Buscar

GESTÃO DE SISTEMAS ORG DA EDUCAÇAO BRASILEIRA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GESTÃO DE SISTEMAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Roberta Ravaglio Gagno 
 
 
 
02 
CONVERSA INICIAL 
 Nossa disciplina versa sobre gestão de sistemas, mas, para podermos 
compreender como a gestão de sistemas funciona, é necessário entendermos 
uma série de questões que a envolvem. Nesta aula conversaremos a respeito da 
organização da educação brasileira como um todo. Você já se perguntou como 
funciona nosso sistema educacional e sua relação com os marcos legais 
brasileiros? Já pensou de que forma se constitui e o que é necessário para a 
manutenção de um sistema municipal? Mas o que é sistema? Será que ele 
realmente existe ou temos apenas uma concepção teórica desse conceito? 
Vamos olhar essas questões mais de perto? 
CONTEXTUALIZANDO 
 Para gerir um sistema, seja ele estadual, municipal ou ainda a nível 
escolar, precisamos conhecer a fundo a organização e a legalidade que 
pressupõe a temática. Por exemplo, você, em sua casa, pode tomar decisões à 
revelia a respeito das relações estabelecidas com os demais que ali convivem? 
Existem normas e direcionamento combinados com todos que ali habitam? Isso 
é feito de forma democrática ou não? Mas será que é possível que todas essas 
decisões e direcionamentos sejam democráticos? Da mesma forma ocorre na 
educação e no sistema educacional. Que tal me acompanharem nesta aula e 
descobrirem um pouco mais sobre toda essa organização educacional? 
TEMA 1 – ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: ESTRUTURA 
ADMINISTRATIVA 
Um dos autores que reflete a respeito do sistema escolar é Dias (2012), 
para quem este é composto por uma rede de escolas destinadas à atividade fim 
da educação, que podemos considerar como o processo de ensino-
aprendizagem. Para que este processo ocorra como atividade fim, é necessária 
uma estrutura que o sustente, contendo normas, sejam elas leis, decretos, 
regimentos e portarias. É preciso ainda que contenha conteúdo de ensino e 
também uma dada metodologia. 
A manutenção desse sistema pode ocorrer de maneiras distintas, 
conforme a natureza das instituições, ou seja, as entidades mantidas pelo poder 
público são subdivididas em municipal, estadual ou federal. Já as entidades 
 
 
03 
particulares, que podem ser leigas ou confessionais, são mantidas com as 
verbas recolhidas por meio das mensalidades, mas precisam seguir as leis 
estabelecidas no âmbito público. 
No contexto legal da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – 
LDB (Brasil, 1996), o sistema escolar brasileiro apresenta-se dividido em níveis e 
modalidades. São consideradas como modalidades de ensino: educação 
profissional, educação à distância, educação especial, educação de jovens e 
adultos e do campo. Os níveis, por sua vez, estão organizados conforme a 
tabela a seguir: 
Tabela 1 – Níveis e modalidades do sistema escolar brasileiro 
Níveis Idade Tempo de duração 
EDUCAÇÃO 
BÁSICA 
EDUCAÇÃO INFANTIL 0 a 5 anos 
Variável de acordo 
com a opção familiar 
ENSINO FUNDAMENTAL 6 a 14 anos 9 anos 
ENSINO MÉDIO 14 a 17 anos 3 anos 
EDUCAÇÃO 
SUPERIOR 
GRADUAÇÃO A partir de 17 anos Variável 
PÓS-GRADUAÇÃO -- Variável 
TEMA 2 – ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA ESCOLAR - MODALIDADES 
Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (Brasil, 1996) 
são apresentadas três modalidades de educação: educação profissional, 
educação especial e educação de jovens e adultos. Atualmente ainda é 
concebida mais uma modalidade importante, a educação à distância. 
 
