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Renato Brasileiro de Lima Manual de PROCESSO PENAL CON F O RM E CPC ' VOLUME ÚNICO 5* Gdicão l r^vMd, atualizada e.irnpliada 2017 EDITORA >PODIVM No que tange à fixação da competência por prevenção nos órgãos colegiados dos Tribun * Superiores, tem prevalecido na Suprema Corte a orientação de que a decisão monocrática H Relator cm recurso não enseja a prevenção da Tunna que integra, se a este colcgiado o recurnn não tiver sido submetido. Há de ser observada, assim, a norma contida no art. 69 do RJSTR segundo a qual o conhecimento do mandado de segurança, do habeas corpits e do recurso civi ou criminal torna prevenia a competência do Relator, para todos os recursos posteriores tant na ação quanto na execução, referentes ao mesmo processo. Somente na impossibilidade á aplicação dessa norma regimental (v.g.. nos casos de declaração de suspeiçào ou irnpedimentn do relator, aposentadoria, saída do Tribunal), passa-se à incidência do art. 10 do RISTF (pre. venção da Turma). Portanlo, se um ministro do Supremo Tribunal Federal estiver prevento, eventual mudança de Turma por parte desse ministro não terá o condão de afastar dele o julgamento de fatos deli- tuosos para os quais esteja prevento. Essa prevenção do Relator no âmbito do Supremo somente é possível devido à inexistência de turmas temáticas no âmbito do STF. o que, se existisse alteraria a ordem de sucessão das regras de distribuição por prevenção/'5'1 O Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça tcrn norma semelhante á do art. 69 do RISTF. De acordo com o art. 71 do RISTJ, a distribuição do mandado de segurança, do habeas cor/ius e do recurso torna prevenia a competência do relator para Iodos os recursos posteriores, tanto na ação quanto na execução referentes ao mesmo processo: e a distribuição do inquérito e da sindicância, bem como a realizada para efeito da concessão de fiança ou de decretação de prisão preventiva ou de qualquer diligência anterior à denúncia ou queixa, prevenirá a da ação penai. Logo. caso um Ministro do STJ mude da 5a para a 6J Turma (ambas integrantes da 3a Seção. que tem competência penal), mantém-se prevento para os demais processos. No entanto, se a mudança ocorrer para uma Seção que não seja dotada de competência criminal, a exemplo da l1' Seção, que tem competência tributária, aplicar-se-á, subsidiariamente, a prevenção da Turma à qual pertencia o referido Ministro, devendo seus processos ser redistribuídos ao Minis t ro que v ier a ocupar sua cadeira. CAPITULO VI MODIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA I. CONEXÃO E CONTINÊNCIA 1.1 . Introdução Em determinadas circunstâncias, em vir tude da íntima ligação entre dois ou mais fatos deli- tuosos, ou entre duas ou mais pessoas que praticaram um mesmo crime, apresenta-se conveniente a reunião de todos eles cm um só processo, com julgamento único (simulltmeusprocessas). Além de possibilitar a existência de um processo único, contribuindo para a celeridade e economia uai a conexão e a continência permitem que o órgão jurisdicional tenha uma perfeita -a do quadro probatório, e\, ademais, a existência de decisões contraditórias.1""1 exemplificando, suponha-se que um crime de receptação de veiculo automotor tenha sido t'cado na cidade de Niterói/RJ. Atento ao disposto no art. 70 do CPP, temos que a competência •« do juízo da Comarca da referida cidade. No entanto, se acaso restar demonstrado que 0 ... já receptação tenha sido roubado na cidade do Rio de Janeiro, forçoso será reconhecer a •ciência de conexão probatória entre os dois processos, na medida em que a prova do crime , mubo influi decisivamente na prova do delito de receptação (CPP, art. 76. inciso III). Messe o Juízo da cidade do Rio de Janeiro exercerá força atrativa, pois ao del i to de roubo é comida pena mais grave (CPP, art. 78, inciso II , "a"). Não obstante dispor o art. 69, inciso V, do CPP, que a competência jur isdic ional será Hpterminada pela conexão ou continência, tem-se que, em regra, tanto a conexão quanto a continência não são critérios que fixam a competência. Funcionam, sim, como critérios que alteram a competência. Eventualmente, no entanto, podem ser utili /adas para fixação inicial da competência, desde que já se saiba antecipadamente que um processo está ligado a outro previamente distribuído.'141 Vejamos o seguinte exemplo: cm uma comarea com duas varas criminais ("A" e "B"), o Ministério Público oferece denúncia perante a Vara "A" em face de um indivíduo por ter praticado um saque contra um estabelecimento comercial. Posteriormente, em razão de inquérito policial diverso, distribuído à vara ''B", o Promotor de Justiça delibera pelo oferecimento de denúncia em face de outro acusado, também pela prática de um crime patrimonial cometido no mesmo lugar e na mesma hora que o delito anterior. Ora, nessa hipótese, ao oferecer a segunda peça acusatória, deve o Parauel requerer a remessa do feito à vara "A", haja \ista a existência de conexão inlersubjeliva por simultaneidade (CPP, art. 76, inciso 1. 1a parte). Nesse caso concreto, terá funcionado a conexão como critério de iixação da competência. Na medida em que a conexão e a continência funcionam como critérios de alteração da competência, só poderão incidir sobre hipóteses de competência relativa. A propósito, consoante disposto no art, 54 do novo CPC, subsidiariamente aplicável ao processo penal (CPP, art. 3"). l'o competência relativa poderá modificar-se pela conexão ou pela continência, observado o dis- posto nesta Seção". Relembre-se que a competência absoluta nào pode ser modificada, ou seja. é inderrogávd. Exemplificando, como a competência da Justiça Mil i tar e da Justiça Fleitoral prevista na Constituição Federal é estabelecida em ra/ão da matéria, espécie de competência absoluta, ainda que haja conexão entre crimes mili tares e eleitorais, não será possível a reunião dos feitos em um simultaneus pmcessus, impondo-se a separação dos feitos. Não se admite, pois, que a conexão e a continência, regras de alteração da competência previstas na legislação ordinária, possam produzir a alteração de regras de competência absoluta. 64Q Como adverte Pimenta Bueno, citado por Eduardo Espínola Filho, embora os crimes sejam diversos, desde que sejam eles conexos entre si, haverá uma espécie de unidade estreita que não deve ser rompida Em suas palavras, "todos os meios de acusação, defesa e convicção estão em completa dependência. Separar será dificultar os esclarecimentos, enfraquecer as prcvas, e correr o risco de ter afinal senlenças dissonante1, ou contraditórias. Sem o exame conjunto, e pelo contrário com investigações separadas, sem filiar todas as relações dos fatos, como reconhecer a verdade em sua integridade, ou corno reproduzir tudo isso cm cada processo'1' (m Código de Procedo Penal Brasileiro anctudo, v. 2. 3? ed. Rio ds Janeiro: Borso,, 1955 P. 135). 641 No sentirio do texto, Vicente Greto F'lho afirma que "é costume dizer que a conexão e a continência rncdificam a competência. Essa aíirrnação, porém, somente é válida no que concerne à competência em abstrato, oj seja, PO que têm origem em norma constitucional, com a finalidade precípua de proteção do interess público na correia e adequada distribuição de Justiça. Como é o interesse público que determin a criação dessa regra de competência, essa espécie de competência é indisponível às partes e S impõe com lorça cogente ao juiz. Logo, não admite modificações, cuidando-se de urna cornne tência improrrogável, imodificávcl.6j: Em síntese: as regras de conexão são aplicáveis a causas que, em princípio, seriam exa- minadas em separado e que, verificada a conexão entre os feitos, deve-se recorrer aos critérios de modificação ou prorrogação das competéncías. Se incabíveis as regras niodificativas da competência, as atribuições jurisdicionais originárias devem ser mantidas, porquanto a com- petência absoluta nãose modifica ou prorroga. Logo. só se admite que a conexão possa alterar competèncias de natureza relativa, tornando competente para o caso concreto juiz que não o seria sem ela.64' De acordo com a jurisprudência, eventual violação às regras que determinam a reunião dos processos por conexão ou continência dará ensejo tão somente a uma nulidade relativa, cujo reconhecimento fica condicionado à arguição ern momento oportuno, sob pena de preclusão além da necessária comprovação de prejuí/o. Assim, a t í iu lo de ilustração, caso haja conexão entre crimes de competência da Justiça Federal e Estadual, preceitua a súmula n° 122 do STJ que deve prevalecer a competência da Just iça Federal. Não obstante, caso o crime estadual seja processado e julgado perante a Justiça Hstadual, e o crime federal perante a Justiça Federal, ambos os processos serão considerados válidos, efetuando-sc a soma das penas quando da execução da pena.*44 Da leitura dos arts. 76 e 77 do CPP, depreende-se que a lei processual penal trata das hipóteses de unidade de processos, deixando de fazer qualquer menção ao inquérito policial . Logo. ainda que haja conexão e continência entre infraçòes penais, nada impede que inquéritos pol ic ia i s instaurados por autoridades policiais distintas possam prosseguir normalmente, sem necessidade de reunião das investigações. Obviamente, caso a reunião dos procedimentos in- \estigatorios em um só seja útil ao esclareci mento dos fatos, pensamos ser possível a unificação dos procedimentos investigatórios mediante autori/ação judicial , ouvido previamente o órgão do Ministério Público.M; 1.2. Conexão A conexão pode ser compreendida como o nexo, a dependência reciproca que dois ou mais talos delituosos guardam entre si, recomendando a reunião de todos eles em um mesma processo penal, perante o mesmo órgão jur i sd ie iona l , a fim de que este tenha uma perfeita visão do quadro probatório. 