Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

Psicologia Geral 
 
 
 
Ensino à Distância 
 
 
Universidade Pedagógica 
Rua Comandante Augusto Cardoso n˚ 135 
 
 
 
 
Direitos de autor 
Este módulo não pode ser reproduzido para fins comerciais. Caso haja necessidade de reprodução 
deverá ser mantida a referência à Universidade Pedagógica e aos seus autores. 
Universidade Pedagógica 
 
Rua Comandante Augusto Cardoso, nº 135
Telefone: 21-320860/2 
Telefone: 21 – 306720 
Fax: +258 21-322113 
 
 
 Agradecimentos 
 
À COMMONWEALTH of LEARNING (COL) pela disponibilização do Template usado na 
produção dos Módulos. 
 Ao Instituto Nadional de Educação a Distância (INED) pela orientação e apoio prestados. 
 Ao Magnífico Reitor, Directores de Faculdade e Chefes de Departamento pelo apoio prestado em 
todo o processo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ficha Técnica 
 
Autores: - Jaime da Costa Alípio 
 - Manuel Magiricão Vale 
Desenho Instrucional: Teresa Miguel Enós Jamal-Dine 
Ilustração: Eugénio David Langa 
Revisão Linguistica: Ernesto Júnior 
Maquetização: Eugénio David Langa 
Edição: Anilda Ibrahimo Khan 
 
 
 
 
 
 
 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância i 
 
Índice 
Visão geral 1 
Bem-Vindo ao módulo de Psicologia Geral ...............................................................................................................1 
Objectivos do curso .....................................................................................................................................................2 
Quem deve estudar este módulo?................................................................................................................................3 
Como está estruturado este módulo?...........................................................................................................................3 
Ícones de actividade.....................................................................................................................................................4 
Habilidades de estudo..................................................................................................................................................6 
Precisa de apoio? .........................................................................................................................................................6 
Tarefas (avaliação e auto-avaliação)...........................................................................................................................7 
Avaliação .....................................................................................................................................................................8 
Unidade I 9 
SURGIMENTO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA ............................................................................................9 
Introdução................................................................................................................ 9 
Lição nº 1 11 
Conceito, Objecto, Objectivos e Métodos da Psicologia..........................................................................................11 
Conceito de Psicologia .......................................................................................... 11 
Lição nº 2 14 
Objecto e Objectivos da Psicologia...........................................................................................................................14 
Lição nº 3 22 
Os Métodos da Psicologia .........................................................................................................................................22 
Sumário......................................................................................................................................................................27 
Exercícios...................................................................................................................................................................27 
Unidade II 28 
PSICOFISIOLOGIA .................................................................................................................................................28 
Introdução.............................................................................................................. 28 
ii Índice 
 
Lição nº 1 30 
A Evolução Filogenética do Psiquismo ....................................................................................................................30 
A vida vegetativa .......................................................................................................................................................30 
Lição nº 2 35 
As Bases Anatómicas e Fisiológicas da Conduta .....................................................................................................35 
Lição nº 3 41 
Ligação entre o neurónio e o sistema nervoso ..........................................................................................................41 
Sumário......................................................................................................................................................................46 
Exercícios...................................................................................................................................................................47 
Unidade III 48 
PSICOLOGIA EVOLUTIVA E DE DESENVOLVIMENTO................................................................................48 
Introdução.............................................................................................................. 48 
Lição nº 1 51 
Desenvolvimento Humano........................................................................................................................................51 
Lição nº 2 56 
O Desenvolvimento Motor da Criança .....................................................................................................................56 
Lição nº 3 60 
O Desenvolvimento na Adolescência .......................................................................................................................60 
Exercícios...................................................................................................................................................................62 
Unidade IV 67 
PEOCESSOS PSÍQUICOS COGNITIVOS .............................................................................................................67 
Introdução.............................................................................................................. 67 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância iii 
 
Lição nº 1 70 
As sensações ..............................................................................................................................................................70 
Lição nº 2 74 
Memória.....................................................................................................................................................................74 
Lição nº 3 79 
Pertubação da memória .............................................................................................................................................79 
Lição nº 4 83 
A atenção e percepção ...............................................................................................................................................83 
Lição nº 5 89 
Tipos de percepção ....................................................................................................................................................89 
Sumário......................................................................................................................................................................94Lição nº 6 95 
A relação entre a percepção e a sensação .................................................................................................................95 
Lição nº 7 99 
Como as informações sobre o meio são processadas ...............................................................................................99 
Lição nº 8 105 
O processo da Informação no cérebro.....................................................................................................................105 
Introdução............................................................................................................ 115 
iv Índice 
 
Unidade V 116 
PENSAMENTO E LINGUAGEM .........................................................................................................................116 
Lição nº 2 118 
Conceito de pensamento..........................................................................................................................................118 
Lição nº 2 123 
Tipos de pensamento ...............................................................................................................................................123 
Lição nº 3 127 
Linguagem ...............................................................................................................................................................127 
Sumário....................................................................................................................................................................131 
Exercícios.................................................................................................................................................................132 
Sumário....................................................................................................................................................................134 
Exercícios.................................................................................................................................................................134 
Unidade VI 135 
PERSONALIDADE ................................................................................................................................................135 
Introdução............................................................................................................ 135 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância v 
 
Lição nº 1 137 
Conceito de personalidade.......................................................................................................................................137 
Lição nº 2 142 
Teorias de personalidade .........................................................................................................................................142 
Lição nº 3 147 
Teorias neufreudianas..............................................................................................................................................147 
Lição nº 4 152 
Teorias Disposicionais ou Traços da Personalidade...............................................................................................152 
Lição nº 5 156 
Teoria behaviorista da personalidade......................................................................................................................156 
Lição nº 6 159 
Factores que influenciam o desenvonvimento da personalidade ...........................................................................159 
Lição nº 7 164 
Formas instrumentos utilizados na mensuração da personalidade.........................................................................164 
Sumário....................................................................................................................................................................170 
Exercícios.................................................................................................................................................................172 
Unidade VII 173 
BIBLIOGRAFIA.....................................................................................................................................................173 
 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 1 
 
Visão geral 
Bem-Vindo ao módulo de 
Psicologia Geral 
 
Este módulo é constituído por cinco unidades nomeadamente: 
ƒ Unidade I que se debruça fundamentalmente do surgimento da 
Psicologia como ciência partindo das idéias dos grandes filósofos da 
Grécia antiga que deram o seu contributo para que esta se tornasse, de 
facto, ciência do comportamento e das actividades mentais; 
ƒ Unidade II, que trata dos aspectos relacionados com o desenvolvimento 
do psiquismo e da consciência humana, explorando as bases biológicas 
do comportamento e aproximando a Psicologia da Fisiologia humana e 
da Genética; 
ƒ Unidade III, a qual foca a sua atenção sobre os processos cognitivos 
nomeadamente a sensação, percepção, memória, pensamento e 
linguagem. Estes processos permitem conhecer o mundo que nos 
rodeia através dos órgãos dos sentidos e reflexão sobre os fenómenos 
e objectos; 
ƒ Unidade IV, que descreve as bases do desenvolvimento humano tendo 
em conta os diversos factores que o influenciam discutindo-os com 
base nas teorias dos diversos psicólogos que se debruçaram sobre esta 
matéria e, finalmente; 
ƒ Unidade V, que descreve aspectos fundamentais da personalidade e 
seu desenvolvimento baseando nas teorias de eminentes psicólogos 
que discutiram esta matéria; 
ƒ Uniddae VI, apresentamos a bibliografia que foi usada neste trabalho. 
ƒ Tempo total de estudo: 20.h 00 min. (aproxim.) 
 
 
2 Visão geral 
 
 
Cada uma destas unidades apresenta uma introdução na qual se destacam: 
1 Visão geral da unidade; 
2 Objectivos; 
3 Conteúdos principais a serem tratados nesta mesma unidade; 
4 Tarefas a serem executadas pelo formando ; 
5 Recursos de apoio para estudar a unidade; 
6 Duração em termos de tempo que irá necessitar para estudar a 
unidade; 
7 Referência do material que irá necessitar para aprofundar os 
conhecimentos e; 
8 Metodologia de estudo de cada unidade. 
 
Objectivos do curso 
Quando terminar o estudo deste módulo- Psicologia Geral será capaz de: 
 
 
Objectivos 
ƒ Definir os principais conceitos em Psicologia 
ƒ Compreender a importância da Psicologia no processo de ensino-
aprendizagem; 
ƒ Reconhecer as relações existentes entre a Psicologia e outras 
disciplinas; 
ƒ Identificar e caracterizar os processos psíquicos; 
ƒ Relacionar os diversos saberes adquiridos em cada unidade; 
ƒ Explicar as diversas teorias dos fenómenos psicológicos. 
 
 
 
 
 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 3 
 
Quem deve estudar este módulo? 
Este módulo destina-se à formação de professores em exercício que 
possuem a 12a classe ou equivalente e inscritos no Curso à Distância, 
fornecido pela Universidade Pedagógica. 
. 
Como está estruturado este 
módulo? 
Todos os módulos dos cursos produzidos pela Universidade Pedagógica 
encontram-se estruturados da seguinte maneira: 
Páginas introdutórias 
ƒ Um índice completo. 
ƒ Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os aspectos-
chave que você precisa conhecer para completar o estudo. Recomendamos 
vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu estudo. 
Conteúdo do curso / módulo 
O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma introdução, 
objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo actividades de 
aprendizagem, um sumário da unidade e uma ou mais actividades para auto-
avaliação. 
Outros recursos 
Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista de 
recursos adicionais para você explorar. Estes recursos podem incluir livros, 
fichas, artigosou sites na internet. 
4 Visão geral 
 
Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação 
As tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de cada 
unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para desenvolver as 
tarefas, assim como instruções para as completar. Estes elementos encontram-
se no final do módulo. 
Comentários e sugestões 
Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários sobre a 
estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários serão úteis para 
nos ajudar a avaliar e melhorar este curso / módulo. 
 
Ícones de actividade 
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das 
folhas. Estes icones servem para identificar diferentes partes do processo de 
aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova 
actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. 
Acerca dos ícones 
Os ícones usados neste manual são símbolos africanos, conhecidos por 
adrinka. Estes símbolos têm origem no povo Ashante de África 
Ocidental, datam do século 17 e ainda se usam hoje em dia. 
Os ícones incluídos neste manual são... (ícones a ser enviados - para 
efeitos de testagem deste modelo, reproduziram-se os ícones adrinka, mas 
foi-lhes dada uma sombra amarela para os distinguir dos originais). 
Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a seguir, cada 
um com uma descrição do seu significado e da forma como nós 
interpretamos esse significado para representar as várias actividades ao 
longo deste curso / módulo. 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 5 
 
 
Comprometimento/
perseverança 
Actividade 
 
Resistência, 
perseverança 
Auto-avaliação 
 
“Qualidade do 
trabalho” 
(excelência/ 
autenticidade) 
Avaliação / 
Teste 
 
“Aprender através 
da experiência” 
Exemplo / 
Estudo de caso 
 
Paz/harmonia 
Debate 
 
Unidade/relações 
humanas 
Actividade de 
grupo 
 
Vigilância / 
preocupação 
Tome Nota! 
 
“Eu mudo ou 
transformo a minha 
vida” 
Objectivos 
 
[Ajuda-me] deixa-
me ajudar-te” 
Leitura 
 
“Pronto a enfrentar 
as vicissitudes da 
vida” 
 
(fortitude / 
preparação) 
Reflexão 
 
“Nó da sabedoria” 
Terminologia 
 
Apoio / 
encorajamento 
Dica 
 
 
 
 
 
 
6 Visão geral 
 
Habilidades de estudo 
 
Caro estudante! 
Para frequentar com sucesso este módulo terá que buscar através de uma 
leitura cuidadosa das fontes de consulta a maior parte da informação 
ligada ao assunto abordado. Para o efeito, no fim de cada unidade 
apresenta-se uma sugestão de livros para leitura complementar. 
Antes de resolver qualquer tarefa ou problema, o estudante deve 
certificar-se de ter compreendido a questão colocada; 
É importante questionar se as informações colhidas na literatura são 
relevantes para a abordagem do assunto ou resolução de problemas; 
Sempre que possível, deve fazer uma sistematização das ideias 
apresentadas no texto. 
Desejamos-lhe muitos sucessos! 
 
 
 
Precisa de apoio? 
Para estudar esta disciplina deve obedecer as seguintes recomendações: 
1 Aprofundar os conhecimentos das unidades consultando o seu tutor 
(através de mecanismos estabelecidos), colegas, bibliografia 
recomendada disponível e sites especializados na internet; 
2 Estudar a disciplina obedecendo a sequência das unidades; 
3 Realizar as tarefas ou actividades recomendas; 
4 Só poderá passar para unidade seguinte depois de certificar se 
compreendeu a unidade em estudo mediante uma avaliação; 
5 Observar o tempo alocado para cada unidade e exercícios; 
6 Conservar os materiais à disposição. 
 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 7 
 
Tarefas (avaliação e auto-
avaliação) 
No final de cada unidade, encontrará testes de auto-avaliação os quais deverá 
responder cuidadosamente e comparar as suas respostas com guião de 
correcção que se encontra no fim do módulo. Os testes são de autoria dos 
autores deste módulo porém no caso de testes adaptados indicar-se-á a fonte 
dos mesmos. Deverá ter cuidado na utilização de ideias ou conceitos de outros 
autores. Neste caso deve se preocupar em primeiro lugar mencionar a fonte 
destas mesmas ideias. 
As tarefas de auto avalição serão as seguintes: 
1 Exercícios de auto-avalição; 
O formando deverá realizar no fim de cada unidade um teste que encontra em 
anexo. 
2 Pequenas experiências; 
Ver as recomendações necessárias, reunir os materiais recomendados e realizar 
as experiências. 
3 Estudo em grupo e individual; 
Deve priorizar sempre que necessário a discussão com os colegas e aprofundar 
a matéria individualmente. 
4 Apresentação de dúvidas ao tutor; 
Sempre que tiver dúvida consultar o tutor 
5 Apresentação e discussão de casos específicos; 
No estudo em grupo o formando apresenta os casos específicos para a 
discussão. 
 
 
 
8 Visão geral 
 
Avaliação 
Ao realizar as actividades você não precisa correr ou ter pressa para terminar. É 
importante, sim, realizar cabalmente todas as actividades que são propostas em 
todas as secções dentro do tempo recomendado, pois só assim é que poderá 
compreender e consolidar melhor a matéria. Siga todos os passos 
recomendados para cada actividade. Se tiver alguma dúvida consulte o seu tutor 
ou tente discutir com um dos seus colegas. 
 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 9 
 
Unidade I 
SURGIMENTO DA PSICOLOGIA 
COMO CIÊNCIA 
Introdução 
Seja bem vindo à primeira unidade do módulo de Psicologia Geral. Para o estudo 
desta unidade precisará de 9 horas. Esta unidade está subdividida em 3 (três) 
lições de duas horas de estudo para cada. 
Falaremos nesta unidade essencialmente sobre: 
1 Conceito e significado da Psicologia 
2 Objecto, objectivos e princípios da Psicologia 
3 Métodos e técnicas em Psicologia. 
4 O pensamento psicológico e as principais correntes da Psicologia 
Porque é que é importante estudar este tema? 
Todos nós sabemos ou ouvimos falar de Psicologia e usamos frequentemente 
esta palavra no nosso dia-a-dia. O capítulo que vamos iniciar ajudar-nos-á a 
perceber como e quando surgiu esta palavra e como os eruditos a vêem e a 
discutem ao longo do tempo. Conheceremos também os caminhos por que este 
passou até se transformar em ciência. Este facto ajudar-nos-á a perceber as 
diferentes abordagens assumidas pelos estudiosos do campo da Psicologia. 
 
Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: 
 
 
Objectivos 
 
Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de 
ƒ Definir o conceito de Psicologia; 
ƒ Estabelecer e explicar com palavras suas as diferentes correntes 
psicológicas; 
10 Unidade I 
 
ƒ Descrever os principais métodos usados na Psicologia; 
ƒ Identificar as diferenças entre as principais correntes psicológicas. 
 