 
 
 
04 
2.1 Modalidades da educação 
2.1.1 Educação profissional 
A educação profissional tem como objetivo precípuo o desenvolvimento 
de conhecimentos e aptidões direcionados à vida produtiva. Essa modalidade de 
ensino está integrada à tecnologia, ao trabalho e à ciência, podendo ser 
desenvolvida em diversas formas de educação. 
Sua aplicação e sua coordenação precisam estar atreladas por uma 
instituição de formação continuada ou uma instituição de ensino regular. Ao 
pensarmos na educação profissional, cabe conhecer que sua organização se dá 
em três níveis: básico, técnico e tecnológico. É importante ressaltar que essa 
modalidade de educação é destinada aos alunos do ensino regular que 
frequentam a educação básica. 
A organização curricular dessa modalidade pode ocorrer por meio de 
módulos que devem ser estudados pelos alunos e, ao serem finalizados, dão a 
eles o direito a um certificado. A junção desses certificados de qualificação 
profissional culmina na emissão de um diploma técnico de nível médio. Isso 
também é possível no ensino superior nos cursos de tecnólogos que fornecem 
como certificação um diploma de tecnólogo. 
Saiba mais 
Você pode conhecer mais sobre a história e as leis referentes à educação 
profissional. Para isso, indico os seguintes livros, que podem ajudar com um 
panorama dessa modalidade de ensino: 
NAGLE, J. Educação e sociedade na Primeira República. São Paulo: EPU, 
2001. 
ROMANELLI, O. O. História da educação no Brasil. São Paulo: Vozes, 2002. 
SAVIANI, D. História das ideias pedagógicas no Brasil. Campinas, SP, 
Autores Associados, 2007. 
2.1.2 Educação à distância 
A modalidade educação à distância, devido à sua natureza, amplia 
espaços educacionais no contexto da educação. Para isso, utiliza-se da 
tecnologia, que aumenta o seu potencial pedagógico e didático, levando uma 
educação especializada a diferentes localidades que por vezes não possuem 
 
 
05 
uma educação sistemática e especializada que atenda a toda a população. Com 
base nesse atendimento realizado nessa modalidade, ampliam as oportunidades 
de estudos, além de ter a possibilidade de oferta para a atualização profissional 
continuada e permanente. 
Saiba mais 
1. Você pode conhecer mais sobre essa modalidade e programas do 
governo que versam a respeito da qualidade da educação a distância acessando 
o link a seguir: 
<http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/legislacao/refead1.pdf> 
2. Outra forma de saber mais sobre o assunto é lendo bons periódicos na 
área. Uma possibilidade é o seguinte artigo que versa sobre essa modalidade de 
ensino. Para lê-lo, acesse o link a seguir: 
 <http://portalrevistas.ucb.br/index.php/raead> 
2.1.3 Educação especial 
Ao longo da história da educação especial, observa-se que a concepção 
de atendimento destinado às crianças e adultos deficientes sofreu importantes 
mudanças, com muitos avanços, mas também com alguns retrocessos. Ao 
observarmos de perto as possibilidades de inserção e inclusão, bem como as 
metodologias voltadas para essa modalidade, compreende-se que há muito o 
que se fazer ainda para que esse atendimento esteja adequado às 
necessidades individuais dos estudantes. 
Alguns documentos do Ministério da Educação apontam que no Brasil 
10% da população possui algum tipo de deficiência, seja ela física ou mental. 
Com relação às questões de deficiência, o artigo 205 da Constituição Federal 
(Brasil, 1988) afirma que a oferta da Educação Especial é dever do Estado, 
concepção que também aparece no artigo 58 da Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional (Brasil, 1996). Nesse contexto, o Estado tem a obrigação de 
atendimento educacional com qualidade para essa população. 
Existe a previsão do atendimento dessa modalidade de ensino, 
preferencialmente na rede regular, situação denominada de inclusão, mas a 
viabilização dessa situação fica comprometida quando a capacitação de 
professores do ensino regular para essa finalidade deixa a desejar, ou ainda 
quando estruturas e falta de professores ocorrem.Quantos professores da rede 
 
