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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – UnB INSTITUTO DE QUÍMICA – IQ LABORATÓRIO DE ENGENHARIA QUÍMICA II TURMA – A DESTILAÇÃO FRACIONADA EM COLUNAS DE PRATOS PERFURADOS ARTHUR DE SOUZA TOMÉ – 15/0118538 JOSÉ GUILHERME BISPO FERNANDES – 15/0132867 LHUCAS TENÓRIO DE M. DE S. – 15/0136111 REBECA QUEIROZ RIBEIRO – 15/0146531 VANDRESSA PEREIRA AMORIM – 15/0150512 BRASÍLIA 2019 Objetivo O objetivo da experiência de destilação fracionada em coluna de pratos perfurados é observar o comportamento de um sistema deste tipo quando operado em modo contínuo, quantificando a separação de dois componentes em função da diferença dos seus pontos de ebulição. Será estudada a influência da taxa de refluxo que é um parâmetro de operação típico nestes sistemas. Material e métodos A instalação experimental conta com um sistema de coluna de destilação multiestágios e medidor de índice de refração. A coluna é alimentada a partir de um tanque contendo uma mistura constituída de 1 litro de ácido acético e 150mL de água, que chega à coluna através de uma bomba centrífuga e é regulada por um rotâmetro. Com uma bomba centrífuga e abrindo a válvula na posição 60, a alimentação passa por dois trocadores de calor para ser pré-aquecida antes de passar pela resistência e entrar na coluna. Nos pratos de Teflon ocorre o contato entre líquido e vapor, de modo que o último ascende pelos furos e o primeiro desce pelos tubos de retorno. O controle das vazões é feito por uma válvula e elas são lidas por um rotâmetro. O refervedor na parte inferior vaporiza o resíduo, sendo que parte dele volta para a coluna como refluxo de fundo na posição 42 do rotâmetro e o restante é removido como produto de fundo. Na parte superior, existe um condensador, sendo que parte de sua saída é retirada como destilado com o rotâmetro na posição 10 e a outra fração volta para a coluna como refluxo de topo com o rotâmetro na posição 20 correspondentes ao refluxo inicial. Uma vez fixadas as condições de operação, a potência de aquecimento será aumentada lentamente até o regime estacionário das temperaturas ao longo da coluna. O esquema da instalação experimental é descrito abaixo: Figura 1. Unidade de destilação contínua. 1) coluna de destilação com pratos perfurados, 2) aquecedor do refluxo, 3) rotâmetro do refluxo, 4) condensador do topo, 5) amostra do produto de topo, 6) acumulador, 7) bomba de refluxo, 8) rotâmetro do produto de topo, 9) tanque do produto de topo, 10) amostra do produto de fundo quente, 11) trocador, 12) rotâmetro de alimentação, 13) rotâmetro do produto final, 14) amostra do produto de fundo frio, 15) bomba de alimentação, 16) tanque de alimentação, 17) amostra da alimentação, 18) tanque do produto de fundo, 19) trocador, 20) refervedor e 21) aquecedor de alimentação. Resultados e discussões Inicialmente realizou-se a curva de calibração do medidor de índice de refração. Para tal, preparou-se 6 soluções de 27 gramas cada. Os dados são apresentados na tabela a seguir: Tabela 1. Dados das amostras de água com ácido acético Amostras Massa água (g) Massa ácido acético (g) Massa (g) Índice de refração Água pura 25,06 0 25,06 1,332 5g de ácido acético + 20g de água 20,02 5,02 25,04 1,344 10g de ácido acético + 15g de água 15,05 9,97 25,02 1,355 15g de ácido acético + 10g de água 10 15,03 25,03 1,367 20g de ácido acético + 5g de água 5,2 20 25,2 1,374 Ácido acético puro 0 25 25 1,37 A partir dos dados das amostras, é possível determinar a fração molar de água para realizar a curva de equilíbrio a seguir: Tabela 2. Dados das frações molares de água e ácido acético X água X ácido 1 0 0,799521 0,200479 0,601519 0,398481 0,399521 0,600479 0,206349 0,793651 0 1 Gráfico 1. Curva de equilíbrio x água vs Índice de refração y = -0,0539x + 1,3868 R² = 0,9938 1,325 1,33 1,335 1,34 1,345 1,35 1,355 1,36 1,365 1,37 1,375 1,38 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 Ín d ic e d e re fr aç ão IR Fração da água xágua x = fração molar de água y = índice de refração A regressão linear mostrou um valor de R2 de 0,99389 o que é um valor aceitável para a prática realizada. Com o uso do gráfico e da equação da reta encontrada, é possível obter as frações mássicas para os dados de refração da alimentação da coluna de destilação e dos produtos de topo e fundo. Os valores das frações mássica referentes aos índices de refração e razões de refluxo são distribuídos na tabela a seguir: Tabela 3. Dados das frações molares de água e ácido acético com diferentes razões de refluxo Ld/D IR destilado