Para lhe ajudar a alcançar estes objectivos preparámos uma série de actividades 
parciais a partir das quais poderá entender melhor todo o processo do 
surgimento da Psicologia. 
 
 
Terminologia 
Os principais conceitos a serem abordados nesta unidade são: 
Psicologia, psíquico, consciência, empirismo, behaviorismo, psicanálise. 
Conhecimentos prévios 
Para o estudo desta unidade você vai precisar de recordar ou mesmo ter acesso 
à Filosofia, História da Grécia , conteúdos ou disciplinas do Ensino Secundário 
do SNE. 
 
 
 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 11 
 
Lição nº 1 
Conceito, Objecto, Objectivos e 
Métodos da Psicologia 
Duração: 2 (duas) horas 
Ao terminar esta lição será capaz de: 
• Definir o conceito de Psicologia 
• Comparar os diversos conceitos de Psicologia 
 
Coneitos-chave:psique, alma, mente. 
Conceito de Psicologia 
Cada ciência diferencia-se da outra pelas particularidades do objecto de estudo. 
Assim, por exemplo, a Biologia tem por objecto de estudo os seres vivos 
(plantas, animais incluindo o próprio homem), a Georgrafia estuda a terra. 
No caso da Psicologia, a questão da definição do seu objecto de estudo torna-se 
muito difícil quando comparado com outras ciências e a compreensão do seu 
objecto de estudo depende da forma como as pessoas que estão ocupadas com 
esta ciência concebem o mundo. A dificuldade na delimitação do objecto de 
estudo da Psicologia reside no facto de que desde há muito tempo os fenómenos 
que se relacionam com a inteligência humana sempre foram considerados 
fenómenos particulares. 
É, de facto, evidente que a percepção, por exemplo, que você tem de uma 
esferográfica poderá ser diferente da do seu colega ou uma outra pessoa 
qualquer. É certo também, que a percepção que nós temos sobre um objecto 
muita vezes não tem nada a ver com o próprio objecto. 
Por exemplo, o desejo que você tem de ir ao futebol não possui nenhuma ligação 
com o próprio jogo de futebol. Por vezes, podemos desejar ir ao futebol para ver 
a nossa equipa a ganhar e acontecer exactamente o contrário. A pouco e pouco 
12 Lição nº 1 
 
com a nossa experiência vão se formando as noções sobre as diferentes classes 
de fenómenos. 
Esses fenómenos geralmente relacionam-se com o nosso estado psíquico ou 
descrevem propriedades de um processo. O desejo de ir ao futebol, por 
exemplo, é manifestação de um estado. A particularidade destes estados ou 
processos está em que eles se relacionam com o mundo interior do indivíduo e 
são diferentes dos objectos que o rodeiam (mundo exterior) e estão ligados ao 
campo da vida espiritual ao contrário dos objectos e fenómenos reais. 
Estes fenómenos agrupados pela denominação de pensamento, vontade, 
memória, sentimento, percepção, etc., formam aquilo que nós designamos por 
“psique”, o mundo interior do indivíduo, a sua vida espiritual. 
Do ponto de vista etimológico, isto é do surgimento da palavra “psicologia”, ela 
vem do grego “psyche” que significa alma, sopro ou espírito e da palavra “logo”s 
que significa razão, conhecimento, ou estudo. Estas duas palavras deram origem 
àquilo que nós designamos de Psicologia. 
Portanto, a palavra psicologia significava estudo ou conhecimento da alma. Ao 
longo do tempo a palavra psicologia foi tendo vários significados de acordo com 
o período e concepções doutrinárias da época. Assim sendo, as definições da 
Psicologia foram várias, algumas das quais tinham um carácter eminentemente 
subjectivo. Por exemplo, alguns entendidos definiam a Psicologia como sendo 
ciência da mente, da consciência, e da experiência consciente. 
Actualmente, a Psicologia é definida como sendo ciência do comportamento e da 
actividade mental. Esta definição encerra em si a dualidade de objecto da 
Psicologia ou seja o estudo do comportamento e da actividade mental, ponto de 
vista que é até hoje assumida por grande maioria de psicólogos e que nos 
parece mais racional. 
Por comportamento se entende aqui como sendo todos os actos observáveis no 
indivíduo ou no animal incluindo a linguagem e por actividade mental entende-se 
todo o desencadeamento de processos mentais tais como: a atenção, a 
percepção, a memória o pensamento e outros. 
Estes dois aspectos (comportamento e actividade mental) fornecem bases para 
uma Psicologia cientifica. 
 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 13 
 
Avaliação 
Marque com x as afimarções que julgar correctas 
a) A Psicologia é uma ciência que estuda a alma e o espírito 
b) A Psicologia estuda o comportamento 
c) A Psicologia estuda o comportamento e a actividade da mente 
d) A Psicologia estuda o comportamento dos animais e do Homem 
e) A Psicologia é uma ciência filosófica 
 
Ficha de correcção 
c) 
d) 
 
 
 
 
 
 
 
14 Lição nº 2 
 
Lição nº 2 
Objecto e Objectivos da 
Psicologia 
Duração: 2 (duas) horas 
Ao terminar esta lição será capaz de: 
• Definir o objecto de estudo da Psicologia 
• Comparar as ideias dos diferentes filósofos em relação ao objecto da 
Psicologia 
Conceitos fundamentais; empirismo, consciência, actividade mental. 
 
 
Ao analisarmos o objecto de estudo da Psicologia podemos tomar três atitudes 
fundamentais: a atitude ingénua, a atitude artística, ou atitude científica, 
conforme ilustra a tabela abaixo. 
Estas três atitudes são tomadas com relação à natureza da própria mente, ou 
seja, como a psique é vista e quanto à sua actividade. 
A atitude ingénua baseia-se nas opiniões e crenças para compreender os 
fenómenos. Por exemplo, a crença de que a vida das pessoas é governada 
pelos espíritos dos nossos antepassados. Essa crença faz com que as pessoas 
acreditem, por exemplo, que as almas dos mortos vagueiam por entre os lugares 
escuros ou suspeitos e apareçem perante os nossos olhos em forma de fogo, 
vento, vozes, etc., atormentando os vivos. Para acalmar os ânimos desses 
espíritos deve-se praticar rituais próprios, tais como, uma missa onde são 
evocados todos os espíritos dos mortos. 
Nesses rituais também se sacrificam animais e se derramam bebidas e realizam-
se preces pedindo tudo que é de bom para a vida e afastando o mal. A nossa 
cultura em geral está carregada de crenças deste tipo. Esta forma de estar 
permite o indivíduo relacionar-se com o mundo e com os fenómenos da natureza 
construindo a sua percepção sentimentos etc., em relação a eles. Neste sentido, 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 15 
 
o objecto da Psicologia é o conhecimento intuitivo das pessoas. Às vezes, 
dizemos aquela pessoa foi apossada por espíritos. Ela comporta-se assim 
porque tem espíritos. 
A outra atitude que se pode tomar em relação ao objecto de estudo da Psicologia 
é a atitude artística. A atitude artística baseia-se na intuição e na representação. 
Os objectos da natureza são vistos como tendo vida. O artista maconde que 
esculpe uma madeira dá vida ao seu objecto. O pintor que pinta um quadro 
também dá vida ao seu quadro. Fala com ele atribui acções a esse mesmo 
quadro. Aqui a Psicologia tem como objecto analisar como as pessoas 
interpretam os fenómenos da natureza tomando como base o facto de que aos 
diversos objectos que circundam o Homem pode-se-lhes atribuir um sentido 
próprio. 
A atitude científica baseia-se na reflexão e na investigação duma forma objectiva 
dos fenoómenos psicológicos usando a experimentação para colectar dados a 
serem analisados posteriormente. No nosso caso devemos tomar uma atitude 
científica para compreender os fenómenos psicológicos 
 Natureza essencial da 
mente (metafísica) 
Actividade da mente 
(empirismo) 
Ingénua (opiniões 
e crenças) 
Compreensão mitológica e 
religiosa 
Conhecimento intuitivo 
das pessoas 
Artística (intuição e 
representação) 
Animação artística do 
mundo e dos objectos 
Interpretação artística e 
representação da mente 
 
 
 
 
Atitude 
Científica 
(investigação e 
reflexão) 
Psicologia Filosófica Psicologia como ciência 
empírica 
 
 
 
 
16 Lição nº 2 
 
Actividade: 1 
Vai à feira de artesenato, ou procure uma escultura, uma pintura e tente 
descrever o seu significado. Peça ao seu colega também para fazer a mesma 
descrição em separado. Escreva a sua descrição e compare-a com a do seu 
colega. Em que é que coincide? Quais sãos os aspectos diferentes da vossa 
descrição? Escreva no papel, analise-os e discuta com o seu tutor 
 
 
Actividade: 2 
Faça um quadro comparativo do objecto de estudo das seguintes ciências: 
Psicologia, Antropologia, Sociologia, Biologia, descreva os aspectos 
semelhantes em cada uma delas. 
Ex:Disciplina/Ciência Objecto 
de 
estudo 
Similaridades Dissemelhanças Observações 
Psicologia 
Etc. 
 
Psicologia como ciência da alma 
 
A premissa de que a Psicologia era o estudo da alma dominou todo o período 
que antedece o estabelecimento da Psicologia como ciência. 
Estamos a falar concretamente do período que vai até meados do século XIX. 
A convicção de que o objecto da Psicologia era a alma relaciona-se com a visão 
dos povos primitivos na qual havia falta de distinção clara entre o corpo e a alma. 
Esta visão baseou-se fundamentalmente na interpretação materialista primitiva 
(diferente do materialismo científico) dos fenómenos da vida consciente, tais 
como, o sono, a morte e o desmaio. Os sonhos eram tidos como impressões da 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 17 
 
alma que deixavam o corpo durante o sono. A alma era vista, portanto, como 
“sósia” do Homem, quer dizer, as necessidades de sobrevivência desta eram as 
mesmas que as do Homem. 
Por isso, se considerava que as almas dos mortos constituíam as mesmas 
comunidades que as dos vivos. 
Alguns materialistas primitivos defensores deste ponto de vista foram Tales (VII-
VI, a.c.), Anaxímenes (V a.c ), Heráclito ( VI-V a c ). Estes materialistas 
primitivos, comparavam a alma com as três formas primitivas do mundo (água, 
ar e fogo). Desta forma a alma era vista como um órgão material que dá vida ao 
corpo e, por isso, guiado por um princípio material. 
No período seguinte observou-se uma abordagem baseada no princípio da alma 
dando ênfase à sua essência, estrutura e sua relação com o corpo. 
Dos que mais se evidenciaram nestas concepções se destacam Platão (428/427-
347 a.c), com a sua divisão da alma em três partes (alma intelecto, alma 
coragem, e alma sensual ou concupiscência), Aristóteles (384-322 a.c) que se 
apoiando nas idéias de Platão, seu mestre, introduz a idéia do estudo da alma 
usando métodos experimentais (observação) para descrever as manifestações 
da alma. 
As descobertas na Medicina feitas por Herofilo Eresistatus (III ac) trouxeram 
novas abordagens em torno do objecto de estudo da Psicologia. 
A descoberta dos nervos e a distinção destes dos ligamentos e dos tendões 
permitiu o conhecimento entre as funções psíquicas (sensações e movimentos) e 
o cérebro. 
 
Psicologia como ciência da actividade mental ou da 
consciência 
No século XVIII surge uma nova época do desenvolvimento marcada pelo 
crescimento dos estudos biológicos e psicológicos. Com estes desenvolvimentos 
a idéia da união entre corpo e alma entrou em colapso dando lugar à idéia de 
que o corpo era uma máquina que se organiza de acordo com os princípios da 
técnica e que para o seu funcionamento não precisava da alma. 
18 Lição nº 2 
 
Com o estabelecimento do primeiro laboratório de Psicologia Experimental por 
Wundt, em 1879, o objecto da Psicologia passa a ser o estudo da actividade 
mental ou consciência. 
Com o desenvolvimento da Física, a Psicologia encontra um suporte para o seu 
objecto de estudo. 
Foi a partir da Física (Weber e Fechner) que nasceu a Psicologia como ciência. 
Os investigadores que utilizam o método científico fizeram com que a 
experimentação se estendesse dos fenómenos exteriores aos processos 
mentais, de modo que estes fossem entendidos não como magia ou 
especulação intelectual, mas sim como acontecimentos susceptíveis de serem 
medidos e avaliados. 
A Psicologia ganha cada vez mais corpo como ciência e não poderá nunca mais 
voltar à Psicologia introspectiva e à abstracção. 
Os avanços da investigação em neurociências e a melhor articulação e 
comunicação entre os diversos investigadores têm permitido que seja possível 
ultrapassar o risco de fragmentação, susceptível de acontecer, dada a 
complexidade do objecto da Psicologia. 
 
 
Actividade 
 
A partir dos livros disponíveis na biblioteca da sua escola ou centro de consulta, 
identifique os filósofos que contribuíram no estabelecimento das premissas da 
Psicologia como ciência. Descreva e compare as idéias fundamentais desses 
filósofos. 
 
 
Psicologia como ciência do comportamento 
A Psicologia como ciência tem sua origem na primeira metade do século XIX, a 
partir dos trabalhos dos grandes cientistas como o anatomista Ernest Weber, o 
fisiólogo Herman von Helmholtz, os psicólogos Wilhelm Wundt, John Watson , 
Jean Piaget e psicofisiologista I. Pavlov, e outros. 
As pesquisas do século XIX procuraram formular teorias para explicar como os 
órgãos dos sentidos captam as informações (cores, luzes, sons etc) descobrindo 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 19 
 
também a determinação exacta da quantidade de diferença que um ser humano 
é capaz de distinguir quando lhe pedem para fazer a distinção entre dois pesos 
diferentes. 
Foi precisamente John Watson que revolucionou o objecto de estudo da 
Psicologia. Ele advogou a utilização de métodos objectivos como a observação, 
método experimental e testes para o estudo do comportamento. Quanto ao 
objecto, Watson defendia que a Psicologia estudasse apenas os 
comportamentos observáveis como respostas a estímulos externos e não o 
aspecto interior subjectivo. 
Quanto ao objectivo fundamental da Psicologia, ela descreve e explica os 
factores que condicionam e determinam o comportamento do Homem e do 
animal. 
 
Veja a seguir o quadro-resumo sobre as mudanças que ocorreram em volta do 
objecto, métodos da Psicologia. 
Níveis Objecto, Métodos, Finalidade 
 
 
4. Leis e 
mecansimos do 
psiquismo 
Objecto: fenmenos psicológicos (processos que contecem em nosso mundo interno e que são construídos durante a nossa vida. São 
processos contínuos, que nos permitem pensar e sentir o mundo, nos comportarmos das mais diferentes formas, nos adaptaramos à 
realidade e transformá-la. Constituem a nossa subjectividade. Também pode ser objecto da Psicologia, o inconsciente, a personalidade, 
a aprendizagem. 
Finalidade: descrever, explicar, prever, controlar e compreeder fenómenos psicológicos. 
Métodos objectivos e modernos: observação, experimentação, testes etc. 
A interdisciplinaridade e surgimento de novas àreas de conhecimento implica a existência de novos objectos e métodos. 
 
 
3. 
Comportamento e 
Processos 
Mentais 
Objecto: Estuda os fenómenos ou factos que não são exteriormente observáveis, tais como, o pensamento, o raciocínio, o sonho, o 
sono, a percepção, sensações, as atitudes, a compreensão, a memorização, etc são denominados de processos mentais. 
Finalidade: consiste em descrever, explicar, prever e controlar os fenómenos psíquicos; compreender o que fazemos, como pensamos, 
sentimos, respondemos a problemas e crises, como aprendemos e nos desenvolvemos intelectual e moralmente, como interagimos com 
os nossos semelhantes. 
Comportamento é um conjunto de actos directamente observáveis tais como falar alto, correr, sorrir, chorar, beijar, agredir, dormir. 
Métodos objectivos: observação, experimentação, testes etc. 
Principais teorias- (1) Behaviorismo de Watson, Skinner; (2) Reflexiologia de Pavlov 
20 Lição nº 2 
 
 
 
Tabela 2. 1. Evolução do objecto, métodos de Psicologia. 
 