 
06 
pública de ensino receberam uma formação especializada para trabalhar de 
forma adequada com essas crianças, jovens e adultos? Quantas crianças, 
jovens e adultos têm a possibilidade de um professor tutor que os auxilie em 
suas atividades escolares? As estruturas físicas das escolas são adaptadas para 
atender às deficiências individuais? Consegue-se a implementação de turmas 
reduzidas quando existem crianças com deficiências? Para que a inclusão 
ocorra de fato, é imprescindível que o Estado forneça condições necessárias aos 
professores e às escolas. A educação não pode ser omissa. Para isso, a 
inclusão deve ser garantida a todos e não somente àqueles que já são incluídos. 
Saiba mais 
1. Uma possibilidade de conhecer mais a respeito da política sobre a educação 
especial é por meio do site do MEC. Para conhecê-lo, acesse o link a seguir: 
<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12716
&Itemid=863> 
2. Ou ainda por meio de sites de Ongs, universidades ou governos de estados e 
municípios refletindo sobre essa modalidade. Acesse os links a seguir: 
<http://www.vezdavoz.com.br/site/index.php> 
<http://www.sac.org.br/> 
<http://intervox.nce.ufrj.br/> 
<http://www.ibc.gov.br/> 
<http://www.labtate.ufsc.br/cartografia_tatil.html> 
<http://www.fsdown.org.br/> 
<http://www.acessobrasil.org.br/libras/> 
<http://conbrasd.org/wp/> 
<http://www.deficientesvisuais.org.br/> 
<http://www.apaebrasil.org.br/> 
2.1.4 Educação de jovens e adultos 
A educação de jovens e adultos (EJA) é a única modalidade que trabalha 
para sua extinção. Hoje estamos inseridos em uma sociedade mercantil e as 
questões de ordem para a inserção nesta é a capacitação e a atualização. Quem 
conhece mais pode mais. Por outro lado, essa mesma sociedade, por questões 
políticas, econômicas, culturais e sociais, direciona crianças e jovens para a 
 
 
07 
mundo do trabalho de forma precoce, o que leva muitas vezes, ao abandono dos 
estudos. 
Consequentemente, retornar a estudar, mesmo que de forma tardia, 
acaba sendo a única opção para milhares de brasileiros. Com base nisso, a EJA 
se torna uma possibilidade real de reconstrução de vida ativa e de 
ressignificação do conhecimento escolar sistematizado que por vezes foi 
deixado para trás. 
Ao realizar esse retorno aos bancos escolares, jovens e adultos 
enfrentam inúmeros problemas e dificuldades, conforme mencionado por eles 
mesmos: 
 A grande diferença da escola, do comportamento e saberes da época em 
que estudou e a atual. 
 A vergonha de não conhecer o que é necessário na escola. 
 Apresentam um cansaço muito grande devido à dupla jornada de 
trabalho. 
 A dificuldade de compreender conceitos que para eles são considerados 
abstratos e distantes da sua realidade. 
 A dificuldade de conciliar questões importantes da vida adulta que se 
tornam todas urgentes com o passar do tempo, como estudos, emprego e 
família. 
Saiba mais 
Caso você ainda não tenha trabalhado ou conhecido essas angústias 
dessa modalidade de ensino de perto, indico conhecer melhor quem é esse 
aluno da EJA. Para isso, acesse o link a seguir e assista ao seguinte vídeo com 
depoimentos: 
<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/objetos_de_
aprendizagem/2011/sociologia/analfabetismo.swf> 
O esclarecimento teórico do profissional que trabalha com a educação 
deve se dar em todos os espaços educacionais. Com relação à EJA, cabe a ele 
compreender a trajetória de vida e as diferentes necessidades apresentadas por 
esses alunos, bem como é necessário o respeito a diferentes culturas e 
histórias. Refletir sobre os tempos escolares que se apresentam diferentes dos 
tempos infantis; compreender as peculiaridades da idade, os limites, as 
possibilidades e motivações; envolver conhecimentos teóricos com saberes 
 