XD IR resíduo XR 1 1,347 0,738404 1,369 0,330241 2 1,344 0,794063 1,364 0,423006 3 1,343 0,812616 1,361 0,478664 A razão de alimentação foi calculada a partir da equação da reta referente ao gráfico 1 e do índice de refração medido experimentalmente. Com isso, calculou-se: XA = (1,358-1,3868) / (-0,0539) XA = 0,534323 IR da alimentação = 1,358 A razão de alimentação ficou entre as razões de resíduo e razões de destilado, o que era esperado quando se trabalha em estado estacionário. Com isso, plotou-se um gráfico com as frações molares de resíduo e destilado em função das diferentes razões de refluxo usadas durante a prática. Gráfico 2. Frações por razão de refluxo 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 R az ão d e re fl u xo Fração molar Frações por razão de refluxo xR vs Ld/D xD vs Ld/D Ao analisar o gráfico, é possível notar que a fração mássica de água aumentou com o aumento da vazão de refluxo, já que quanto maior a razão de refluxo, maior o tempo de contato entre as fases, aumentando a eficácia da separação. Em seguida, plotou-se os perfis de temperatura para cada razão de refluxo trabalhada. Os dados de temperatura em cada termopar, que estão na estrutura da coluna, na razão de refluxo referente são organizados na tabela abaixo. Tabela 4. Temperatura em cada termopar em diferentes razões de refluxo Ld/D 1 2 3 Termopar T (°C) T (°C) T (°C) 1 32 32 34 2 98 98 99 3 98 98 98 4 99 99 97 5 100 99 98 6 100 99 99 7 101 100 100 8 101 101 101 9 97 99 99 10 97 99 98 11 48 51 49 12 96 75 60 O termopar 1 é referente a alimentação, mas já no termopar 2 ao 10 são da coluna de destilação de cima para baixo, o termopar 11 é a temperatura do refluxo e o termopar 12 é a temperatura da saída do refervedor. Com os dados da tabela 4, têm-se o gráfico a seguir: Gráfico 3. Perfis de temperatura para diferentes razões de refluxo 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104 105 0 2 4 6 8 10 12 Te m p er at u ra ( °C ) Termopar Ld/D = 1 Ld/D = 2 Ld/D = 3 Observa-se pelos gráficos de perfil de temperatura que ocorre um aumento de temperatura na parte mais baixa da coluna, por conta do vapor quente retornando para a coluna e líquido mais frio saindo do topo da coluna. Verifica-se que a coluna atinge temperaturas maiores com razões de refluxo pequena, isso ocorre porque o fluxo de entrada de líquido no topo na tabela é pequeno comparado ao fluxo de vapor que está subindo ao longo dos pratos. Com isso, o tempo de contato das fases é menor e dessa forma a eficácia da separação diminui. Para melhorar a separação, é necessário o aumento da taxa de refluxo para que o tempo de contato entre as fases seja melhor e issoé observado pelas maiores frações mássicas tanto de destilado como de resíduo com o aumento da razão de refluxo. Porém, deve-se encontrar um ponto de razão de refluxo ótima que represente melhores frações de resíduo e destilado. É visto que quanto maior a taxa de refluxo, menor é o calor fornecido ao refervedor, pelo fato de que a taxa de energia do refervedor é proporcional à razão de refluxo, já que com a maior eficácia do processo de destilação, menor será a quantidade de líquido entrando na zona de empobrecimento e com isso, uma quantidade menor de material para é evaporado, logo menos energia é requerida para o líquido ser vaporizado. Na determinação do número de pratos teóricos, usou-se o método de McCabe- Thiele a partir de dados retirados da literatura do equilíbrio líquido-vapor da mistura contendo ácido acético e água. Os dados são mostrados na tabela a seguir: Tabela 5. Dados do equilíbrio líquido-vapor da mistura ácido acético e água T (K) x y 391,15 0 0 390,3 0,0178 0,023 389,35 0,0296 0,0509 387,25 0,0738 0,1356 384,15 0,1644 0,2753 382,25 0,2406 0,3762 380,55 0,334 0,4738 379,45 0,3931 0,5433 378,25 0,4804 0,62 377,3 0,5465 0,6812 376,35 0,6251 0,7459 375,75 0,6884 0,7931 375,15 0,7399 0,803 374,7 0,805 0,8737 374,05 0,8744 0,9169 373,65 0,9347 0,9531 373,25 0,9853 0,9873 373,15 1 1 Plotou-se um diagrama binário da mistura ácido acético e água. Gráfico 4. Diagrama binário da mistura ácido acético e água A partir diagrama foi possível descobrir o ponto de bolha e o ponto de orvalho para a fração molar de água na alimentação, sendo ela 0,534323. Para o cálculo das entalpias são necessárias as entalpias de vaporização da água e do ácido acético nas respectivas temperaturas, multiplicar cada uma pela sua fração mássica e realizar a soma na sequência. Com as temperaturas, calcula-se as entalpias de alimentação no ponto de orvalho, no ponto de bolha e nas condições de