cirurgião que não deu certo!" 
"O cirurgião do além!" 
"Aquele que descobre tudo, mas só depois que o paciente já 
morreu!" 
"Aquele cujos pacientes nunca reclamam!" 
Na verdade o patologista é apenas um profissional que procura reconhecer, 
interpretar e entender as lesões e as doenças, de modo a estabelecer 
racionalmente [sem empirismo!] o diagnóstico morfológico (às vezes 
também o diagnóstico etiológico provável) e o prognóstico. 
 
 
 5. COMO ELE TRABALHA? 
 
Da mesma maneira que um clínico geral usa termômetro, estetoscópio, 
plexímetro, ou que um cirurgião usa o bisturi, pinças e porta-agulhas, o 
patologista também utiliza um instrumental. 
Basicamente este se compõe de: 
Mala (e técnica) de necropsia + olhos treinados e atentos. 
O importante não é olhar simplesmente, mas sim enxergar! 
Microscópio óptico + lâminas de tecidos lesados + olhos 
treinados e atentos. 
 
É importante lembrar que o microscópio não é uma "Bola de Cristal" e que 
o patologista não é nenhum "mago". Existem sempre várias limitações, que 
vão desde problemas na colheita e processamento do material até a 
presença de lesões ainda pouco expressivas ou subcelulares. Exatamente 
estas limitações é que explicam a existência de virologistas, sorologistas, 
toxicologistas, como também o desenvolvimento de técnicas cada vez mais 
sofisticadas para atender a necessidade de diagnósticos. 
Observe que a nossa capacidade de entender a doença depende do 
nível de resolução no qual as informações importantes são captadas. 
Comprometimento 
causado pela 
agressão: 
Molecular Celular e 
subcelular 
Tissular e 
celular 
Orgânico 
e tissular 
Sistêmico 
e 
orgânico 
Nível de resolução Bioquímico Ultraestrutural Histopatológico Anátomo-
patológico 
Clínico 
Constatação por: Técnicas 
moleculares 
Microscopia 
eletrônica 
Microscopia 
óptica 
Olho nu Sintomas 
Newton já dizia: "A cada ação corresponde uma reação!" O organismo 
também obedece a essa lei natural. Assim, a cada agressão, o organismo 
reage. Estas reações, no entanto, vão depender da intensidade e da 
persistência da agressão e da resistência do local agredido. 
 
Reações às 
Agressões 
Adaptação  Alt. progressivasNecrose 
Alt. Regressivas (atrofia/degeneração) 
Alt. Inflamatórias 
Alt. Neoplásicas 
 
6. AGENTES AGRESSIVOS OU ETIOLÓGICOS: 
 
Qualquer agente que determine reações anormais na célula, podendo levar à perda 
da capacidade de compensação e gerar alterações bioquímicas, fisiológicas e 
morfológicas. 
A lesão bioquímica precede a lesão fisiológica que precede a lesão morfológica. 
Classificação: 
Intrínsecos: 
Modificações no genoma, na hereditariedade e na embriogênese; 
Erros metabólicos inatos; 
Disfunções imunológicas (autoimunidade; hipersensibilidades; 
imunossupressão); 
Distúrbios circulatórios; 
Disendocrinias; 
Distúrbios nervosos e psíquicos; 
Envelhecimento; 
Extrínsecos: 
Físicos: Temperatura; eletricidade; radiações; sons e ultrasons; 
magnetismo, gravidade e pressão. 
 
Químicos: 
 
Exógenos 
Inorgânicos Ácidos, bases, metais pesados 
Orgânicos Toxinas, venenos, organo-sintéticos 
Endógenos Hormônios, catabólitos, enzimas, anticorpos, etc... 
 
Infecciosos: 
 Agentes Infecciosos: 
Agentes 
Acelulares 
Prions (<5 nm); viroides (<5 nm); virus (20-200 nm) 
Agentes 
Unicelulares 
Células procarióticas (200-2000 nm): clamídias, micoplasmas, 
rickettsias, bactérias. 
Células eucarióticas (>2000 nm): fungos, protozoários 
Agentes 
Multicelulares 
Helmintos 
Artrópodes 
 
 
do Niquel Náusea 
 
 
 
 
7. UM BREVE RESUMO DA ISTÓRIA... 
 
Se existe vida, então existe também doença! O conflito saúde x enfermidade 
sempre existiu, para toda espécie de ser vivo. Na pré-história, o homem parecia 
agir instintivamente, como os animais, no tratamento de suas enfermidades. 
Assim, é comum achar pinturas rupestres de homens das cavernas lambendo 
suas feridas, ou bebendo muita água e ficando nas proximidades de fogueiras 
quando se tinha febre... 
 
Com o desenvolvimento da inteligência, alguns começaram a se destacar entre as 
tribos, utilizando empiricamente ervas, raízes, tecidos animais, ruídos e mesmo 
procedimentos "cirúrgicos" (a 4.000 a.C. já existia trepanação craniana, com 
cicatrização), para "afastar os maus espíritos" das doenças [daí a designação 
comum de "sacerdotes" ou "feiticeiros"]. A doença era tida então como um reflexo 
da ira dos deuses... 
Na Índia antiga, por volta de 2.350 a.C. apareceram os "Salihotrias" - precursores 
dos veterinários. Posteriormente, em 250 a.C. no reinado do imperador Asoka, 
apareceram os primeiros hospitais veterinários (450 anos antes dos de Roma). 
 
 
Na antiga Babilônia, em 2.200 a.C. foi escrito a 
primeira regulamentação da prática, remuneração 
e responsabilidade do veterinário. No chamado 
"Código de Hamurabi", no artigo 224 se dizia que 
a cura de um animal enfermo deveria valer 1/6 de 
siclo de prata como remuneração. Já no artigo 225, 
se dizia que se o animal tratado viesse a óbito, o 
responsável deveria indenizar o proprietário com 
1/4 do valor do animal. 
 
 
 
 
 
 
 
 Na Bíblia existem referências interessantes a respeito das doenças na antiga 
Judéia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No Egito dos Faraós, a mais de 5.000 anos, 
desenvolveu-se a técnica de embalsamento, 
permitindo os primeiros estudos anatômicos 
das doenças. Assim, em 1900 a.C. no chamado 
"Papiro de Kahum" já havia referências a 
pequenas cirurgias e outras terapêuticas... 
Na Grécia, entre 460 a 355 a.C. 
Hipócrates de Cós, considerado 
ainda hoje como o "Pai da 
Medicina", criou a célebre 
"Teoria Humoral da 
Enfermidade", com base na 
aparência externa do indivíduo 
e correlacionando causas e 
efeitos, ainda que 
empiricamente. Posteriormente 
Galeno contribuiu e difundiu tal 
doutrina, que persistiu até o 
início do Renascimento. 
Na Roma antiga ocorreu o batismo da 
profissão de veterinário, advindo de 
"veterina" = animal de carga e 
"veterinarius" = os encarregados dos 
veterinas. Além disto apareceram 
também os primeiros hospitais 
veterinários do ocidente. 
Com as guerras e a expansão do 
império romano, os feridos se 
multiplicavam criando condições para 
o desenvolvimento de terapêuticas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em Florença na Itália, em 1502, Antonio Benivieni realizou 20 necropsias 
procurando determinar a "causa mortis" e explicar sintomas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nessa mesma Roma antiga, entre 42 a.C. e 37 d.C. viveu 
Cornelius Celsus, que descreveu os 4 sinais cardeais da 
inflamação ["Signa inflammationis quatror sunt: Rubor et 
Tumor, cum Calor et Dolor"], redescobertos em 1443 pelo Papa 
Nicolas V. 
 
 
Na idade média, a Inquisição tratou de atrasar o 
desenvolvimento científico. Houve total desinteresse na arte, 
literatura e medicina. Apenas a química evoluiu, com os 
"alquimistas" procurando a "pedra filosofal". Nessa época 
era comum ver epilépticos serem "tratados a porretadas", 
para espantar os maus espíritos... Poucos conseguiram 
estudar a vida e sair ilesos dos tribunais da inquisição"... 
Muitos foram queimados em praça pública, acusados de 
bruxaria ou de violar a alma de cadáveres... 
 
Em Verona, em 1546, o monge e médico Girolamo Fracastorio (1483-
1553) descreveu a aftosa bovina e lançou a teoria da contagiosidade 
(em "De contagione"). 
 
 
Entre 1514 e 1564, Andreas Vesalius 
revolucionou a anatomia, procurando 
associar função com estrutura anatômica. 
Publicou "Tabulae anatomica sex" em 
1538 e "De humani corporis fabrica" em 
1543. Aos 30 anos foi forçado a abandonar 
a cátedra de anatomia em Pádua e, mais 
tarde, foi condenado pela inquisição à uma 
peregrinação a Jerusalém, morrendo no 
caminho. 
 
O Renascimento marcou a perda das 
superstições e dos medos! Acabou a Inquisição e 
fazer necropsia largou de ser violação da alma 
do cadáver! Com isto a patologia evoluiu 
bastante. Houve intenso desenvolvimento 
científico e o aparecimento de inúmeros livros e 
periódicos... 
 Robert Hooke, estudando a cebola, criou o microscópio e batizou a unidade 
fundamental dos tecidos com o nome de "célula" [pequena cela onde 
ficavam presos estruturas como o núcleo e o citoplasma...]. 
Em 1628, William Harvey (1578-1657), descrevia o sistema 
circulatório ("Exercitatio anatomica de motu cordis et 
sanguinea in animalibus"). 
 
