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______________________________________________________________________________________ C) Evolucionismo no Brasil Estas teorias racistas europeias foram largamente difundidas e popularizadas entre cientistas brasileiros, inclusive entre os cientistas sociais. Os dois nomes mais famosos são Raymundo Nina Rodrigues55 (1862-1906) e Francisco José de Oliveira Vianna56 (1883-1951). E um refl exo das teorias raciológicas fascistas no Brasil pode ser encontrado em Plínio Salgado57 (1895-1975) e no movimento político chamado, intelectual orgânico, Integralismo. O segundo, Oliveira Vianna, chegou mesmo a apresentar um artigo científi co em um congresso na França, em 1912, alegando que a miscigenação no Brasil para clarear (teoria do branqueamento) e purifi car a raça teria tido um tal sucesso que, dali a cem anos (2012), não existiriam mais negros no Brasil. Evidentemente, isso jamais ocorreu. Contra as teorias de branqueamento, uma sucessão de cientistas brasileiros produziu refl exões para desmascará-las. Até mesmo autores conservadores, como Gilberto Freyre58 que pregou que a qualidade do Brasil, sua particularidade e aquilo que explicaria sua organização social e cultural seria a mistura entre povos – não por causa da raça, mas por causa das trocas, compartilhamentos e empréstimos de costumes entre europeus, ameríndios e africanos. Exercícios de sala 3 A ideia de evolução é exclusiva da ciência? _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ 55 - http://cnec.lk/061f 56 - http://cnec.lk/060r 57 - http://cnec.lk/061e 58 - http://cnec.lk/05vh Fig.7.12 - Pintura a óleo sobre tela realizada pelo pintor espanhol Modesto Brocos em 1895. A obra encontra-se conservada no Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. Sociologia 34 1ª série do Ensino Médio 7.2 Desenvolvimentos da Antropologia A) Mundo afora Assim como na Sociologia, é possível afi rmar que a Antropologia também tem três fundadores: Lewis Henry Morgan59 (1818-1881), autor da obra A sociedade arcaica (1887), em que descreve a evolução em etapas da sociedade humana, sendo a primeira contribuição para explicar o sistema de parentesco por clãs e totens; Edward Burnett Tylor60 (1832-1917), autor de A cultura primitiva (1871), em que descreve, em dois tomos, os sistemas de crenças e sistematiza temas, escopo e método do que veio a ser chamado de antropologia; e Sir James Geogre Frazer61(1854-1941), autor de O ramo de ouro (1890, conclusa em 1935), coletânea em doze volumes de mitos, crenças, costumes, hábitos, religiões, etc. Consultar quadro 1. Os pesquisadores começaram a tentar determinar a origem de cada costume, fazer comparações e catalogar tudo. Assim como o evolucionismo, o determinismo geográfi co, desenvolvido por geógrafos alemães (Alexander von Humboldt62 e Karl Ritter63), postulou que as sociedades eram diferentes em decorrência de particularidades geográfi cas. Os antropólogos, então, passaram a tentar descrever e determinar os estágios de desenvolvimento social. As particularidades eram explicadas pelas características geográfi cas. As semelhanças eram explicadas pela difusão de traços culturais ou empréstimos decorrentes das trocas entre povos. Daí o nome difusionismo, dado a esse primeiro desenvolvimento da antropologia para além do evolucionismo. Consultar quadro 1. Assim, o que se convencionou chamar de Antropologia foi, a princípio, um conjunto de estudos descritivos e comparativos. Esses dois tipos de estudos são uma subárea chamada de Etnologia (lógica das sociedades outras). A técnica ou método de descrição chama-se Etnografi a (descrever o grupo). O estudos das sociedades extintas chama-se Arqueologia e, atualmente, é uma ciência autônoma e praticamente desvinculada da Antropologia, embora