O objecto de estudo da Psicologia, como você viu, evoluiu ao longo do tempo, 
começando com a alma; consciência; comportamento e leis do psiquismo. A 
seguir, vamos mostrar o percurso e as principais mudanças em relacção ao 
objecto, métodos e a finalidade da Psicologia antes e depois de 1879. 
 
 
 
 
 
 
2. Consciência 
A partir de 1879 
Início do período 
experimental e 
científico. 
Estrutura da consciência (análise dos factos da consciêcia, a descrição dos seus elementos mais simples, como seja, as sensações e 
as aimagens, o estudo das experiências, emoções e apercepções nosseus componentes mais simples). Fundado o primeiro laboratório 
de Psicologia em 1879 (Wilhelm Wundt). 
Objectivos: reduzir os processos conscientes nos seus componentes mais simples; determinar as leis mediante as quais esses 
elementos se associam; conectar esses elementos às suas condições fisiológicas. 
Os objectivos da Psicologia devem coincidir com os das Ciências Naturais. 
Objecto de estudo é a experiência pessoal como é vivenciada pelo indivíduo. 
Método usado é introspecção (o sujeito descreve o que sente quando submetido a pequenas sensações de som e luz. Surge a primeira 
tentativa de separar os estados da consciência e as obsrvações sobre estes. 
Críticas: (1) o observador tem dificuldade em observar-se a si mesmo, visto que os fenómenos psíquicos possuem uma enorme 
mobilidade e não coincidem no tempo com a sua observação. Enquanto estão a ocorrer (dores, emoções), a rapidez e a sucessão destes 
fenómenos impedem, por vezes, que o observador tenha tempo de os analisar, de elaborar uma explicação, dado que os fenómenos não 
estão a espera de serem observados ou estudados enquanto ocorrem; (2) a tomada da consciência de um fenómeno pode modificar 
esse mesmo fenómeno; (3) o psicólogo não consegue observar ou estudar estados de espírito ou de consciência. 
O sujeito está a descrever o que se passa nele, sendo difícil a objectividade. Além disso, há factos que ocorrem no psiquismo e que 
escapam à área da consciência; (4) um doente mental, uma criança, um animal não dispõem de capacidades verbais e outras que lhes 
permitem analisar com consciência. 
 
1. Alma/Espírito 
Antes de 1879 
Período pré-
científico. 
Parte imaterial e imortal do ser humano, inclui o pensamento, os sentimentos de amor e ódio, a irracionalidade, o desejo, a sensação e 
percepção. Preocupação principal é saber o que se para o homem dos animais, segundo Sócrates é a razão cujo lugar ao nível do corpo 
é a cabeça e a medula seria o elemento de ligação da alma e o corpo. Depois da morte o corpo desaparece e alma fica livre para ocupar 
outro corpo. É princípio da vida. Existe em todos os seres vivos (animais-sensitiva; plantas-vegetativa; e homem-racional). 
Dois momentos fundamentais: (1) era platónica – alma é imortal separada do corpo; (2) era aristotélica – a alma é mortal e sua 
pertença ao corpo. 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 21 
 
A diferenciação dos objectos de estudo da Psicologia foram em grande medida 
influenciada: 
• Pelo uso da introspecção como primeiro método científico; 
• Pela separação recente da Psicologia da Filosofia; 
• Pela diversidade de fenómenos psicológicos que não podem ser 
acessíveis e estudos ao mesmo nível de observação e, portanto, não 
podem ser sujeitos aos mesmos padrões de descrição, medida, controle 
e interpretação. 
 
Avaliação 
1. Indique as principais ideias de Anxímenes e Anaximandro em relação 
ao objecto de estudo da Psicologia. 
2. Comapare as ideias de Platão com as de Anaxímenes e Anaximandro e 
demarque a sua diferença. 
 
Assinale com X o que julgar correcto no conjunto das afirmações abaixo 
indicadas. 
a) A Psicologia como ciência surgiu no século XI 
b) A Psicologia só se tornou ciência graças aos trabalhos de Wilhelm 
Wundt, John Watson , Jean Piaget e psicofisiologista I. Pavlov. 
c) A Psicologia só se tornou ciência após a sua emancipação da Filosofia. 
Grelha de correcção 
 
d) Actividade 3: Faça um quadro-resumo da evolução histórica do 
objecto de estudo da Psicologia. 
 
 
 
 
 
22 Lição nº 3 
 
Lição nº 3 
Os Métodos da Psicologia 
 
Duração: 2 (duas) horas 
Ao terminar esta lição será capaz de: 
• Definir o conceito de método em Psicologia 
• Descrever os principais métodos usados na Psicologia 
Conceitos fundamentais: método, introspecção, extrospecção. 
 
Método é tido como uma regra ou preceito estabelecido como apropriado para 
atingir um certo objectivo. Metodologia seria conjunto de regras ou 
procedimentos estruturados e coerentes que visam alcançar um fim ou objectivo. 
Como qualquer outra ciência, a Psicologia usa métodos para descrever e 
conpreender os processos e fenómens psicológicos. 
Método introspectivo 
Os métodos da Psicologia evoluiram e se diferenciaram à medida que esta ia 
abarcando diversos campos de saber. Contudo, aqui destacaremos os principais, 
isto é, aqueles que mais se destacam no estudo dos fenómenos e processos 
psicológicos. O quadro 5 apresenta alguns dos métodos mais usados em 
Psicologia e suas ramificações. De entre os métodos mais conhecidos se 
destaca o método da Introspecção também conhecido por método subjectivo ou 
método de observção interior. 
Por subjectivo pretende se referir aos factos psicológicos que ocorrem no interior 
do indivíduo e que não são posssíveis de serem exterirorzados. Por exemplo, ao 
pensares sobre alguma coisa ninguém poderá saber como tu o fazes, a não ser 
que exteriorizes este facto através de acções que indicam movimento ou através 
de palavras. Como exteriorizarias a dor provocada por uma febre se não 
disseres que estás com febre? Ou como alguém perceberia que estás aborrecido 
com um dos teus alunos se não o dizes por palavras? O subjectivo é, portanto, 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 23 
 
aquilo que não pode ser observável. Há muitos factos e fenómenos e factos que 
não podem ser obsevados no indivíduo, sobretudo os psicológicos mas que ele 
os sente e os experiencia-os. 
O método de introspecção tenta buscar e compreender o que está no interior do 
indivíduo, os seus sentimentos, as suas emoções, etc., para explicar o 
comportamtamento deste. Este método baseia-se fundamentalmente na 
exploração da consciência do indivíduo, quer dizer, em tentar saber o que existe 
no interior deste que possa determinar o seu comportamento, quer através da 
lembrança de eventos passados contados pelos próprios indivíduos, quer 
através da observação do conjunto de acções realizadas por este. Você já tentou 
dar significado aos seus sonhos? Interessa pelo seu conteúdo? A análise de 
significação dos sonhos é um dos exemplos da aplicação do método 
instropectivo. A designação de introspecção veio da psicanálise de Freud. Freud, 
para descobrir as causas dos distúrbios psicológicos dos seus pacientes. Pedia 
que eles contassem o que tinham sonhado na noite anterior e, a partir da análise 
do conteúdo do sonho, descrevia as possíveis perturbações psíquicas dos seus 
pacientes. Este método, apesar de ainda ser usado, possui a desvantagem de 
não poder ser aplicado em crianças devido ao facto de que elas não seriam 
capazes de descrever o que lhes ocorrem no seu interior apesar de se admitir 
que elas têm percepção dos factos psicológicos. Por outro lado, este método não 
seria aplicável em animais, uma vez que eles não seriam capazes de descrever 
os seus sentimentos. Sabe-se que no estudo dos processos usam-se animais 
como como cobaias e os resultados obtidos são depois generalizados e 
aplicados ao Homem. 
Método clínico: 
O método clínico é conjunto de procedimentos usados para diagnosticar e tratar 
pessoas que sofrem de problemas comportamentais e/ou emocionais 
Este método não é, na sua essência, um método de pesquisa excepto método 
clínico-crítico de Piaget. 
Os procedimentos clínicos não se destinam a descobrir tendências gerais ou leis 
do comportamento. Ocupam-se geralmente de um único indivíduo que precisa 
ou procura uma ajuda. O ponto de partida do estudo clínico centra-se 
fundamentalmente em como responder aos problemas comportamentais que 
uma pessoa apresenta. 
24 Lição nº 3 
 
Os procedimentos cientificos do método clínico são como se seguem. 
Normalmente começa-se por se estudar a natureza do pedido e observar o 
comportamento do paciente; 
• Forlmulam-se depois as hipótesesou influências sobre o que estaria a 
causar o sofrimento do paciente; 
• Passa-se depois à recolha de dados (onde se pode incluir a história passada 
do sujeito, aplicação de testes, entrevistas com pacientes e /ou pessoas 
próximas); 
• Confirmam –se ou refutam-se as hipóteses colocadas; 
• Deduz-se depois qual o tratamento provável em função da confirmação ou 
não da hipótese. 
 
Exercício 
Você reparou que o seu colega está amuado, triste e com falta de dinamismo. 
Como procederia para conhecer o seu estado psicológico? Descreva o processo 
numa folha de papel. 
 
O método extrospectivo 
O método extrospectivo ou de observação exterior é assim designado pelo facto 
de apresentar, duma forma objectiva (que todos possam ver), os factos 
psicológicos. Contrariamente ao método introspectivo, este método descreve e 
analisa os factos reais que possam ser observados por qualquer um. Por 
exemplo, você está interessado em determinar o nível de leitura dos seus 
alunos. Que faria? Nesse sentido seria ideal pegar num livro de Português, 
convidar um aluno para ler uma lição e à medida que o aluno vai lendo você vai 
anotando os erros e falhas de leitura cometidos por este. Neste sentido estaria a 
testar a capacidade verbal do aluno que é afinal uma das formas da inteligência. 
Se, por exemplo, você prentende saber como os seus alunos brincam no 
intervalo, se utilizam objectos perigosos ou não, como procederia? É óbvio que 
terias que observar o seu comportamento durante o intervalo, ver as acções 
destes, como brincam. A observação é, portanto, uma das formas do método 
extrospetivo. Na observação, o pesquisador através dos seus órgãos de sentido 
observa e acompanha o decorrer de um processo. 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 25 
 
Como saberia se todos os alunos estão empenhados na resolução de problemas 
matemáticos na sala de aulas? Obviamente que você marca o exercício 
escrevendo-o no quadro e pede para que eles o resolvam. À mediada que eles 
vão executando a tarefa, você vai medindo as suas reacções e nota que os seus 
alunos quando resolvem problemas matemáticos consultam outros livros, ou 
falam entre si, ou pedem ajuda ao professor. Estas reacções perante um 
exercício matemátio são perceptíveis através da observação contínua dos 
sujeitos. 
 
Método Essência Vantagens Desvantagem 
 Observação da 
consciência 
Aplicado no 
estudo das 
sensações 
agradáveis e e 
desagradáveis 
Não aplicável 
em crianças e 
animais 
Introspecção 
subjectiva, 
observação 
interior 
Retrospectivo Lembrança dos 
eventos do 
passado 
 
Observação Apresentação 
in loco dos 
factos 
psíquicos 
Estudo objectivo 
dos factos 
psíquicos 
Importante para 
Psicologia 
Animal e da 
criança 
Extrospectivo 
experimental Fenómenos 
modificados 
artificialmente 
 ����������Ü ����������Ü 
No método extrospectivo é comum muita vezes trabalhar-se com pequeno grupo 
de indivíduos especialmente quando por exemplo se pretende testar a eficácia 
de um método de ensino. Neste caso o pesquisador poderá escolher um grupo 
restrito de indivíduos os quais vão participar na pesquisa. Estes indivíduos são 
submetidos às tarefas em condições restritas e muito especiais. Isto pode ser 
realizado em lugares apropriados chamados de laboratório. Um laboratório como 
é já do seu conhecimento é um lugar onde se realiza uma simulação de factos 
26 Lição nº 3 
 
que ocorrem em condições gerais. O método experimental é uma das 
componentes do método extrospectivo que estuda os factos e fenómenos 
psicológicos sob condições estritamente controladas. Os cientistas que 
trabalham com os animais estudando o seu comportamento usam 
frequentemente este método, o experimental, portanto. 
Você pode realizar o método experimental usando os seus alunos. Mas cuidado! 
Deve observar as condições éticas na realização da sua experiência. 
Suponhamos que você queira testar o efeito da voz do professor na melhoria da 
capacidade ortográfica dos seus alunos. Você pode escolher aleatoriamente 
duas turmas. O exercício a realizar seria um ditado. Ora se é para testar o efeito 
da voz na compreensão clara das palavras, então uma das vozes seria de um 
indivíduo que não seria professor. Os dois trabalham (o professor e o não 
professor) nas duas turmas escolhidas cada um ditando aos alunos uma lição 
previamente escolhida. Feito o trabalho, recolhem-se os testes e corrigem-se. Se 
os resultados mostrarem que os alunos da turma do professor obtiveram 
melhores resultados, significa que a voz do professor tem efeitos na 
compreensão fonética das palavras. O método extrospectivo tem a vantagem 
portanto de se poder através dele estudar-se objectivamente os factos e 
fenómenos psíquicos. Contudo, ele só pode ser empregue em animais e 
crianças. 
 
Actividade 4 
Faça uma experiência semelhante ao que foi descrito acima e descreva os 
resultados. 
A que conclusões chegou? 
 
 
 
 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 27 
 
Sumário 
Dum modo geral pode-se dizer que a Psicologia passou por diversas fases até 
se tornar ciência. Graças ao avanço de outras ciências esta ganhou ímpeto e se 
destacou como ciência autónoma com o seu objecto de estudo próprio, 
objectivos e métodos. 
Contudo, é necessário destacar que o estudo do comportamento humano é algo 
complexo, envolvendo factores internos e externos. Para o conhecimento dos 
fenómenos psicológicos não nos devemos cingir apenas num único método, 
devemos combinar vários métodos. Porém, é preciso reconhecer que não 
existem métodos universais para o estudo dos fenómenos psicológicos. O 
método é escolhido consoante a natureza de estudo que pretendemos realizar. 
 
 
Exercícios 
 
 
Auto-avaliação 
 
1. Caracterize os métodos estudados (introspecção, observação, experimental, 
clínico, psicanalítico, testes) destacando os aspectos negativos e positivos. 
2. Destaque o objecto, objectivos, conceitos mais usados e métodos dos 
movimentos ou correntes seguintes: Funcionalismo, Estruturalismo, 
Behaviorismo, Psicánalise e Gestalt. 
 
28 Unidade II 
 
Unidade II 
PSICOFISIOLOGIA 
Introdução 
Assim que terminou o estudo da primeira unidade com sucesso, está nas suas 
mãos a segunda unidade. O objectivo fundamental nesta unidade 
(Psicofisiologia) é esclarecer os fundamentos biológicos do comportamento. Ela 
não deve ser vista como um ramo da Psicologia, mas como um conjunto de 
conhecimentos interdisciplinares que englobam, para além dos saberes 
psicológicos, um conjunto de dados científicos da Medicina, da Biologia e da 
Genética. 
O tempo total de estudo desta unidade é de 12 horas. Ela encontra-se 
subdividida em quatro lições. Nesta unidade falaremos essenscialmente de: 
1 Bases anatómicas e fisiológicas da conduta; 
2 Ligação entre o neurónio e o sistema nervoso; 
3 Sistema nervoso humano, suas partes fundamentais e funções; 
4 Sumário; 
5 Alguns exercícios. 
Vários cientistas têm desenvolvido importantes pesquisas sobre as artérias 
cerebrais, e sobretudo com ajuda das intervenções psico-cirúrgicas. 
Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de: 
 
Objectivos 
 
 
ƒ Esclarecer as bases biológicas do comportamento, para além de outros 
aspectos como a genética, meio social e sistema endócrino e hormonal; 
ƒ Demonstar que o comportamento humano é resultado da complexidade do 
funcionamento do sistema nervoso; 
ƒ Distinguir as diferentes funções do sistema nervoso. 
 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 29 
 
 
Terminologia 
 
Para melhor compreender esta unidade, sugerimos que defina os seguintes 
conceitos: 
Axónio, Neurónio, Sinapse, Dendrites e Bainha de mielina. 
Conhecimentos prévios 
Como deve saber, o estudo do comportamentodo Homem começa com o 
conhecimento do funcionamento geral do organismo, assuntos tratados no 
Ensino Secundário. 
Por isso, no estudo deste capítulo deverá recorrer aos conhecimentos da 
Biologia da 8ª, 9ª e 10ª classes, sobretudo no que diz respeito ao sistema 
nervoso, à genética e ao sistema hormonal ou endócrino. 
 