 
 
Em torno de 1673, Antony Van Leeuwenhoek (1632-1723) começou a utilizar o 
microscópio (criado por Hooke e aperfeiçoado por Hans e Zacharias Jansen e 
Cornelius Drebbec) em medicina (foi o primeiro homem a ver o seu próprio 
espermatozóide...). 
No início do século XVIII, Giovanni Baptista Morgagni (1682-1771) começou a 
correlacionar alterações orgânicas constatadas a necropsia com sintomas das 
doenças. Suas anotações lhe valeram a publicação de duas importantes obras: 
 
"Adversária anatômica" e 
 "De sedibus et causis morborum per anatomen indagatis", esta última 
publicada em 1750, descrevendo, discutindo e comentando cerca de 700 necropsias, 
além do título de "Pai da Anatomia Patológica". 
Em 1776, Edward Jenner verificou que os tiradores de leite em Gloucestershire, na 
Inglaterra, não adoeciam de varíola depois de terem se infectado com a varíola 
bovina, mais benigna. Em 1798 criava a primeira "vacina" - usando o vírus bovino 
para imunizar contra a doença humana. 
Claude Bourgelat (1712-1779) escreveu em 1761 "Elementos de hipiatria", fundouem 1762 a 1a Escola de Veterinária do mundo em Lyon e depois a de Alfort em 
1764. 
John Hunter (1728-1793) introduziu a reprodução experimental das doenças, daí o 
título de "Pai da Patologia Experimental" [obs.: morreu de sífilis, adquirida 
segundo consta, em seu laboratório...]. 
Charles Vial de Saint Bell (1753-1793), graduado em Lyon, depois professor e 
diretor de Alfort, com a Revolução Francesa fugiu para a Inglaterra, fundando o 
Veterinary College of London. 
René Théophille Jyacinthe Laënnec (1781-1826) estudou as alterações 
proliferativas de diversos órgãos e foi o autor do termo "Cirrose". 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Johannes Mueller (1801-1858) foi o ultimo dos grandes filósofos da antigüidade 
que ainda procuravam abarcar todas as ciências. Utilizou o microscópio em 
medicina, sendo o preceptor de Schwann, Henle e Virchow. 
 
 
 
 
Aparecimento da chamada "Teoria Celular", com Lamarx (1809), Butrochet 
(1824), Schleiden (1838), Schwann (1839) e Mirbel (1902). 
 
François Marie Xavier Bichat (1771-1802) estudou a constituição tecidual dos órgãos 
através de métodos físico-químicos, concluindo existir cerca de 21 tecidos diferentes 
no ser humano. É, por isto, considerado o "Pai da Histologia" e também o 
responsável pela clássica divisão entre patologia geral e patologia especial. 
Carl Rokitansky (1804-1878) estabeleceu as bases estruturais das 
doenças e a técnica de necropsia com estudo sistemático de cada 
órgão. Foi um excelente patologista descritivo. Em 1866 já tinha 
feito mais de 30 mil necropsias. Ancião, desesperou-se pela queda 
de suas teorias (dramáticas e cheias de imaginação) pelos novos 
conceitos de seus sucessores e ex-pupilos. 
 
Louis Pasteur (1822-1895), considerado o "Pai da Bacteriologia e da Imunologia", 
derrubou a teoria da geração espontânea provando que um meio de cultura 
esterilizado por fervura permanece isento de germes se mantido fechado num 
frasco. Com isso criou as bases da classificação dos germes das técnicas de 
esterilização e assepsia. 
Robert Koch (1834-1910) derrubou a teoria dos Miasmas infectantes, provando a 
existência de micróbios como causadores de doenças. 
Em 1847, o obstetra Ignaz Phillipp Semmelweiss (1818-1865) na Hungria, 
estabeleceu as bases da sanidade hospitalar ("lavar o veneno das mãos antes de 
tocar nos pacientes"), ainda sem conhecimento de microbiologia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 O russo Elie Metchinikoff, trabalhando no Instituto Pasteur em Paris, 
descreve e batiza a "Fagocitose", acreditando que a resposta celular é que 
era protetora contra as infecções. Contra ele um alemão chamado Paul 
Erlich afirmava que a resposta humoral é que era o fator de proteção. 
Ambos repartem o Prêmio Nobel em 1908. 
 
 
 
 
 
Rudolph Virchow (1821-
1902), considerado como o 
"Pai da Histopatologia", 
pelo batismo da maioria 
dos termos ainda hoje 
utilizados na prática 
médica. Em 1858 escreveu 
"Die Cellularpathologie" 
(Patologia Celular) e criou 
um periódico [em 1847] - 
"Arquivos de Virchow", 
que permanece até hoje 
como um grande periódico 
em patologia. Aplicou a 
teoria celular em 
patologia, estabelecendo 
pela 1a vez a seqüência: 
lesão microscópica [célula lesada]  lesão microscópica [tecido lesado]  lesão 
macroscópica [órgão lesado]  lesão na função/sintoma [organismo lesado]. 
 
Julius Conheim (1839-1884) explicou as bases histológicas da 
inflamação, analisando, sob o ponto de vista microscópico os 4 
sinais cardeais de Celsus. 
Sugestões para leitura 
 
 Sugestões para leitura: 
 
 
 Gordon, R. A assustadora história da medicina. 8ed. Rio Janeiro, Ediouro, 
1996. 
 Long, E.R. A history of Pathology. Baltimore, Williams & Wilkins, 1928. 
 Cartwright, F.F. Disease and History. New York, Dorset Press, 1972. 
 Lyons, A.S. & Pertrucelli, R.J. Medicine: An illustrated History. New York, 
Harry N. Abrams Inc. 1987. 
 Savassi Rocha, L.O. Vida e obra de Luigi Bogliolo. Belo Horizonte, Editora 
Gráfica da Fundação Cultural de Belo Horizonte. 1992. 521 p. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MORTE GERAL, APOPTOSE, 
NECROSE & GANGRENA: 
 
"A morte celular tem papel importante em biologia, tanto fisiológica quanto 
patologicamente. A morte celular fisiológica é parte importante no desenvolvimento 
embrionário e fetal, na renovação das células e em vários aspectos da maturação dos 
mecanismos imunológicos de defesa. Já a morte celular patológica é um elemento 
central de algumas das mais importantes pragas que afetam a sociedade moderna". 
W. Thomas SCHIER. Why study mechanisms of cell death? Meth.Achiev.Exp.Pathol. 
13:1-17, 1988 
 
Introdução 
Conceito 
Morte Geral ou Somática 
Necrose 
Autólise 
Alterações cadavéricas 
Abióticas 
 Imediatas 
 Consecutivas 
Transformativas 
Apoptose 
Definição 
Apoptose Fisiológica 
Características microscópicas 
Diferencial entre necrose e apoptose 
Eventos 
Apoptose Patológica 
Necrose 
Conceito 
Diferencial entre necrose e autólise 
Características Macroscópicas 
Características Microscópicas 
Características Ultraestruturais 
Causas 
Conseqüências 
Evolução das necroses 
Gangrenas 
Conceito 
Gangrena Seca 
Gangrena Úmida 
Gangrena Gasosa 
 
 
 
Morte Geral, Morte Local, Gangrena. 
 
Conceitos: 
 Morte: Parada definitiva e irreversível dos processos metabólicos, das 
funções orgânicas e das atividades vitais. 
 
A morte pode afetar parcial ou totalmente o organismo: 
Morte Geral ou Somática ou Clínica Afetando "in toto" o organismo 
Morte Programada ou Apoptose Afetando células individualizadamente 
Morte Celular Acidental ou Morte Tissular ou 
Necrose 
Afetando células ou grupo de células 
 
Na Necrose (do gr. "" = morte + "" = estado de) um tecido estaria 
morto enquanto o indivíduo como um todo estaria ainda vivo. 
 Na Morte Somática o indivíduo como um todo estaria morto enquanto 
alguns tecidos ainda poderiam estar vivos, pelo menos por algum tempo 
(base para que se ocorram os transplantes de órgãos) até que a Autólise 
ocorra. 
 A Autólise é a autodestruição celular por ativação das lisosimas em 
decorrência da falta de nutrientes e O2. É a desorganização progressiva até 
a desintegração completa. 
Diferencial Necrose x Autólise. 
Características: Necrose Autólise 
Hemólise intravascular - + 
Reação inflamatória 
adjacente* + - 
 Lembrar que quando a necrose não é causada por fenômenos 
inflamatórios, ainda assim o tecido necrótico suscita uma reação 
inflamatória, na medida que passa a agir como corpo estranho - pela 
liberação de mediadores da inflamação e de antígenos até então internos. 
ALTERAÇÕES CADAVÉRICAS: 
 
Classificação e significado prático: 
 Alterações cadavéricas abióticas (que não modificam o 
cadáver no seu aspecto geral): 
 Imediatas (significado: Morte Somática): 
 
 Mediatas ou Consecutivas (significado: Autólise): 
 
Mais outra boa charge do Níquel Náusea (Gonzalez) 
 
 
 
Alterações cadavéricas transformativas 
Que modificam significativamente o cadáver no seu 
estado geral, inclusive dificultando o trabalho de 
 
 
 
Insensibilidade; 
Imobilidade; 
Parada das funções 
cardíaca e respiratória; 
Inconsciência; 
 Arreflexia. 
"Livor Mortis" ou hipostase cadavérica; 
 “Algor Mortis" ou frialdade cadavérica; 
 “Rigor Mortis" ou rigidezcadavérica; 
Coagulação do sangue; 
Embebição pela Hemoglobina; 
Embebição pela Bile; 
Timpanismo ou Meteorismo post mortem; 
Deslocamento, torção e ruptura de vísceras post mortem; 
Pseudo prolapso retal. 
Análise e interpretação dos achados. 
Significado: Decomposição, putrefação ou heterólise. 
Sob o ponto de vista prático não se justifica mais a 
necropsia, a não ser que exista envolvimento judicial. 
 Mais uma outra boa charge do Níquel Náusea (Gonzalez) 
Para o estudo mais detalhado das alterações cadavéricas recomenda-se as 
seguintes publicações: 
 
VASCONCELOS, Anilton Cesar Necropsia e remessa de material para 
laboratório em medicina veterinária., Brasília, MEC/ABEAS, 1988. 74 p. 
(Programa Agricultura nos Trópicos, V.4.). 
VASCONCELOS, Anilton Cesar Necropsia e conservação de espécimes 
para laboratório. Cadernos Técnicos da Escola de Veterinária da UFMG, 
16: 5-30, 1996. 
 