6-12 Nessa linha, como destaca Mana .úcia Karam, "quando em confronto com regra constitucional iobre compe- tência, a conexidade de causas deixa de ser fator determinante da competcncia, não podendo levar à reunião das ações. Aqui, a atuação de órgãos jurisdicionais diversos, em diferentes processos, irá decorrer de imposição do próprio texto constitucional, a necessariamente resultar r-a consideração isolada das causas", (op cit. p- 97). 643 Com esse raciocínio: STF, 2* Turma, HC 9S.291/RJ, Rei Min. Cezar Peluso, Dje 232 04/12/2008 644 No sentido de ser relativa a nulidade decorrente da incompetência de juízo, por conexão ou continência1 STF, 2- Turma, HC 74.470/RJ, Rei. Mm. Maurício Corrêa, D) 28/02/1997. No meimo prisma: STF, 2S Turma, HC 9645Í/ MS, Rei. Mm. Ellen Gtacie, Dje 216 13/11/2008. 645 Com esse entendimento TRF4, CC 2002.04.01 054445-5, fiel. Vladimir Freitas, 4^ Secão, DJU 07/05/03 r que os fatos sejam julgados por um só magistrado, com base no mesmo substrato robatório. evitando o surgimento de decisões contraditórias. Portanto, a conexão provoca a njg0 de acoes penais num mesmo processo, funcionando como causa de modificação da mnetência relativa mediante a prorrogação de competência. São espécies de conexão, segundo o rol taxativo do art. 76 do CPP: a) conexão intersubjetiva: envolve vários crimes e várias pessoas obrigatoriamente. Lago. várias pessoas praticarem um único delito, não haverá conexão, mas sim continência por cumulação subjetiva (CPP, art. 77, inciso 1). Em se tratando de conexão intersubjetiva, pouco importa se as várias pessoas estão reunidas em coautoria ou se os deli tos são praticados por reciprocidade. São subespécies de conexão intersubjetiva: a.i) conexão intersubjetiva por simultaneidade (conexão subjetho-objetiva ou conexão intersubjetiva ocasional: duas ou mais infracões são praticadas ao mesmo tempo, por div ersas pessoas ocasionalmente reunidas (sem intenção de reunião), aproveitando-se das mesmas cir- cunstâncias de tempo e de local (CPP, art. 76, !. 1J parte). O melhor exemplo talvez seja o de diversos torcedores depredando urn estádio, ou o de um saque simultâneo a um supermercado, cometido por várias pessoas que nem se conhecem; a.2) conexão intersubjetiva por concurso (ou concursal): ocorre quando duas ou mais infracões tiverem sido cometidas por várias pessoas em concurso, ainda que em tempo e local diversos (CPP. art. 76,1, 2a parte). Nessa hipótese de conexão, c indiferente se as inírações fo- ram praticadas em tempos diferentes. A título exemplificalivo. suponha-se a existência de três indivíduos que tenham praticado quatro crimes de roubo no intervalo de dois meses. Haverá conexão intersubjetiva por concurso entre os 04 (quatro) crimes de roubo praticados pelos agentes, devendo todos eles responder pelos crimes cm um único processo, salvo existência de causa impeditiva (v.g., um dos roubos ser crime militar); a.3) conexão intersubjetiva por reciprocidade: ocorre quando duas ou mais infracões tiverem sido cometidas por diversas pessoas umas contra as outras (CPP, art. 76,1. parte finai). Por exemplo, dois grupos rivais combinam entre si uma briga em determinado ponto da cidade, hipótese em que os diversos crimes cie lesões corporais estarão vinculados em razão da conexão inlersubjetiva por reciprocidade. Como a conexão intersubjetiva demanda a presença de duas ou mais infracões vinculadas, não se pode citar o delito de rixa como um de seus exemplos. pois ai haverá crime único. b) conexão objetiva, lógica ou material ou Ideológica: quando um crime ocorre paia faci l i tar a execução do outro (conexão ob j e t i va ideológica) - ex: mala o segurança para faci- litar o sequestro da vítima -, ou um para ocul tar o outro, ou um para garantir a impunidade ou \antagem do outro (conexão objet i \ eonsequencial) -- e\ estupra a v i t ima e. um mês depois. mata a única testemunha do fato, de modo a e l im ina r as provas do crime (CPP, art. 76. inciso II ) . Como o inciso II menciona expressamente ''se. no mesmo ov.vfi, houverem sido praticadas", há dotttrinadorcs que entendem que. também nesta hipótese de conexão, exige-se a presença de várias pessoas. Mesmo caso significaria a existência de várias pessoas, lal qual o exige o inciso I do art. 76 do CPP. Preferimos fazer uma Interpretação extensiva desse dispositivo, no sentido de que no mesmo aiso significa ocorrendo duas ou mais infracões penais, e não necessariamente várias pessoas. c) conexão instrumental, probatória ou processual: quando a prova de um crime int luen- cia na existência do outro (CPP. art 76. 111). Nole-se que. para a existência de conexão proba- l°ria, não há qualquer exigência de relação de tempo e espaço entre os dois delitos. Basta que 566 MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima a prova de um crime tenha capacidade para influir na prova de outro delito. O exemplo semnrp citado pela doutrina é a prova do crime de furto auxiliando na prova do delito de receptaçãry ou do delito de destruição de cadáver em que o de cajus foi vitima de homicídio, afigurando-íe necessário a prova da ocorrência da morte da vítima, ou seja, de que foi destruído um cadáver Outro exemplo bern atual é o da prova da infração antecedente auxiliando na prova do delito de lavagem de capitais. 1.3. Continência Configura-se a continência quando uma demanda, em face de seus elementos (partes, pedido e causa de pedir), estiver contida em outra.*46 Cuida-se, pois, de "um vinculo jurídico entre duas ou mais pessoas, ou entre dois ou mais fatos delitivos, de forma análoga a continente e conteúdo de tal modo que um fato delitivo contém as duas ou rnais pessoas, ou uma conduta humana contém dois ou mais fatos delitivos, tendo como consequência jurídica, salvo causa impeditiva a reunião das duas ou mais pessoas, ou dos dois ou mais fatos delitivos, em um único processo penal, perante o mesmo órgão jurisdicional".'9'7 Vejamos as espécies de continência: a) Continênciapor cumulação subjctíva ou continência subjetiva: prevista no art. 11 inciso l, do CPP, ocorre quando duas ou mais pessoas são acusadas peia mesma infração penal - ó o que ocorre no concurso eventual de pessoas (art. 29 do Cl'} e no concurso necessário de pessoas (crimes plurissubjetivos). Atente-se para a diferença entre a conexão intersuhjetiva e a continência subjetiva: na conexão, são vários crimes e várias pessoas; na continência, são várias pessoas e um único crime. Como exemplo de continência por cumulação subjetiva, imagine-se um crime de homicídio praticado por dois agentes;6"8 b) Continência por cumulação objetiva: prevista no art. 11, inciso II, do CPP. ocorre nas hipóteses de concurso formal de crimes (CP, art. 70), aberrado icins ou erro na execução (CP, art. 73, segunda parte), c abeirado de/icti ou resultado diverso do pretendido (CP, art. 74, segunda parte). O concurso formal consiste na prática de uma única ação ou omissão pelo agente, provocando a reali/ação de dois ou mais crimes. O art. 73. segunda parte, do CP determina a aplicação da regra do concurso formal quando o agente, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, além de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa. De sua parte, o art. 74, segunda parte, do CP, também prevê a aplicação do concurso formal, quando o agente. por erro na execução, atinge não somente o resultado desejado, mas ainda outro, além de sua cxpcctatha iniciai (ex: visando atingir uma \ i t r i n e de uma loja com uma pedra, o agente acaba também acertando um vendedor do estabelecimento comercial). 646 CPC, art. 104. Dá-se a continência entre duas ou mais acões sempre que há identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras. Dispositivo semelhante a esta consta do art. 56 do novo CPC. Segundo Pacelli, "não há na continência processual penal, com efeito, nenhuma relação de continente para conteúdo e tampouco identidade de partes, rernanescendo apenas, do paradigma do processo civil (art. 104, CPC], a identidade de causa de pedir." (op. cit. p. 255). 647 FEITOZA, Denilson. Op cit. p. 343. 643 Ensina Hélio Tornaghi (apud NLJCCI, op. cit. p. 290) que, havendo vários fatos, mas a prática de um só delito (como ocorre nos CDSOS de crime continuado, crime progressivo, crime plurissubsistente), temos a hipótese de crime único; existindo vários fatos, embora detecte-se o cometimento de inúmeros delitos, desde que haja, enire eles, elementos em comum, temos a conexão; havendo fato único, porém com a prática de vários crimes, aponta-se para a continência. TÍTULO 4 . COMPETÊNCIA CRIMINAL 567 Perceba-se que, nas hipóteses de crime continuado, a competência não será determinada nela conexão, nem tampouco pela continência, mas sim pela prevenção, nos cxatos termos do art.71doCPP.w l 4. Efeitos da conexão e da continência Trabalhados os conceitos e espécies de conexão e de continência, importa analisar seus efeitos jurídicos: 1) processo e julgamento único (simulíaneut processas): dispõe o art. 79 do CPP que a conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento, salvo no concurso entre a jurisdição comum e a militar, ou no concurso entre a jurisdição comum c a do juízo de menores. Essa modificação de competência não viola a garantia do juiz natural; Não viola as garantias do ntiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a alração por cominem ia ou conexão do processo do correu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados (Súmula 704 do STF). Caso haja conexão e continência entre crimes de ação penal pública e privada, estabelecer-se-á litisconsórdo ativo entre o Ministério Público e o t i tu lar áojits querdandi. 