30 Lição nº 1 
 
Lição nº 1 
A Evolução Filogenética do 
Psiquismo 
A vida vegetativa 
 
Duração: 2 (duas) horas 
Ao terminar esta lição será capaz de: 
• Conhecer as diferentes fases da evolução do psiquismo; 
• Descrever as diferentes partes da formação do sistema nervoso. 
 
Conceitos fundamentais: Sistema nervoso reticulado, sistema nervos ganglionar, 
sistema nervosos central. 
 
Uma das condições fundamentais do surgimento da vida está ligada ao 
surgimento de pequenas mas complexas moléculas albuminosas. Estas 
moléculas interagem com o meio ambiente buscando nutrientes para a sua 
sobrivivência segregando àquelas que não são necessárias ao seu organismo. 
Estes dois processos – assimilação e desassimilação - constituem parte 
integrante do processo do metabolismo destas células albuminosas. As células 
albuminosas são organismos que possuem a capacidade de reagir positivamente 
aos estímulos de luz e de calor por estes serem o principal mecanismo para 
desencadear o processo do metabolismo. Isto significa que, estes organismos só 
reagem positivamente aos estímulos de luz e calor porque é a partir destes 
estímulos que eles se alimentam. 
Por outro lado, estímulos superfortes, tais como, sons, efeitos químicos, não 
contribuem para o processo do metabolismo para estes organismos. Portanto, há 
uma reacção negativa perante sua presença. Isto significa que os coacervatos 
ou células albuminosas se orientam no meio ambiente através do processo de 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 31 
 
excitabilidade ou de irritabilidade que é a capacidade de reagir só aos estímulos 
que provocam o processo do metabolismo e não reagem àqueles que não 
provocam esse processo. Fazem parte deste grupo as plantas e as algas 
marinhas (vida vegetativa). Estes organismos, por exemplo, se alimentam da luz 
solar, isto é a luz do sol é a fonte principal para o desencadeamento do processo 
do metabolismo. Pense, portanto, na planta que está em sua casa. Para ela 
sobreviver deve coloca-la em direcção à luz solar, caso contrário, ela morre, 
mesmo que a fonte de luz esteja muito próxima. Estes organismos têm, por outro 
lado, a capacidade de conservar e transmitir estes elemntos de uma geração 
para outra o que deixa antever que eles possuem uma espécie de memória 
primitiva. Neste nível de desenvolvimento dos organismos não se pode falar de 
existência do psiquismo. 
 
Estágio de vida animal 
Na vida animal, começando mesmo pelos protozoários, os organismos reagem, 
não só às substâncias que integram o processo imediato de metabolismo, mas 
também a todos os estímulos que anunciam esse processo. O que quer dizer 
que na vida animal existe um processo de procura. Os organismos podem se 
deslocar à procura de alimentos para a sua sobrevivência. Esta capacidade 
observa-se em organismos mais minúsculos da vida animal como é o caso dos 
protozoários. Sabe-se que o que desencadeia o processo de metabolismo nos 
protozoários é o calor. Foi confirmado que estes organismos, em circunstâncias 
onde existe a luz e sabendo-se que a luz é também fonte de calor, elas podem 
se deslocar e concentrarem-se no ponto de incindência de luz esperando-se que 
se produza um calor suficiente que desencadeie o processo de metabolismo. 
Este nível de desenvolvimento é chamado de sensibilidade – a capacidade que 
os oraganismos têm de reagir aos estímulos que dão sinal para o surgimento de 
substânias que integram o processo de metabolismo. Neste nível de 
desenvolvimento já se pode falar do indício biológico e objectivo do surgimento 
do psiquismo diferentemente do estágio da vida vegetal. O que diferencia os dois 
níveis é que no estágio animal desencadeia-se o processo de resposta aos 
estímulos que sinalizam o aparecimento de substâncias que integram o 
metabolismo, enquanto que no estágio vegetal a planta pode morrer tendo por 
perto uma bacia de água. 
 
32 Lição nº 1 
 
Origem do sistema nervoso e suas formas mais simples 
O sitema nervoso começa com a transição dos organismos unicelulares – que 
têm uma célula (os protozoários, por exemplo) para os pluricelulares ( que têm 
mais que uma célula). Estes organismos pluricelulares orientam-se activamente 
pelo meio à procura de comida. Para tal estes organismos devem estar dotados 
de mecanismos para executar movimentos especiais que lhes facultam a 
obtenção do alimento desejado. Isto significa que a estrutura do seu corpo deve 
ser mais complexa para se adaptar às condições do meio. Pertencem a esta 
classe as medusas, anêmona-do-mar, estrela-do-mar que possuem já o indício 
do sistema nervoso que ainda não é centralizado. Contudo, o seu sistema 
nervoso é descrito como sistema nervoso reticulado ou difuso (em forma de 
rede) e não possui uma extremidade. Cada ponto que se lhe toca transforma-se 
no principal centro de excitação. 
O sistema nervoso ganglionar 
A fase seguinte de desenvolvimento do sistema nervoso está relacionado com o 
desenvolvimento de gânglios frontais em alguns organismos da vida animal. Se 
reparar para minhoca notará que possui um glânglio frontal na sua extremidade 
composto por antenas hidroreceptoras que lhe permitem identificar a humidade. 
A actividade de procura obedece essas características, isto é, ele se desloca em 
direccção à humidade onde vai encontrar os seus alimentos. É nas minhocas 
onde começa a surgir o princípio de centralidade do sistema nervoso. A 
extremidade nervosa da minhoca se localiza no gânglio frontal desta. Aí que 
consntitui o centro da actividade nervosa, o sitema nervoso centralizado. 
 
Experiência 
Se estiver perto do mar, procure encontrar uma medusa ou uma estrela-do-mar. 
Analise e descreva as suas formas de comportamento. Se estiver perto de um 
rio, lagoa ou pântano, procure uma minhoca e identifique o seu gânglio frontal e 
as antenas hidroreceptoras de humidade. 
 
 
 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 33 
 
O surgimento de formas complexas de comportamento (o comportamento 
instintivo) 
Se você olhar para um insecto (mosca, abelha, vespa, etc.) notará uma diferença 
em relação aos outros organismos já estudados. Notará que na extremidade 
frontal da mosca aparece um aparelho de recepção da luz (o olho). Este 
aparelho permite assimilar a informação altamente especializada que provem do 
mundo exterior. Para além do receptor de luz, os insectos possuem vários outros 
receptores altamente especializados. Eles possuem também receptores químico-
tácteis especializados que se situam nas antenas, os receptores de sabor 
localizados na cavidade bucal e nas patas, e os receptores de vibração que se 
localizam nos tímpanos das pernas, que permitem receber vibrações ultra-
sónicas de mais de 600.000 vibrações por segundo. Esses aparelhos receptores 
permitem transmitir estímulos até ao gânglio frontal para a sua descodificação. O 
insecto reage posteriormente. O comportamento dos insectos permitiu especular 
que fosse um comportamento racional, contudo, conclui-se que este tipo de 
comportamento é apenas instintivo e não racional. O que acontece é que estes 
organismos estão dotados de progamas congénitos (hereditários) que lhes 
permitem executar movimentos complexos que se confundem com actos 
inteligentes. 
O comportamento individualmente variável dos animais vertebrados e o 
aparecimento do sistema nervoso central 
A vida dos vertebrados é totalmente diferente da dos invertebrados, tanto nas 
formas de comportamento como na sua constituição. As condições dealimentação são mais complexas. O alimento deve ser preparado antes de ser 
consumido. Tudo isto eleva a actividade mental destes seres bem como a 
estrutura do sistema nervoso. Nos vertebrados os estímulos são captados pelos 
órgãos nervosos e transportados para o cérebro onde são analisados e 
estabelecidas novas conexões. Isto equivale dizer que a informação recebida 
não é consumida tal como está mas senão analisada e estabelecidas novas 
ligações apropriadas para cada animal. Isso permite que cada um reaja de 
acordo com as suas necessidades. O órgão especializado que se encarrega em 
fazer estas análises é o cérebro. As respostas aos estímulos do exterior são 
diversificadas dependendo do tipo de vertebrado. Mas importa dizer que a 
difernça parte mesmo dos invertebrados inferiores até aos superiores, incluindo o 
Homem. 
34 Lição nº 1 
 
Actividade 5. 
Caçe uma abelha ou procure uma amostra no laboratório de Psicologia. Observe 
atentamente as suas patas e descreva o que você viu. Realize esta actividade 
com ajuda do seu colega para que possam discutir juntos. 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 35 
 
 
Lição nº 2 
As Bases Anatómicas e 
Fisiológicas da Conduta 
 
Duração: 2 (duas) horas 
Ao terminar esta lição será capaz de: 
• Conhecer as diferentes partes que constituem o cérebro; 
• Descrever as diferentes partes que constituem o cérebro e o neurónio. 
Conceitos fundamentais: Cérebro, neurónio. 
 
Como dissemos anteriormente, este capítulo requer que se recorde dos aspectos 
básicos que aprendeu no Ensino Secundário em matéria de Biologia, 
especialmente no estudo da célula, apesar de neste estudarmos apenas a célula 
no sistema nervoso do Homem. 
Antes de fazermos uma abordagem profunda sobre os temas propostos, iremos 
fazer referência a um historial das descobertas realizadas por diversos cientistas 
no estudo da célula. 
 
Em 1667, o físico inglês Robert Hooke, experimentando o seu microscópio 
composto, verificou que a cortiça não é homogénea como o vidro, ou qualquer 
metal, mas que nela existiam numerosas cavidades, semelhantes aos alvéolos 
de um favo de abelhas. A essas cavidades deu o nome de células (pequenas 
celas). 
Em 1671, o sábio italiano Malpighi confirmou a observação de Hooke e verificou 
também que vários vegetais são constituídos por pequenas cavidades, muitas 
das quais, ao contrário das da cortiça, são cheias de líquido. 
36 Lição nº 2 
 
Em 1831, o botânico inglês Robert Brown, examinando a epiderme de várias 
plantas, descobriu que cada célula tem no seu interior um suco em movimento 
constante e um corpúsculo arredondado e refringentes a que deu o nome de 
núcleo. 
 
Em 1838, o botânico alemão Schleiden demonstra que todas as plantas são 
formadas por unidades independentes, com a sua vida própria e que a vida da 
planta inteira é a soma da actividade vital de todos os seus elementos. Schleiden 
é assim considerado o fundador da teoria celular. 
 
Em 1839, o zoólogo Schwann demonstrou haver o mesmo processo nos seres 
animais. Assim, hoje, todos os seres vivos são constituídos por uma célula ou 
por um conjunto de células. 
O conjunto de células forma o tecido, o conjunto de tecidos forma o órgão e o 
conjunto de órgãos, desempenhando a mesma função, forma o sistema. 
 
O cérebro 
O cérebro tem a função de coordenar todas as acções conscientes (voluntárias) 
e inconscientes (involuntárias) desenvolvidas pelo indivíduo. Divide-se em duas 
partes ou hemisférios: hemisfério esquerdo e hemisfério direito. Os dois 
hemisférios têm, no entanto, funções diferentes. O hemisfério esquerdo é o 
hemisfério da linguagem, sendo responsável pelas representações lógicas e 
analíticas que desenvolvemos da realidade que nos rodeia. 
O hemisfério direito parece ser especializado na compreensão holística dessa 
realidade, na construção de conceitos abstractos e reconhecimento de padrões. 
Os hemisférios cerebrais encontram-se envolvidos por uma camada muito fina 
designada de córtex cerebral. 
Nesta camada normalmente distinguem-se duas áreas fundamentais, entre elas: 
a de projecção e a de associação. 
Nas áreas de projecção, motoras ou sensoriais, encontram-se “projectadas”ou 
representadas as informações referentes aos movimentos ou às sensações. As 
áreas de associação estão provavelmente implicadas nos processos mentais 
superiores. 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 37 
 
O cerebelo é uma outra componente do sistema nervoso cuja responsabilidade é 
coordenar os movimentos e intervir no equilíbrio do corpo e na orientação. 
Esta componente desempenha ainda duas funções fundamentais: a) 
coordenação da actividade motora e; b) manutenção da harmonia dos 
movimentos do nosso corpo, isto é, mantém a posição do equilíbrio do corpo. 
O bulbo raquidiano controla as funções ou respostas orgânicas somáticas, por 
exemplo, o ritmo respiratório e circulação sanguínea. Também controla 
actividades reflexas vitais como engolir, tossir, vomitar e espirrar. As drogas tais 
como a cocaína, heroína e anfetaminas danificam o bulbo raquidiano 
,impossibilitando o controle dessas acções reflexas. 
(www.corpohumano.hpg.ig.com.br/sist_nervoso/cerebelo/cerebelo.html) 
O Tronco cerebral recebe informações da pele e dos músculos da cabeça e 
também grande parte da informação dos sentidos especiais como a audição o 
equilíbrio e o gosto. Controla também a saída motora dos músculos da face, 
pescoço e olhos e determina os níveis de vigília de alerta. 
Figura 5. As partes do sistema nervoso 
 
 
Fonte: Imagem extraida do site 
www.corpohumano.hpg.ig.com.br/sist_nervoso/encefalo/encefalo.html 
 
Bases anatómicas e fisiológicas da conduta 
Para se estudar e compreender-se o comportamento humano importa 
compreender também a constituição do organismo, isto é, o seu funcionamento 
38 Lição nº 2 
 
do ponto de vista fisiológico. Dos diferentes sistemas que constituem o 
organismo humano destaca-se o sistema nervoso, capítulo que estamos agora a 
tratar. O sistema nervoso compreende o conjunto de órgãos que transmitem a 
todo o organismo os impulsos necessários aos movimentos e às diversas 
funções e recebem do próprio organismo e do mundo externo as sensações. A 
figura 1 representa as partes consituintes do sitema nervoso central sendo 
a destacar 1. O cérebro, o cerebelo e a medula espinal. 
Figura 1. Constituição do sistema nervoso central. Fonte 
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_nervoso) 
 
 
O sistema nervoso constitui, portanto, o centro da actividade comportamental do 
ser humano. Ele é constituído por uma rede complexa de células nervosas cuja 
função é regular as reacções ou respostas dos estímulos do mundo externo. 
 
Pode-se dizer que tudo o que o Homem faz, o que lhe acontece é coordenado e 
processado por este sistema. 
O sistema nervoso como um todo é constituído por células nervosas chamadas 
neurónios. Estas células são responsáveis pela condução de impulsos nervosos 
de e para o sistema nervoso. 
Cada neurónio funciona como um gerador de impulsos. Isto é, em cada instante, 
cada neurónio “decide” emitir ou não um impulso nervoso em função das 
informações fornecidas por outros neurónios. 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 39 
 
Faça uma breve pausa na sua leitura e olhe atentamente para a figura 2. Repare 
às ligações complexas estabelecidas entre os neurónios. Pense. Quantas 
ligações destas estão no nosso cérebro? 
Depois dessa reflexão já podemos continuar. 
A noção da actividade reflexa tinha sido já antecipada por Descartes, há cerca 
de 300 anos. 
 
Lembre-se que o neurónio é a unidade básica funcional dos sistemas nervosos 
central e periférico. 
 
Figura 2. As partes constituintes de uma célula nervosa (o neurónio). Fonte: 
www.ficharionline.com/biologia/pagina_exibe.php?pagina=010872Como se pode notar na figura 2, o neurónio é constituído por diversas partes 
entre elas o núcleo, axónio, dentrites, membrana celular, corpo celular, bainha de 
mielina e ramificações do axónio. 
 