 
 
 
 
 
 
Pseudo-
Melanose; 
 Enfisema 
tecidual; 
 Maceração; 
 Coliquação; 
Redução 
esquelética. 
3. APOPTOSE 
 
Por definição, Apoptose ou Morte Celular Programada é um tipo de 
"autodestruição celular" que requer energia e síntese protéica para a sua 
execução. Está relacionado com a homeostase na regulação fisiológica do tamanho 
dos tecidos, exercendo um papel oposto ao da mitose. O termo é derivado do grego 
"", que referia-se à queda das folhas das árvores no outono - um 
exemplo de morte programada fisiológica e apropriada que também implica em 
renovação. 
Fisiologicamente, esse suicídio celular ocorre no desenvolvimento embrionário, na 
organogênese, na renovação de células epiteliais e hematopoiéticas, na involução 
cíclica dos órgãos reprodutivos da mulher, na atrofia induzida pela remoção de 
fatores de crescimento ou hormônios, na involução de alguns órgãos e ainda na 
regressão de tumores (Tab. 1). Portanto consiste em um tipo de morte 
programada, desejável e necessária que participa na formação dos órgãos e que 
persiste em alguns sistemas adultos como a pele e o sistema imunológico. 
 
Apoptose Fisiológica 
Membranas interdigitais 
Desenvolvimento da mucosa intestinal 
Fusão do palato 
Involução normal de tecido hormônio-
dependentes 
Atresia folicular ovariana 
Leucócitos 
Maturação linfóide e prevenção de 
autoimunidade 
Citotoxidade 
Tab. 1. Ocorrência de apoptose fisiológica 
 
A apoptose é um processo rápido, que se completa em aproximadamente 3 horas e 
não é sincronizado por todo o órgão, portanto diferentes estágios de apoptose 
coexistem em diversas secções dos tecidos. Devido à taxa rápida de destruição 
celular é necessário que apenas 2 a 3% das células estejam em apoptose em 
determinado momento para que se obtenha uma regressão substancial de tecido, 
atingindo mesmo a proporção de 25% por dia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Microscopicamente ocorre fragmentação nuclear e celular em vesículas 
apoptóticas. Diferente da necrose, não existe liberação do conteúdo celular para o 
interstício e, portanto não se observa inflamação ao redor da célula morta. Outro 
fato importante é a fragmentação internucleossômica do DNA, sem nenhuma 
especificidade de seqüência, porém mais intensamente na cromatina em 
configuração aberta; conseqüência da atividade de uma endonuclease. Essa 
fragmentação característica do genoma pode ser identificada in situ pela técnica de 
TUNEL (Terminal deoxinucleotidil transferase Uracil Nick End Labeling). Pode 
ser também facilmente visualizada laboratorialmente pela eletroforese do DNA 
em gel de agarose, produzindo o clássico "padrão em escada", com a formação de 
bandas contendo múltiplos de 180- 200 pb (Figura 1). 
 
A necrose difere da apoptose por representar um fenômeno degenerativo 
irreversível, causado por um agressão intensa. Trata-se pois da degradação 
progressiva das estruturas celulares sempre que existam agressões ambientais 
severas (Tab. 2). 
É interessante salientar que o mesmo agente etiológico pode provocar tanto 
necrose quanto apoptose; sendo que a severidade da agressão parece ser o fator 
determinante do tipo de morte celular. Vários agentes etiológicos já foram 
 
confirmados como indutores de apoptose, entre eles diversas viroses, isquemia, 
hipertermia e várias toxinas (Tab. 3). 
Evidências recentes suportam o conceito de que o crescimento tumoral "in vivo" 
depende da evasão dos mecanismos homeostáticos de controle que operam via 
indução de morte celular por apoptose. A indução de apoptose seja através de 
mecanismos imunológicos, seja por outros mecanismos homeostáticos específicos, 
parece ser extremamente importante no processo de eliminação de células sofrendo 
transformação maligna. Danos não reparáveis no DNA (por mutações ou infecções 
virais) aparentemente iniciam o processo de apoptose. É importante salientar que 
muitos dos genes que condicionam a proliferação celular (chamados oncogenes e 
genes supressores de tumores) estão também envolvidos na iniciação do processo 
de apoptose e que a inibição por si só do processo fisiológico da apoptose leva à 
sobrevivência prolongada das células, favorecendo o acúmulo de mutações e a 
transformação maligna. Assim, a apoptose representa um mecanismo de 
eliminação seletiva de células cuja sobrevivência poderia prejudicar o bem estar do 
organismo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. NECROSE: 
 
Conceito e nomenclatura: 
 Necrose é o "ponto final" das alterações celulares, sendo uma conseqüência 
comum de inflamações, de processos degenerativos e infiltrativos e de muitas 
alterações circulatórias. É o resultado de uma injuria celular irreversível, quando 
o então "nível zero de habilidade homeostática" (ou "ponto de não retorno" ou 
ainda "ponto de morte celular") é ultrapassado, caracterizando a incapacidade de 
restauração do equilíbrio homeostático. 
 Outros termos relacionados: 
o Necrobiose, Esfacelo, Cárie, Seqüestro, Malácia, Infarto, Erosão, 
Úlcera, Úlcera fagedênica, Escara 
 
Características macroscópicas: 
Variam conforme o tipo morfológico da necrose. 
Como características comuns, podemos ter: 
Diminuição da consistência e elasticidade (devido à lise dos constituintes celulares), 
verificados facilmente em órgãos parenquimatosos (ex.: fígado e pulmões) quando 
uma simples compressão digital determina a perfuração da cápsula 
["friabilidade"] ou mesmo nas alças intestinais, que quando suspendidas se 
rompem não suportando seu próprio peso. 
Alterações na coloração e aspecto geral: 
da palidez e opacidade, determinando uma coloração mais brancacenta ou 
acinzentada, típica da necrose de Coagulação, vista nos infartos brancos ou 
isquêmicos; 
Escurecimento do órgão, quando este por ocasião da necrose estiver repleto de 
sangue - típica da necrose edematosa e hemorrágica, vista nos infartos vermelhos 
ou hemorrágicos; 
Liquefação do tecido necrótico - típica da necrose Coliquativa ou Liquefativa, vista 
nas malácias do SNC e nas necroses supurativas na região central de abscessos, 
determinando a cavidade neoformada onde se alojará o pus; 
Formação de massa brancacenta ou amarelada, pastosa, friável, lembrando à 
caseína do queijo - típica da necrose Caseosa ou de caseificação, vista no centro 
dos granulomas causados pelo Mycobacterium tuberculosis e suas variedades 
[exceção: M. avium] na tuberculose; 
Formação de massa gomosa, compacta, "emborrachada" ou fluida, lembrando à 
"goma arábica" - típica da necrose Gomosa, vista no centrodos granulomas 
vascularizados causados pelo Treponema palidum, na sífilis ou Lues tardia; 
Formação de pequenas massas esbranquiçadas, lembrando à "parafina derretida" 
em tecidos ricos em lípides - típica da necrose Enzimática das Gorduras, vista no 
omento e tecido pancreático, nas pancreatites agudas e no tecido adiposo das 
glândulas mamarias. 
 
Características microscópicas: 
Variam conforme o tipo morfológico da necrose. 
Só constatáveis quando o organismo como um todo sobrevive, e após 3 a 8 horas 
da cessação dos processos metabólicos e atividades vitais. ("Necrofanerose"). 
Alterações nucleares: 
Cariopicnose (gr. "" = espessamento): Redução de volume e aumento da 
basofilia, com homogeneização do núcleo ( Contração nuclear + condensação da 
cromatina); 
Cariorrexe (gr. "" = Ruptura): Ruptura em vários fragmentos, com 
distribuição irregular da cromatina, acúmulo de grumos em torno da carioteca e 
posterior desintegração em grupos amorfos com perda dos limites nucleares. 
Cariólise ou cromatólise (gr. "" = dissolução): Dissolução da cromatina por 
hidrólise dos ácidos nucléicos gerando hipoacidez e redução da basofilia nuclear. 
Ausência de núcleos: Conseqüência da cariólise total. 
 
Alterações citoplasmáticas: 
Aumento da acidofilia citoplasmática: devido ao desacoplamento ribossômico 
(Diminuição de RNA no citosol), ao aumento de acido láctico no citosol, e à 
desnaturação de cadeias peptídicas com incremento de cargas negativas. 
Granulação citoplasmática: devido à tumefação e posterior ruptura de organelas 
(principalmente mitocôndrias e REL). 
Homogeneização citoplasmática: com a lise das organelas e coagulação das 
proteínas forma-se uma massa opaca e acidófila, vista principalmente nas necroses 
coagulativas. 
Ruptura da membrana celular: com liberação do material intracelular, formando 
uma massa indistinta eosinofílica homogênea, vista principalmente nas necroses de 
caseificação. 
 
Alterações da célula como um todo: 
Desaparecimento dos limites celulares, dificultando a individualização da célula, 
devido às alterações da membrana celular. 
Perda de coloração diferencial (devido à diminuição da basofilia nuclear); 
Desaparecimento das células como estruturas; podendo, no entanto ocorrer: 
Destruição completa das células e arcabouço tissular, produzindo espaços vazios 
(em algumas formas de necrose coliquativa), ou uma massa homogênea eosinofílica 
indistinta (nas necroses de caseificação). 
Preservação do arcabouço tissular, permitindo ainda o reconhecimento histológico 
do órgão, apesar da necrose (nas necroses de coagulação). 
 