2) força atrativa (fórum attractionis ou vis attractiva): o juízo competente vai trazer para si o processo e julgamento único. Tem-se aí uma hipótese de prorrogação de competência, tornando-se competente o juízo que, em abstrato, não o seria, caso se levasse cm consideração o lugar da infração, o domicílio do réu, a natureza da infração e a distribuição. Seu efeito é a sujeição dos acusados ou dos diversos fatos delituosos a um só juízo, a fim de serem julgados por uma única sentença, sem que disso resulte qualquer alteração da natureza das infraçõcs penais cometidas. Em relação à avocatória, dispõe o art. 82 do CPP: "se, não obstante a conexão ou continên- cia, forem instaurados processos diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos que corram perante outros juizes, salvo se já estiverem com sentença definitiva. Neste caso, a unidade dos processos só se dará, ulteriormente, para o efeito de soma ou de unificação de penas". Se um dos processos já foi sentenciado, não mais haverá razão para a reunião dos pro- cessos, na medida em que o objetivo maior da conexão/continência -- simultaneits processas como fator de produção probatória mais eficaz e de se evitar julgamentos conflituosos - não mais será passível de ser atingido. Nessa linha, dispõe a súmula n" 235 do STJ que a conexão não determina a reunião cios processos, se um deles já foi julgado. Quando a súmula diz "já foi julgado", de modo algum se refere à decisão com trânsito em julgado. Ma verdade, quando o art. 82 do CPP diz sentença definitiva, refere-sc á decisão de mérito recorrível que comporta apelação, e não à sentença com trânsito em julgado/1'1' Perceba-se que o próprio Código de Processo Penal, em outro passo, ulil iza-sc da expressão sentença definitiva sem que esta pressuponha o trânsito cm julgado, dando demonstrativo de que seu uso se refere à sentença que ainda é recorrível. É o que se nota no art. 593. I, do CPP. que preceitua caber apelação (logo. inexistente ainda o trânsito em julgado) das sentenças definitivas de condenação ou absolvição. 649 para mais detalhes, vide acima item relativo à competência por prevenção 550 No sentido de que a expressão sentença definitiva contida no art. 82 do CPP não exige que tenha ela transitado em julgado, mas, simplesmente, que tenha sido lavrada, independentemente de pender julgamento de recurvo nterposto: STF, 23- Turma, HC 74.470/RJ, Rei Min. Maurício Corrêa, DJ 2S/Q2/1997 566 MANUAL DE PROCESSO PENAL - Henoro Bmvleim ae Limo Caso já haja sentença definitiva, a unidade dos processos somente se dará posteriormente para o efeito de soma (concurso material e formal impróprio) ou de unificação de penas (con curso formal próprio e crime continuado)."í; Essa soma ou unificação das penas do condenado ficará a cargo do ju i / da execução pena] assim coino preceitua o art. 66, I I I . "a", da Lei de Execução Penal (Lei n" 7.210/84) . A cornpg' tenda para soma ou unificação de penas infligidas porjui/os de Estados diversos é do juí /ode execução criminal do Estado em que está recolhido o condenado. Sc o juiz prevalente avocar o processo ern curso perante o outro jui / e este se recusar a entregar os autos do processo, estará caracteri/ado um conflito positivo de competência, na medida em que ambos os juí/es se consideram competentes (CPP, art. 114, inciso H). Por fim, como importante efeito da conexão e da continência, não se pode olvidar que. de acordo com o art. 117. § l", do Código Penal, exceruados os casos dos incisos V e VI do referido artigo ( i n i c i o ou continuação do cumprimento da pena e reincidência, respecti\. a interrup- ção da prescrição produz efe i tos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos que sejam ohjeto de mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles. Como se vê, em virtude da conexão e da continência, haverá a unidade de processos (íí- miitidncia processiiv, daí por que é necessário que a lei determine qual será o foro competente para apreciar os fatos \jomm aitractioni<,i. Vejamos, então, qual juí/o exercerá força atrat i \a . 1.5. Foro prevalente 7.5.7. Competênciaprevalente do Tribunal do Júri Cuidando-se de conexão e continência entre crime comum c crime da competência do jú r i . quem exercerá força a t ra t i \ é o júri. de acordo com o art. 78, inciso I. do (.'PP. Ex: estupro e homicídio cometidos em conexão. Ambos os delitos serão julgados pelo tr ibunal do júri, pouco importando se ambos os crimes foram cometidos na mesma comarca ou no mesmo Estado da Federação. No entanto, se o crime conexo for mi l i t a r , deverá ocorrer a separação de processos, na medida cm que ambas as competências estão previstas na Constituição Federal a do Tribuna! do Júr i para o julgamento de crimes dolosos contra a vida, e ;i da Justiça M i l i t a r para o ju lga- mento dos crimes mi l i t a res iCPP. art. 7lí, inciso 1: CPPM. art 102. "a"). Imagine-se a hipótese de determinado agente i n v a d i r um quartel das forças Armadas, e de lá subt ra i r uma arma de fogo. posteriormente u l i l i / ada pura o cometimento do homicídio de um desafclo Nessa hipóloe, caberá á Jus t i ça Mi l i ta r o julgamento do crime patr imonial (lembre-se: a Justiça Mi l i t a r da l "mão, ao contrário da Just iça M i l i t a r dos Estados, tem competência para processar e ju lgar c i v i s ) , ao passo que ao Tribunal do J ú r i caberá o ju lgamento do crime de homicídio Ao ampl ia r a competência do Tribunal do jú r i para processar e j u l g a r as infracões pen.ns conexas e or ig inár ias da continência, a lei processual penal não malfere a Cons t i tu ição Fedeuil. pois esta, na verdade, estabelece uma competência mínima do Júr i para o ju lgamen to dos crimes dolosos contra u vida (CF. art. 5", XXXV I I I , "d"), o que. todavia, não impede que lei ordinária possa ampl ia r sua competência. Se. porventura, essa inflação conexa a um crime doloso contra a v ida for descobena apôs a prolação (ia p ronúnc ia , pensamos ser possível a aplicação analógica do disposto no art . 421 . c i" do CPP, segundo o qual, ainda que preclma LI decisão de pronúncia, havendo circunslân- • eupenenienle que altere a classificação do crime, o jui- ordenará a remessa dos autos ao ii-mstério Público. Nessas circunslâncias. poderá o Parque/ aditar a denúncia, oportunizando-se oitiva da defesa, para que. afinal, possa o juiz prolatar nova decisão de pronúncia, desta feita Ihcndo as infracões conexas ou continentes, 1.5.2. Jurisdições distintas l í 2.1. Concurso entre a jurisdição comum e a especial No concurso entre a jurisdição comum e a especial ( ressalvada a Justiça Mi l i t a r - CPP. art 79. inciso l), prevalece a especial (CPP, art. 78, inciso IV). Logo, easo um crime eleitoral seia conexo a um crime comum de competência da Justiça Estadual, prevalece a competência da Justiça Eleitoral para julgar ambos os delitos. Como visto ao tratarmos da competência da Justiça Eleitoral, essa força atrativa da Justiça Eleitoral limita-se aos crimes de competência da Justiça Comum Estadual, Apesar de haver julgado antigo da Suprema Corte afirmando a competência da Justiça Eleitoral para julgar os crimes eleitorais e também as infracões conexas, ainda que de competência da Justiça Federal,657 somos levados a acreditar que. na medida em que a competência da Justiça Federal vem preesta- belecida na própria Constituição Federal, não poderia ser colocada em segundo plano por força da conexão e da continência, normas de alteração de competência prev istas em lei ordinária. Há precedente do Superior Tribunal de Justiça corroborando nossa posição.""' Mulaiis mutandis, a Justiça Eleitoral lambem não exercerá força a l ra t iva em relação a eventuais crimes militares que estejam ligados a um crime eleitoral por força da conexão ou da continência, na medida em que a competência da Just iça Mi l i t a r lambem foi ressalvada pela Constituição Federal. Por sua vê/, se o crime eleitoral estiver conexo a um crime doloso contra a vida. deve ocorrer a separação de processos, pois ambas as compeicneías deri\m da Constituição Federal. Destarte, à Justiça Eleitoral caberá o processo e julgamento do crime elei toral: ao Tribunal do Júr i , o crime doloso contra a \ ida . 1.5.2.2. Concurso entre órgãos de jurisdição \upcrwr e inferior No concutso de jurisdições de diversas categorias, predomina a de maior graduação (CPP. an. 78. ÍHC Í - - 0 M l ) . Exemplificando, se um crime de furto for praticado em concurso de agentes por um prefeito munic ipal , cuja competência or ig inár ia é do" !nbu iKi l de Justiça, e por um cidadão que não seja t i t u l a r de foro por prerrogativa de função, cu jo j u i / natura l sena um j u i / de direi to. prevalece a competência do Tribunal de Jus t iça para julgar ambos em virtude da continência por cumulação sub jc t iva . Nesse sentido, aliás, dispõe a súmula 7(1-1 do S ff que não viola m garanti j \o nu: ntiutral. Já ciinvlt i defesa c do i lenido /i,"t>:t 'v<j Ic^al ti aimt,'ão [>//r continência ou conexão tio [miiStso tio i. onvii ao foro j'i>r i>i\-i'i'o<^Litr.