 
08 
práticos são questões essenciais para um profissional envolvido com a 
educação de jovens e adultos. 
TEMA 3 – O QUE É SISTEMA DE ENSINO 
A educação brasileira é composta de sistemas de ensino e sistemas 
escolares. Conhecer esses sistemas e as leis que regem a organização destes é 
fundamental para a compreensão do funcionamento da gestão dos sistemas, 
bem como os impactos no interior da escola. 
Você conhece o significado do termo sistema escolar? 
De acordo com Saviani (2009), para que um sistema escolar possa 
constituir-se, é indispensável a regulamentação por meio de normas próprias. 
Nesse caminho, pode-se conceituar sistema como sendo um conjunto da 
educação coerente e operante com diferentes elementos que reúne as escolas, 
mas não se esgota nelas. Para Saviani (2009), o sistema é instituído para 
atender às necessidades da educação, articular diferentes aspectos de modo a 
desenvolver uma ação sistematizada, voltada a objetivos, movimentando meios 
direcionados para esse fim. 
Dias (2002) reflete a respeito dos sistemas e os subdivide, para melhor 
compreensão, nas seguintes expressões: sistema escolar, que abrange uma 
rede de escolas e sua estrutura de sustentação; sistema de ensino, que são as 
escolas e as instituições que regulam a educação sistemática. Cita como 
exemplos: escolas de inglês, professores particulares, etc. Por fim, o sistema de 
educação, que é considerada a expressão mais ampla, pois envolve todas as 
instâncias que de alguma forma são envolvidas com a educação, sejam formais 
ou informais, como famílias, clubes, empresas, igrejas e escolas, por exemplo. 
Diante desses dois conceitos, pode-se perceber uma divergência no 
sentido descrito por Saviani (2009), para quem os sistemas de educação podem 
ser apenas organizados pelas instituições públicas, pois há possibilidade de 
regulamentação, desde que dispostas para esse fim, no sentido de que são 
unidades políticas apropriadas para legislar na educação. Por outro lado, as 
instituições particulares não têm essa autonomia, pois cabe a elas se 
organizarem por meio de redes, já que integram o sistema público e são 
subordinadas às normas públicas. Embora algumas questões referentes à 
educação privada possam aparecer, neste material iremos direcionar os estudos 
para a organização e a gestão dos sistemas no ensino público. 
 
 
09 
3.1 Sistema de ensino – diversas abordagens 
 Pode-se conceituar o termo sistema educacional de maneiras 
diferenciadas. Uma delas é pela etimologia. Para Saviani (2008, p. 27), o 
significado seria o de “um conjunto de partes organicamente relacionadas entre 
si”. Outra forma, para o referido autor, seria o conceito elaborado partindo do 
fato em si, como o de “uma instituição ou conjunto de instituições em que se 
realiza a educação” (Saviani, 2008, p. 28). Uma terceira possibilidade ventilada 
pelo autor é conceituar partindo do fenômeno, nesse sentido o sistema sempre 
está “referido à realidade humana” (Saviani, 2008, p. 29), pois o homem o 
organiza, sendo, portanto, uma atividade sistematizadora. Por fim, em uma outra 
definição, conceitua-se como um conjunto dinâmico, com elementos que 
interagem, que incorporam contradições que são condicionantes e 
condicionados pelo contexto. 
3.2 Noção de sistema para Saviani 
 O ato de sistematizar é intencional, já que pressupõe uma consciência 
refletida, um objetivo que dá sentido, um projeto que seja prévio. Com base 
nesse pressuposto, sistematizar é “dar, intencionalmente, unidade à 
multiplicidade” (Saviani, 2008, p. 77). São elementos que, ao serem reunidos, 
não perdem a especificidade que lhes é própria. Com isso, para o referido autor, 
a noção de sistema implica intencionalidade, unidade, variedade, coerência 
interna e coerência externa.Finalizando sua ideia, Saviani (2008, p. 80) 
conceitualiza sistema como uma “unidade de vários elementos intencionalmente 
reunidos, de modo a formar um conjunto coerente e operante”. 
3.3. Sistema educacional 
O sistema educacional é proveniente de uma atividade igualmente 
sistematizadora, sendo “um resultado intencional de uma práxis intencional” 
(Saviani, 2008, p. 85) comum. Com isso, a construção de um sistema de 
educação, para o autor acima citado, precisa das seguintes condições para a 
sua construção: “consciência dos problemas da situação, conhecimento da 
realidade, formulação de uma pedagogia” (Saviani, 2008, p. 87). 
Diante dessas questões, você deve estar se perguntando: 
 Como se dá a organização um sistema de educação? 
 