 
Características ultraestruturais: 
 
Alterações citoplasmáticas: 
Degranulação, tumefação e posterior precipitação de fosfato de Cálcio na 
membrana interna das mitocôndrias, marcando o "ponto de não retorno". 
Desacoplamento ribossômico no RER e dissociação dos polissomos, marcando a 
parada na síntese protéica e liberação/ativação de enzimas líticas. 
 
Alterações nucleares: 
Ruptura e coalescência dos cromossomos (condensação da cromatina) marcando a 
parada na replicação e síntese de RNA’s. 
 
 
 Etiologia das necroses: 
Qualquer agente agressivo, desde que a agressão seja letal, i.e.: grave, intensa, 
contínua ou não, mas que ultrapasse o "nível zero de habilidade homeostática" 
o Exemplos: 
 Anóxia; fatores mecânicos, frio, calor, eletricidade, 
irradiações, substancias cáusticas (ácidos e bases fortes), 
tóxicos, microorganismos, toxinas, etc. 
 
Conseqüências: 
Dependem de: 
 Órgão afetado: quanto mais essencial à vida, 
mais graves as conseqüências; 
 Extensão da lesão: quanto maiores mais graves 
as conseqüências. 
 Causas da necrose: 
o Infarto extenso no baço - Não 
compromete seriamente a vida do 
paciente... 
o Qualquer necrose, de qualquer extensão, 
no encéfalo - hemiplegias, alterações 
neurológicas, e mesmo a morte; 
Evolução: 
O tecido necrótico comporta-se como um corpo estranho (devido à liberação de 
Antígenos escondidos), suscitando uma reação inflamatória na tentativa de 
eliminar a área necrosada. 
o Absorção: Se a área afetada for mínima. Fagocitose por Macrófagos. 
o Drenagem: Se área for próxima às vias excretoras ou se ocorrer 
fistulação (Ruptura e drenagem de abscessos/necrose coliquativa). 
o Cicatrização: Proliferação fibroblástica e substituição do 
parênquima necrótico por tecido conjuntivo fibroso. 
o Calcificação: Comum na necrose caseosa. 
o Encistamento ou Seqüestro: Formação de pseudocistos, quando a 
área de necrose é ampla limitando a absorção. Comum nas malácias 
do SNC (onde as células responsáveis pela cicatrização - os astrócitos 
- ao contrário dos fibroblastos não são capazes de preencher 
extensas áreas perdidas). Nesse caso os astrócitos circunscrevem a 
área necrosada formando uma cápsula e ocorre então a formação de 
um cisto. 
 
 5. GANGRENA 
("Gangraina" = úlcera devoradora) 
Conceitos: 
Tipo especial ou evolução de um processo necrotizante, cujas características 
variarão dependendo da velocidade de instalação do processo, das causas e do 
aspecto morfológico final do quadro (grau de hidratação dos tecidos necróticos). 
"Sensu strictu”: Necrose complicada com putrefação, ocorrendo tanto em 
extremidades quanto em vísceras internas. Compreende as gangrenas úmida e 
gasosa. O processo tende a se instalar rapidamente, diferentemente do que ocorre 
com a gangrena seca. 
"Sensu latu”: Necroses maciças, amplas, mesmo sem invasão de bactérias 
saprófitas (ainda que geralmente ocorre, embora em menor escala do que nas 
gangrenas úmida e gasosa). Compreende a gangrena seca. O processo tendo a ter 
um desenvolvimento lento, possibilitando a drenagem e evaporação de líquidos 
teciduais, ao tempo em que a isquemia vai se agravando, limitando o fluxo de 
sangue e líquidos nutrientes aos tecidos. 
Gangrena Seca: 
É também chamada de "Mumificação" e está usualmente associada à necrose 
isquêmica de extremidades, quando esta se desenvolve lenta e gradualmente, 
possibilitando a perda de líquido através da insuficiência do fluxo de líquidos 
nutrientes, da drenagem e da evaporação dos mesmos no local afetado pela 
isquemia. 
Etiologia: 
Fisiológica no cordão umbilical; 
Intoxicações com alcalóides do Ergot (produzidos pelo fungo Claviceps purpureum 
e Cl. paspali, parasitos do esporão de centeio e de outros cereais); 
Intoxicações com Festuca arundinacea (gramínea comum no sul da América do 
Sul, com propriedades vasoconstrictoras); 
Doença de Raynaud (espasmos vasculares); 
Frio / Congelamento; 
Gesso e bandagens muito apertadas; 
 
Características macroscópicas: 
Ressecamento, endurecimento, esfriamento e "apergaminhamento" do órgão, com 
escurecimento (cor pode variar de amarelo esverdeado a pardo enegrecido, em 
decorrência da decomposição local da Hemoglobina). A reação inflamatória do 
tecido vivo adjacente é intensa e delimita uma linha de separação nítida entre o 
tecido sadio e a gangrena. Pode ocorrer também separação do tecido sadio do 
tecido necrótico por solução de continuidade e queda do segmento gangrenado... 
 
Gangrena Úmida: 
É também chamada de "Gangrena pútrida" e quando afeta a cavidade oral recebe 
a denominação especial de "Noma" (denotando a contaminação com 
Fusobacterium spp). Pode ocorrer tanto em extremidades (pele, membros 
apendiculares, glândula mamaria) quanto em vísceras internas (útero, pulmões, 
intestinos, etc...) O importante é que haja fácil acesso de bactérias ao tecido 
necrótico. 
Etiologia: 
Nas extremidades ocorre em conseqüência de isquemias graves, intensas e de 
rápidainstalação, de maneira que o processo de necrose seja desencadeado sem 
que haja tempo para se desidratar o tecido em necrose. 
Trombo-angeíte obliterante e trombose (também chamados de "Gangrena senil", 
determinando infartos de extremidades - conseqüências de ateromas e varizes, nos 
membros inferiores - Pode também evoluir para gangrena seca, dependendo da 
velocidade de instalação do processo) 
Feridas traumáticas graves, infectadas (acidentes de transito, feridas de guerra, 
etc...). 
Evolução de apendicites e colecistites graves; 
Torções de alças intestinais e / ou trombose de artérias mesentéricas, produzindo 
necrose isquêmica de alças intestinais, liberando a proliferação descontrolada da 
flora bacteriana saprófita. 
Evolução de Pneumonias por aspiração de corpos estranhos; 
Evolução da metrite puerperal, se não tratada adequadamente. 
 
Características macroscópicas: 
Aumento de volume (edema) e amolecimento progressivo (coliquação tecidual) 
com hemorragias e escurecimento (decomposição local da hemoglobina) do local. A 
ação das bactérias saprófitas determina também um odor extremamente fétido e a 
produção de grande quantidade de toxinas, o que determinara uma toxemia grave, 
geralmente fatal, chamada de "Sapremia", que se não tratada rapidamente 
(amputação ou exérese da área gangrenada) acabará por ocasionar a morte do 
paciente. 
 
Gangrena Gasosa: 
É também conhecida como "Gangrena enfizematosa", "gangrena crepitante" ou 
"gangrena bolhosa". Trata-se de um grupo de entidades nosológicas específicas 
("Edema maligno" e "Carbúnculo sintomático"). São causadas por bactérias 
anaeróbicas produtoras de gás (H2, CO2, CH4, NH3, SH2), de ácido butírico (de 
onde o odor característico de manteiga rançosa) e de ácido acético. Enzimas 
proteolíticas produzidas degradam os tecidos tornando-os escuros, tumefeitos e 
crepitantes. 
Etiologia: 
Bactérias do gênero Clostridium (Cl. perfringens; Cl. 
novyi; Cl. norsi; Cl. septicum; Cl. hystoliticum; Cl. 
feseri/chauvoei; Cl. bifermentans). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSOS DEGENERATIVOS E 
INFILTRATIVOS CELULARES 
 "Nós devemos lutar para entender o que está ocorrendo durante um processo 
mórbido e não simplesmente estar satisfeitos com o reconhecimento do mesmo!" 
 VIRCHOW, 1898 
 
 Injúria celular 
reversível 
 Sinonímia 
 Conceito 
 Nomenclatura 
 Classificação 
 Diferencial "degeneração & infiltração" 
 Tumefação celular 
 Sinonímia 
 Conceito 
 Classificação 
 Características Macroscópicas 
 Características Microscópicas 
 Características Ultraestruturais 
 Causas 
 Mecanismos 
 Infiltração 
glicogênica 
 Conceito 
 Características Macroscópicas 
 Características Microscópicas 
 Características Ultraestruturais 
 Causas 
 Mecanismos 
 Esteatose 
Sinonímia 
 Conceito 
 Metabolismo lipídico 
 Características Macroscópicas 
 Características Microscópicas 
 Características Ultraestruturais 
 Etiopatogenia 
 Outros acúmulos intracelulares de lípides 
não esteatóticos 
 Hialinoses 
intracelulares 
 Sinonímia 
 Conceito 
 Mecanismos 
 Classificação 
1.INJÚRIA CELULAR REVERSÍVEL 
 
 Fatores envolvidos na relação agente agressivo x célula e tipos de 
reações celulares às agressões. 
 
Agente 
agressivo 
+ Célula = Reação Celular 
Patogenicidade Diferenciação Adaptação 
Infectividade Atividade metabólica Injúria celular reversível 
Virulência Estado anterior de saúde e 
nutrição 
Injúria celular irreversível 
 Inflamação (Reação mesenquimal) 
Sinonímia: 
 Injúria celular reversível (Robbins et alii, 1986; Slauson & Cooper, 1984); 
 Degeneração e infiltração (Denominações clássicas); 
 Distrofias (Dahme & Schröder, in Kitt & Schulz, 1985). 
Conceito: 
Alterações do metabolismo celular ou tissular, usualmente reversíveis (ainda que o 
ponto de não retorno seja indefinido e o grau de reversibilidade varie conforme o 
tipo e a intensidade do processo) ocorrendo perda da habilidade de manter o 
estado de homeostase normal ou adaptado. 
 