\i Jc /im^ào Jc uni d<>\ Conquanto esse siinnltancm processti* perante o I r i buna l de Justiça esteja jus t i f icado pela continência. \ a le ressaltar que não se trata de regra cogentc, obngalória, na medida em que é possível que o relator do processo repute conveniente a separação dos processos, lá/endo-o por intermédio da regra do art. 80 do CPP. 570 MANUAL DE PROCESSO PENAL - fienaio Brasileiro de Lima 1.5.2.3. Concurso entre a Justiça Federal e a Estadual Havendo conexão entre crimes de competência da Justiça Federal e da Justiça Kstadual prevalece a competência da Justiça Federal. H exatamente esse o conteúdo da súmula n" pi do STJ: Campeie à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexo*, de competência federal c estadual, não st' aplicando a regra do art. 78, II. ti, do Código de /V0. cesso l\'nal.''14 í,5.3. Jurisdições da mesma categoria Apesar de o art. 78, inciso II. do C PP. fazer menção ao "concurso de jurisdições da mesma categoria", dando uma ideia de que existiriam duas ou mais jurisdições, cumpre lembrar que a jurisdição, como função estatal de aplicação do direito obj clivo ao caso concreto, é una (prin- cípio da unidade da jurisdição). Por conseguinte, apesar de ser tecnicamente errado falar-se crn "jurisdições", quando a lei assim o ta/ \a á diferenciação entre as diversas justiças (comum especial; federal, estadual) ou entre jui/es de primeiro grau e t r ibunais . Especificamente no tocante à expressão jurisdição da mesma categoria constante do art 78. inciso I I , do CPP. refere-se a lei processual aos magistrados com competência para ju lga r o mesmo tipo de infraeõe-s penais (ex.: entre Juizes de Direito, entre Juizes Federais). Kntre esses jui/es, pode ha\er um conflito quanto ao juízo prcvalente, aplicando-se, então, as rcuras enumeradas no referido inciso. Util i /ando o clássico exemplo da conexão probatória entre um crime de furto c outro de receptação. delitos estes que foram in\s em delegacias diversas, e dis t r ibuídos a juízos diversos, ainda que numa mesma comarca, devemo-nos perquir ir acerca do juí/o que exercerá força atrativa. Vejamos, pois, as regras a serem aplicadas: a) força atrativa do juízo da comarca em que t h cr sido praticado o delito mais gra- ve: face o disposto no art. ""S. II. "a", do t'PP, havendo conexão probatória entre um crime de roubo, praticado na Comarca "A", c um delito de receplaeão, cometido na comarca "li". deve preponderar o juí/o da comarca "A". Perceba-se que, mesmo que quatro delitos de rcccptação tenham sido cometidos na comarca ''B", a inda assim prevalece a competência do Jui?o da Co- marca "Y1, pois o del i to de roubo a l i praticado possui pena mais grave."'" CorNÍdcra-sc a pena mais gra\ a p r i v a t i v a de liberdade, depois as pmalivas e r e s t r i t i vas de direitos e. por fim, a-, penas pecuniárias. Hntre as penas privativas de liberdade, a mais gra\ é a reclusão,seguida da detenção e da prisão simples. Km cada uma delas, a maior gravidade será determinada pela duração ou quantidade. Considera m-se sempre as penas como cominadas uhstralamente para os c r imes que são objelo de conexão e cont inência . Adernai'., h avendo um crime com pena de reclusão Je l a 6 anos c outro de reclusão de 2 a 4 anos. a i n f r açào com pena mais grave é aquela em que a pena máx ima cominada é a mais alta. e não a que possui maior pena mín ima . O legislador permitiu cominar sanção mais a l i a a determinado delito porque p re \ i t i hipóteses em que a conduta ocorre sob part icular idades de maior reprovabil idade. ra/ão pela qual essa de \e . cm abstraio, ser entendida como a rn;u> giave. Se as penas máximas cominadas forem iguais. de\ prevalecer, para atrair a competência, a mfração de maior pena mínima;" ' 654 PJIJ m.jis detalhes acerca do assunto, vide tópií o pertinente à competência da Just iça federal. 65í> Como já dei idiu o STl, "A pena cominada para o cnrne de falsificado de documenta público é rrais grave do que a freviitíi p.íra oeite ' ior-atoc ps'.ia faliificacão df documento partci.lj' Logo. deve preponòfrjr o local ds cO'i^r'"-í clj do ir me de fals f.cdçít; de Jocj-nen:o pub iço. por apl icação d.i regra do artigo 7S, l!, a do Cód'go d;l ?;&("•'- PL'-,al"(STt-CCS(.4l<)/GO 3íSecão-Hí>; Min Maria Thereza ;b Assis Moura - L)J 27/0')/?007 p ??"<) 656 C-messccntendimíT.tí í STJ, B^Turma, HC l'JO V56/R5, Rei. Min I ju r i taVaz , j 2'í/\íí/'M\'J [m mentido contra- rio, entendendo quf> mfrjçúo mais grave í? aquela com a pena mininu mais elevad.s MIPAÍifTE, Júlio Fiil;b;mi Prnrf,™ penal :S? di S,1o Piu'cr Atlas, 2006, p 171. F ainda IOPFS JÚNIOR An fy Op ci!. p 451. TITULO 4 • COMPETÊNCIA CRIMINAL 571 M força atrativa do juízo do local do maior número de infrações, se as penas forem , igual gravidade: suponha que quatro crimes de furto simples tenham sido cometidos na marca "A", enquanto o processo relativo à receptação dos ubjeíos furtados esteja tramitando iunio à Comarca "B". Nesse caso. como a pena do furto simples é idêntica à da receptação simples, o juízo competente será determinado com base no local onde foi praticado o maior número de infrações (leia-se: na comarca "A"), haja vista que aí foi produzida maior per- turbação à comunidade; c) se a gravidade do delilo for igual e o número igual, a competência firma-se nela prevenção: caso nenhum dos dois cr i té r ios anteriores gra\e do de l i to e rnaior número de infrações -- seja suficiente para se estabelecer o ju i /o prevalente. firmar-se-á a competência com base na prevenção, a qual geralmente funciona como cr i tér io subsidiário de fixação de competência. Não se pode confundir a fixação da competência pela prevenção do art. 75 do CPP, que trata de varas com idênt ica competência (\ .g. , varas c r im ina i s comuns de determinada comarca), com a situação do art . "S. II. "c", do CPP. que trata de definição do critério de atração em havendo conexão de infrações penais o r ig ina r iamente t ramitando perante varas distintas. Para fac i l i ta r a compreensão, pedimos vénia para transcrever didático case siudy tra- zido por Aury Lopes Jr.: "João. Mane e Bráu l i o . previamente ajustados, subtraem em Porto Alegre três veículos com os quais, na cidade gaúcha de Guaiba. cometem um roubo a banco, atingindo na fuga um po l i c i a l mil i tar que reagiu, causando-lhe a morte. No outro dia. na cidade de São Lourcnço, abordam um rapa/ e, para subtrair o ve ícu lo que ele conduzia, o matam. Finalmente, semanas após, em Camaquã, são preso* em cumprimento de mandado de prisão preventiva decretada pelo ju iz estadual de São Lourenco (todas a* cidades estão no mesmo Hstado). No momento da prisão, também é lavrado o flagrante pelo porte de 800g de maconha, comprada com o d inhei ro do roubo e dest inada a venda. O flagrante é homologado e. de/ dias depois, o juiz de d i re i to da comarca de Camaquã recebe- a denúncia por tráfico de substância entorpecente. ( . . . ) Vejamos a solução do easo: a) existe conexão in t e r sub j e t i va concursal. a r t . ^6, !. devendo todos os crimes e pessoas ser reunidos para i u l - garnento simultâneo: h) João. Mane e Bráulio serão julgados, por iodos os delitos, na Justiça Comum Hstadual . Atenção não e de competência da Jus t iça Mi l i t a r Estadual , a i nda que um dos crimes tenha sido cometido contra m i l i t a r , pois a Jus t i ça M i l i t a r Estadual nunca j u lga c i v i l , só mi l i t a res (art . 125. f; 4". da Cons t i t u i ç ão ) ; c) os crimes praticados são: fur to (ar t . 155). dois latrocínios (art. l 5"', ^ l1' e 3") e t raf ico de subs tânc ia - entorpecentes ( a r t . 33 d,i Lei n'' 11.343). Não lia crime de homicitijn, mas sim de taliocinio (roubo impróprio, pois a V i o l ê n c i a é empregada após a suhtração paru as>egurar a pns-e ou impun i d a d e ) , por Kso serão julgados pelo Jui/ de Direi to e não pelo l r i h u n a l do J ú r i . Sc. ao i n \s de l a t r o c í n i o , fosse homic íd io , a si tuação se alteraria eomplclanienle, sendo todos os fatos c réus julgados no t r i buna l do j ú r i ; d) quanto ;:o toro. será competente o j u i / da Comarca de São Lourenvo. local da infracào mais g rave ( l a t r o c í n i o ) , a i t . "S. I I . "a", o prcwr.to ( a r t . ~S. II , V), tx i s te um 'empate' no c r i té r io loca l da infração mais gni \<? eni:x- São l ourenço e ( iuai lu . O de- sempate se da pela ulib/ação da a l ínea "c", ou s ^ j a , a p revenção , pois na p r ime i r a cidade existe um mandado de prisão expedido pelo ] i n / ; e) caso o processo tenha sido ins taurado em diversas comarcas, o ju i / de São Lourcnço (competênc ia p r e v a l e n t e ) d cxc r á avocar os demais processo*, nos lermos do art. 82"." 572 MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Srasi/e/ro de Lima 1.6. Separação de processos A conexão e a continência têm como finalidade garantir a união dos processos de forma a propiciar ao julgador uma melhor visão do quadro probatório, permitindo-lhe entregar a melhor prestação jurisdicional e evitando-se, com isso, a existência de decisões conflituosas. Não n0r outro motivo, um dos efeitos da conexão e da continência é exatamente a unidade de processo e julgamento perante o jui/o prevalentc (CPP, art. 79, capuí). Ocorre que essa junção nem sempre será cogente, prevendo a própria iei hipóteses em que deverá se dar a separação dos processos ora de maneira obrigatória, ora de maneira facultativa. Nada diz a lei acerca do momento-limile para a separação dos processos. Diante do silêncio da lei, impoe-se o emprego da analogia (CPP, art. 3°). Assim, se a reunião dos processos por força da conexão e da continência é possível até a prolação de sentença recorrível (CPP. an. 82 c/c a súmula n" 235 do STJ), mutatis muiandi.s, a separação de processos também pode ocorrer enquanto o magistrado com força atraliva não proferir decisão recorrível. Vejamos, então, as hipóteses de separação obrigatória e facultativa de processos. 1.6.1. Separação obrigatória dos processos Como já foi dito, tanto a conexão quanto a continência têm como finalidade precípua evi- tar-se decisões contraditórias, colaborando para a formação de um quadro probatório mais coeso. Ocorre que, em algumas situações, não haverá conveniência para a existência de um processo c julgamento único. Vejamos, então, cada uma dessas hipóteses. 