O núcleo é a parte do neurónio que contém a informação genética sob a forma 
de ácido- ADN- acido desoxirribonuleico que determina a feição ou forma e a 
função da célula. 
Os neurónios, como qualquer outra célula, são constituídos também de uma 
substância incolor chamada protoplasma que tem a função de converter os 
alimentos e o oxigénio em energia e fabricam neurotransmissores, cujo o papel é 
transmissão de mensagens. 
Portanto, os neurotransmissores têm um papel importante na conversão dos 
estímulos recebidos do mundo exterior em impulsos nervosos. Uma das 
componentes importantes do neurónio é o axónio. 
40 Lição nº 2 
 
Esta componente transporta a informação proveniente do corpo celular para as 
adjacentes. O axónio é, ás vezes, cercado por estruturas gordurosas chamadas 
bainha de mielina. 
A bainha de mielina tem a função de isolante e permite que a mensagem passe 
mais depressa de um neurónio para outro. 
Uma outra componente importante do neurónio são os dentrites. Os dentrites 
são fibras em forma de árvore (ver figura) que se ramificam e cuja funcão é 
colher informacões dos neurónios próximos e de outras células, ocasionalmente 
transmitir mensagens. Os neurónios ligam-se entre si através de estrutura 
apropriada que se chama de sinapse que é uma pequena abertura que permite a 
passagem do impulso de um neurónio para o outro. Olhando atentamente para 
esta ligação dá a sensação de que há curto circuito quando dois neurónios se 
ligam entre si. Veja só o que acontece na figura. Na verdade este “curto circuito” 
é o que dá origem portanto ao impulso nervoso. Repare atentamente na figura. 
 
 
Figura 3. Representação das ligações sinápticas 
 
 
 
 
 
 
 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 41 
 
Lição nº 3 
Ligação entre o neurónio e o 
sistema nervoso 
Duração: 2 (duas) horas 
Ao terminar esta lição será capaz de: 
• Conhecer as diferentes partes que constituem o Sistema Nervoso 
Central; 
• Descrever as relações entre o cérebro e o Sistema Nervoso e as 
diferentes partes que constituem o Sistema Nervoso Central. 
Conceitos fundamentais: Sistema Nervoso Central, Sistema Nervoso Periférico 
 
O sistema nervoso, como referimos anteriormente, é um sistema altamente 
organizado que advém da combinação de células especializadas, chamadas de 
neurónios (nervos) motores, neurónios sensoriais e de conexão. Certa literatura 
designa os neurónios de conexão como sendo de associação ou mistos. 
Os neurónios motores conhecidos também por eferentes têm a função de 
transportar mensagens do sistema nervoso central para os músculos, nos quais 
se produz a resposta em forma de movimento ou contracção. Pense, por 
exemplo, numa tomada eléctrica a partir do qual se pode ligar uma ficha e fazer 
funcionar a máquina. Atenção, não estamos a tentar comparar o funcionamento 
do organismo com uma máquina. Estamos apenas a dar exemplos ilustrativos do 
mecanismo de funcionamento deste. 
Os neurónios sensoriais também designados de aferentes têm a função de 
conduzir os impulsos captados pelos receptores dos órgãos sensoriais para o 
sistema nervoso central. 
Os neurónios de conexão estão ligados ao processamento de informações 
mais complexas e estabelecem a mediação entre os neurónios sensoriais e 
motores. Portanto, parece que tudo funciona num sistema de circuito 
fechado, matéria que aprendeste na Física no Ensino Secundário. 
42 Lição nº 3 
 
Sistema nervoso humano, suas partes fundamentais e 
funções. 
Quadro 1. As partes constituintes do sistema nervoso 
 
 
Do ponto de vista anátomo-funcional o sistema nervoso divide-se em: 
Sistema nervoso central que regula todas as interacções entre o organismo e o 
meio externo, isto é, recebe e processa a informação proviniente do meio 
exterior e comanda a resposta. O sistema nervoso central é constituído por 
encéfalo e espinal medula. 
 
A função de espinal medula é de conduzir impulsos de e para o encêfalo e 
coordenar actividades reflexas que se resumem em transmitir sinais entre o 
corpo e o encéfalo; dos órgãos dos sentidos e dos músculos para o cérebro; 
envia para o cérebro informações referentes a estimulação táctil. 
Permite a execução de respostas motoras rápidas, instantâneas, autónomas que 
antecedem à consciência de um estímulo. 
 
Uma lesão nesta região pode originar a incapacidade em controlar as pernas, os 
braços, os intestinos ou a bexiga, uma situação de paraplégica. 
 
 
 
SISTEMA NERVOSO
SISTEMA NERVOSO 
CENTRAL 
SISTEMA NERVOSO 
PERIFÉRICO 
SISTEMA NERVOSO 
SOMÁTICO 
SISTEMA NERVOSO 
AUTÓNOMO 
SISTEMA NERVOSO 
SIMPÁTICO 
SISTEMA NERVOSO 
PARASSIMPÁTICO 
ENCÉFALO 
ESPINAL MEDULA 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 43 
 
Figura 4. As partes que compõem a espinal medula. 
 
 
www.corpohumano.hpg.ig.com.br/sist_nervoso/medula_espinhal/med_espinhal.h
tml 
 
O sistema Nervoso Periférico 
O Sistema Nervoso Periférico é uma das partes do sistema nervoso que é 
constituído por todos os nervos que se encontram fora do cérebro e da medula 
espinal e estende-de por todo corpo (ver figura 3.8 do livro Introdução à 
Psicologia de Weyten página 71). Ele é constituido pelo Sistema Nervoso 
Somático e Sistema Nervoso autónomo. 
O Sistema Nervoso Somático 
Pense, por exemplo, num sistema eléctrico da sua casa, da sua escola ou do 
seu vizinho. Os cabos que se conectam às lâmpadas ou que derivam a energia 
para as tomadas estão ligados ao quadro central. Estes cabos extraem energia 
do quadro central para acender a lâmpada e, ao mesmo tempo, mandam sinais 
da lâmpada ao quadro central. Da mesma forma, o Sistema Nervoso Somático, é 
constituido de nervos que se ligam directamente aos músculos e aos receptores 
voluntários. Estes receptores assemelham-se aos cabos que carregam a 
informação dos receptores da pele e dos músculos e levam-na ao sistema 
nervoso central e este por sua vez emite ordens aos músculos. Por exemplo, se 
44 Lição nº 3 
 
se toca no olho ele começa a lacrimejar. Mas antes deste processo, o estímulo 
foi conduzido ao sistema nervoso central de receptores para o sistema nervoso 
central para ser reconhecido e só depois se manda a resposta adequada. Os 
receptores da informação são constituidos por dois tipos de fibras nervosoas: 
a) fibras aferentes que são os axónios que levam a informação 
directamente para o sistema nervoso central a partir da periferia do 
corpo; e 
b) as fibras eferentes, que são os axónios que devolvem a informação do 
sistema nervoso central para a periferia do corpo. 
Cada nervo do corpo é constituido por vários axónios de cada um destes dois 
tipos mencionados acima. Pode-se dizer que os nervos somáticos são como um 
sistema eléctrico que é constituido por dois fios, um negativo e outro positivo. O 
sistema nervoso somático permite-nos o contacto com o mundo exterior. 
 
O Sistema Nervoso Autónomo 
Este tipo de sistema nervoso é constituido por nervos que se ligam ao coração, 
aos vasos snguíneos, aos músculos lisos e às glândulas. Embora seja 
controlado pelo sistema nervoso central, o Sistema Nervoso Autónomo funciona 
separadamente. Como o próprio nome indica, ele é autónomo. Ele controla as 
funções automáticas, involuntárias e das vísceras do nosso corpo. Imagine, por 
exemplo, o funcionamento do coração, dos rins, pulmões, etc. Não dependem da 
nossa vontadade. O Sistema Nervoso Autónomo é o mediador das funções 
fisiológicas que acontecem quando uma pessoa experimenta emoções. Pense, 
por exemplo, que você, às vezes, tem uma discussão desagradávelcom uma 
outra pessoa. Se você se aborrece com isso, o seu ritmo cardíaco, quer dizer, as 
batidas do teu coração, aumentam de intensidade e isso pode aumentar a sua 
pressão sanguínea que se pode, algumas vezes, se transformar em arrepios ou 
transpirações. 
O Sistema Nervoso Autónomo subdivide-se ainda em sistema nervoso simpático 
e sistema nervoso parassimpático. 
O sistema nervoso simpático é o responsável pelo transporte do sangue e do 
oxigénio para todas as partes do corpo, preparando o corpo para a acção, 
enquanto que o parassimpático diminui a acção energética do corpo. Este tipo de 
sistema nervoso é que é responsável pela diminuição do ritmo cardíaco quando 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 45 
 
o nosso coração se acelera e promove a redução da pressão sanguínea e da 
digestão. Isto significa que depois de uma pessoa se emocionar muito, para 
voltar para o seu estado normal precisa que o sistema nervoso parassimpático 
actue. 
 
Imagem: LOPES, SÓNIA. Bio 2.São Paulo, Ed. Saraiva, 2002. Fonte 
www.afh.bio.br/nervoso/nervoso4.asp 
 
O sistema Nervoso Parassimpático (SNP), como se referiu anteriormente, 
funciona como refreador do Sistema Nervoso Simpático. O SNP actua sobre os 
órgãos tais como o coração, os brônquios, os intestinos, a bexiga e outras 
glândulas secretórias, estabelecendo as suas funções normais. 
 
Actividade 6 
Se tiver assesso ao laboratório de Biologia, procure encontrar o esqueleto de um 
cérebro humano e observe as partes que o compõe. Se não tiver acesso a um 
laboratório, consulte um livro de Anatomia Humana e certifique-se das partes 
que compõem o cérebro. Descreva essas partes e discuta com o seu colega. 
Poderá discutir também com o professor de Biologia os resultados da sua 
observação. 
46 Lição nº 3 
 
Sumário 
Neste capítulo abordamos questões fundamentais relacionadas com a 
constituição e funcionamento do sistema nervoso. 
Rerferimo-nos ao facto de que o sistema nervoso era constituido por diversas 
partes, entre as quais, o sistema nervoso central e suas ramifiações bem como o 
sistema nervoso periférico com as respecitvas divisões. 
Na abordagem desta matéria é essencial compreender que o funcionamento do 
sistema nervoso está intimamente ligado à compreensão da estrutura e função 
da célula básica do sistema nervoso que o neurónio. 
Um dado estímulo presente no meio vai excitar os receptores (células que 
tranformam os estímulos em impulsos nervosos). Em seguida, a excitação ou 
impulso nervoso é conduzido através de feixes de nervos (células nervosas – os 
neurónios) até ao cérebro ou espinal medula. 
O cérebro e, no caso das respostas reflexas, a espinal medula vão funcionar 
como centros de decisão e enviarão uma resposta ao músculo ou órgão 
excitado. Assim, partem do cérebro impulsos nervosos que se dirigem aos 
músculos e glândulas, que constituem os chamados efectores ou órgãos de 
acção dos organismos que em conexão com os nervos eferentes e mistos 
desencadeam o conjunto de mecanismos necessários para a produção de uma 
resposta. 
O nosso sistema nervoso, portanto, é composto por vários biliões de neurónios 
que estabelecem entre si cerca de 10 trilhões de sinapses, que é uma pequena 
abertura que permite a passagem do impulso de um neurónio para o outro. 
 
O sistema nervoso como um todo é, portanto, constituido por: espinal medula 
que é um longo tubo de fibras nervosas, responsável pela condução de impuslos 
nervosos para o encéfalo e pela actividade reflexa; o encéfalo é constituído, na 
região posterior, pelo bolbo raquidiano, que se liga à espinal medula cuja 
responsabilidade é controlar as funções vitais tais como a respiração e o rítmo 
cardíaco. O cérebro, outra componente do encéfalo, toma conta do equilíbrio e 
coordenação muscular. 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 47 
 
Os hemisférios esquerdo e direito constituem parte integrante do encéfalo e 
encontram-se envolvidos por uma camada fina chamada de córtex cerebral com 
duas áreas fundamentais: a da projecção e de associação, responsáveis, 
respectivamente, pelos movimentos ou sensações e pelos processos mentais 
superiores. 
O sistema nervoso é ainda constituido pelo sistema nervoso periférico cuja 
função é manutenção do equilíbrio do meio interno e funcionamento dos órgãos 
viscerais. 
Exercícios 
 
Auto-avaliação 
 
Para realizar os exercícios propomos os seguintes materias: folha A4, caneta ou 
lápis, borracha. Para o aprofundamento da matéria poderá consultar os sites 
propostos na bibliografia recomendada 
1. Organize um dossier com artigos de jornais e revistas sobre as mais recentes 
pesquisas e descobertas relativas ao funcionamento do sistema nervoso. 
2. Explique com as suas próprias palavras como podem ser transmitidas as 
mensagens entre as células nervosas que não estão em contacto uma com a 
outra. 
3. Escreva e explique a estrutura do sistema nervoso e suas componentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
48 Unidade III 
 
Unidade III 
PSICOLOGIA EVOLUTIVA E DE 
DESENVOLVIMENTO 
Introdução 
O desenvolvimento não termina quando a pessoa atinge a sua maturidade física, 
antes continua pela vida fora, nos diversos contextos da vida do indivíduo. 
Muitos autores que estudam o desenvolvimento físico, perceptivo, cognitivo, 
social e da personalidade conceptualizam a vida humana como uma sucessão 
de fases ou etapas do desenvolvimento, que, embora com perspectivas 
diferentes, caracterizam as fases do desenvolvimento físico e mental do 
indivíduo. 
 
A puberdade e a adolescência constituem momentos muito significativos no 
desenvolvimento humano que se caracterizam pelas mudanças qualitativas e 
quantitativas do comportamento. 
 
Conhecer as características fisiológicas e principalmente psicológicas dos 
indivíduos nestas fases é um dos grandes objectivos esta unidade, porquanto 
permitir planificar o processo de ensino e aprendizagem. Para os professores e 
o público em geral, estes conhecimentos são de grande importância, visto que 
vão permitir compreender melhor os alunos e suas capacidades mentais, tendo 
em conta a sua idade. 
 
 
 
 
 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 49 
 
Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de: 
 
Objectivos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ƒ Conhecer as características comuns de desenvolvimento nas diferentes 
faixas etárias (infância, adolescência e adulta) 
ƒ Compreender os factores significativos que determinam o 
desenvolvimento humano; 
ƒ Reconhecer as implicações pedagógicas das concepções teóricas 
sobre o desenvolvimento; 
ƒ Caracterizar os estádios de desenvolvimento segundo J. Piaget, S. 
Freud e E. Erikson; 
ƒ Explicar os diferentes factores e sua influência no desenvolvimento 
humano; 
 
 
 
Terminologia 
 
Para a compreensão desta unidade, você precisará de dominar os seguintes 
conceitos: 
Desenvolvimento, maturação, crescimento, estádios de desenvolvimento e 
personalidade. 
 
Conhecimentos prévios 
Para o estudo deste capítulo deverá recorrer aos conhecimentos da Biologia da 
8ª, 9ª e 10ª classes, sobretudo no que diz respeito ao sistema reprodutor, 
genética e desenvolvimento embrionário. 
 
50 Unidade III 
 
 
Ao iniciar o estudo deste capítulo deverá antes de tudo tentar examinar a lista 
dos conteúdos e focalizar o seu estudo nos aspectos mais importantes. No início 
desta unidade, você encontrará uma introdução e um conjunto de actividades de 
aprendizagem, o que facilita uma apreciação rápida do valor que a unidade tem 
para si. 
 
Os principais conteúdos temáticos desta unidade são: 
1 Desenvolvimento humano; 
2 Conceitos de desenvolvimento, maturação, crescimento e estádio dedesenvolvimento; 
3 Concepções sobre o desenvolvimento; 
4 Desenvolvimento e socialização. 
 
