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Morte Celular -irreversível. -necrose e apoptose (dois tipos de lesões). NECROSE: processo patológico caracterizado pela morte da célula através da digestão do seu conteúdo, ou seja, morte celular seguida de autólise, esta autólise é referente a digestão dos constituintes celulares provocada pela ação enzimática, liberadas pelos lisossomos da própria célula ou por lisossomos de leucócitos que ocorrem no processo inflamatório, que chegam no local após a morte celular, atraídos pelo tecido necrótico ou então devido a uma reação inflamatória. Durante o processo de fagocitose existe a possibilidade destes leucócitos liberarem as enzimas antes do fechamento do vacúolo fagocitário. Ocorre emissão dos pseudópodos e o elemento estranho é depositado no interior de um vacúolo fagocitário, para que posteriormente os lisossomos se fundam a este vacúolo e despejem o seu conteúdo enzimático e posteriormente lançado no interstício. Porem existem situações que uma intensa reação inflamatória com exsudação neutrofílica, geralmente ocorrente de processo inflamatório bacteriano exacerbado, onde os leucócitos, no momento da sua fagocitose e antes do momento do fechamento dos vacúolos fagocitários, alguns liberam este conteúdo enzimático no interstício, necrosando o mesmo. Após a digestão dos constituintes citoplasmáticos, a membrana celular também será digerida, e todo o material digerido se extravasa para o interstício. Toda esta parte do tecido irá apresentar um material acidófilo, homogêneo, compacto, sem detalhes estruturais celulares, que nada mais é que conteúdo celular necrosado. Este material acidófilo também é conhecido como figura de mielina. A lesão isquêmica provoca danos na mitocôndria, diminuindo o ATP, a função da bomba hidroeletrolítica e consequentemente entrada de água e eletrólitos (Na e Ca) nas células. Chega um determinado momento, que se o dano isquêmico persistir, a célula morre. A mitocôndria, com a abertura dos poros de transição mitocondrial, além de liberar outras substâncias, continua liberando Ca juntamente com o reticulo endoplasmático. Normalmente são as duas organelas que contêm Calcio no meio intracelular. Com a morte da celula o Ca sera liberado destas duas organelas, além da entrada de Calcio do meio extracelular, acarretando no aumento de Ca no citosol. A partir de então inicia-se um processo de digestão celular, entra em ação os lisossomos, os quais também não conseguem manter as suas enzimas digestivas no seu interior devido a morte celular. E liberam suas enzimas no citosol (ATPase, lipase, protease, endonuclease) estas enzimas serão ativadas pelo Ca. Esta ativação digere os componentes celulares. A ATPase fara com que ocorra diminuição do ATP, a fosfolipase levara a redução dos fosfolipideos, a protease levara a degradação das proteínas da membrana e do citoesqueleto celular, e as endonucleases provocarão lesão da cromatina nuclear. Chegara a um determinado ponto em que a membrana citoplasmática, também sofrera dano, despejando o conteúdo do interior das células para o interstício. A célula morta não consegue manter a sua integridade. Levando ao aparecimento de uma massa acidófila ou eosinófila (coloração cor de rosa ou alaranjada). MORFOLOGIA: apresentam características marcantes tanto no núcleo como no citoplasma. Alterações nucleares da necrose: 1)Núcleo picnótico (picnose): núcleo diminuído, a cromatina se contrai e se condensa. Se deve ao abaixamento excessivo do pH na célula morta (aumenta níveis de ác. Lático). 2)Cariorrexe: fragmentação nuclear. Os fragmentos ficam dispersos no citoplasma. Se deve as enzimas que digerem o núcleo (endonuclease). Citoplasma acidófilo. 3)Cariólise: Ausência de núcleo, devido a digestão total pela enzima. Presença apenas da membrana citoplasmática. O núcleo vai perdendo sua afinidade tintorial, pelo corante que o cora, hematoxilina. Na cariólise avançada não há presença total do núcleo. Alteração citoplasmática: Eosinofilia citoplasmática: eosinofilia acentuada, devido ao aumento da sua ação pois a célula necrosada tem maior afinidade pela eosina, justamente porque nesta situação as proteínas sofrem desnaturação. Estas proteínas desnaturadas existentes na necrose tem maior afinidade pela eosina (por isso os núcleos ficam fortemente corados). CAUSAS: da necrose 1)Isquemia: obstrução parcial ou total de um vaso, terá uma diminuição da oferta de oxigênio ou ausência. Dando mitocondrial. 2)Agressão: direta na membrana citoplasmática, exemplo: MO podem agredir diretamente a membrana celular fazendo com que ocorra uma abertura de poro nas células e consequentemente necrose. 