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Desmame Micheli Biasibetti Desmame Retirar o paciente da ventilação mecânica pode ser mais difícil que mantê-lo. O processo de retirada do suporte ventilatório ocupa ao redor de 40% do tempo total de ventilação mecânica; O termo desmame refere-se ao processo de transição da ventilação artificial para a espontânea nos pacientes que permanecem em ventilação mecânica invasiva por tempo superior a 24h; Desmame Extubação é a retirada da via aérea artificial. No caso de pacientes traqueostomizados, utiliza-se o termo decanulação. Denomina-se re-intubação ou fracasso de extubação, a necessidade de reinstituir a via aérea artificial. A reintubação é considerada precoce quando ocorre em menos de 48h após a extubação (ou decanulação). Falha no Desmame O retorno à ventilação artificial em um período inferior a 48 horas caracteriza-se como falha no demame. Desmame - Estágios Estágios Características Estágio 1 É quando não há condições para o desmame. PEEP e/ou FiO2 elevadas, ou seja, qualquer desconexão do paciente com a VM é arriscada. Estágio 2 O momento em que o paciente contempla a possibilidade de poder iniciar o processo de desmame da VM Estágio 3 Medidas terapêuticas são indexadas para aplicar critérios para avaliar a possibilidade de desmame. Estágio 4 Redução do suporte ventilatório Estágio 5 A extubação em si ocorre após a interrupção gradual ou abrupta do suporte ventilatório Estágio 6 Utilização da VMNI após a extubação (não aplicado na maioria dos pacientes) Estágio 7 É areintubação(nos casos de falha de desmame) Critérios clínicos para iniciar o desmame: Resolução da causa da falência respiratória; Suspensão ou redução de medicamentos sedativos; Estado normal de consciência; Ausência de sepse; Estabilidade hemodinâmica; Adequação da gasometria arterial; Correção das desordens metabólicas e eletrolíticas. Desmame Sucesso do Desmame depende de sinais e sintomas clínicos; Índices mais utilizados: FiO2 > 50%; Resolução da etiologia respiratória e função respiratória estável; PEEP > 5 cmH2O; FR: <60 cpm (lactentes)/ <30 cpm ( adultos); Ausência de acidose e hipercapnia; Desmame Preditores para o desmame: Pressão Inspiratória máxima (Pimáx); Volume corrente; Frequência respiratória; Índice de Respiração Rápida e Superficial; Pressão de Suporte. Preditores para o desmame: Pressão Inspiratória máxima (Pimáx); Volume corrente; Frequência respiratória; Índice de Respiração Rápida e Superficial; Pressão de Suporte. Prediz principalmente a determinação da força da musculatura ventilatória, em particular, do diafragma. Valores piores que -30 cmH2O são considerados como falência da musculatura ventilatória e não recomenda-se o processo de desmame. Preditores para o desmame: Pressão Inspiratória máxima (Pimáx); Volume corrente; Frequência respiratória; Índice de Respiração Rápida e Superficial; Pressão de Suporte. Valores maiores ou iguais a 325mL são considerados normais para o processo de desmame. Pode-se considerar ainda um VAC entre 5-6 mL/Kg como um bom preditor para o desmame. Preditores para o desmame: Pressão Inspiratória máxima (Pimáx); Volume corrente; Frequência respiratória; Índice de Respiração Rápida e Superficial; Pressão de Suporte. Recomenda-se que a FR seja menor ou igual a 30 ciclos respiratórios por minuto, visto que a taquipneia é um marcador sensível de disfunção ventilatória. Isoladamente, ele pode prolongar o uso de VM pelo paciente. Preditores para o desmame: Pressão Inspiratória máxima (Pimáx); Volume corrente; Frequência respiratória; Índice de Respiração Rápida e Superficial; Pressão de Suporte. Cálculo = FR / VAC Se realiza através de um ventilômetro. Valores superiores a 105 cpm/L/min são preditores de falha do desmame ventilatório. Preditores para o desmame: Pressão Inspiratória máxima (Pimáx); Volume corrente; Frequência respiratória; Índice de Respiração Rápida e Superficial; Pressão de Suporte. A redução ou presença da pressão de suporte reduz a necessidade pressórica da via aérea e indica a ausência da permanência da VM. Valores inferiores a 7cmH2O são indicativos de menor risco de re-intubação e falha. Técnicas de Desmame Retirada Brusca: Utilizada quando paciente é submetido a períodos curtos de intubação (pós-operatório); Realizada logo após o paciente despertar; Não é considerada como método de desmame (alguns autores); Técnicas de Desmame Teste de Desmame: Teste ou triagem para ventilação espontânea: Observar o paciente em CPAP (5 cmH2O) por período de 30 a 120 minutos; Avaliação subjetiva: mudança do estado de consciência; início ou piora do desconforto respiratório; sudorese intensa; sinais de utilização da musculatura acessória respiratória; Técnicas de Desmame Redução Gradual da Pressão de Suporte: O modo pressão de suporte também pode ser utilizado no desmame gradual de pacientes em ventilação mecânica. É realizado através da redução dos valores da pressão de suporte de 2 a 4 cmH2O, de duas a quatro vezes ao dia, tituladas conforme parâmetros clínicos, até atingir 5 a 7 cmH2O; No estudo de Brochard e col., o uso da pressão suporte resultou em menor taxa de falha de desmame, quando comparado ao desmame em ventilação mandatória intermitente sincronizada e ao desmame com períodos progressivos (5 a 120 min) de respiração espontânea em tubo-T. Já no estudo de Esteban e col., o desmame em pressão de suporte foi inferior ao desmame em tubo-T, em termos de duração e taxa de sucesso. Técnicas de Desmame Técnicas de Desmame SIMV O modo ventilatório SIMV intercala ventilações espontâneas do paciente com períodos de ventilação assisto-controlada do ventilador mecânico. O desmame com este método é realizado reduzindo-se progressivamente a frequência mandatória do ventilador artificial. Técnicas de Desmame Teste de Respiração Espontânea (TRE) Também chamado de Ayre/ Tubo-T, utilizando o oxigênio como fonte de fluxo. Utilizado por um período de 30 minutos até 2 horas; Técnica mais antiga e mais utilizada Técnicas de Desmame PARÂMETROS PARA INTERRUPÇÃO DO TESTE DE RESPIRAÇÃO ESPONTÂNEA Parâmetros Sinais de intolerância ao teste FR > 35ipm SaO2 < 90% FC > 140bpm PAS > 180 mmHg ou < 90mmHg Sinais e Sintomas Nível de consciência, sudorese, agitação, alteração na ausculta Técnicas de Desmame IRRS + TRE Associação das duas técnicas Realiza-se IRRS inicial, se resultado bom, coloca-se em TRE; Após 30 min de TRE, paciente repete IRRS; Se for < 105, paciente atende os critérios para extubação. Desmame – Estágios de um paciente ventilado Alta Admissão Início do desmame Não tão precoce que ↑ a chance de reintubação Nem tão tardio que ↑ a chance de complicações relacionadas a VM Desmame Prolongado e Difícil Um terço dos pacientes está inserido nas categorias de desmame prolongado e difícil e apresentam chance de mortalidade em torno de 25% em relação a observados como desmame simples (5%). A maior taxa de mortalidade pode estar relacionada às complicações da VM ou da doença subjacente que originou a necessidade de ventilação. Desmame Prolongado e Difícil Desmame simples Paciente tolerou o 1º TRE e foi extubado com sucesso Desmame difícil Paciente falhou no TRE inicial. O sucesso necessita de três TREs ou 7 dias após 1º teste Desmame prolongado Paciente falhou nos últimos 3 TREs ou foram necessários mais de 7 dias a partir do 1º teste PSV para manter FR < 30 ipm e VAC 5-6 mL/Kg Manter sedação Desmame difícil PEEP = 5cmH2O e FiO2 = 40% por 5 min Tolerância adequada Desligar sedação Teste de Tubo T por 30-60 min Tolerância adequada EXTUBAÇÃO Reavaliar no próximo plantão VMNI por 4hs Suporte O2 Falhas no Desmame Crianças: Crianças de baixa idade (principalmente menores de 6 meses) pela alta complacência da caixa torácica; Baixaelasticidade e alta resistência de vias aéreas, o que ocasiona maios esforço respiratório e risco de atelectasias; Uso prolongado de analgésicos e sedativos; Alta pressão média de vias aéreas; Uso de drogas vasoativas; Altas concentrações de oxigênio; Má nutrição; Falhas no Desmame Adultos: Tempo prolongado de intubação (> 4 dias); Grau de comprometimento estrutural pulmonar; Baixa do nível sensorial; Utilização brusca de retirada da VM. Fracasso no desmame Desmame Traqueostomia: Estudos em adultos mostram benefícios com a realização de traqueostomia nos pacientes que requerem ventilação por tempo prolongado, facilitando o desmame da ventilação. A grande dúvida é em relação ao tempo mais apropriado para realizar o procedimento, se mais precoce ou tardio.
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