1.6.1.1. Concurso entre a jurisdição comum e a militar Como já foi visto anteriormente, havendo conexão e/ou continência entre um crime militar de competência da Justiça Mili tar e um crime comum de competência da Justiça Comum, im- pòe-se a separação dos processos, nos exatos termos do art. 79, inciso l, do CPP, e do art. 102. "a", do CPPM. Exemplificando, se um policial civil e um policial militar, ambos em serviço. praticarem, em concurso de pessoas, lesão corporal de natureza gravecontra um civ i l , impõe-se a separação dos processos. O policial civil será julgado pelo crime comum (CP. art. 129, § l"; perante a ju s t i ça comum, ao passo que o policial mil i tar será julgado peio crime mi l i ta r de lesão grave (CPM, art. 209. § l", c/c arl. 9°, II , ''c") perante a Justiça Mil i tar Estadual. Relembre-se que, como c i \ i l que é. o Policial Civil não pode ser julgado pela Justiça Mil i tar , ex vi do art. 125. § 4°. da Constituição Federal, Nesse sentido, dispõe a súmula n" 90 do STJ: Compele à Justiça Estadual Wiliiar processar c\jidgar <y policial militarpda prática do crime militar, c à Comum pela prática do crime comum simultâneo àquele. Seu conteúdo assemelha-se ao da súmula n" 30 do ext into Tribunal Federa! de Recursos: Conexos os crimes praticados por policial militar c por civil, ou acusados estes como coautorci, pela mesma infração, compele à.Justiça Militar Estadual processar c julgar ti policia! militar pelo crime militar (CPM, art. 9") c à Justiça Comum, o civil. 1.6.1.2. Concurso entre a jurisdição comum c a tio juízo de menores No concurso entre a jurisdição comum c a do jui/o de menores, impõe-se a separação dos processos (CPP, art. 79, inciso I I ) . Assim, caso um fato criminoso seja praticado por um maior e um menor de 18 (dezoito) anos em coautoria, ao juízo da infância e da Juven tude caberá o julgamento do menor, enquanto que o maior deverá ser processado perante a Justiça comum. Perceba-se que não ê a in imputabi l idade a causa exclusiva para a separação dos processos, visto que. no caso do doente mental , também considerado inimputá\e l nos lermos do art. 26. capuí. do CP, o julgamento é afeio ao ju iz criminal comum. Assim, como ad\erie Nucci. embora ao • 'mmitável seja aplicada pena e ao inimputável, medida de segurança, há um só foro compe- para ambos."8 > 1. 1 3. Doença mental superveniente à prática delituosa SE sobrevier doença mental a um dos acusados, em qualquer caso cessará a unidade de rocesso (CPP, art. 79, § 1°), ficando suspenso o processo quanto ao enfermo. Quando um dos acusados passa a sofrer de doença mental após a prática do delito, deve se , a separação dos processos. Nesse caso, e verificando o juiz que a doença mental sobreveio à infração. o processo penal ficará suspenso em relação ao enfermo, salvo quanto às diligências e possam ser prejudicadas pelo adiamento, cabendo ao magistrado pro\r a nomeação de curador (CPP, art. 152). Essa suspensão atende aos princípios da ampla defesa e do contraditório (CF art. 5°, LV), e deve perdurar até que o acusado se recupere c possa acompanhar o processo. Vale ressaltar que, como a lei silencia acerca do assunto, sendo im iável a aplicação da analogia em prejuízo do réu diante do silêncio legal, tem-se que a prescrição não fica suspensa durante o período de suspensão do processo. Não se pode confundir essa hipótese - doença mental após a prática do crime - com a situação em que o agente pratica a infração penal já acometido de doença mental que o prive, de maneira absoluta, da capacidade de entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento (CP, art. 26, caput). Nessas circunstâncias, o processo não ficará suspenso, cabendo a instauração do incidente de insanidade mental ao correu portador da doença mental, prosscguindo-se o processo em seus ulteriores termos para que. ao final, reconhecida sua inimputabilidade, seja-lhe aplicada medida de segurança. 1.6. 1.4. Citação por edital de um dos corréus, seguida de seu não-comparecimento e não- 'constituição de defensor Por força do art. 366 do CPP. se acaso um processo criminal for instaurado contra vários acusados, sendo um deles citado por edital, daí resultando seu não comparccimento e não cons- tituição de defensor, deverá o processo ficar suspenso tão somente em relação a sua pessoa. Para aqueles acusados que foram citados pessoalmente, deixando de apresentar resposta à acusação. o processo seguirá normalmente, devendo o jui? nomear-lhe defensor dativo (CPP. art. 396-A, § 2", com redação dada pela Lei n" 1 1.7 19/08). Por outro lado, àquele que foi citado por hora certa que não comparecer, também de\erà o juiz pro\idenciar-lhe a nomeação de da t ivo {CPP. art. 362. parágrafo único), dando-se prosseguimento ao processo. 1.6.1.5. Amiga hipótese de ausência de intimação da pronúncia ou de não-comparecimento do acusado à sessão de julgamento do júri, em se tratando de crime inafiançável Antes da reforma processual de 2008, dizia o Código de Processo Penal que, no processo do júri , quando um dos acusados não fosse intimado da pronúncia (revogados arts. 413 c 'c 414 do CPP} ou deixasse de comparecer à sessão de julgamento, em se tratando de crime inafianv-ável (revogado art. 451, § T, do CPP). seu julgamento não poderia ser realizado. Dai dispor o art. 79. § 2°. do CPP, que a unidade do processo não importará a do julgamento, w houver correu foragido que não possa ser julgado à revelia, ou ocorrera hipótese do art. 461 , Tinha-se, então, que o processo ficaria paralisado em relação ao correu ale que fosse encontrado e preso, t- m MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Brasileiro de Uma regra, sua prisão era decretada com fundamento na garantia de aplicação da lei penal. Tal hipótesn dava ensejo à separação de processos, na medida em que somente poderiam ser julgados aqueU que tivessem sido intimados ou que estivessem presentes à sessão designada. Com a Lei n" 11.689/08, que alterou o procedimento do júri, essa hipótese de separação obrigatória de processos deixou de existir. E isso porque, segundo o disposto na nova redação do art. 420, parágrafo único, do CPP, será intimado por edital o acusado solto que não for en- contrado, pouco importando se o crime pelo qual eie é acusado seja afíançável ou inafiançável Por sua vez, dispõe o caput do art. 457 que o julgamento não será adiado pelo não compareci- mento do acusado solto que tiver sido regularmente intimado. Percebe-se, portanto, que a lei processual penal deixou de prever a suspensão do processo caso o acusado pela prática de crime inafiançável não seja encontrado para ser intimado pessoalmente da decisão de pronúncia, ou caso não compareça à sessão de julgamento. 1.6.1.6. Recusas peremptórias no júri No âmbito do Tribunal do Júri, o exercício das recusas peremptórias (sem motivação) no procedimento de seleção dos jurados que irão compor o Conselho de Sentença pode acarretar a separação dos processos.659 1.6.1.7. Suspensão do processo em relação ao colaborador Consoante disposto no art. 4°, § 3°, da nova Lei das Organizações Criminosas, o prazo para oferecimento de denúncia ou o processo, relativos ao colaborador, poderá ser suspenso por até 6 (seis) meses, prorrogáveis por igual período, até que sejam cumpridas as medidas de colaboração, suspendendo-se o respectivo prazo prescrícional. Supondo, assim, a existência de um processo penal instaurado em desfavor de mais de um acusado, rã hipótese de um deles resolver colaborar com os órgãos responsáveis pela persecução penal, fornecendo informações úteis para a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa, revela- ção da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa, a prevenção de infrações penais, a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais, ou a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada, o prazo para o oferecimento da denúncia ou o próprio processo criminal poderão ser suspensos por até 6 (seis) meses, exclusivamente em relação ao colaborador. Por consequência, de modo a se evitar o prolongamento indevido do processo em relação aos demais acusados, notadamente quando um deles estiver preso, o que viria de encontro à garantia da razoável duração do processo, surge aí mais uma hipótese de separação obrigatória dos processos.1.6.2. Separação facultativa de processos De acordo com o art. 80 do CPP, será facultativa a separação dos processos quando as in- frações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo número de acusados e para não ihes prolongar a prisão provisória, ou por outor motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação. Por força do art. 80 do CPP, ainda que os processos já estejam reunidos em virtude da cone- xão e/ou da continência, é possível que o juiz determine a separação dos feitos. Este dispositivo diferencia-se, portanto, dos incisos I e II do art. 79 do CPP, que trata de hipóteses que, desde o início, devem tramitar separadamente, em que pese haver entre eles conexão e/ou continência. TtTULO 4 • COMPETÊNCIA CRIMINAL Assim crime 659 Optamos por tratar das recusas peremptórias no Título referente ao Processo e Procedimento, no capítulo atinente ao Procedimento Especial do Tribuno/ do Júri, para onde remetemos o leitor. ocorrendo uma das hipóteses do art. 79 do CPP (v.g., conexão entre crime militar e comum), por mais que haja conexão e/ou continência entre os crimes, não será possível 'formação de um simultaneits processas e, consequentemente, não haverá a modificação da * moetência segundo os critérios originariamente previstos. Por outro lado, na hipótese do art. !d do CPP, uma vez formado o processo único em virtude da conexão e/ou continência, o juiz oderá, facultativamente, separar os processos. Outra controvérsia produzida pelo art. 80 do CPP é definir se este dispositivo legal prevê ma simples hipótese de separação de processo e de julgamento, mantendo o mesmo juiz a Apetência já prorrogada em virtude da conexão ou continência, ou se, em sentido diverso, a comnetência prorrogada será alterada mais uma vez, com a consequente devolução de um dos feitos ao juízo originariamente competente. Parte da doutrina entende que, na hipótese de separação facultativa dos processos (CPP, art 80), não há necessidade de se