3)Toxinas: agridem e provocam lesão mitocondrial. Tipos de necrose: NECROSE POR COAGULAÇÃO/ISQUÊMICA E também chamada de necrose isquêmica por sua causa é a isquemia. Observada nos infartos (pulmonar, IAM, intestinal, etc.) Macroscopia: área pálida, infarto pálido ou anêmico (toda área de infarto é uma área de necrose, porém o contrário não é verdadeiro). Devido à ausência de sangue no território. Existem áreas de infartos que são escuras, são os infartos vermelhos. Isso depende da circulação, pois os infartos brancos são caracterizados por ocorrer em órgãos com circulação simples e pouca circulação colateral, ou seja, não há chegada de sangue na área de infarto, existe chegada de sangue, mas não suficiente para manter o parênquima vivo. No caso dos infartos vermelhos ocorrem em órgãos com circulação dupla, e rica circulação colateral. Desta maneira é possível observar duas colorações em áreas de necrose isquêmica. Microscopia: presença de fibras cardíacas com cariólise em IAM, anucleadas. Espaçamento entre uma fibra cardíaca e outra devido ao edema, pois posteriormente à necrose, existira inflamação do território, levando a uma exsudação plasmática e celular, escape de liquido para o interstício juntamente com as células inflamatórias. Principal característica da necrose por coagulação/isquêmica é a manutenção da arquitetura tecidual nas fases inicias do processo, pois as células não irão manter para sempre o seu aspecto. Isso acontece, pois, as enzimas ficam impedidas de agirem na membrana citoplasmática por conta do meio ácido, neste tipo de necrose. Cardiomiócitos sem núcleo= infarto/cariólise. Todo tecido necrosado induz a migração de leucócitos pro local da lesão. Célula inflamatória entre os miocardiócitos necróticos: neutrófilo (função de fagocitose). IAM: quando o patologista mostra células inflamatórias entre os miocardocitos necróticos. Presença de leucócitos ente as células musculares cardíacas. Podemos observar a necrose, fibras musculares cardíacas anucleadas, acentuada eosinofilia do citoplasma por conta da desnaturação das proteínas. A reação inflamatória se dá por conta do tecido necrosado, o qual é reconhecido como estranho e libera certas substâncias que irão se difundir através do tecido chegando até o tecido são. E neste tecido são provocam alterações vasculares, os vasos ficam mais turgidos, ocorrem hiperemia, ou seja, aumento do fluxo sanguíneo no local e exsudação de neutrófilos e posteriormente atração dos neutrófilos para a área da lesão (quimiotaxia). Sua função é realizarem a fagocitose dos restos celulares para que posteriormente essa área de necrose/infarto seja substituída por tecido conjuntivo cicatricial. Infarto renal: devido a obstrução da artéria renal, o rim possui pouca circulação colateral, por isso causa um infarto branco. A obstrução da artéria renal se dá por conta de êmbolos (substância estranha presente e livre na circulação capaz de obstruí-la. A maioria dos êmbolos que provocam necrose no rim, tem a sua origem a partir de trombos (solidificação do sangue), ou aterosclerose nas artérias renais, porém menosfrequente. Pode obstruir uma ou duas artérias renais. O contorno básico do túbulo renal permanece nas fases iniciais do processo, por isso é uma necrose por coagulação. Citoplasma acidófilo. Ausência de núcleos nas células. Infiltrado inflamatório polimorfonucleado neutrofilico no interstício. -Maior causador de infartos é causado por embolia. Êmbolos= qualquer substância livre na circulação capaz de obstruir. Microscopia: células que sofreram infarto: presença básica da estrutura renal, células sem núcleo; leucócitos presentes e arcabouço da célula preservada (principal característica por necrose por coagulação). A própria lesão impede a proteólise por isso é mantida a forma da célula (arquitetura tecidual). NECROSE CASEOSA Caseum= queijo MACROSCOPIA: Denominada caseosa devido seu aspecto. Lesão branca, pálida, flácida. MICROSCOPIA: não há presença de detalhes estruturais, mas uma massa acidófila, homogênea e compacta com perda dos detalhes estruturais. Não esta relacionada com dano isquêmico, esta necrose se deve a liberação de citocinas inflamatórias liberadas por macrófagos. Principalmente Fator de Necrose Tumoral (TNF). Necrose causada por citocinas inflamatórias liberados pelos macrófagos principalmente necrose tumoral. Essa aparência é característica de um foco de inflamação denominado de granuloma. Lesão COMUM (não específica) da tuberculose. Necrose caseosa no centro do granuloma= necrose dentro do granuloma. - Granuloma: reação