 
 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 51 
 
 
Lição nº 1 
Desenvolvimento Humano 
 
Duração: 2 (duas) horas 
Ao terminar esta lição será capaz de: 
• Conhecer as diferentes fases do desenvolvimento humano; 
• Descrever as fases de desenvolvimento humano; 
• Indicar as diferenças existentes entre uma fase e outra. 
Conceitos fundamentais: desenvolvimento, crescimento e maturação 
 
 
No decorrer da vida do indinvíduo ocorrem modificações, tanto no plano físico, 
quanto no psicológico, ou emocional. A criança que nasceu com um peso de 
setucentas gramas, rapidamente se denvolve adquirindo um peso maior. Os 
seus membros crescem com uma certa velocidade. Passados alguns anos, 
caminha por si sem precisar de ajuda dos mais velhos. Dizemos então que 
houve um crescimento físico que se caracterizou por um aumento da massa do 
corpo. Por outro lado, esta mesma criança que nascera sem pelo menos saber 
pronunciar certas palavras, aos três anos ou mesmo antes disso, ela já fala com 
uma certa fluência, lê imagens, identifica conceitos e até escreve certos rabiscos 
sobre uma folha de papel. 
O que ocorreu? 
Dizemos pois que houve desenvolvimento. Que a criança cresceu, se 
desenvolveu. A mesma criança que ao nascer só sabia chorar, passado algum 
tempo pode dizer com palavras o que gosta e o que não gosta, o que quer ser 
quando adulto, de quem mais gosta, etc. Os exemplos citados aqui mostram que 
o indivíduo, antes de ser adulto passa por muitas fases de transformações, quer 
no plano físico (andar, correr, aumentar de peso), no plano psíquico (descrever 
52 Lição nº 1 
 
as características do objecto, desenvolver a noção de conceitos) como no plano 
emocional (manifestar os seus interesses íntimos). O desenvolvimento é, pois a 
sequência das modificações, quer no plano físico, psicológico quer emocional 
que ocorrem dentro de um indivíduo, desde o seu nascimento até à morte. Esta 
definição deixa antever porém que o desenvolvimento humano não termina 
quando o indivíduo atinge a fase adulta. Ele prolonga-se até à morte. A pergunta 
que se colocaria neste caso seria: será a morte uma das fases de 
desenvolvimento? Se considerarmos que o percurso deste indivíduo teve um 
princípio, esperamos que tenha, portanto, um fim, o desaparecimento do 
indivíduo. 
O desenvolvimento psicológico engloba as alterações comportamentais do 
indivíduo enquanto que o físico tem a ver com as mudanças biológicas 
decorrentes do envelhecimento. No entanto, é necessário distinguir o 
crescimento do desenvolvimento. O crescimento corresponde às alterações 
quantitativas que ocorrem tanto no plano físico, psicológico ou emocional do 
indivíduo, enquanto que o desenvolvimento refere-se às mudanças de ordem 
qualitativa. O bebé que outrora não se movia, agora consegue agarrar objectos, 
dominar a gramática gradualmente; o jovem que pensa no que vai ser no futuro. 
Referimo-nos a este aspecto como sendo desenvovolvimento. Mas imagine 
que, aos três anos, a criança calçava um determinado número de calçado, agora 
calça um número maior. Dizemos que o seu pé cresceu. Contudo, o crescimento 
acompanha sempre o desenvolvimento e vice-versa. 
 
Agora, pare de ler e pense. 
O seu filho, o filho do seu irmão, ou vizinho, quantos anos tem? 
Descreva as fases mais marcantes e que você presenciou do crescimento e 
desenvolvimento desta criança. 
 
Desenvolvimento no período Pré-Natal 
Ao contrário do que muita gente pensa, o desenvolvimento não inicia com o 
nascimento do bebé. O nascimento constitui uma das fases do desenvolvimento 
da criança. O desenvolvimento pré-natal começa, pois, logo no período em que a 
mãe concebe até ao nascimento do bebé. Quer dizer, podemos considerar a 
entrada do espermatozóide no óvulo da mulher (formação do zigoto) como o 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 53 
 
início do desenvolvimento do indivíduo. A partir desta célula todas as outras 
células começam a desenvolver-se. Cada uma dessas células transporta consigo 
os cromossomas no seu núcleo e que contêm mensagens dos progenitores. 
Cada cromossoma é constituido por muitos genes. Os genes contêm toda a 
informação heriditária que depois se transmite ao indivíduo e que depois se 
revela ao longo da sua vida. O período de desenvolvimento pré-natal estende-se 
por um período de nove meses e ocorre a uma velocidade grande. 
 
No desenvolvimento pré-natal observam-se três estágios fundamentais 
designados por estágio germinal, estágio embrionário e estágio fetal 
O estágio germinal tem início nas primeiras duas semanas depois da mulher 
conceber. Neste período, há, portanto, a formação do zigoto que ocorre através 
da fertilização. Trinta e seis horas depois o zigoto subdivide-se em céluas 
permitindo a que este se transforme numa massa de células muito pequenas 
,visíveis ao microscópio e que se multiplicam entre si. Este grupo de células, 
desloca-se depois para a cavidade uterina através da Trompa de Falópio, onde 
sete dias depois esta massa celular se fixa nas paredes do útero da mãe. 
Durante este percurso, que demora sete dias, muitos zigotos podem ser 
rejeitados. Na altura em que há esta fixação nas paredes uterinas do grupo de 
células se forma a planceta que é uma estrutura a partir da qual o oxigénio e os 
nutrientes da corrente sanguínea passam passam da mãe, para o feto e os 
dejectos corporais do feto passam para a mãe. Este momento de formação do 
feto é extremamente crucial. 
 
O estágio embrionário começa de duas semanas após o o estágio germinal e 
termina dois meses depois. Neste período observa-se a formação da maioria dos 
orgãos vitais do bebé o que passa a chamar-se de embrião. É pois nesta fase 
que os órgãos tais como o coração, a coluna vertebral e o cérebro se formam 
gradualmente. Neste período, o embrião começa a ter o formato humano com o 
a formação dos principais membros (braços, pernas, mãos, dedos e pés) e 
órgãos do sistema visual e auditivo, tais como, olhos e orelhas. O período 
embrionário é um período muito sensível devido ao facto de que é nele onde se 
começa a formar os órgãos vitais do indivíduo. Qualquer interferência anormal 
neste período pode ter um efeito devastador para o indivíduo. Grande parte de 
54 Lição nº 1 
 
abortos e deficiências estruturais que se relacionam com o nascimento ocorre no 
perído embrionário. Repare na figura as fases do desenvolvimento do embrião. 
 
Figura Fases do desenvolvimento embrionário 
 
Fonte: Desenho digitalizado a partir da figura da página 3 do Livro "Embriologia 
Clínica"de Moore, K. L & Persaud T.V.N. publicado pela Guanabara Koogan em 
1994 (www.assis.unesp.br/egalhard/desembr.htm) 
 
O estágio fetal começa dos dois meses atá ao nascimento do bebé. Neste 
período observa-se um rápido crescimento nos dois primeiros meses que ocorre 
com o início da formação dos músculos e ossos. Neste período de 
desenvolvimento, o feto é capaz de emitir movimentos físicos que advêm do 
fortalecimento das estruturas esqueléticas. Os órgãos, tais como o coração, 
cérebro e outros, desenvolvem-se com rapidez e começam gradualmente a 
funcionar. Há também neste período o início do desenvolvimento dos órgãos 
sexuais que começa ao terceiro mês. Nos últimos três meses observa--se a 
multiplicação acelerada das células cerebrais, o amadurecimento do sistema 
respiratório e do digestivo, preparando o bebé para enfrentar as duras condições 
do meio ambiente externo. Entre vinte e duas e vinte e seis semanas antinge-se 
aquilo que é conhecido por idade da viabilidade. Nesta idade, o bebé poderá 
sobreviver no caso de ela nascer prematuramente. 
 
 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 55 
 
 
Figura Vista geral do desenvolvimentodo feto 
 
Fonte: Desenho digitalizado a partir da figura da página 5 do Livro "Embriologia 
Clínica"de Moore, K. L & Persaud T.V.N. publicado pela Guanabara Koogan em 1994. 
(www.assis.unesp.br/egalhard/desembr.htm) 
 
Qual é a influência dos factores ambientais sobre o desenvolvimento pré-
natal? 
Os factores ambientais podem ter um grande efeito negativo no desenvolvimento 
do bebé duarante a fase pré-natal, apesar do aconchego de protecção 
proporcionado pela mãe no interior do útero. Como vimos anteriormente as 
estruturas fisicas do bebé se formam no período pré-natal e é neste período que 
várias dessas estruturas são vulneráveis a danos. A mãe, precisa de observar 
todos os cuidados nutritivos para que não ponha em risco o bebé e possa evitar 
nascimentos prematuos ou nados mortos. As drogas, tais como o tabaco, o 
álcool e outras, podem ter efeitos devastadores na saúde do bebé e provocar 
neste o sindrome e morte súbita. Os problemas que advêm do consumo do 
álcool podem provocar directamente no bebé microcefalia (cabeça pequena), 
irritabilidade, hiperactividade, deficiências cardíacas, retardamento no 
desenvolvimento motor, etc. Portanto, há toda uma série de cuidados que a 
mulher deve observar quando estiver no estado de gravidez para não prejudicar 
o desenvolvimento do feto. Alguns desses cuidados consistem em acatar as 
orientações dos profissionais de saúde, procurar serviços médicos de boa 
qualidade no início da gravidez. Mas sabe-se que, devido a pobreza, nem 
sempre é possivel usufruir de tais condições. 
 
56 Lição nº 2 
 
Lição nº 2 
O Desenvolvimento Motor da 
Criança 
 
Duração: 2 (duas) horas 
Ao terminar esta lição será capaz de: 
• Conhecer as diferentes partes do desenvolvimento da criança que 
constituem o Sistema Nervoso Central; 
• Descrever o desenvolvimento da criança nas suas diferentes fases; 
• Estabelecer a relação entre as diferentes fases do desenvolvimento da 
criança. 
Conceitos fundamentais: Desenvolvimento motor, desenvolvimento emocional, 
desenvolvimento moral. 
 
 
Depois do nascimento, a criança está sujeita a vários estímulos da natureza, aos 
quais deve responder com as suas habilidades motoras. O desenvolvimento 
motor tem a ver com a forma progressiva da coordenação muscular que se exige 
para uma actividade física. Nas actividades motoras básicas, a criança agarra, 
manipula e lança objectos. Realiza movimentos de sentar, de gatinhar, de correr 
e de andar. Segundo Piaget citado por Weiten (2002) este constitui o primeiro 
estágio de desenvolvimento da criança: o desenvolvimento sensório-motor. 
Neste período, as crianças aprendem a coordenar as suas acções motoras em 
consonância com as influências sensoriais. 
O desenvolvimento da criança nesta fase tende a partir da cabeça para os pés 
(desenvolvimento cefalocaudal- direcção da cabeça para os pés). Há uma 
tendência da criança de controlar mais a parte superior do seu corpo do que a 
parte inferior. Se observar atentamente, poderá notar que o bebé, durante a fase 
do seu desenvolvimento, controla mais a sua cabeça e braços mais do que os 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 57 
 
pés. O bebé pode virar a cabeça, agarrar o lençol com as mãos e puxá-lo para a 
boca. 
Para que o bebé possa se impulsionar, transfere gradativamente o uso dos 
braços para as pernas ganhando um certo controlo dos movimentos que parte do 
dorso para as extremidades. Esta fase de desenvolvimento é designado de 
tendência próximo-distal que é uma tendência do desenvolvimento motor que se 
orienta do centro para as extremidades. 
O desenvolvimento motor do bebé depende do crescimento físico deste que em 
geral é muito rápido. Estudos feitos mostram que o bebé pode, um dia apenas 
depois de um período estacionário de 60 dias, crescer meia polegada. 
Os progressos no campo motor do bebé atribuem-se a maturação dos ógãos 
motores (músculos, ossos, tendões). Comprende-se por maturação o 
desenvolvimeto que reflecte o desdobramento do esquema genético de 
uma pessoa (Weiten, 2002). São mudanças físicas que são geneticamente 
programadas e que dependem da idade. Por exemplo, uma criança de um ano 
não pode correr, porque, do ponto de vista físico, ainda não ocorreram 
mudanças capazes de proporcionar esta habilidade. A maturação é um 
processo oposto à aprendizagem e à experiência. 
Em geral, durante a fase do desenvolvimento motor, os pais prestam muita 
atenção aos seus filhos. Ajudam-lhes a caminhar e a executar certos exercícios 
que até certo modo são difíceis para as crianças. Em certa medida, alguns pais 
podem ficar preocupados quando uma criança não executa determinados 
movimentos. Na realidade existe aquilo que se chama normas de 
desenvolvimento. Durante o processo do desenvovlimento existem, em média, 
períodos considerados médios a partir dos quais uma determinada habilidade 
motora ou psicológica pode-se observar. Contudo, por qualquer razão esta 
mesma habilidade pode se manifestar mais tarde sem, contudo, significar que a 
criança sofra de deficiência. É preciso entender que as normas referem-se 
apenas à média. 
 
Desenvolvimento emocional 
A ligação das mães com os seus bebés começa logo desde o início; contudo, 
nos primeiros momentos da vida esta ligação não se pode considerar tão 
estreita. A razão disso é o facto de a criança poder estabelecer outros laços com 
58 Lição nº 2 
 
outras pessoas. É comum verificar-se que a criança pode passar de mão em 
mão sem se quer chorar por sua mãe. Outras ao primeiro toque gritam 
imediatamente pedindo socorro da mãe. A preferência pela mãe só começa a 
acontecer aos seis ou sete meses de idade. Este vínculo designado por 
ansiedade de separação atinge o seu pico dos 14 aos 18 meses. A partir dos 
dezoito meses começa a diminuir. Estudos feitos mostram que nos bebés que 
não recebem cuidados da mãe por mais de 20 horas há um risco de se 
desenvolver vínculos inseguros com a mãe. 
 
O que torna fascinante o estudo do desenvolvimento de qualquer coisa que seja 
e principalmente dos seres humanos é o facto de dizer respeito às nossas vidas, 
de você, de mim e de todos nós. Este interesse baseia-se na velha intuição 
acerca da compreensão individual e da auto-descoberta: se conseguirmos 
descobrir as nossas raízes e a história das mudanças que nos transformaram no 
que somos hoje, poderemos compreender-nos melhor. Se conseguirmos 
combinar a perspectiva do nosso presente, estaremos mais aptos a antecipar o 
futuro e a prepará-lo de acordo com os nossos objectivos. 
 
 
O desenvolvimento moral 
Vários psicólogos tentaram investigar o desenvolvimento moral da criança dentre 
os quais o próprio Piaget que afirmou que o desenvolvimento moral se encontra 
ligado ao desenvolvimento cognitivo. Mas foi Kolberg quem mais se interessou 
em descrever o desenvolvimento moral da criança tendo afirmado que os 
indivíduos, durante o seu desenvolvimento, atravessam três níveis sequenciais 
de desenvolvimento moral que se subdividem em subníveis totalizando seis 
estágios de desenvolvimento. O nível Pré-Convencional que inclui dois estágios, 
nomeadamente o de orienta,cão à punição e o de orientação à recompensa 
ingénua; o nível Convencional que inclui os estágios de orientação do bom 
menino/boa menina e o de orientação da autoridade; e o nível Pós-
Convencional que inclui os estágios de orientação do contrato social e o de 
orientação à consciência e princípios individuais. 
No nível pré-convencional as crianças mais jovens pensam em termos de 
autoridade vinda do exterior de si mesmas. Elas veêm os actos errados como 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 59 
 
sendo errados porque são punidos e os actos correctos, porque não o são, são, 
portanto, recompensados. Na fase mais adulta do desenvolvimento da criança, 
no nível convencional,elas consideram as regras como um aspecto importante 
e necessário para manter a ordem social e aceitam-nas como fazendo parte de 
si mesmas, enquanto que no estágio pós-convencional há menos rigidez das 
normas ou regras de conduta. As crianças têm a consciência de que alguém 
pode não agir em conformidade com as regras se estas entrarem em conflito 
com os seus desejos. A seguir apresentamos um quadro resumido da teoria dos 
estágios de Kolberg. 
 