 Sistemas celulares mais vulneráveis a agressões: 
Membrana celular Alt. na permeabilidade de membrana e na pressão osmótica. 
Respiração aeróbica  ATP e pH,  Ca+2, ativação de enzimas líticas 
Síntese de enzimas e 
proteínas 
hipobiose e  metabolismo,  potencial de adaptação 
Integridade genética  Síntese de RNA, enzimas e proteínas 
 
Nomenclatura: 
Acrescentar o sufixo "OSE" ao termo designativo do órgão ou tecido afetado. 
Diferencial entre degeneração e infiltração: 
Degeneração: Célula lesada, em hipobiose, não metaboliza os metabólitos que 
normalmente recebe, com conseqüente acúmulo dos mesmos patologicamente no 
citoplasma. 
Infiltração: Célula normal, que submetida a um excessivo aporte de metabólitos 
(que ultrapasse sua capacidade de metabolização), apresenta no seu citoplasma um 
acúmulo patológico destes metabólitos. 
Esquema diferencial entre degeneração e infiltração 
D E G E N E R A Ç Ã O 
Célula sadia + Agressão = 
Lesão 
Alterações 
bioquímicas  
Alterações 
fisiológicas  
 capacidade de 
metabolização 
 Acúmulo de 
metabólitos 
I N F I L T R A Ç Ã O 
Aporte excessivo metabólitos  Acúmulo de metabólitos  Lesão 
 
Classificação 
Os processos degenerativos e infiltrativos podem ser agrupados e classificados de 
acordo com a natureza química da substância que se acumula na célula e/ou 
interstício lesados (Critério de LETTERER). 
Distúrbio do 
metabolismo 
Acúmulo 
intracelular de 
Designações 
Hídrico celular Água Tumefação celular 
Glicílico celular Glícides Infiltração 
glicogênica 
Lipídico celular Lípides Esteatose e 
Lipoidoses 
Protílico celular Prótides Transformação 
Hialina 
 
 
 
 
 Distúrbio do 
metabolismo 
Acúmulo 
intersticial de 
Designações 
Hidroeletrolítico 
tissular 
Água Edema (Alteração circulatória) 
Glicoprotílico 
tissular 
Glicoproteínas Amiloidose, Degeneração mucóide, 
Degeneração fibrinóide, "Gota úrica"(?) 
Lipídico tissular Lípides Obesidade, Fendas de colesterol, 
Arteriosclerose. 
Minerais tissular Minerais Calcificações patológicas, Concreções e 
calculoses (?). 
 
2.TUMEFAÇÃO CELULAR: 
 
Sinonímia: 
"Hidropsia celular", Edema intracelular. 
Conceito: 
Acúmulo intracelular de água (hiperhidratação celular), conseqüência de 
desequilíbrios no controle do gradiente osmótico à nível de membrana 
citoplasmática e nos mecanismos de absorção e eliminação de água e eletrólitos 
intracelulares. 
Classificação: 
De acordo com o tipo da distribuição da água acumulada, a tumefação celular 
pode ser classificada em: 
Tumefação turva ou Degeneração granular ou Degeneração albuminosa ou ainda 
grânulo-albuminosa: Quando a distribuição do excesso de água é homogênea. 
Trata-se de uma fase mais precoce, mais aguda, mais comum, mais reversível, 
menos grave e por vezes confundida com autólise. 
Degeneração hidrópica ou vacuolar ou balonosa ou ainda globulosa:Quando a água 
acumulada é disposta em compartimentos no citoplasma da célula. Trata-se de um 
estágio mais avançado da mesma tumefação turva. 
 
Características macroscópicas: 
Aumento de volume e peso da víscera (tumefação, cápsula tensa, consistência 
pastosa, superfície decorte proeminente), com palidez (compressão vascular pelas 
células tumefeitas) e/ou coloração acinzentada clara (lembrando o aspecto de 
"cozido"). 
 
Características microscópicas: 
No exame à fresco: Citoplasma opaco, granuloso, turvo, refringente ("efeito 
tyndal"), com transparência diminuída mascarando o núcleo (Razão para o 
batismo com o termo "Tumefação turva", por VIRCHOW). 
No exame de rotina: Aumento do volume celular, com alteração da proporção 
citoplasma/núcleo e vacuolização citoplasmática que aumenta de volume, 
freqüência e intensidade de acordo com o estágio da lesão. Na tumefação turva os 
vacúolos (organelas distendidas ou rompidas) são pequenos. Já na degeneração 
hidrópica vacuolar a água se encontra compartimentalizada e, de acordo com a 
distensão que determina pode ocasionar ruptura celular (necrose coliquativa, base 
para a formação de vesículas nas viroses epiteliotrópicas vesiculares). 
 
Características ultraestruturais: 
Tumefação mitocondrial e cristólise (com diminuição da fosforilação oxidativa e 
da síntese de ATP), dilatação das cisternas e fragmentação do Retículo 
Endoplasmático e do Complexo de Golgi, lise do protoplasma ( citosol), perda 
das especializações superficiais da membrana celular (cílios, microvilosidades, 
desmossomos) e alteração nos contornos celulares, desagregação ribossomica do 
RER (com diminuição da síntese protéica), ruptura da membranas formando as 
"Figuras de Mielina" no citosol. Tumefação e ruptura lisossômica e / ou formação 
de autofagossomas. 
Causas: 
Hipóxia, infecções bacterianas e virais, hipertermia, 
intoxicações endógenas e exógenas, etc. 
Mecanismo: 
 O2  Respiração mitocondrial  ATP: 
  Atividade da Bomba de Na/K, com  Na+ e H2O e  K
+
 (Tumefação 
celular) 
  Síntese e reciclagem de fosfolípides  Perda de fosfolípides e da 
integridade da membrana com  Ca+2 e ativação de enzimas líticas - 
Fosfolipases, proteases, ATPases e Endonucleases. 
  Respiração anaeróbica, com  de lactatos e  pH (acidofilia 
citoplasmática com perda dos grânulos da matriz, condensação da 
cromatina nuclear). 
 
3.INFILTRAÇÃO GLICOGÊNICA: 
 
Conceito: 
Acúmulo anormal intracelular de glicogênio, reversível, conseqüência de 
desequilíbrios na síntese ou catabolismo do mesmo. O glicogênio é normalmente 
encontrado nos músculos (0,5 a 1%), no fígado (2 a 8 %), no miocárdio, no útero 
pré-menstrual e no gestante, nas células cartilaginosas, nos tecidos fetais, na 
parótida, na pele, nos rins, nos macrófagos e neutrófilos próximos a focos 
inflamatórios e em oncócitos (quanto mais indiferenciados forem, maior a 
quantidade de glicogênio). 
Características macroscópicas: 
Pouco significativas. Sem lesão aparente macroscopicamente ou um discreto 
aumento de volume e palidez. 
Características microscópicas: 
O glicogênio é o único carbohidrato evidenciável histologicamente, requerendo 
apenas uma fixação imediata com álcool absoluto e colorações especiais para sua 
identificação como o Carmin de best ou o P.A.S. com prova de amilase. Esta prova 
(Amilase ou Diastase, feita com a saliva...) é importante no diagnóstico diferencial da 
Infiltração glicogênica com a Degeneração Mucóide intracelular, visto que tanto o 
Glicogênio quanto os Mucopolissacarídeos (MPS) dão reação positiva com o PAS. 
Entretanto, a saliva só consegue degradar o glicogênio e não o MPS. 
Nos rins: "Nefrose glicogênica" (ou de ARMANNI-EPSTEIN): 
Em HE: vacúolos citoplasmáticos semelhantes aos das Degenerações hidrópica ou 
vacuolar e/ou da esteatose; 
Em colorações especiais: Grânulos intracitoplasmáticos, principalmente nas 
células epiteliais da porção distal dos túbulos contornados proximais e, às vezes, 
na porção ascendente da Alça de Henle. 
No fígado: Infiltração intracitoplasmática e intranuclear ("núcleos perfurados da 
diabete" ou "Infiltração glicogênica de ASKANAZY"). 
 
Características ultraestruturais: 
O glicogênio aparece na forma de "Rosetas citoplasmáticas" ou no interior de 
fagossomos. 
 