 
010 
 Em que níveis pode funcionar? 
 Existem órgãos atrelados a ele para a organização do funcionamento? 
 Há uma legislação própria que verse a esse respeito? 
 A população pode participar dessa organização? Caso afirmativo, como? 
Essas são algumas reflexões que abordaremos nos próximos temas. 
TEMA 4 – SISTEMA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO 
Sistema compreende um conjunto de elementos, ideais e ou concretos, 
que mantêm a relação entre si formando uma estrutura. Elementos, 
partes e estruturadas em relação interdependente, formando um todo 
dotado de certo grau de harmonia e autonomia e voltado para uma 
finalidade. (Bordignon, 2009, p. 25) 
A constituição de um sistema de ensino organiza, formaliza e dá coesão a 
um projeto de educação vinculado a um município. Essa organização precisa se 
articular ao Sistema Nacional de Educação. Assim sendo, a construção de um 
sistema municipal deve acontecer através de um processo de institucionalização 
e com normas previamente formalizadas. 
A criação de um sistema municipal de educação determina a organização 
das ações educacionais de um dado município, no que se refere a aspectos 
legais e formais. Esse tipo de organização garante autonomia e 
responsabilidade do município, o que pode inseri-lo em um processo de gestão 
democrática de educação. 
Para que isso ocorra, é importante a elaboração de um plano municipal 
de ensino, com metas e objetivos direcionados aos principais problemas e 
intencionalidades da localidade. 
 4.1 A legislação e a constituição de um sistema de ensino 
A possibilidade de constituição de um sistema municipal de educação já 
era prevista desde a Lei n. 5.692/71, bem como a implantação de conselhos 
municipais como órgãos consultivos e deliberativos, mas sua prática se efetivou 
apenas com a Lei n. 9.394/96 (Brasil, 1996), que regulamentou a previsão da 
Constituição Federal (Brasil, 1988), delegando aos municípios as atribuições 
para isso. 
 Sendo constituídos como sistemas de ensino autônomos, em 
conformidade com as atribuições legais, os municípios que até então seguiam as 
prerrogativas dos sistemas estaduais de ensino lenta e progressivamente foram 
 
 
011 
se estruturando. Essa foi uma forma de romper com a centralização de normas e 
estruturas de ensino que direcionavam a educação brasileira. 
Na Constituição de 1988, artigo 211, designa-se a organização de 
sistemas do ensino: 
Art. 211 A União, os Estado, o Distrito Federal e os Municípios 
organizarão, em regime de colaboração seus sistemas de ensino. 
(...) 
§ 4° Na organização de seus sistemas de ensino, os estados e os 
municípios definirão formas de colaboração, de modo a assegurar a 
universalização do ensino obrigatório. (Brasil, 1988) 
Com a prerrogativa da lei, os entes federados têm autonomia para, em 
regime de colaboração, desempenhar responsabilidades incumbidas pela 
Constituição Federal e definirem a organização de seus sistemas. 
Já a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Brasil, 1996) 
orienta que “Os sistemas de ensino terão liberdade de organização nos termos 
desta lei (...)” e complementa, no artigo 11, que os municípios que não 
constituírem seus sistemas de ensino poderão se integrar ao sistema estadual 
ou compor em conjunto um sistema único de educação. 
Para a constituição de um sistema municipal de ensino, devem ser 
levados em conta, além de referenciais teóricos sobre a temática, leis nacionais 
e municipais e a realidade local. Nessa organização, é preciso que haja uma 
formalização por meio de um ato decreto do Poder Executivo, juntamente de 
uma portaria da Secretaria da Educação, ou ainda por uma resolução do 
conselho de educação, que, por sua vez, deve ser constituído pela rede de 
escolas e instituições de educação infantil: Secretaria Municipal da Educação e 
Conselho Municipal de Educação. 
As funções de todos esses entes devem ser compreendidas, pois o 
sistema de educação é articulador, o conselho de educação é normatizador e o 
plano é um instrumento organizador das ações. 
Saiba mais 
Você pode saber mais sobre a criação e o funcionamento dos sistemas de 
educação acessando o link a seguir e lendo o artigo de Demerval Saviani. 
“Sistemas de ensino e planos de educação: o âmbito dos municípios”: 
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-
73301999000400006&script=sci_abstract&tlng=pt> 
 