Quadro de Teorias de estágios de Kohlberg. Fonte Weite, Wayne (2002) 
Introdução à Psicologia pg. 325. 
 
Actividade 7: 
Observe uma criança de 3 anos e uma criança de 7 anos quanto à sua 
actividade motora. Faça um quadro comparativo das principais actividades que 
cada uma desenvolve nas suas respectivas idades. Explique as diferenças de 
actividade nas duas crianças. Discuta os resultados com os seus colegas. 
Nivel Pré convencional Convencional Pós-convencional 
Estágio 1 Estágio 2 Estágio 3 Estágio 4 Estágio 5 Estágio 6 
Orientação à 
punição 
Orientação à 
recompensa 
ingénua 
Orientação 
do bom 
menino/boa 
menina 
Orientação 
da 
autoridade 
Orientação 
do contrato 
social 
Orientação à 
consciência e 
princípios 
individuais 
O certo e o 
errado são 
determinados
s pelo que é 
punido 
O certo e o 
errado são 
determinados 
pelo que é 
recompensad
o 
O certo e o 
errado são 
determinados 
pela 
aprovação ou 
desaprovaçã
o de pessoas 
próximas 
O certo e o 
errado são 
determinados 
pelas regras 
e leis da 
sociedade 
que devem 
ser 
obedecids 
rigidamente 
O certo e o 
errado são 
determinadas 
pelas regras 
da sociedade 
que são 
vistas mais 
como falíveis 
que como 
absolutas 
O certo e o 
errado são 
determinados 
por princípios 
éticos 
abstractos 
que 
enfatizam a 
equidade e a 
justiça 
60 Lição nº 3 
 
Lição nº 3 
O Desenvolvimento na 
Adolescência 
 
Duração: 2 (duas) horas 
Ao terminar esta lição será capaz de: 
• Conhecer as características de desenvolvimento na adolescência; 
• Descrever as principais relações entre as diversas características de 
desenvolvimento na adolescência. 
Conceitos fundamentais: Adolescência, identidade. 
 
A adolescência representa uma fase muito difícil de desenvolvimento. É nesta 
fase que se operam as transformações mais substanciais de desenvolvimento no 
plano físico, psicológico e de personalidade da criança. No plano psicológico, as 
crises decorrentes desta fase explicam-se pela extrema ansiedade da criança 
em se tornar adulto. No plano físico são determinadas pelas mudanças no 
crescimento geral dos órgãos e no aparecimento de certos fenómenos, tais como 
a menstruação nas raparigas. Do ponto de vista da personalidae cresce a 
consciência do indivíduo. 
Se reparar atentamente aos seus alunos sobretudo os da sexta e sétima classes 
e compará-los com os da quarta e quinta, notará provavelmente uma diferença 
acentuada neles, quer do ponto de vista de formas de pensamento como de 
crescimento físico. Por volta dos 11 nas meninas e 13 nos rapazes, verificam-se 
mudanças hormonais que levam à maturidade física e sexual das crianças. 
Existe um aumento em peso e altura das crianças e o desevolvimento de 
características sexuais secundárias. Nos rapazes há aumento da voz e 
aperecimento de pêlos faciais, crescimento do esqueleto, ombros mais largos, e 
aumento da massa muscular. Nas raparigas existe o aparecimento dos seios e 
alargamento da bacia (ossos pélvicos). Apesar deste desenvolvimento não se 
pode dizer ainda que as crianças estão sexualmente maduras, mas sim, abre o 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 61 
 
caminho para criação de condições para a maturação sexual. Esta fase é 
conhecida por fase da puberdade fase que marca o início da adolescência. 
Nos rapazes, o desenvolvimento das características sexuais inclui o pénis e os 
testículos e as estruturas internas relacionadas com o aparelho reprodutor. Nas 
raparigas, a puberdade inclui a menarca (a primeira menstruação). O 
desenvolvimento das características sexuais varia. Em alguns países, a menarca 
aparece aos 12 anos, enquanto que em outros aos 11 anos. 
 
O desenvolvimento da personalidade na adolescência 
O conceito de personalidade é pormenorizadamente discutido no capítulo V. 
Aqui apenas nos referiremos a alguns aspectos que marcam o desenvolvimento 
do adolescente. 
Segundo Erikson citado por Weiten (2002), o desenvolvimento da personalidade 
na adolescência é caracterizada por uma crise psicossocial que cria como 
resultado a confusão e a identidade. O adolescente luta permanentemente 
para formar uma identidade. Esta luta envolve a criação de auto-conceito 
estavável. A luta pela identidade alicerça-se no facto de que as mudanças físicas 
que ocorrem durante esta fase estimulam signigicativamente o pensamento 
sobre a auto-imagem. Se verificar com atenção notará que mesmo a forma de 
vestir dos adolescentes muda. Frequentemente são assolados pela moda no 
vestuário e mesmo na linguagem. A seguir apresentamos um quadro-resumo do 
desenvolvimento da personalidade nas diversas idades de acordo com Erikson. 
 
 
Idade Estádio de desenvolvimento Resolução bem sucedida 
0 – 1,5 Confiança/desconfiança Estabelecimento de relações de confiança. 
1,5 – 3 Autonomia/insegurança, 
vergonha 
Desenvolvimento de condutas autónomas (fazer 
sozinho). 
3 – 6 Iniciativa/culpa Tomada de iniciativa na organização das 
actividades. 
6 – 12 Diligência/inferioridade Tornar-se competente no seu meio social ou 
escolar. 
62 Lição nº 3 
 
12 – 20 Identidade/difusão de 
identidade 
Formação de uma indentidade pessoal bem 
integrada. 
20 – 35 
 
Intimidade/isolamento Desenvolvimento de relações de verdadeira 
intimidade. 
35 – 65 Criatividade/estagnação Ser um membro activo da sociedade (educação dos 
filhos) 
65 – 
morte 
Integridade/desespero Sentimento de realização face ao passado, 
serenidade face ao futuro 
 
 
 
Exercícios 
 
 
Auto-avaliação 
 
Chegou a hora de realizar um teste, para isso serão necessários os 
seguintes materiais: 
Uma folha A4, um lápis de carvão HB, uma borracha. 
Agora, leia com com atenção as questões que se seguem e assinale com X 
no espaço da alínea que achar correta. 
Não olhe para o guião de correcção, primeiro tente responder, se não conseguir 
volte a ler o material e recursos de apoio. (correção no fim da unidade). 
1. O estágio de desenvolvimento pré-natal durante o qual o organismo em 
desenvolvimento é mais vulnerável a danos é o: (2.00 Valores). 
A. Estágio zigótico (____) 
B. Estágio germinal (_____) 
C. Estágio fetal (_____) 
D. Estágio embrionário (_____) 
2. A tendência cefalocaudal no desenvolvimento motor das crianças pode ser 
descrita simplesmente como: (2.00 Valores). 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 63 
 
A. Direcção da cabeça para os pés (_____) 
B. direcção do centro para fora (_____) 
C. Direcção dos pés para a cabeça (_____) 
D. Direcção para os terminais do corpo (____) 
3. As normas de desenvolvimento: (2.00 Valores). 
A. Podem ser usadas para fazer predições extremamente precisas sobre a idade 
na qual uma criança individual atingirá várias marcas de desenvolvimento (____) 
B. Indicam a idade máxima na qual uma criança pode atingir uma marca de 
desenvolvimento particular e ainda possa ser considerada “normal”(_____) 
C. Indicam a idade média na qual os indivíduos atingem várias marcas de 
desenvolvimento (_____) 
D. Envolvem tanto A como B (_____) 
4. Quando o desenvolvimento dos mesmos sujeitos é estudado durante um 
período de tempo, o estudo é chamado de: (2. 00 Valores). 
A. Transversal (_____); B. História da vida (_____) 
C. Longitudinal (_____); D. Sequencial (______) 
 
5.A formação de um vínculo entre o bebé e a pessoa que cuida dele parece ser: 
(2. 00 Valores). 
A. Uma função exclusiva do temperamento do bebé (_____) 
B. Uma função exclusiva da sensibilidade da pessoa (_____) 
C. Fundamentalmente uma questão de quão bem as necessidades nutricionais 
da criança são cumpridas (_____) 
D. Uma função dos efeitos combinados do temperamento do bebé e da 
sensibilidade de quem cuida dele (_____) 
 
6. Durante o segundo ano de vida, os bebés começam a assumir alguma 
responsabilidade pessoal em alimentar-se, vestir-se e banhar-se a si próprios, 
em uma tentativa de estabelecer o que Erikson chama de senso de: (2. 00 
Valores). 
64 Lição nº 3 
 
A. Superioridade (__); B. Diligência (___); C. Generatividade (__); D. Autonomia 
(__) 
 
7. Com cinco anos, Kossa assiste despejar água de um copo baixo e largo para 
um alto e estreito. Ele diz que não há mais água que antes. Esta resposta 
demonstra que: (2. 00 Valores). 
A. Kossa entende o conceito de conservação (_____) 
B. Kossa não entende o conceito de conservação (______) 
C. O desenvolvimento cognitivo de Kossa está “aquém” da sua idade (____) 
D. Tanto B como C estão ocorrendo (_____). 
8. Quais das seguintes não é uma das críticas à teoria de desenvolvimento 
cognitivo de Piaget? (2. 00 Valores) 
A. Piaget pode ter subestimado as habilidades cognitivas das crianças em 
algumas áreas (_____) 
B. Piaget pode ter subestimado a influência de factores culturais no 
desenvolvimento cognitivo (____) 
C. A teoria não se refere claramente à questão das influências individuais no 
desenvolvimento (____) 
D. As evidências da teoria são baseadas nas respostas de crianças a questões 
(____) 
 
9. A suposição de uma criança pré-operacional de que um carro está se 
movendo porque está dentro dele é um exemplo de: (1.00 Valores) 
A. Eegocentrismo (____) 
B. Centração (____) 
C. Conservação (____) 
D. Raciocínio pré-convencional (____) 
 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 65 
 
10. Garotas que madurecem _________e garotos que amadurecem________ 
sentem-se, especialmente, incomodados sobre a puberdade e contrafeitos com 
suas aparências. (1.00 Valores). 
A. Cedo-cedo (___); B. Cedo-tarde (___); C. Tarde-cedo (___); D. Tarde-tarde 
(___). 
 
11. Fábio, de 16 anos, quer passar alguns anos experimentando modos de vida 
e carreiras diferentes antes de decidir quem e o que quer ser. Ele está na fase 
da adolescência chamada: (1. 00 Valores). 
A. Moratória (____) 
B. Hipoteca (_____) 
C. Realização de identidade (_____) 
D. Difusão de identidade (_____) 
12. Duas áreas cognitivas que podem decair por volta do 60 anos são: 
(1. 00 Valores) 
A. Escores de testes verbais e matemáticos (____) 
B. Velocidade cognitiva e memória (____) 
C. Escores de vocabulário e raciocínio abstracto (____) 
D. Nenhuma das anteriores (____) 
 
Actividade 8 
E a cerca do desenvolvimento humano, pode realizar em colaboração com os 
seus colegas, vários tipos de actividades de aprendizagem. 
Sugerimos apenas algumas, de entre as quais possa optar: 
Visita de estudo a um jardim de infância, onde, através da observação e de 
entrevistas aos técnicos, você possa identificar diferentes estádios e expressões 
do desenvovlvimento. Elabore, antes de tudo, um dossier/guia da visista e depois 
organize um relatório final. 
Construção e aplicação de um pequeno inquérito, em que se procure 
conhecer o que os jovens e adultos pensam sobre a adolescência. 
66 Lição nº 3 
 
Na análise dos resultados, identificar attitudes, mitos e factores sobre esta fase 
do desenvolvimento. 
 
Preparação e organização de um debate, na turma, eventualmente alargado a 
várias turmas ou mesmo à escola, em que os alunos reflictam sobre os 
problemas relativos ao estudo dos adolescente na sociedade de hoje, e 
importância do seu estudo. 
 
Assim que terminou o estudo desta unidade, chegou a sua oportunidade de nos 
dar sugestões e fazer comentários construtivos sobre a unidade. Os seus 
comentários serão certamente tomados em consideração e irão nos ajudar a 
avaliar e melhorar este módulo. 
ESTAMOS A ESPERA! 
Guião de correcção do questionário. 
1. D 
2. A 
3. C 
4. C 
5. D 
6. D 
7. B 
8. D 
10. A 
11. B 
12. A 
 
 
 
 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 67 
 
Unidade IV 
PEOCESSOS PSÍQUICOS 
COGNITIVOS 
Introdução 
Seja bem vindo à unidade IV sobre o estudo das sensações e percepções e 
da atenção. Neste capítulo, falaremos essencialmente sobre: 
 
‰ O conceito e tipo de sensações, atenção, memória e 
percepções; 
‰ As principais características destes processos; 
‰ As perturbações que podem ocorrer no nosso organismo 
causadas por estes processos; 
‰ Teorias explicativas. 
Porque é que é importante estudar este tema? 
 
No processo de ensino e aprendizagem é muito importante estudar os processos 
cognitivos porque vão lhe permitir conhecer como é que a realidade dos objectos 
e dos fenómenos é apreendida. 
Para lhe ajudar a alcançar estes objectivos preparámos uma série de actividades 
parciais a partir das quais poderá entender melhor todo o processo das 
sensações, percepções, memória e atenção. 
No decorrer do estudo, precisará, portanto, de algum material tal como 
recipientes, água, papel de cartolina compasso e outros objectos que iremos 
indicar ao longo do estudo deste módulo. É deveras importante que relacione 
aspectos da vida que ocorrem diariamente com estes fenómenos, pois isso lhe 
ajudará a entender melhor como estes processos se desenvolvem. 
68 Unidade IV 
 
Ao longo do texto encontrará também pequenos resumos e comentários parciais 
sobre os assuntos que iremos tratar. Os resumos e comentários serão 
destacados em negrito para chamar a sua atenção sobre os aspectos mais 
importantes a tomar em conta. O texto também apresenta algumas ilustrações 
que no nosso entender irão lhe ajudar a compreender as relações que existem 
em cada processo. 
No final desta unidade apresentamos um pequeno resumo e algumas perguntas 
de auto-avaliação para testar o que sabe sobre ela, bem como sugestões de 
referência bibliográfica adicional, que poderá consultar para aumentar os seus 
conhecimentos. 
Com este conjunto de aspectos, esperamos que saiba tirar o máximo proveito 
sobre este capítulo das sensações e percepções. 
 
 
Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de: 
 
 
Objectivos 
 
 
‰ Definir correctamente os conceitos de sensação, 
percepção, memória e atenção; 
‰ Estabelecer a diferença entre os processos cognitivos; 
‰ Descrever os mecanismos que desencadeiam os 
processos cognitivos; 
‰ Explicar com suas palavras as causas que originam 
perturbações nos processos cognitivos. 
 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 69 
 
 
Terminologia 
 
Para a compreensão desta unidade você precisará de saber os conceitos dos 
processos cognitivos. Em cada processo cognitivo estarão delineados os 
conceitos inerentes. 
Conhecimentos prévios 
Para assegurar a compreensão deste capítulo, é necessário recorrer à 
conhecimentos sobre os órgãos dos sentidos, seu funcionamento, estrutura e 
função. 
Para o estudo desta unidade você precisará de ? min e é constituída 
essencialmente por: 
ƒ Introdução; 
ƒ Conceito; 
ƒ Características; 
ƒ Relacções fundamentais; 
ƒ Mecanismos fisiológicos; 
ƒ Teorias; 
ƒ Perturbações; 
ƒ Tipos/classificação. 
70 Lição nº 1 
 
 
Lição nº 1 
As sensações 
 
Duração: 2 (duas) horas 
Ao terminar esta lição será capaz de: 
• Definir o conceito de senasações; 
• Classificar os diferentes tipos de sensações; 
• Descrever as leis gerais das sensações.Conceitos fundamentais: Sensações interoceptivas, proprioceptivas e 
exteroceptivas. 
 