Causas: 
Hiperglicemias: Alimentares, por lesão no SNC por narcóticos, por adrenalina 
ou glucagon ou aloxane, por hiperadrenocorticismo ou por diabete melito. 
Glicogenoses ou tesaurismoses glicogênicas ou ainda doença do 
armazenamento do glicogênio: 6 síndromes de origem genética (geralmente gen 
autossômico recessivo ou gen ligado ao cromossoma X) determinando deficiências 
de enzimas que condicionarão defeitos na síntese e/ou na degradação do glicogênio. 
Exemplos: 
 Doença de VON GIERKE [I] - Deficiência de Glicose 6 
Fosfatase; Doença de POMPE [II] - Deficiência de Amilo 1-4 
Glicosidase ou de Glicosidase lisossomica; 
 Doença de McARDLE [V] - Deficiência de Fosforilase 
muscular. 
Mecanismos: 
Diabete melito e demais hiperglicemias: 
 Insulina  glicemia  glicosúria  Reabsorção tubular de glicose  Aporte 
excessivo de glicose à célula  Acúmulo de glicogênio. 
Glicogenoses: 
Defeito na síntese ou na degradação do glicogênio determinando: 
-Forma anormal de glicogênio sintetizada não consegue ser metabolizada; 
-Falta uma ou mais enzimas que metabolizem o glicogênio normal. 
4. ESTEATOSE: 
Sinonímia: 
Metamorfose gordurosa, deposição ou transformação gordurosa, "degeneração e 
infiltração gordurosa", adipose degenerativa, lipofanerose e lipose celular. 
Conceito: 
Acúmulo anormal reversível de lípides no citoplasma de células parenquimatosas 
(principalmente de túbulos renais, hepatócitos, e fibras do miocárdio - células que 
normalmente metabolizam muita gordura) onde normalmente lípides não seriam 
evidenciados histologicamente, formando vacúolos (pequenos e múltiplos ou único 
e volumoso) em conseqüência de desequilíbrios na síntese, utilização ou 
mobilização. 
Metabolismo lipídico: 
Lípides na dieta (25 a 160 g/dia)  no Intestino delgado (Lipase pancreática + 
Peristaltismo +Sais biliares /emulsificação em micelas = TG  AG + MG)  
Absorção no jejuno proximal (PINOCITOSE) Micelas pinocitadas entram em 
contato com REL  Ressíntese de TG e ésteres do colesterol  Formação de 
quilomícrons  EXOCITOSE para vasos linfáticos (Quilíferos) Ducto torácico 
Vasos sangüíneos  Tecido adiposo: [armazenamento principalmente no tecido 
subcutâneo, mesentério, epíplon e tecido peri renal].  Fígado: Passagem pelos 
capilares sinusóides (ação de lipases)  Hidrólise em Ac. Graxos e Glicerol  
Contato com microvilosidades dos hepatócitos  ENDOCITOSE dos Ac. Graxos e 
Glicerol pelos hepatócitos  Utilização no metabolismo energético (mitocôndrias) 
 "Estocagem" (lipossomos, quando excessivos = Esteatose)  Esterificação / 
conversão para TG e FL, que levados ao RER subsidiarão a síntese de 
Lipoproteínas de baixa densidade para exportação. 
Características macroscópicas: 
a. As modificações no volume e coloração do órgão afetado dependerão da causa 
da esteatose e da quantidade de lípide acumulado. 
b. Geralmente ocorre  de volume, consistência (órgão mais pastoso),  
friabilidade e amarelamento, além da presença de gorduras emulsionadas na faca 
ao corte. 
c. No fígado:  de volume e peso (as vezes de 1,5 para 3 a 6 Kg, no ser humano) 
com bordas abauladas e consistência amolecida, coloração amarelada, superfície 
externa lisa e brilhante, e superfície de corte untuosa, sem marcação lobular. 
d. No coração: afeta principalmente os músculos papilares, determinando o 
aparecimento de listas amareladas ("tipo coração tigrado") quando focal. Todo 
amarelado e flácido quando difusa. 
e. Nos rins:  de volume, palidez e amarelamento. 
 
Características microscópicas: 
a. Ocorre vacuolização citoplasmáticaque deve ser diferenciada da Degeneração 
hidrópica - vacuolar e da Infiltração glicogênica através de colorações especiais. 
b. Nos hepatócitos: Vacúolos pequenos e múltiplos (fase mais precoce) que podem 
se coalescer formando um único e volumoso, deslocando o núcleo para a periferia 
("Célula em anel de sinete"), as vezes levando inclusive à ruptura celular 
formando os "Cistos gordurosos". Quando afetando a região periportal e 
justasinusoidal, não tem significado ou está associado a tóxicos; quando periacinar 
("centrolobular") decorre geralmente de hipóxia e quando panlobular é causada 
principalmente pela diabete canina e acetonemia bovina. 
c. No epitélio dos túbulos renais (basalmente) e nas fibras do miocárdio (entre 
miofibrilas): geralmente pequenos e múltiplos. 
d. No processamento de rotina (e utilizando-se de HE), o álcool e o xilol dissolvem 
os lípides tornando o lipossomo um vacúolo vazio (espaço claro = imagem negativa 
do lípide). Para confirmação do lípide intracelular o melhor é usar microtomia de 
congelação e corantes lipossolúveis como: 
Sudam III - laranja avermelhado; 
Sudam IV - Vermelho escarlate; 
Ácido ósmico - negro; 
Sulfato azul do Nilo - Violeta azulado (predomínio de ácidos graxos) ou 
violeta avermelhado (predomínio de gordura neutra) 
e. A esteatose é quase sempre precedida de Tumefação celular e as vezes ocorre 
simultaneamente com essa e com necrose. 
 
Características ultraestruturais: 
"Lipossomos" = pequenos grânulos densos, às vezes em contato com o RE, que 
podem se coalescer formando "lipossomos gigantes". 
Etiopatogenia: 
a. Esteatose miocardíaca: Intoxicações, leucemias, anemia aplástica, difteria, etc. 
b. Esteatose renal: Hiperlipemias, intoxicações principalmente por tetracloreto de 
carbono (Cl4C) e plantas tóxicas. 
c. Esteatose Hepática [a mais estudada]: 
o Interferência com a dispersão micelar das gorduras 
intracitoplasmáticas: (discutível JONES & HUNT, 
1983). 
Por Deficiência de fosfolípides e/ou de proteínas: por destruição enzimática (ex: 
fosfolipase do Clostridium welchii) ou por intoxicação (CL4C). 
Por deficiência de aminoácidos lipotróficos (metionina, inositol, colina, 
propriotenina, vitamina B12 e ácido fólico): que determinarão  da síntese de 
fosfolipídeos e  da esterificação de ácidos graxos em triglicérides. 
Por hipóxia, deficiência protéica na dieta, ou por excesso de colesterol e gorduras 
na dieta. 
o Aumento quantitativo da gordura intracelular sem 
aumento correspondente de fosfolípides e proteínas: 
Por  da síntese lipídica a partir de acetatos ou pela esterificação dos ácidos 
graxos em triglicérides por  dos alfa glicerofosfatos. 
Por  do aporte de lípides nas dietas hiperlipemicas ou por mobilização excessiva 
de lípides do tecido adiposo (na diabete canina, acetonemia bovina, 
corticoidoterapia. intoxicação alcóolica, inanição, dietas policarenciais 
["Kwashiokor"] e doenças consumptivas (Tbc, Ca, etc...). 
o Bloqueio na utilização de lípides: 
Por interferência na conversão de ácidos graxos em fosfolipídeos (na deficiência de 
aminoácidos lipotróficos e/ou síntese de proteína aceptora de lípides 
["Apoproteína"] como conseqüência do desacoplamento ribossômico no RE (nas 
intoxicações por toxinas, Cl4C, P, Puromicina, Etionina, Tetraciclina, etc.) 
Por bloqueio na utilização e oxidação de lípides por interferência com co-fatores 
essenciais para a oxidação de ácidos graxos de cadeia longa [Carnitidina favorece 
a penetração de ácidos graxos nas mitocôndrias, onde ocorre a oxidação][Toxina 
diftérica e fitotoxinas]. 
Por bloqueio na união lípide - apoproteína ou na secreção de lipoproteínas do 
hepatócito [ácido orótico]. 
OUTROS ACÚMULOS INTRACELULARES NÃO 
ESTEATÓTICOS DE LÍPIDES: 
 
a. Lipidoses [ou Lipoidoses]: 
Lipofagia macrofagocitária: "Células esponjosas" (em necroses). 
Lipoidose arterial: Colesterol nas fibras lisas da íntima de grandes artérias na 
Aterosclerose. 
b. Xantomatose: 
Colesterol e ácidos graxos nos histiócitos formando nódulos ou placas no tecido 
subcutâneo e tendões. 
c. Lipoidoses Generalizadas: 
Desvios metabólicos congênitos, caracterizados pela deposição intracelular de 
lípides complexos, afetando principalmente as células do SNC coração, rins, retina, 
etc..., Em conseqüência de ausência de enzimas lisossômicas responsáveis pela 
correta metabolização (refletem mutações em muitos loci). Exemplos: 
Esfingoliposes, gangliosidoses, Tay Sachs, Doença de Gaucher, etc... 
 