inflamatória que se observa. Conjunto organizado de células inflamatórias, pode ser composto por linfócitos, macrófagos, histiócitos. - Granuloma hepático (conjunto organizado de células inflamadas) é uma doença crônica causada pelo Schistosoma mansoni. NECROSE POR LIQUEFAÇÃO O nome da lesão deve-se ao seu aspecto, amolecido. Também pode ser chamada, necrose liquefativa, caliquação, necrose supurativa/supuração. Devido ao infiltrado inflamatório purulento. Comum em processos inflamatórios causados por bactérias, ou em situações em inflamações fúngicas. Pois os mesmos induzem a resposta inflamatória, se a resposta inflamatória for intensa, ocorre a necrose. Patogenia: Neste processo inflamatório, durante a fagocitose dos MO, os lisossomos do interior dos leucócitos liberam suas enzimas digestivas antes do fechamento do vacúolo fagocitário. Estas enzimas caem no tecido e provocam a necrose. Obstrução da luz, presença de muco Comum em apêndice também. Na apendicite, causada por obstrução da luz do órgão por fecalito (=fezes), podendo ser também por calculo, vermes, juntamente com o muco, o qual é liberado pelo epitélio glandular, promove um aumento da pressão no interior do órgão, o que levara a um colapso venoso, ou seja, redução de fluxo sanguíneo na área. Predominando uma atmosfera hipóxica (diminuição de oxigênio no local), o que favorece a proliferação de bactérias, as quais já existem normalmente no intestino, a presença de tais bactérias no local, induzira a reação inflamatória, os leucócitos irão migrar para o local, realizam a diapedese e são responsáveis pela intensa ação fagocitaria. Em qualquer processo inflamatório onde exista um número acentuado de neutrófilos realizando tal fagocitose, provocara dano tecidual. A necrose liquefativa é causada pelas enzimas liberadas pelos lisossomos de leucócitos exsudados. Tratamento: apendicectomia. Caso não ocorra a retirada do órgão o paciente terá uma evolução, e o seu prognostico pode se tornar sombrio. Pois a apendicite pode evoluir para uma lesão gangrenosa, onde graças a ação microbiana que existe, e consequentemente reação inflamatória, o apêndice acaba necrosando e podendo romper-se. O conteúdo purulento, fecalóide, alcança o peritônio levando a um quadro de peritonite e ate mesmo podendo levar a um choque séptico, no caso de as bactérias ganharem a circulação. Esta necrose também pode ocorrer no cérebro. Onde existe infiltrado neutrofílico demasiado pode ocorrer necrose. Pois isso o clinico além de prescrever o antibiótico, prescreve um anti-inflamatório, pois a mesma não pode exacerbar. MACROSCOPIA: amolecimento da área, áreas com coloração amarelo cremoso, aumentado de volume pela exsudação plasmática e consequentemente neutrofílica. MICROSCOPIA: Há um aspecto purulento devido à presença de piócitos (leucócitos mortos, componente do pus -> supuração). Há exibição de alterações de natureza inflamatória aguda, com destruição e ulceração da mucosa. Há infiltrado neutrofílico inclusive na camada muscular. NECROSE GOMOSA Tem este nome devido ao aspecto da lesão, aspecto semelhando a uma goma. Comum observa-la na sífilis terciaria. Causada pelo Treponema pallidum. Doença sexualmente transmissível alcança um sitio primário na genitália masculina ou feminina, posteriormente a bactéria pode migrar através da corrente sanguínea alcançar outros pontos do organismo do hospedeiro. Na sífilis terciaria podemos observar lesões nos membros superiores, ulceras cutâneas provocadas pela chegada do MO ao local. ESTEATONECROSE Também conhecida por necrose enzimática do tecido adiposo. É o tipo de necrose que compromete os nossos adipócitos, muito comum na mama feminina e na pancreatite aguda. PATOGENIA: liberação de enzimas dos ácinos pancreáticos e tais enzimas liquefazem a parede dos adipócitos presentes no abdômen, ou seja, no peritônio. Com a lesão provocada por tais enzimas a membrana do adipócito se rompe, extravasando a gordura que há dentro das células. A gordura extravasada ira sofrer saponificação (origina as manchas brancas/esbranquiçadas semelhantes a pingos de vela) na presença de sais alcalinos. O que confere o aspecto macroscópico da lesão. MACROSCOPIA: caracteriza-se pela presença de massas esbranquiçadas semelhantes a pingos de vela. MICROSCOPIA: adipócitos apresentam material acidófilo, as vezes granuloso. NECROSE FIBRINÓIDE Comum nas vasculites. O material acidofilo se deposita na parede dos vasos, deposição esta de imunocomplexos, ou seja anticorpos, e com a reação inflamatoria na parede do vaso sofre necrose e seu aspecto assemelha-se a fibrina, por isso denomina-se fibrinóide.