determinar o retorno de um dos processos ao juiz que teve sua esfera de competência originária reduzida em virtude do reconhecimento da conexão ou continência. Logo, o juiz que exerceu a força atratíva manterá sua competência para os feitos em relação aos quais houve o reconhecimento da conexão ou continência, apesar de tais processos passarem a ser julgados separadamente, já que o art. 80 do CPP refere-se apenas à separação do julgamento, sem que haja necessidade de nova mudança da competência. Isso significa di- zer que, haja ou não a separação facultativa dos processos com fundamento no art. 80 do CPP, subsiste a competência do juiz que anteriormente teve sua competência prorrogada para julgar os dois feitos.660 A nosso juízo, uma vez desfeita a conexão em razão da separação facultativa, não há motivo algum para ser mantida a prorrogação da competência. Logo, aquele feito que inicialmente não era da competência do juízo prevalente deverá retornar ao juiz que era originariamente competente para julgá-lo, caso não tivesse havido o reconhecimento da conexão. Consequentemente, com a disjunção processual, haverá nova alteração da competência que fora anteriormente prorrogada, perdendo o juiz até então competente exatamente aquela parcela de competência que adquiriu em virtude da conexão ou continência. O art. 80 do CPP não estabelece até quando é possível a separação dos processos. Porém, se a reunião dos feitos por conta da conexão ou da continência pode ocorrer enquanto não houver decisão recorrível (CPP, art. 82), mutatis mutandis, conclui-se que é possível que o magistrado determine o desmembramento dos feitos até o momento da sentença, ressalvando-se, obviamente, a renovação da instrução processual perante o novo juízo em relação ao feito de sua competência, em virtude da adoção do princípio da identidade física do juiz (CPP, art. 399, § 2°). Há quem entenda que esse caráter facultativo de separação dos processos previsto no art. 80 do CPP é flagrantemente inconstitucional. Nessa linha, como observa Badaró, "a previsão de que o juiz possa dissolver a unidade processual quando ;por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação' é totalmente aberta, sem qualquer referência segura dos casos em que haverá separação. Também por tal motivo, é de se concluir pela violação da garantia do juiz natural, enquanto norma formal, a exigir que as hipóteses de fixação ou modificação de competência sejam definidas com base em precisos e rigorosos critérios objetivos fixados em 660 No sentido de que, na hipótese de desmembramento dos feitos, a competência para o julgamento do feito desmembrado, conexo com o anterior, continua sendo do Juízo que apreciou o processo principal: STJ, 3^ Seção, CC 107.116/RJ, Rei. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 10/03/2010, DJe 19/03/2010. Na mesma linha: ST1, V Turma, HC 103.741/SP, Rei. Min. Arnaldo Esteves Lima, j. 23/09/2008, DJe 03/11/2008. 576 MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renoro Braíileira de Lima lei , não deixando margem a atuações discricionárias"."'1 Prevalece, todavia, o entendimento que o art. 80 do CPI* nào é incompatível com o principio do juiz natural.*" Como o art. 80 do CPP está inserido no Código de Processo Penal no Capítulo que versa sobre a competência por conexão ou continência, prevalece o entendimento de que essa separação facul ta t iva dos processos pode ser aplicada tanto nos casos em que os feitos a serem separados já seriam da competência do mesmo juízo em que tramitavam em conjunto, seguindo as regras originárias de definição da competência, quanto nos casos cm que determinado ju ízo teve sua competência prorrogada por força do reconhecimento da conexão e. ou continência para julgar outro feito que. originariamente, não seria de sua competência.**3 Vejamos, então, quais são as hipóteses queautori/.am a separação facul ta t iva dos processos 1,6.2.1. Infrações praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes Sissa primeira hipótese de separação facultat iva dos processos deve ser analisada à luz das espécies de conexào'continência. Ora. se essa hipótese de separação demanda que as infracões tenham sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, forçoso é conc lu i r não ser possível sua aplicação no caso de conexão intersuhjet iva por s imul t ane idade , na medida em que esta espécie de conexão prevista na p r ime i ra parle do inc iso I do art. 76 traz como pressuposto que as duas ou mais infracões tenham sido praticadas ao mesmo tempo, por diversas pessoas ocasionalmente reunidas (sem intenção de reunião), aproveitando-se das mesmas circunstán- cius lie lampo L> de local. Situação semelhante ocorrerá no caso de conexão intersubjetiva por reciprocidade (CPP, art. 76. l, parte f inal ) , na medida em que esta exige a prática de infracões por pessoas que agem urnas contra as outras, pressupondo-se que estejam no mesmo lugar e ai) mesmo tempo. De maneira diversa, em se tratando de conexão intersubjetiva por concurso (CPP, art. 76, 1. 2' parte), conexão objetiva (CPP. art. 76. inciso 111 ou conexão probatória (CPP, ar!. 76. inciso I I I ) . pendamos ser possível a separação dos processos com base no art 80. l'1 pane. do ("l"P, pois. em relação a essas três hipóteses de conexão, nào se fa/ necessário que as infracões tenham sido cometidas em limares e momentos idênticos. 661 BADALO, GL.SÍJVO Henrique. BCTTINI, IVtpaoloCruZ Lascger de dinheiro awclcs peri&s e prozessva.í pêro,s - co.rpfi fonas o ir. 9 613/1598, ccrr, os a-teraçães da lei J 7 f>S.i/l.?. São Paub t d'tora Revista dos Tnajnas, 2012. p. 243-249. 66? No sentido de que lido e dado ao Tribunal substituir o jm?o de conveniência que e assegurado pplo <irt 80 do CPP ao magistrado para determinara separação dos processos STF, 2a Turma, HC 88 867/RS, Re!. Min Eros Grau, l 25/05/2007, DJe 1T'06/2QC7. Na mesma l nhã, segundoo 5TJ, "a tecr ao art 80 do CPP, a junção de acõss penais Ceve atender .1 um JJÍZQ de conveniência no tocante a otrm.zação do tr^miL' processua'" iSTJ, SJ "íjrrra. Rr-C 20428/SP, Re. f»'.m G Ison Zbpp. j 19/W/2007, DJ 04/CG/200V) . Rcfer.ndo-se a separação Jos on-.ceisos com fundamento no ar t . 80 do CPP cano ato discr ctonário tíojji/, que deve ewrr.inar as c i rcuns tânc ias cê-cada caso. STJ, Corte Especial, AgRg na Ap 540/MT, fiel. Min. Francisco Falcão, j. 01/04/2009. 663 Há precedente isolado da l- Turma do ST F em sentido con t rá r io - "A regra do art 80 do CPP só pode ser a p i - cada em relação aos processos submetidos á jurisdição de urn mesmo juí:o i"m ojtras palavras, a sepa-açãc dos processos JLI a su.i não reunião, com fundamento no disn;>s:! ivo legal suscitado, pressupõe r, u e todos eles estejam afeio; 30 rrvjnio ja?o ca-npetenU1 C-jm efeito, SP ,spt r ias o .uiz co-npri-TiU' para ju'gar oi vários deli tos conexos pode d^tcrnutior o seu processamento em autos ap.usados, interpreiaçiio em sentido d,verso que se faz do art. 80 do CPP pressupõe que os cumes em apreciação, nos autos Mirn",pondí>ntes, esteja, igualmente. sob a competéncM do mesmo jj:zo". (STF, 1J Turma, HC 91 fiUS/Sf, Itel Min Meneios Direito, j. 01/04/2008, DJe 147 07/08/2008) TÍTULO 4 . COMPETÊNCIA CRIMINAL 577 hjos casos de continência, por sua vez, conquanto seja possível a separação dos processos, da doutrina se posiciona contrariamente, haja vista a possibilidade de decisões contradi- tórias em relação a um mesmo fato."64 j 6.2.2. Excessivo número de acusados e para não lhes prolongar a prisão provisória A hipótese de separação facultativa do art. 80, 2J parte, do CPP, aplica-se a todos os casos de conexão e continência. Tra/ cm si dois requisitos: a) exce>si\ número de acusados: b) não orolongamcnto da prisão pro\a de um dos acusados. A t í tulo de exemplo, suponha-se que um dos acusados esteja preso p revcn t iv amente, tendo o advogado de defesa de um outro réu pleiteado a realização de exame pericial que somente seria interessante a sua defesa. Nesse caso, e considerada a complexidade do exame pericial, é fácil perceber que o acusado preso teria o curso do processo prejudicado pela realização de prova que nào lhe traria qualquer beneficio. Sendo assim, caberia ao magistrado determinar a separação dos processos, prusseguindo-se em relação ao ju lgamento do correu cuja instrução processual já estivesse finda. 1.6.2.3. Motivo relevante pelo qual o juiz repute conveniente a separação Como o legislador não pode prever todas as situações em que a separação dos feitos seja necessária, a parte final do art. SÓ do Cl*P possibili ta que o jui/ , por qualquer motivo relevante. determine a separação dos processos. Podemos citar, como exemplos de moti \os relevantes a ensejar a separação dos processos, o excessivo número de acusados soltos prejudicando o andamento do processo, ou quando o simitltuneus proccxsiu possa dar causa à extinção da punibil idade de um dos acusados pela prescrição.1''- 1.7, Perpetuação da competência nas hipóteses de conexão c continência A existência de um sinutitanetts processua por conta da conexão ou da continência não impede que o magistrado do juízo prevalente. ao julgar o feito, conclua pela incompetência do j 11:20 que exerceu a força atrativa, quer porque houve absolvição cm relação à infnícào que atraiu a competência, quer porque ocorreu a desclassificação para outra, que não era originariamente de sua competência. Nesse caso. indaga-se: continuará este j u í /o competente em relação aos demais processos9 A resposta à indagação conotado í\ipitl do art. S I do CPP \; i ficada a reunião dos prt>ces>os por eonexfiu ou cont inência , anula que no processo da sua competência própria \ en l i a o mi/ ou t r ibuna l a p ro t e i i r sentença absolutória (acrescentamos, por iniciprelaçào e x t e n s i v a , também a decisão dcclaralóna c x t i n t i v a da