5. HIALINOSE INTRACELULAR: 
Sinonímia: 
Transformação hialina intracelular ou Degeneração hialina 
intracelular. 
Conceito: 
Acúmulo intracelular de material de natureza protéica, conferindo às células e 
tecidos afetados um aspecto hialino [gr. "hyalos" = vítreo, claro, homogêneo, 
translúcido, amorfo, denso, eosinofílico e refringente]. Para ROBBINS (1974), a 
hialinose intracelular é uma alteração tintorial de várias causas, nenhuma das 
quais representativas de um quadro específico de degeneração verdadeira! Por 
conseguinte, enquadra as hialinoses como "Não Degeneração". 
Mecanismos: 
a. Coagulação focal de proteínas celulares, vista em: 
Corpúsculos de inclusão tipo 1, 
Degeneração cérea de Zenker e de Magarinos-Torres. 
b. Penetração no citoplasma [via absorção ou pinocitose] de proteínas complexas, 
com precipitação ou coagulação das mesmas, vista em: 
o Corpúsculos de inclusão tipo 2, 
o Células dos túbulos contornados proximais, nas 
proteinúrias, 
o Células das vilosidades intestinais do intestino delgado 
no recém nascido aleitado com colostro. 
Classificação: 
a. Degeneração Cérea de ZENKER (em músculos esqueléticos, principalmente no 
gastrocnêmio e diafragma) e de MAGARINOS-TORRES (no miocárdio). 
 Macro: Estrias e máculas amarelo-esbranquiçadas [donde a 
denominação corrente de "Coração tigrado", quando 
afetando o miocárdio]. 
 Micro: Perda de estriação (desagregação dos miofilamentos à 
microscopia eletrônica) e homogeneização vítrea eosinofílica 
das fibras. 
 Etiologia: Injúria tóxico-infecciosa subletal (febre tifóide, 
leptospirose, difteria, aftosa, etc...); traumatismos (injeção 
intramuscular, pancadas, etc...) e deficiência de vitamina E e 
selênio ("Doença do músculo branco"). 
b. Corpúsculos de inclusão intracitoplasmáticos: 
 Corpúsculos de RUSSEL em Plasmócitos (tipo 1): Agregação 
de globulinas (tipo "colar de pérolas"), distendendo as 
cisternas do RER. É esférico, vítreo, homogêneo, acidófilo e 
birrefringente, e é visto com freqüência na Salmonelose 
aguda, na osteomielite crônica, etc. 
 Corpúsculos de CROOKE em Células basófilas da 
adenohipófise, na Síndrome de CUSHING. 
 Corpúsculos de MALLORY em hepatócitos (tipo 1): 
Filamentos ou massa eosinofílica perinuclear (complexo 
insolúvel de fosfolípides e lipoproteínas originando filamentos 
desordenados devido à alterações no citoesqueleto, a nível de 
microtúbulos e microfilamentos). É visto no alcoolismo 
crônico, na hepatite viral tipo A ou B, e na intoxicação com 
griseofulvina. 
 Infecções virais (tipo 1 e 2): Acúmulo de nucleoproteínas 
virais e/ou de produtos da reação à infecção viral no 
citoplasma (vírus RNA) ou no nucleoplasma (vírus DNA ou 
RNA). Exemplos: NEGRI (Raiva), GUARNIERI (Varíola), 
COUNCILMAN- ROCHA LIMA (Febre amarela), 
SINEGAGLIA-LENTZ (Cinomose). 
"Gotículas de proteína" nos túbulos contornados proximais 
(nas Glomerulopatias com proteinúria) e nas vilosidades do 
intestino delgado do recém nascido alimentado com colostro. 
As proteínas reabsorvidas (pinocitadas) formam vesículas 
pinocitóticas que se fundem com os lisossomos formandoas 
"Gotículas de Proteína". 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSOS DEGENERATIVOS E 
INFILTRATIVOS INTERSTICIAIS 
"A degeneração amiloide, tida como lardácea por Rokitanski, é reconhecida 
quimicamente pela reação com o lugol que cora o material depositado como se fosse 
amido (vermelho escuro) sobre o fundo amarelado. Adicionando-se Ácido sulfúrico a 
1% ou cloreto de zinco, faz-se variar a cor para azul, passando-se pelo verde escuro". 
VIRCHOW. 
 
 
 Degeneração Mucóide 
 Sinonímia 
 Conceito 
 Histoquímica 
 Degeneração Mucóide intracelular 
(epitelial) 
 Atrofia Serosa das Gorduras 
 Degeneração 
Fibrinóide 
 Conceito 
 Composição do Fibrinóide 
 Etiopatogenia 
 Hialinose extracelular 
 Conceito 
 Biossíntese do Colágeno 
 Componentes da Matriz ExtraCelular 
 Características Microscópicas 
 Ocorrência 
 Mecanismos 
 Outros distúrbios da MEC 
 Amiloidose 
 Sinonimia 
 Conceito 
 Histórico 
 Características Macroscópicas 
 Características Microscópicas 
 Composição 
 Origem 
 Classificação 
 Consequências 
 Arteriosclerose 
 Conceito 
 Classificação 
 Aterosclerose 
o Conceito 
o Etiopatogenia 
o Complicações 
o Características Macroscópicas 
o Características Microscópicas 
 Mediosclerose de Monckeberg 
o Conceito 
o Etiopatogenia 
o Morfologia 
 Arteriolosclerose 
o Conceito 
o Tipos 
 Gota úrica 
 Etimologia 
 Conceito 
 Histórico 
 Etiopatogenia 
 
 1. TRANSFORMAÇÃO ou "DEGENERAÇÃO" 
MUCÓIDE: 
(Designação corrente, talvez imprópria/ "Não degeneração" - ROBBINS, 1974). 
Sinonímia: 
Alteração Mixomatosa, Transformação ou Entumescimento Mucóide (ou da 
Substância Fundamental), Edema Mucoso, ou ainda Distrofia Mucosa do Tecido 
Conjuntivo. 
 
Conceito: 
Alteração real ou aparente (embebição em água e íons) da Substância 
Fundamental Amorfa, que se apresenta entumecida, basófila (devida aos 
Mucopolissacárides Ácidos - MPS Ac), metacromática, com dissociação das fibras 
colágenas, e com fibroblastos apresentando núcleos hipercromáticos e estrelados, 
devido ao aumento da síntese ou à despolimerização incipiente (com liberação de 
MPS Ácidos sulfatados ou carboxilados) resultando no aparecimento de material 
de aspecto mucóide (lembrando tecido conjuntivo fetal primitivo - "Gelatina de 
Wharton"). É um processo agudo e reversível, sendo encontrado mais 
freqüentemente nos ligamentos, tendões, meniscos, duramater espinhal, na 
mixomatose dos coelhos (causada por um poxvírus, afetando principalmente o 
limite pele - mucosas e as orelhas), no hiper e hipotireoidismo (com formação do 
"Mixedema" na derme) e em algumas imunopatias. 
 
 
Histoquímica: 
PAS amilase negativa (diferencial com Infiltração 
Glicogênica), Azul de Metileno Policromo, Azul de Toluidina 
em pH 3,5 e Azul de Alcian. 
Observação: 
Alguns autores consideram também como Degeneração 
Mucóide: 
"Degeneração Mucóide Epitelial" (FARIA et alii, in BOGLIOLO, 1978; 
BARRETO NETO et alii, 1984): Aumento intracelular e/ou intersticial de mucinas 
e mucopolissacárides neutros (Eosinofilia!  do conceito clássico). em 
conseqüência do aumento da função secretora dos epitélios mucíparos, vistos nas 
inflamações agudas catarrais dos sistemas respiratório, digestório e genital; ou nas 
neoplasias mucossecretoras (Carcinoma colóide, cistadenoma e 
cistadenocarcinoma mamários e gastrointestinais) onde a falta de acesso aos 
ductos resultam em acúmulo intracelular ("Célula em anel de Sinete!") ou mesmo 
intersticial de mucina. 
"Atrofia Serosa ou Mucosa da Gordura" (JONES & HUNT, 1983): A inanição 
prolongada ou doença crônica caquetizante ocasiona a mobilização das gorduras 
corporais determinando a "Saponificação nos adipócitos", principalmente nos 
sulcos coronarianos, nos músculos esqueléticos, no mesentério e no omento. Estes 
tecidos tendem a assumir um aspecto macroscópico gelatinoso, translúcido, aquoso 
e mucoso característico. Microscopicamente, ocorre proliferação de tecido 
conjuntivo de características embrionárias, com matriz basófila (MPS Ac) e 
fibrilas em arranjos cruzados além de fibroblastos com núcleo hipercromático 
estrelado. 
 
2. DEGENERAÇÃO (OU NECROSE) FIBRINÓIDE: 
Conceito: 
Designação corrente (e talvez imprópria - "Não Degeneração"/ ROBBINS, 1974) 
para a deposição no tecido conjuntivo e paredes de arteríolas, de um material 
acelular amorfo, brilhante, eosinófilo, as vezes granular ou reticular, sem limites 
definidos, morfológica e tinturialmente (PAS positivo) semelhante à Fibrina 
depositada (donde a denominação "Fibrinóide"). Ocorre também por vezes uma 
redução no número de núcleos na área afetada com degradação dos componentes 
tissulares (donde a denominação também comum de "Necrose Fibrinóide"). 
 
 
Composição do Fibrinóide: 
 
Variável, geralmente contém: 
o Gamaglobulinas; 
o Fragmentos do complemento; 
o Albuminas; 
o Colágeno alterada e fibrina parcialmente digerida; 
o Debris celulares. 
Com tal composição, o fibrinóide pode ser considerado 
um produto da deposição de imunocomplexos 
circulantes (com posterior fixação do complemento) e da 
degradação de Fibrina exsudada, de fibras colágenas, e 
de glicoproteínas e células locais. 
 
 
Etiopatogenia: 
 Hipertensão Malígna (nas arterioloscleroses / arteríolas e 
glomérulos renais); 
 Digestão enzimática dos tecidos (úlceras pépticas); 
 Vilosidades placentárias normais (Fibrinóide de Rohr); 
 Autoimunopatias (ex. "Colagenoses"/ Reação de Arthus, 
Artrite Reumatóide, Febre Reumática, Periarterite Nodosa, 
entre outras), que levem a um aumento dos imunocomplexos 
circulantes com posterior fixação do complemento. 
Tais alterações culminam com aumento da permeabilidade vascular (e 
conseqüente saída de plasma e macromoléculas para o interstício) e com 
quimiotaxia (com conseqüente liberação de enzimas lisossômicas dos leucócitos 
nos tecidos, gerando o fibrinóide). 
Revisão rápida - Componentes do tecido conjuntivo: 
"Substância Fundamental Amorfa", Colágeno,Elastina, Células Fixas e Livres 
 
 
 
 Componentes do tecido conjuntivo - Revisão: 
"Substância Fundamental Amorfa": São os Proteoglicanos ou Glicosaminoglicanos 
ou Mucopolissacarídeos Ácidos/MPS Ac (Reunião de proteínas com Ácido Urônico 
e N Acetil Hexosaminas). O alto teor de carbohidratos confere uma alta hidrofilia, 
facilitando a formação de Géis rígidos com carga negativa. 
Colágeno: Representa 1/3 das proteínas totais, sendo composto de 33% de glicina, 
13% de prolina e 9% de hidroxiprolina. É sintetizado pelos fibroblastos, 
condroblastos e osteoblastos. Diferentes proporções entre carbohidratos e 
peptídeos e diferentes seqüências de aminoácidos determinam características 
especiais caracterizando 4 ou 5 tipos diferentes de colágeno. Um tipo particular de 
colágeno é a reticulina, que apresenta tamanho diminuto e arranjo diferente, 
ainda que composição química semelhante. Os vários tipos são, em geral, 
responsáveis pela resistência. 
Elastina: A reunião de aminoácidos hidrófobos (Valina, glicina, alanina, prolina) 
com a Lisina (que formará a bainha hidrófila) resulta na Tropoelastina, que 
oxidada pela lisiloxidase produzirá a Elastina. Ela é sintetizada pelos fibroblastos 
e por fibras musculares lisas, responsáveis pela elasticidade("tipo borracha"). 
Células: 
Fixas: 
 Fibroblastos, 
 Células Mesenquimatosas, 
 Adipócitos, 
 Histiócitos, 
 Plasmócitos 
 Mastócitos. 
Livres: 
 Monócitos/Macrófagos; 
 Linfócitos; 
 Eosinófilos; 
 Neutrófilos. 
 