 
012 
TEMA 5 – CONSELHO E PLANO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO 
Os estados e municípios brasileiros são responsáveis pela maior parte da 
organização da rede pública de ensino no que se refere à educação básica. A 
União, por sua vez, mantém algumas escolas de educação básica, cursos 
técnicos federais e parte do ensino superior. 
Normalmente essa organização se dá pela vinculação dos municípios ao 
atendimento da educação infantil, até o 5° ano do ensino fundamental (de 0 a 10 
anos, aproximadamente). Já os estados são responsáveis, na sua maioria, pelos 
6° anos até o final do ensino médio (de 11 a 17 anos, aproximadamente). É 
intenção legal que os sistemas municipais se tornem responsáveis 
gradativamente pela educação básica na íntegra. 
A organização de conselhos não ocorre apenas no âmbito educacional. 
Na educação, o princípio democrático participativo tem orientado a educação em 
âmbito nacional e reflete a organização de conselhos em diversas instâncias 
governamentais e com níveis de participação diferenciados. Compreende-se que 
essa é uma conquista histórica que garante a participação democrática e o 
controle do cidadão. Um dos exemplos para a compreensão desses níveis e 
instâncias observa-se na criação dos seguintes conselhos: Conselho Municipal 
de Educação, Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundo de 
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Conselho de 
Alimentação Escolar, por exemplo. 
 E você, como cidadão partícipe das decisões de seu município e estado, 
participa ou já participou de alguns desses conselhos na sua região? Tem 
conhecimento de que existem e como funcionam? 
a participação nos conselhos gera convivência, estimula a 
manifestação do conflito, fruto das diferenças entre os pontos de vista 
de grupos, camadas e classes sociais diferentes, o que deve ser visto 
como algo natural e necessário em um contexto de participação 
democrática... Os conselhos devem ser espaço e mecanismo operativo 
a favor da democracia e do exercício da cidadania, em todo e em 
qualquer contexto sociopolítico. Eles podem se transformar em aliados 
potenciais e estratégicos na democratização da gestão das políticas 
sociais. (Gohn, 2011, p. 104 e 105) 
A existência dos conselhos é um grande avanço e ganho para a 
sociedade em geral de forma que auxilia no controle e acompanhamento das 
ações públicas e, no caso aqui, no âmbito educacional, refletindo a respeito da 
realidade, fornecendo conhecimento, reflexão, possibilitando discussão e 
transformação da educação. Um dos objetivos desses conselhos é agir para013 
garantir o prosseguimento das políticas na área da educação, devido à 
transitoriedade de governos e políticas de governo e não de Estado 
desenvolvida por esses. 
Você sabia que as funções dos conselhos são de caráter deliberativo, 
consultivo, mobilizador e fiscalizador? 
Pensando de uma forma prática, pode-se dizer que os conselhos 
municipais de educação são órgãos consultivos, normativos e deliberativos, 
regulamentados por leis federais e estaduais, criados por uma lei municipal, pela 
ação do Poder Executivo. A eleição de seus membros representantes da 
comunidade deve ocorrer pela eleição entre os pares, mas também ocorre, no 
caso dos representantes da administração pública, pela indicação de 
representantes. No entanto, cabe ao prefeito nomear todos por decreto 
municipal. Essa composição ocorre pela representação dos diferentes 
segmentos da sociedade que compõem a sociedade civil, como entidades, 
Ongs, Poder Executivo e sociedade civil. Essa composição deve se dar de 
acordo com o tamanho do sistema municipal de ensino, o que pode variar de 
dois a trinta e cinco componentes, por exemplo. Essa organização precisa ser 
equitativa no que tange à representatividade dos segmentos, ou seja, deve 
haver igualdade entre a representação do executivo e da sociedade civil. Com 
relação aos mandatos, esses podem variar de dois a quatro anos, conforme 
estipulado pelo próprio sistema. Essas situações de composição, eleição e 
mandatos devem ser previstas em estatuto próprio, bem como direitos, deveres 
e funções. 
A existência de conselhos auxilia na formação de uma democracia no 
sentido gramsciano, uma democracia que se constrói com participação efetiva 
de todos os cidadãos no exercício do poder. É com base no funcionamento 
efetivo de conselhos que se edifica um conceito mais extenso de gestão. Essa 
organização funciona no sentido inverso de uma prática de democracia e de 
gestão no âmbito de uma democracia liberal. Nesta, o poder, a política e a 
gestão se concentram apenas no exercício do governo e por meio dos que foram 
eleitos pelo voto periódico. 
Saiba mais 
Você gostaria de saber um pouco mais sobre a organização e 
funcionamento dos conselhos? Então consulte o site do MEC: 
 