punibi l idade) ou que desclassifique a infração para outra que não se inc lua na sua competência, continuará competente em relação aos demais processos. Exemplif icando. ha\endo conexão probatória entre um crime de roubo praticado na comarca "A", e um c i i r n e de receptação qualif icada cometido na comarc.i "H", prevalece- a competência 664 É nesse sentido a posição c!c Nucci. op. cit p. 303 565 Em (.aso loncretoat inerte a crmes de peculato, lavjgem de dinheiro e q.'jcn'ha jhc jc si-bsti^da pela apela- ção cm,.rosa), supostar-erte comerdes por rrcmbrcs da Assembleia UvislEitiva cio Estactc do Mate Grosso, no desvo dl: fecorsos pjb'.. os para pagamento de bens e serv iços nexistcres prover isntes ti f empresas f ict K ' â j (rriijis df 100 açõe; forjm a ju i /adas para apurar esses fatos delituosos), cntende^-se qi.c h ,veria motivo n'11 p vanie ré come n da n d o s separada dos processos: Í1J, Corte Especia l , AR Hg na APn 534/MT, RH. M,n. Luiz fux, Dje 20AM/7009 Ainda cm rel.ição à possibilidade de separação dos pt<r i'i-.,os com base c-n motivo relev;nie ST1 - R K 18 522/MG- í? Turma - Rei M.nistra Ljur.td Vaz - DJ 06/OSA'Ú07 p. 533 578 MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Brasileiro de Uma do j u í/o da comarca "A", pois ali foi praticado o delito mais grave (CPP, art. 78, II, "a"). Caso ao final do processo, o ju i / desclassifique o delito de roubo para furto simples, cuja pena é menor que a do delito de receptação qualificada, ainda assim cominuará competente para o fato desclassificado e para o outro delito, cx vi do art. 81, cuput, do CPP. Essa perpetuação da competência atende ao principio da economia processual e da própria celeridade, na medida em que ioda a prova já fora colhida perante esle juízo. Ademais, não se pode perder de vista que, dianie da inserção do princípio da identidade física do jui / no pro- cesso penal (CPP, art. 399. i; 2" - "ojuiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença'') eventual remessa do processo ao outro juízo traria como consequência inevitável a renovação da instrução processual, causando indevido retrocesso na marcha procedimental. No âmbito tio jú r i . há de se ficar atento às seguintes hipóteses: I ) desclassificação na primeira fase do procedimento bifásico do Júri: de acordo com o art. 419 do CP!', com redacão dada pela Lei n" 11.689/08, quando o juiz se convencer, em discordância com a acusação, da existência de crime diverso dos referidos no í l" do an. 74 do CPP (homicídio, mdu/imento, instigação ou auxíl io a suicídio, infanticídio e aborto, em suas diversas modalidades) e não for competente para o julgamento, remeterá os autos ao jui / que o seja. ficando o acusado preso á disposição deste outro juízo. Quanlo à in (ração conexa, preceitua o parágrafo único do art, 81 do CPP que se o jui / vier a desclassificar a infracãoou impronunciar ou absolver sumariamente o acusado, de maneira que exclua a competência do júri . remeterá o processo ao juízo competente. Fm síntese, excepcionando-se a regra Aípcrpeiwiliojumilictionis constante do an. 81, caput, do CPP. ao jui/ sumarianle não caberá o processo e julgamento do crime conexo quando impronunciar. absolver sumariamente ou desclassificar a infraçào da sua competência, devendo remeter as infraçõcs conexas ou continentes ao juí/o competente. 2) desclassificação na segunda fase do procedimento escalonado do júri: caso a des- classificação seja operada pelo Conselho de Sentença quando do julgamento em plenário, seja cia própria ou imprópria, ao Juiz-Presidente caberá o julgamento da infração desclassificada c também das inf rações conexas (CPP, art. 492, §§ 1° e 21'). Exempli f icando, se ao acusado tiverem sido imputadas as condutas de homicídio doloso e estupro consumado, concluindo os jurados, todavia, pela desclassificação da imputação de homicídio doloso para lesão corporal seguida de morte, aojuiz-presidcnte caberá não só o ju lgamento desse delito, como iamhétn dainfníção conexa de estupro. (_ orno v iinot no tópico relat ivo a competência da Just iça Mi l i t a r , uma importante ressa lva se faz necessária nesse momento: se os jurados, ao votarem, procederem á desclassificação da imputação de homicídio doloso, conc lu i ndo , v .g . , pela exigência do crime de lesões corporais seguidas de morte praticado por mi l i t a r contra ei \, não será possível a aplicação da regra do art. 492, í lp . r parte, do CPP, pois, na medida em que os jurados concluíram não se ( ra la r de crime doloso contra a v i d a praticado por mi l i t a r conlra ci\, depreende-se que tal crime deixa de ser considerado crime comum, retomando à condição de cr ime mi l i ta r , ra/ão pela qual não pode ser ju lgado pelo Jui/-Presideme do Tribunal do Júr i . Portanto, se esse crime de lesões corporais seguidas de morte t i \ e r sido praticado por m i l i t a r em sen iço ou amundo em r.i/ão em razão da função crime m i l i t a r nos exatos termos do art. 209. í 3", infm^, c c art. 9J, inciso I I , "c", ambos do Í.'1'M -, compete ao J u (/-Presidente do fnbunal do Jú r i determinar a remessa dos autos á Justiça Mi l i t a r , a quem compele processar e j u l g a r o referido crime mili tar." '' TÍTULO 4 • COMPETÊNCIA CRIMINAL 579 3) absolvição pelo Conselho de Sentença em relação ao crime doloso contra a vida: se os jurados deliberaram pela absolvição em relação à infração principal (crime doloso contra a vida), v.g.n respondendo afirmativamente ao quesito "o jurado absolv e o acusado?", significa que, implicitamente, reconheceram sua competência para processar e julgar o feito. Logo. também aos jurados caberá o julgamento das demais infrações penais conexas e continentes, aplicando-se a regra geral do art. 81, caput, do CPP. Por fmi, quanto à perpetuação da competência no caso de conexão e continência entre crimes de competência da Justiça Federal e Estadual, repetimos aqui o quanto foi visto ao tratarmos tia competência da Justiça Federal. Valentio-se do exemplo ali citado em que um ju i z federal, ao final do processo, entenda que a internacionalidadc do tráfico de drogas não esteja comprovada, tralando-se. pois, de cri- me de tráfico interno de drogas, da competência da Justiça Estadual, foi dito que uma primeira corrente sustenta ser possível a aplicação da regrado an. 81 do CPP. Assim, mesmo que o ju i / federal v ies.se a entender ao final do processo que o delito seria de tráfico interno de drogas, esse magistrado teria sua competência prorrogada, sendo inviável a alegação de nulidade absoluta do processo por violação ao principio do jui / natural. Tem prevalecido, todavia, a posição segundo a qual. a partir do momento em que o ju i / federa) reconhece que não se irata de crime de tráfico internacional, está reconhecendo sua in- competência absoluta, sendo inviável a perpetuação da competência, porquanto, se se trata de crime da competência da Justiça Estadual, cessou sua competência para o processo e julgamento do feito. Não por outro motivo, em caso concreto apreciado pelo STJ, em face da siipen'eniência da extinção da punibi l idade em face do crime que just if icava a competência da Justiça Federal. concluiu-se que os crimes conexos deveriam ser julgados pela Justiça Estadual, na medida em que não subsistiria qualquer interesse da União."1'' Situação diferente ocorrerá na hipótese de conexão entre o tráfico internacional de drogas. crime de competência da Justiça Federal, pelo qual o acusado seja absolvido, e um crime qualquer de competência da Justiça Estadual, \.g., roubo. A princípio, e em v inude do teor da súmula 122. prevalecerá a competência da Justiça Federal, nos termos da súmula 122 do STJ: "Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 7 H, 11. a. do Código de Processo Penal", Nessa hipótese. mesmo que o ju iz federal absolva o agente em relação à imputação de trafico internacional de drogas, terá sua competência prorrogada para ju lgar o deli to conexo, pois. se nome absolvição. s i gn i f i c a i l i /er que a Justiça K'deral afirmou >ua competência, a qual será extens iva aos crimes vule regra do art. S I do CPP. 2. PRORROGAÇÃO DE COMPETÊNCIA Prorrogar s ignif ica aumentar a extensão da competência de um órgão ju r i sd ic iona l de modo a alcançar causas que, abstratamente. não seriam de sua competência, mas que. por algum motivo, passaram a ser concreiamenK' Prorrogação de competência, por conseguinte, "c a modificação na esfera de competência de um órgãojunsdicional . que seria abstratamente incompetente, mas se tornou concretitmente competente com referência a determinado processo, em ra/ão de um fauí processual modificador".""' STJ . K J 0 3 3 5 0 / R J Rei Min K",!r,a The-r/.! de flss-. W:;ur3, jul^do em 4,'3,'W.' Na rru-Mu.] trilha 51J, 6J T_r in, i . --C 37.58:, ''P^. Rei V n Hano Qu.^l „ =érbc - j , D. 19/12, 200') p 474, y F. 7 "V™, l1!, li Í79/RS R-?l M, n Círios VeNoso, DJ ?8/0?/1997. FEKOM. Denils.n OD Cit P 3J9. 580 MANUAL DE PROCESSO PENAL - fienuío Brasileiro de Lima Se a competência absoluta é aquela fixada com base no interesse público, tem-se que não pode ser modificada, ou seja, a competência absoluta é improrrogável, inderrogável. Logo, só é possível haver prorrogação de competência quando a competência possuir natureza relativa Didaticamente. a prorrogação da competência pode assim ser classificada: 1) legal ou necessária: sua ocorrência não depende da iniciativa das partes. A líui|() (je exemplo, é o que se dá nos casos de conexão e continência (CPP. arts. 76 e 77); 2) voluntária: quando depende da in i c i a t i va das partes. F.sta, por sua \e/. subdivide-se errr 2 . 