 
Conceito: 
Deposição extracelular ou intersticial de material hialino (vítreo, claro, homogêneo, 
translúcido, amorfo, denso, eosinofílico e refringente) no tecido conjuntivo e nas 
membranas basais, de modo a alterar a proporção Núcleo/Colágeno e aumentar a 
eosinofilia do tecido. 
Alterações Hialinas do Colágeno após a sua formação normal (Verdadeira 
Transformação Hialina das fibras colágenas ou Degeneração Hialina do colágeno 
ou ainda Hialinose Colágena) (FARIA et alii, in BOGLIOLO, 1978) 
DISTÚRBIOS DO COLÁGENO - Excesso na biossíntese. 
Sinonímia: 
DEGENERAÇÃO HIALINA EXTRACELULAR OU TRANSFORMAÇÃO 
HIALINA DO CONJUNTIVO 
Considerando-se a etimologia da palavra, poder-se-ia empregar aqui o termo 
"Colagenoses", acrescentando-se, no entanto que nesse caso não se refere ao 
sentido clássico de Autoimunopatias. 
Características Microscópicas: 
Condensação das fibras colágenas com aumento da sua 
espessura e rigidez, assumindo um aspecto hialino, 
vítreo, homogêneo, irregular (por solução de 
continuidade das fibras e subsequente neossíntese). 
Ocorrência: 
É comum nos quelóides, nas cicatrizes extensas, nas 
esclerodermias e nos folículos ovarianos em atresia. Na 
vizinhança de hemorragias, pode-se somar a hialinose 
a deposição de Ferro e Cálcio, formando os "Nódulos 
de GANDY-GAMMA" ou nódulos sídero-calcáreos do 
baço esclero - congestivo. 
Mecanismo: 
A fibroplasia excessiva se associa à desidratação progressiva e 
fragmentação das fibras, o que estimula mais fibroplasia, com 
aumento da densidade dos componentes intersticiais 
(aproximação das fibras colágenas, espessamento dessas, de 
modo a dificultar a distinção uma das outras e a comprimir 
células e vasos adjacentes). 
o Biossíntese e Maturação do Colágeno (Etapa Intrafibroblástica (no 
RER) e Etapa Extrafibroblástica e Maturação) 
Biossíntese e Maturação do Colágeno - Revisão: 
Etapa Intrafibroblástica (no RER): 
a. Síntese de cadeias polipeptídicas com prolina e lisina não hidroxiladas. 
b. União das cadeias por ligações tipo Pontes de Hidrogênio e Van der Walls, 
produzindo o Pró-colágeno. 
c. Hidroxilação da prolina e lisina do pró-colágeno (ação da Pró-colágeno prolina 
ou lisina hidroxilase, com O2, ácido alfacetoglutárico, ferro ferroso e vitamina C) 
com subsequente Transglicosilação (adição de galactose ou glicose nas 
extremidades da hidroxiprolina). O número de glícides determinará o tipo do 
colágeno. Se rico em carbohidratos, formará fibrilas finas (tipo Membrana Basal); 
se pobre formará feixes compactos (tipo Tendões). 
d. Exocitose, via microtúbulos. Durante o transporte, o pró-colágeno sofre a ação 
da pró-colágeno peptidase transformando-se em Tropocolágeno. 
 
Etapa Extrafibroblástica e Maturação: 
a. Alinhamento das moléculas de tropocolágeno (monômeros). 
b. Ligações transversas cruzadas entre resíduos de lisina e hidroxiprolina, devido 
à ação da lisina oxidase, gerando lisinaldeído e hidroxilisinaldeído. Estas ligações 
tendem a aumentar com a idade e são responsáveis pela perda da 
distensibilidade). 
c. Formação de 3 cadeias entrelaçadas, com estrutura tubular (1000 Å de 
comprimento por 10 Å de diâmetro) em hélice tripla (muito resistente às 
proteases). 
 Outros distúrbios afetando a Matriz extra celular: 
 Alterações Hialinas da Elastina (Síndrome de MARFAN; 
Síndrome de MENKES; Osteolatirismo; Síndrome de 
EHLERS DANLOS tipo VI; Pseudoxantoma elástico; 
Fibroelatose do endocárdio; Elastose da íntima de pequenas 
artérias, arteríolas e veias na hipertensão;Senilidade). 
 Alterações Hialinas da Substância Fundamental Amorfa ( 
Degenerações Mucóide e a Fibrinóide). 
 Deficiência na biossíntese do colágeno (de origem genética; de 
origem adquirida) 
 
Outros distúrbios afetando a Matriz extra celular: 
 
Alterações da Elastina (FARIA et alii, in BOGLIOLO, 1978): 
Diminuição da quantidade de Elastina: 
Formas Congênitas: 
Síndrome de MARFAN: Deficiência de Lisina Oxidase  Inexistência de ligações 
transversais cruzadas  Dilatação aneurismática de grandes vasos. 
Síndrome de MENKES: Deficiência de Cobre plasmático por alterações no trato 
gastro intestinal, com diminuição da atividade da Lisina Oxidase e conseqüente 
alterações vasculares. 
Formas Adquiridas: 
Osteolatirismo: Ingestão de sementes da "Ervilha de Cheiro" (Lathyrus odoratus) 
que contem Beta amino propionitrilo, agente bloqueador da Lisiloxidase, 
causando o "Latirismo Bovino e Ovino", com aneurismas dissecantes aórticos. 
Lise inflamatória da Elastina: Ação de Elastases liberadas no foco por neutrófilos 
e macrófagos. 
Aumento da quantidade de Elastina: 
Formas Congênitas: 
Síndrome de EHLERS DANLOS tipo VI: Responsável pela hiperelasticidade dos 
contorcionistas; 
Pseudoxantoma elástico.(?). 
Formas Adquiridas: 
Fibroelatose do endocárdio; 
Elastose da íntima de pequenas artérias, arteríolas e veias na 
hipertensão. 
Senilidade. 
Alterações na qualidade da Elastina: 
Fragmentação das fibras elásticas da derme por ação da luz solar; 
"Degeneração Basófila do Colágeno" (Termo errôneo) - Visto nas dermatopatias 
atróficas, caracterizada por fragmentação e entumescimento das fibras elásticas 
com basofilia. 
Calcificação da Lâmina elástica de artérias de médio calibre ["Mediosclerose de 
MONCKEBERG"], na senilidade. 
 
Alterações Hialinas da Substância Fundamental 
Amorfa: 
Comentário Inicial: Bem descritas por FARIA et alii, in BOGLIOLO, 1978; 
porém desconhecidas para KARLSON et alii, 1982. Aqui também se inserem as 
Degenerações Mucóide e a Fibrinóide já tratadas anteriormente. 
Deposição no interstício, principalmente na íntima vascular, de proteínas 
plasmáticas (Globulinas) e de componentes do Complemento, com escassa ou 
nenhuma fibrina. Tal deposição hialina ocorre na membrana basal de pequenas 
arteríolas (principalmente nas renais - na Hipertensão Malígna, substrato da 
Arteriolosclerose hialina; nas esplênicas - em idosos mesmo normotensos, em cães 
maiores de 5 anos, em suínos afetados com Peste Suína, e na diabete melito.). A 
parede vascular alterada torna-se homogênea, rósea, como se fosse de plástico. 
 
Deficiência na biossíntese (congênita /adquirida) 
de colágeno: 
Alterações durante a Biossíntese: 
De origem genética, por deficiência ou ausência de uma ou mais enzimas 
(KARLSON et alii, 1982): 
Defeito bioquímico Patologia Tecidos mais afetados 
Síntese de colágeno 
tipo I 
Osteogênese Imperfeita Ossos, tendões e pele (2 formas: letal 
e tardia) 
Síntese do colágeno 
tipo III 
Síndrome de EHLERS 
DANLOS tipo IV 
Pele, vasos e trato GI (Ruptura de 
vasos e intestinos.) 
Deficiência de Lisina 
Hidroxilase 
Síndrome de EHLERS 
DANLOS tipo VI 
Pele e olhos (Hiperelasticidade) * 
Deficiência de Pro Síndrome de EHLERS Ossos e articulações Pele fina, 
Colágeno peptidase DANLOS tipo VII fraturas ósseas Dermatoparaxis 
espontâneas, etc Bovina/ovina 
Deficiência de 
Lisiloxidase 
Síndrome de EHLERS 
DANLOS tipo V 
Pele e articulações Púrpuras, 
deformidades ósseas; 
Aneurismas/Ratos, aneurismas aorta 
Distúrbio 
desconhecido no 
entrelaçamento 
Síndrome de MARFAN Ossos e vasos 
Obs.: A síndrome de Ehlers Danlos tipo VI é também chamada de "Doença do 
Contorcionista". 
De origem adquirida (KARLSON et alii,