outrora fosse parte integrante dela. Consultar quadro 1. Em relação às técnicas de descrição, a maior parte das contribuições vem dos antropólogos britânicos, em especial Bronislaw Malinowski64 e Edward Evan Evans-Pritchard65. Cabe mencionar que os antropólogos britânicos eram contratados pelo governo imperial a fi m de estudarem os povos das colônias para sua preservação in natura – isto é, conforme eram encontrados na natureza, intactos e sem infl uências nocivas – e sua dominação pela coroa inglesa. Esse protecionismo pode parecer muito nobre, mas hoje sabemos que não passa de uma estratégia de justifi cação ideológica da colonização e do subdesenvolvimento, além de, em tempos de guerra, a Antropologia é ciência estratégica como a História e a Geografi a. Consultar quadro 1. A infl uência de Durkheim e seu sobrinho e discípulo Marcel Mauss66, na Antropologia, foi tão grande que, com o tempo, o paradigma biológico foi varrido dessa ciência, dando primazia à explicação da sociedade pela própria organização social em termos históricos. Dá-se o nome de antropologia social ou funcionalista àquela oriunda da França. O adjetivo social acrescentado ao nome da disciplina demarca a cisão com o paradigma naturalista. Consultar quadro 1. Na Inglaterra, essa infl uência também foi sentida. Porém o mentor dessa ciência naquele país foi Alfred Reginald Radcliff e-Brown67 (1881-1955) – que inclusive ministrou um curso na Universidade de São Paulo, na década de 1930-40, cuja infl uência foi ínfi ma frente à língua e à tradição francesa de longa data no Brasil. O conceito fundamental da Antropologia de Radcliff e-Brown é o de estrutura social, defi nido como feixe de relações sociais. Segundo seu arranjo, trata-se de uma premissa de tratar as funções sociais como específi cas em cada sociedade. Por essa razão, naquele país, a Antropologia chama-se estrutural-funcionalista. Consultar quadro 1. Do outro lado do Atlântico, Franz Boas68 (1858-1942), alemão radicado nos EUA, empreendeu estudos antropológicos naquele país, no Canadá e no Alaska. A potência de seu pensamento é de tal monta que ele operacionalizou a superação do evolucionismo, do difusionismo e do racismo 59 - http://cnec.lk/0615 60 - http://cnec.lk/060m 61 - http://cnec.lk/0610 62 - http://cnec.lk/060u 63 - http://cnec.lk/0614 64 - http://cnec.lk/0628 65 - http://cnec.lk/060n 66 - http://cnec.lk/05vv 67 - http://cnec.lk/060f 68 - http://cnec.lk/060s Ciência dos homens e ciência da diferença 35Volume 2 na disciplina antropológica acadêmica dos EUA. Sua proposta alternativa foi original ao procurar por particularidades e especifi cidades dos povos a partir da cultura, concedendo autonomia ao seu desenvolvimento por fatores geográfi cos e históricos. Essa vertente é chamada de Antropologia Cultural. Duas de suas discípulas merecem ser mencionadas: Margaret Mead69 (1901-1978), que pesquisou as variações de uma cultura individual, tendo escrito o livro: Sexo e temperamento; e Ruth Benedict70 (1887-1948), por seus trabalhos sobre o Japão que auxiliaram a vitória, na Segunda Guerra Mundial, dos EUA sobre esse país. Foi autora de O crisântemo e a espada. Ambas são consideradas componentes da “Escola personalidade e cultura”. Consultar quadro 1. Terminada a Segunda Guerra, as autoridades governamentais e internacionais perceberam que os povos das colônias estavam passando por rápidas mudanças. Eles abandonavam seus hábitos primevos e geravam novos a partir da mistura com os hábitos dos colonizadores. Estavam abandonando a vida nômade ou rural para uma vida urbana. Acreditava-se, na época, que os povos primitivos deixariam de existir porque sua cultura estaria desaparecendo. Decretou-se a falência da Antropologia, o que jamais ocorreu, pois ela continua seus trabalhos, inclusive