 
014 
<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=14753
&Itemid=866> 
Para finalizar esse tópico, é interessante refletir que 
Uma sociedade civil participativa, autônoma, com seus direitos de 
cidadania conquistados, respeitados e exercidos em várias dimensões, 
exige também vontade política dos governantes, principalmente 
daqueles eleitos representantes do povo, pois trata-se de uma tarefa 
que não é apenas dos cidadãos isolados. As dificuldades de 
representatividade nos diversos tipos de conselho da área da educação 
decorrem também da não-transparência das gestões públicas – dado o 
fato de não tornarem públicas as informações. Na luta pela igualdade, 
a sociedade deve se organizar politicamente para acabar com as 
distorções do mercado (e não apenas corrigir suas iniquidades) e lutar 
para coibir os desmandos dos políticos e administradores 
inescrupulosos. A exigência de uma democracia participativa deve 
combinar lutas sociais com lutas institucionais, e a área da educação é 
um grande espaço para essas ações, via a participação nos conselhos. 
(Gohn, 2011, p.105 e 106). 
5.1 Plano municipal de educação 
Para colocar em prática as funções consultiva, deliberativa e fiscalizadora 
de um conselho, é necessário um plano que oriente essas decisões. O 
planejamento é uma importante ferramenta que auxilia a refletir a prática, 
organizando-a, sempre com a intenção de alcançar os objetivos propostos. 
Dessa forma, pode-se afirmar que um planejamento no sentido aqui exposto tem 
seus atos baseados em princípios e intenções e pautados por um rumo e uma 
direção previamente estudada, acordada, sistematizada com a finalidade de ser 
colocada em prática. 
Nesse sentido, um plano municipal de educação (PME) apresenta um 
rumo a ser tomado no que diz respeito à educação de um dado município. É 
preciso que nele esteja explícita a intenção de fornecer o atendimento e o 
desenvolvimento das escolas objetivando a busca da qualidade educacional. Ao 
organizar um PME, três perguntas precisam ser respondidas: 
 Onde está a educação desse município? 
 O que fazer para ela se desenvolver? 
 Para tal, o que é necessário fazer? 
De acordo com Bordignon (2009), um PME deve ser constituído com base 
nos seguintes princípios: visão sistêmica, construção participativa, flexibilidade, 
governabilidade e regime de colaboração. 
Além dessas questões, o município deve ainda observar os seguintes 
documentos na construção de seu PME: Constituição, LDB, PNE, PDE, 
 
 
015 
FUNDEB, plano estadual de educação, diretrizes curriculares nacionais, regime 
de colaboração, lei orgânica e leis municipais. Questões como a missão do 
município, ou ainda a análise da situação da educação no município e a 
concepção de educação do município também devem servir de orientação na 
constituição deste. 
NA PRÁTICA 
A constituição de um sistema municipal de ensino exerce grande impacto 
no cotidiano das escolas. Questões como aprovação de projeto político 
pedagógico e de calendário escolar são exemplos disso. Garantir a autonomia 
de acordo com os sonhos e realidade do município são questões importantes 
que precisam ser levadas em conta nessa constituição. 
FINALIZANDO 
Nesta aula, refletimos um pouco a respeito da organização da educação 
brasileira. Compreendemos que sua constituição se dá a partir de níveis e 
modalidades. Compreendemos também o quão é importante que os municípios 
de organizem e constituam seus sistemas municipais de educação como forma 
de aprimorar o debate e fortalecer a gestão democrática, participativa e a 
autonomia. 
 
 
 
016 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, 
Brasília, DF, 23 dez. 1996. 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial 
da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5 out. 1988. 
BORDIGNON, G. Gestão da educação no município: sistema, conselho e 
plano. São Paulo: Instituto Paulo Freire, 2009. 
DIAS, J. A. Sistema escolar brasileiro. In: MENESES, J. G. C. (Org). Estrutura e 
funcionamento da educação básica. São Paulo: Pioneira, 2002. 
GOHN, M. G. M. Conselhos gestores e participação sociopolítica. São 
Paulo: Cortez, 2001. 
SAVIANI, D.. Educação brasileira: estrutura e sistemas. 10. ed. Campinas, SP: 
Autores Associados, 2008. 
_____. Escola e democracia: polêmicas do nosso tempo. 30. ed. Campinas: 
Autores Associados, 2009.

Continue navegando