alimentação. Para encontrar as entalpias da água foram usados dados de tabelas recolhidas na literatura [5] e para as entalpias de ácido acético igualmente [4]. H = A*(Tc - T) B, sendo A e B parâmetros da molécula, T a temperatura desejada e Tc a temperatura crítica, ambas as temperaturas em Rankine. A temperatura no ponto de bolha na fração mássica 0, 534323 foi de 377,6K, multiplica-se esse valor de temperatura por 9/5 para transformar de Kelvin para Rankine. Os parâmetros A e B para o ácido acético são 11,989 e 0,4575 respectivamente, logo: H = 11,989*((594,75-377,6) * (9/5))0,4575 = 183,9237 Btu/Lb = 427,8065 KJ/Kg 372 374 376 378 380 382 384 386 388 390 392 394 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 Te m p er at u ra ( K ) Frações Água Ácido acético Tendo a temperatura na alimentação igual a 322,15 K e para o ponto de orvalho igual a 379,8 K, o mesmo foi feito para encontrar as outras entalpias. A entalpia da alimentação foi igual a 474,7149 KJ/Kg e a do ponto de orvalho foi igual a 425,8181 KJ/Kg. Gráfico 5. Representação do gráfico 4 para identificação dos pontos de bolha e orvalho As entalpias da água foram encontradas na literatura, sendo a do ponto de bolha igual a 2239 KJ/Kg, a da alimentação igual a 2377,9 KJ/Kg e a do ponto de orvalho igual a 2230,875 KJ/Kg. Com as entalpias de cada substância, foi possível calcular a entalpia da solução e assim o parâmetro q para a reta de operação. HL = 2239 * 0,534323 + (1-0,534323) * 427,8065 = 1395,5688 KJ/Kg HA = 2377,9 * 0,534323 + (1-0,534323) * 474,7149 = 1491,6305 KJ/Kg HV = 2230,875 * 0,534323 + (1-0,534323) * 425,8181 = 1390,3015 KJ/Kg q = (1390,3015 – 1491,3047) / (1390,3015 – 1395,5688) = 19,18 Calcula-se então a volatilidade relativa da mistura, sendo: Teácido = 390,15 K Teágua = 373,15 K ΔT = 17 K Tm = 381,65 K 372 374 376 378 380 382 384 386 388 390 392 394 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 Água Ácido acético Logo, têm-se que: α = e10,7(ΔT/Tm) = 1,6101 Para chegar ao gráfico referente ao método de McCabe-Thiele, utilizou-se um software gratuito disponível em: https://checalc.com/calc/binary.html. As variáveis de entrada foram a volatilidade relativa, as frações molares de alimentação, resíduo e destilado, sendo as duas últimas referentes a maior razão de refluxo trabalhada. Definiu- se uma razão de refluxo igual a 2 e o parâmetro q calculado também foi utilizado com variável de entrada no software. Gráfico 6. Gráfico do método de McCabe – Thiele para determinação do NPT Para determinar a eficiência da coluna, realiza-se o seguinte cálculo da razão do número de pratos teóricos pelo número de pratos reais. η (%) = (NPT / NPR) * 100% NPT = 3,5 (Segundo o método de McCabe-Thiele) NPR = 10 η = 35% Encontrou-se uma eficiência igual a 35%, que é um valor abaixo do esperado após a realização da prática. Conclusão A partir da prática realizada foi possível obter melhores conhecimentos sobre uma coluna de destilação de pratos perfurados. O uso do refratômetro mostrou-se ser um fator limitante e pouco eficiente para a mistura água com ácido acético. Outro fator limitante observado no experimento foi uma grande variação de temperatura nos dois últimos pratos por conta da vaporização do líquido muito próximo ao termopar. A área de contato entre as fases poderia ser otimizada, seja por meio de testes de outras razões de refluxo ou outro um prato com válvulas ou com campânulas a fim de obter uma melhor separação das fases. O uso do método de McCabe – Thiele foi insatisfatório pela pequena eficiência encontrada. Isso pode ter ocorrido pelo fato de que a alimentação recebeu pouco calor antes de entrar na coluna e a partir do valor do parâmetro q conclui-se que o modo de alimentação é de líquido subresfriado. Uma alternativa seria mudar o modo de alimentação para uma mistura líquido mais vapor saturado com um parâmetro q entre 0 e 1 por conta dos dois componentes apresentaram pontos de ebulição muito próximos. Referências [1] - Warren L. McCabe e Julian C. Smith. Operaciones Básicas de Ingeniería Química. Traduzido por Fidel Mato Vázquez, José Coca Prado e Pablo Mogollón Sánchez. Ed. Reverté, Barcelona, 1986. [2] - Francisco R. Júnior, Nicolau G. Ferraro, Paulo T. Soares, Os Fundamentos da Física 2, 8ª ed., Editora Moderna, São Paulo, 2003. [3] - KOEIJER, G. D.; RIVERO, R. Entropy production and exergy loss in experimental distillation columns. Chemical Engineering Science, 2003. [4] - http://essel.com.br/cursos/material/03/Apendice2.pdf, acessado no dia 01/06/2019.
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