11 expressa: quando há requerimento da parte. É o que se dá quando o desaforamento é requeri- do pelo réu. pelo Ministério Público ou pelo querelantc (CPP. art. 427. ccifnto, 2.2) tácita: ocorre diante do silêncio das partes. Exemplificando, quando a incompetência re la t iva não c arguida no momento oportuno resposta à acusação (CPP. art. 3%-A) -, dá-se a preclusão para a parte. Segundo o art. S I do CPP. verif icada a reunião dos processos por conexão ou continência ainda que no processo da sua competência própria venha o j m/ ou t r ibunal íi proferir sentença absolutória ou que desclassifique a infração para outra que não se ine lua na sita competência, continuará compete-nle em relação aos demais processos. Logo, verificada a reunião de proces- sos por conexão ou continência, o jui/ ou tribunal continuará competente em relação às demais infracões penais atraídas, ainda que no processo da sua competência própria venha a: 1) absoker o acusado daquela que promoveu a atração: 2) desclassificar a infração que promoveu a atração para outra que não se inc lua na sua competência; 3) por interpretação extensiva, declarar a ex- tinção da punibil idade em relação â infração que promoveu a atração (por exemplo, em ra/àu da morte do correu)/'"'' l:\emplificando. caso haja conexão probatória entre um roubo simples praticado na comarca "A" e um crime de receptação qualificada cometido na comarca "B", prevalece a competência do juí/o da comarca "A", na medida cm que a pena cominada para o delito de roubo simples é mais grave (CPP. ar t . 78, I I , "a'1). Caso, ao final do processo, conclua o magistrado pela desclassificação de roubo para furto simples, a inda assim continuará competente para o falo desclassificado e para a receptação, nos chatos termos do art. 81, cuput, do CPP. Por sua vê?, segundo o art. "M, -f 2". do CPP. se. iniciado o processo perante um juiz . houve r desclassificação para infração da competência de outro, a este será remetido o processo, sa lvo se mais graduada for a jurisdição do primeiro, que, em tal caso, terá sua competência prorro- gada. Segundo Pacelli. a ressalva constante da partefinal desse dispositivo não encontra mais aplicação, pois a tua lmente a diferença de graduação, para fins de competência, é unicamenie de insi:'mci:r "isso porque a competência dt^ i r ibuna iv que seriam mais graduados que os j u i / c s de primeira instância, e or ig inár ia , em ra/ào de prerrogativa de função. Por isso, quando determinado t r i buna l recusa a sua competência e remele os autos ao j u i / de primeiro grau. ele, na realidade, não está desclassificando a infração. mas simplesmente declinando de sua competência por nàn reconhecer, por exemplo, a apontada p renoga t iva de tunçào" ." ' 3. WiPKITAÇÀO I)K COMPETÊNCIA l 'ma vez iniciado o processo pena! peiante determinado juí/o. deve nele prosseguir até o seu término. No entanto, ao longo do curso do processo, vár ias alterações podem ocorrer, hipótese que se questiona se a competência será mantida ou não. Conquanto não haja dispositivo legal expresso no Código de Processo Penal acerca do assunto, tem prevalecido na jurisprudência possibilidade de aplicação subsidiária do disposto no art. 41 do novo CPC: "Determina-se a competência no momento do registro ou distr ibuição da petição inicial , sendo irrelevantes as 0(jjficações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimi- rem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta". Vê-se, pois, que são irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito, sa lvo em três hipóteses: a) quando ocorrer a extinção do órgão judiciário, tal como ocorreu com os Tribunais de Alçada (Emenda Constitucional n" 45 04. art. 4"): b) quando a competência for alterada em razão da matéria: \ ideexemploda Lei n" 9.299'96. que transformou em crime comum o crime doloso contra a v ida praticado por mi l i t a r contra c i v i l , ainda que cometido em serviço (CPM. art. lí", parágrafo único}/1 '1 c) quando a competência for alterada em razão da h ierarquia imaginando-se que deter- minado acusado seja diplomado deputado federal durante o curso de processo criminal, cessa automaticamente a competência do Jui? de l'1 instância, cabendo-lhe de t e rmina r a remessa imediata dos autos ao Supremo Tribunal Federal, sem prejuízo da validade dos atos processuais praticados anteriormente (luntfníx regit aciiirn/. Mas e no easo de alteração da competência territorial por regra de organização judiciária posterior? Exemplificando, imagine-se que o acusado esteja sendo processado na comarca "A", na qual está inserido o município "H", por crime praticado neste município. Futuramente, no entanto, o município "B" é transformado em comarca autónoma. Deverá se dar a perpetuação da competência perante a comarca "A"? Ou o processo deve ser remetido à novel comarca? Diante do silêncio da lei processual penal, em regra, tais casos têm sido resolvidos pelas próprias leis de organização judiciária: logo. criada a comarca, ou novo juízo, a própria lei irá definir se serão (ou não) a ela remetidos os processos relativos aos crimes ali cometidos. Nas hipóteses em que a lei de organização jud ic i á r i a silenciar acerca do procedimento a ser ado- tado. tem prevalecido a aplicação subsidiária tia regra constante art. 43 do novo CPC. com a consequente manutenção do processo na comarca de origem, " l a l se dá porque a competência territorial é prorrogável e re l a t iva , o que não ocorre com a competência em razão da matéria.'1" A aplicação subsidiária do principio da ivrfífiiiíitioJHnsdifiionix no processo penal pode incidir inclusive cm relação aos crimes dolosos contra a vida. porém somente na fase anterior ao ju lgamento pelo j ú r i . De faio. na medida cm que a própria cvstêneia do J ú r i está l igada ao ob je t i vo de se preservar o ju lgamento do réu pelos ^eiis pare-, ea-o ha ja a crtaç.lo de foro no lugar em que lo i perpetrado o cr ime doloso coiilra a v ida . e nesse foro que d eve r á se dar o j u l - De accido i.om PãceTi, ' 'nàn h,i qualquer in:crvu'r,i(-nltd u p^on • ou m.iií JTIC!:, qualq.ie; 1'egj'idace. - r,j a teraçãc excepcional da regra d d perceíúct.'o juori ;' on-s, sob-etud? :|uanco í e tra:a- de cnaçC-3 de varai, eipecialuadcis err determinada matéras, no àmb'tc fír mesmo ji-i: n.Varal. desde que respi"tacío, agcra, o pnncíp o dii identidade física co juiz (art. 399. Ç 2", CPP}. ;.om modificação, então, da o'dem li^ dl aiíenor.' (op. cit. p 247) . Nessd linha, qu.inío <i especialização Jr varai federai;, par,! u pioietio e julgamento dos crimes Qe lavagem Je capitais, o Supremo concluiu que "o provimento apontado como in.constitucion,]! especializou vara federal j,í c.riada, nos exatos Imutei da jtribuição q'.j<> a Carta Magna confere dos Tribunais A remessa para vara esppri tVi;ji jafuncací::eir corv'<iona'oviolao snncipi;) do juiz natica ' (ST-, ls Turma, HÇ g l 2S3/MS, fiel M n Rcardc lewandcwski, Díe Ul 13/11/2007) MQ sentido cia possibil idade de .splicaião subsidiar.;) da regra da pcrpctixitio jwíídicticriií da ar t . 87 d_"> fal (art 43 cio ru-vo CPC) ao processo penal, íurn fundamento no art. 3S do CPP STF, 2d- Turm.i, RHC. 83 003/Rj, Rol. Min Maurício Corre,), DJ ?'//06/2Q03 E também STF, Pleno. RHC 8 i IS l/RJ. Rei. Min. Jo.iquim Garbos. tJJ 22.'lQ/7ro<; 582 MANUAL DE PROCESSO PENAL - Renato Brasileiro de Lima gamento cm plenário. Portanto, no âmbito do Tribunal do Júri, podemos afirmar que o princípio da perpeiuaiiti juristiictionis somente é aplicável à 1a fase do procedimento bifasico (iudicium accusationis).' Quanto às hipóteses de delegação de competência federal ao juízo estadual nas comarcas que não forem dotadas de vara federal (CF, art. 109, íf§ 3" e 4"). a superveniente instalação de vara federal afasta a aplicação da regra da perpcíuatio iurisdU-tionis, ía/endo com que os processos que ali tramita\am sejam imediatamente encaminhado à vara federal instalada. Com a re\oeaçâo do art. 27 da Lei n11 6,368,76, que previa que o processo c julgamento do tráfico internacional de drogas caberia à Justiça Estadual se o município em que tivesse sido praticado o deli to não fosse dotado de Vara da Justiça Kederal. com recurso para o respectivo I'RF, e diante da nova redação do art. 70. parágrafo único, da Lei n" 11.343 ;06. não subsiste no ordenamento processual penal qualquer outra hipótese de delegação da competência c r im ina l da Justiça Federal para a Justiça Estadual."1 f j /3 STF, l J~urr ra ,HCfWhl9 /MG, Re!. Mm Scpirveda Pertence, DJ lí,/Q2/20C7. 674 Como adver te Roberto Luís Lutlii Demo, "no tocante n delegação de jurisdição federal ,10 ju 109, § 3°, da Cr), a posterior criação de vara federal repercute- cê duas rij.ieKas t TI re lação município em que ocorreu a míração não for sede da nova var.i da jus t i ça reder.il, não cessa que í m D o-, n s juzo", federa' e comum t ê TI competência le'ritor a! sobre es crirrí", cometidos ocorrendo .> persH.Jut o |ur sriicticn",. Já em relação aos cr'me*, CI.JQ TIU-I dpío í-r*- que ocorre sede da nov.i vara d.i Just iça f-ecíersl, cessa a delegação de comprtcnaa, por isso que já n,1o v s't u ata o fát; ,- 3 h.prtf- r-e CD'isl!lucií)n.il cie delegação, i e T de c J só de competência de Justiça, c. de aplicai- ' ,* ' imed d t u r ti ente- nos p'OLessoi ern tjrso, sem prejL.i/u da v.iLo ide dos ,i'os p r j t i c c (op rit. p ;SK 2591 TITULO 5 PROVAS C AP IT l i I .O I TEORIA GERAL DAS PROVAS 1. TKRMINOLOG1A DA PROVA.1 Hm sentido amplo, provar significa demonstrar a veracidade de um enunciado sobre um fato tido por ocorrido no mundo real. Em sentido estrito, a palavra prova tem \arios significados. Por isso. inicialmente, é importante firmarmos algumas premissas termmológicas. 1,1. Acepções da palavra prova A palavraprovíj tem a mesma origem etimológica dçproho (do \a,\\m*pr<>batio eprobus), e tradti/ as ideias de verificação, inspcção, exame, aprovação ou confirmação. Dela deri\ o verbo provar, que significa verificar, examinar, reconhecer
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