Nesta lição vamos destacar fundamentalmente os conceitos das sensçãoes e da 
memória, tipos e classificação. Abordaremos também algumas teorias sobre as 
quais se fundamentam estes processos psíquicos. Ao falarmos das sensações e 
memória fa-lo-emos separadamente para permitir melhor comprensão dos dois 
processos. Contudo, é preciso ter em mente que os processos cognitivos estão 
interconectados e que a sua separação é uma questão metodológica. 
As sensações 
O Homem possui vários órgãos dos sentidos de entre os quais a visão, audição, 
o tacto, o olfacto, o sentido álgico entre outros. Estes órgãos permitem ao 
Homem receber informações sobre o mundo exterior, isto é, sobre o que nos 
rodeia bem como sobre o estado geral do organismo. 
Através dos órgãos sensoriais as propriedades dos objectos tais como a cor, luz, 
cheiros e estados orgánicos (sensção de dor, fome, etc) são reflectidos no nosso 
cérebro. Estes órgãos permitem receber, selccionar, acumular a informação e 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 71 
 
transmiti-la para o órgão central, o cérebro, portanto. Essa transmissão é feita 
através de impulsos nervosos conforme vimos na unidade sobre a fisiologia do 
sistema nervoso, e são responsáveis pela regulação da temperatura do corpo, 
do metabolismo, das glândulas de secreção etc. 
Portanto, a sensação pode ser fefinida como o processo em que ocorre o 
reflexo das propriedades isoladas do objecto e dos fenómenos do mundo 
exterior sobre o nosso cérebro. 
As propriedades tais como a cor, o tamanho a forma, são reflectidas no nosso 
cérebro, isto quer dizer que podemos identificar a cor, a forma, o tamanho 
objectivamente. Lembre-se que sensação e percepção são processos quase 
similares, a diferença porém está no facto de que a sensção reflecte as 
propriedades particulares de um objecto, enquanto que a percepção representa 
o objecto como um todo. 
Olhe ao seu redor. O que é que vê? Uma árvore? (é percepção) ou as folhas 
secas daquela árvore (sensação). Na percepção a árvore é vista como um 
conjunto de todos os aspectos (folhas, ramos, frutos, raízes) e isso é apreendido 
de uma única vez e sintetizado numa palavra única – árvore. Na sensação 
apenas se apreende um aspecto particular da árvore que pode ser a folha, por 
exemplo, ou a raiz, ou ainda a cor verde. 
Uma sensação só pode ocorrer quando as condições próprias estiverem criadas, 
isto é, na presença de 
z Estímulo – que é todo o agente susceptível de provocar resposta de um 
organismo (luz, som, etc). 
z Excitação – que corresponde a modificação mometânea, impressão a 
que se segue uma reacção de um organismo. 
Entre uma picadela de mosquito, por exemplo, até à produção de uma sensação 
(dor, comichão) decorre um certo tempo. Quer dizer, ao ser picado por um 
mosquito você pode não sentir imediatamente. Este tempo que decorre entre a 
picadela e a produção da sensação designa-se de tempo de lactência. 
Depois da picadela do mosquito podemos continuar a sentir a dor mesmo depois 
de o matarmos. Continuamos a coçar e a sentir a sensação de dor. Este 
prologamento da sensação que ocorre mesmo depois de o estímulo estar 
removido chama-se persistência. O fenómeno de persistência é o responsável 
pelas chamadas sensações contínuas, quer dizer, aquela sensação que continua 
72 Lição nº 1 
 
mesmo depois do estímulo estar removido. Vezes sem conta nos coçamos 
mesmo depois do mosquito ter sido eliminado. 
 
Classificação das sensações 
No início do estudo das sensações referimos a diversos fenómenos que ocorrem 
no nosso organismo. Referimo-nos à dor, fome, luz, cor, etc. O organismo possui 
mecanismos sensoriais especializados que captam cada um destes fenómenos. 
Dependendo da forma como os estímulos são apresentados (se são internos ou 
externos) temos a seguinte classificação (Sherington): 
z Sensações exteroceptivas – 
Aquelas sensações cuja origem é provocada por um agente exterior ao 
organismo. Estas sensações são as que estabelecem a ponte entre o indivíduo e 
o meio ambiente. Fazem parte destas sensações a vista, o ouvido, o tacto 
interno, o gosto, o olfacto, o sentido térmico. 
z Sensações interoceptivas 
São assim conhecidas porque recebem os seus estímulos a partir dos órgãos 
viscerais internos (disgestão respiração, circulação sanguínea etc.). Têm a 
função de equilibrar o organismo e responsáveis pelas sensações de fome, 
sede, bem-estar, mal estar. O sentido cenestésico ou visceral é o principal 
destes sentidos que também compreende o sentido álgico interno, o tacto 
interno, etc. 
As sensações interoceptivas são de extrema importância para o nosso 
organismo. Sentimos, por exemplo, que estamos com fome, com sede, com 
dores nos órgãos internos, graças a este tipo de senscões. 
z Sensações proprioceptivas – 
Destas sensações fazem parte os músculos, tendões, articulações, canais semi-
circulares do ouvido interno que por sua vez excitam a acitividade dos órgãos. 
Também faz parte o sentido quinestésico ou motor, muscular, de equilíbrio e 
orientação. Graças a estas sensações o Homem consegue locomover-se. 
 
 
 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 73 
 
Leis gerais das sensações 
Nem tudo o que está ao nosso redor é captado pelo nosso organismo. Existem 
estímulos que para serem captados e descodificados pelo nosso organismo é 
necessário que se atinja uma certa intensidade para serem reflectidos. 
Fechner e Weber foram os primeiros que estabeleceram as primeiras leis 
matemáticas que depois foram aplicadas na Psicologia. Estas leis visavam 
fundamentalmente demarcar a intensidade em que um estímulo podia produzir 
uma sensação. A Lei de Fechner e Weber afirma que a sensação aumentava 
com o logaritmo da intensidade física da estimulação. Por outras palavras, a 
sensação depende da intensidade da estimulação. Quanto maior for a 
intensidade do estímulo, maior será a sensação. Fechener e Weber criaram as 
seguintes lei das sensações. 
z Lei do limiar inicial (limiar de eficácia, primitivo) – 
Esta lei afirma que a produção da sensação dependia do facto de o estímulo 
antingir ou não um valor mínimo de intensidade, duração, altura, frequência e 
que não ultrapassasse um máximo. O limiar de intensidade para o tacto é de 1,3 
a 1,4 mg em média por centímetro quadrado de pele. Para que uma pessoa 
possa ouvir o limiar mínimo e máximo para excitar o ouvido humano é de 20 a 
20.000 ciclos por segundo, respectivamente, enquanto que o limiar de frequência 
de luz é de 375 e 750 triliões ciclos por segundo, respectivamente, para máximo 
e mínimo. 
A lei do limiar inicial explica fundamentalmente as condições da ocorrência de 
uma sensação. Para que os nossos órgãos dos sentidos captem as 
características de um objecto, este deverá emitir uma certa intensidade de 
vibrações. 
 
 
 
 
 
 
74 Lição nº 2 
 
Lição nº 2 
Memória 
 
Duração: 2 (duas) horas 
Ao terminar esta lição será capaz de: 
• Classificar e descrever os diferentes tipos de memória; 
• Indicar e descrever as medidas de memória. 
Conceitos fundamentais: Memória a curto prazo, memória a longo prazo. 
 
De certeza que a palavra memória lhe é muito familiar. Ouve-se falar de memória 
também quando se trata de computadores. Este computador tem fraca memória. 
Esta expressão quer referir exactamente a quantidade de informação 
armazenada nos circuitos do próprio computador e que possa ser solicitada a 
qualquer momento. 
Por memória entende-se a capacidade do indivíduo reter e conservar a 
experiência anterior (informação) e manifestá-la através de hábitos ou 
lembranças. Na memorização da informação ocorrem três aspectos 
fundamentais: 
• A codificação; 
• O armazenamento;• A recuperação. 
A codificação representa o momento incial em que a informação é preparada 
para ser armazenada. Este processo depende muito da experiência do indivíduo. 
Veja, por exemplo, um indivíduo que queira escrever alguma informação, texto 
no computador. Ele, primeiro, abre o programa em que precisa guardar a sua 
informação (word, excel, etc.). Escolhe os caracteres (tamanho, fonte), quer 
dizer, faz todo um trabalho de edição da informação ou texto, escolhe o nome do 
documento e a pasta em que ele deve ser guardado. Repare que o indivíduo 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 75 
 
escolhe o nome, sinal, ou rótulo que melhor acha para identificar o documento. 
Quer dizer, no processo de codificação o material é representado de uma forma 
a que o sistema de armazenamento pode lidar com ele. Em sua casa, por 
exemplo, como guarda as suas coisas? Como as codifica? 
Se voce lê um texto, por exemplo, a informação lida pode ser codificada como 
desenho, como palavras ou ideias significativas. Só depois disso é armazenada. 
Esse armazenamento ocorre, às vezes, sem muito esforço consciente e 
permanece durante um determinado tempo. 
 
Como decorre o armazenamento da informação? 
Estudos mais recentes indicam que existem vários modelos de memória. Um dos 
modelos é do Atkinson-Shiffrin. Este modelo descreve o processo de 
armazenamento da informação num indivíduo. Segundo este modelo, a 
informação chega ao indivduo através dos órgãos sensorias (audição, visão, e 
outros) e é retida momentaneamente por um sistema designado de memória 
sensorial. 
A memória sensorial é aque se presta aos nossos órgãos dos sentidos. Um 
exercício que envolva os órgãos dos sentidos resulta sempre numa impressão 
sensorial. Nós podemos memorzar sons, imagens, cheiros, paladares e 
impressões tácteis graças a este tipo de memória. De entre as diferentes 
características de memória sensorial (memória visual ou icónica, a olfactiva, etc) 
a auditiva é que permite uma recordação mais precisa e imediata. Por exemplo, 
numa aula de inglês, o aluno pronuncia mal uma palavra. O professor corrige-o 
de imediato e assim o aluno pode ter uma representação fiel da palavra. 
A informação guardada neste sistema pode desaparecer rapidademnte se ela 
não for transferida para um outro sistema de armanezamento designado de 
memória a curto prazo. 
As pessoas podem recordar-se das palavras mais recentes ditas por uma outra 
pessoa ou por elas mesmas mesmo que tenham prestado uma ligeira atenção. 
Entretanto, em quase todos os casos elas não são capazes de recordar-se das 
mesmas palavras um ou dois minutos mais tarde. Na memória a curto prazo, o 
indivíduo precisa de dar signficado à informação que recebe. Se, por exemplo, 
estiver a escutar um conto através de um amigo, você começa por dar 
significado às palavras que escuta, transformando-as em códicos significativos. 
76 Lição nº 2 
 
É a partir desta codificação que as informações são guardadas neste sistema de 
armazenamento. 
 
 
De acordo com os especialistas, o sistema de memória a curto prazo retém 
todas as experiências, pensamentos e informações que um indivíduo está 
recebendo no momento e é, por isso, considerado o centro da consciência. Em 
geral, o sistema de memória a curto prazo armazena uma quantidade limitada de 
material (mais ou menos por quinze segundos). Este material pode mais tarde 
ser fortificado através da repetição. 
Estudos realizados concluíram que as pessoas dificilmente retêm mais do que 
sete conjuntos (agrupamento) de qualquer coisa. Na maior parte dos casos, o 
sujeito só se lembra apenas de entre dois a cinco itens. No caso de números de 
telefones, as pessoas agrupam-nos em códigos ou reduzem os números 
grandes em itens de baixa informação (códigos, palavras, etc.). 
Dificilmente a informação da memória a curto prazo pode ser prontamente 
recuperada decorridos quinze a vinte segundos a não ser que tenha sido 
repetida e depositada na memória a longo prazo. É, portanto, necessário pensar 
que na sua aula os alunos devem ter um momento de repetição para que 
possam reter a informação. 
 
Um terceiro sistema de depósito é o de memória a longo prazo. É um sistema 
mais ou menos permanente de memória. O armazenamento da informação neste 
sistema consegue-se através de um processamento profundo da informação 
usando estratégias de repetição elaborativa, tais como, prestar muita atenção às 
informações que recebe, pensar sobre o significado e relacionar os dados. 
O sistema de memória a longo prazo permite-nos recordar grande quantidade de 
informação por um certo período de tempo (dias, horas, semanas, anos e, em 
certos casos para sempre: nomes, canções, gostos, etc.) Este sistema é 
Memória a curto prazo refere-se à capacidade de um indivíduo 
recordar factos ocorridos recentemente. 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 77 
 
considerado pelos psicólogos como sendo ilimitado em sua capacidade de 
armazenamento. Contudo, a idade pode ser um dos factores inibidores de 
memória a longo prazo. 
No sistema de memória a longo prazo ocorre o processo de esquecimento. Os 
responsáveis pelo esquecimento na memória a longo prazo podem ser as falhas 
de codificação (acontece quando o material é representado duma forma 
inexacta) armazenamento e/ou recuperação. As falhas de armazenamento 
podem ser explicadas pelo facto de que a memória compara-se com um jornal 
que com o tempo vai se deteriorando, perdendo a cor, as letras etc. Quanto às 
falhas de recuperação, podem ficar a dever-se a derrames cerebrais culminando 
num esquecimento rápido das coisas. 
A memória a longo prazo pode, no entanto, ser aperfeiçoada através da leitura e 
repetição ou evitando sobrecarregá-la com factos sem os ter inicialmente 
organizado. 
Agora, pare um pouco de ler e faça um pequeno exercício. 
Escute um noticiário na rádio ou na televisão. Faça a relação dos 
acontecimentos ocorridos com outros. Descreva depois os principais aspectos 
que reteve desse acontecimento. 
 
Mediadas da memória 
Existem duas medidas fundamentais da memória: a recordação e o 
reconhecimento. 
Recordação 
A recordacao é, portanto, a capacidade de um indivíduo lembrar-se da 
informação desejada, quando intimado por um material associado 
denominado sinal, sondagem, indicador, ou instigação. 
Para testar se um indivíduo é ou não capaz de se recordar sobre o que já viu ou 
ouviu num determinado lugar, basta apenas fazer-lhe as seguintes perguntas: 
• Quem realizou a primeira investigação sobre a memória? Quando é que 
isso ocorreu? 
Estas perguntas testam a capacidade de recordação do indivíduo. 
78 Lição nº 2 
 
Existem vários tipos de exercicios de recordação, alguns dos quais são: 
exercícios de recordação seriada e exercícios de recordação não seriada. 
Os exercícios de recordação seriada consistem em lembrar a informação de uma 
forma ordenada. Neste sentido, o indivíduo vai relatando parcialmente o que 
ouviu ou que viu. Esta estratégia diminui a possibilidade de esquercimento 
durante a recordação. 
O sistema de reconhecimento não seriado consiste em lembrar a informação 
sem qualquer ordem. 
Reconhecimento 
O reconhecimento consiste na capacidade do indivíduo comparar a informação 
dada com a que esta armazenada na memória para ver se combinam. A 
capacidade de reconhecer uma informação é feita através de perguntas de 
verdadeiro ou falso: 
Ex: o Homem descobriu o fogo. Verdadeiro ou falso? 
O reconhecimento e a recordação podem comparar-se entre si. O desempenho é 
melhor no reconhecimento do que na recordadação mesmo quando se faz 
palpites ao acaso, em circunstâncias especiais a reconhecer do que recordar 
porque para recordarmo-nos correctamente sobre um material dado precisamos 
de informações completas enquanto que para reconhecimento precisamosapenas de informações parciais. A recordação implica o uso de duas estratégias 
fundamentais; 
a) Localização na memória da informação desejada. Neste sentido o indivíduo 
deve procurar a informação que se deseja recordar; 
b) Reconhecimento da informação. Após a localização o material pode ser 
reconhecido. 
Actividade 8 
Faça um teste de reconhecimento aos seus alunos sobre: 
Datas históricas; praças mais importantes da sua vila ou cidade (município). 
Escreva dez palavras no quadro; peça aos alunos para que as leiam em um 
minuto. Depois apague-as. Peça a eles que as reproduzam no caderno. Corrija 
depois cada caderno verificando quantas palavras cada um conseguiu 
memorizar. 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 79 
 
Lição nº 3 
Pertubação da memória 
 
 
Duração: 2 (duas) horas 
Ao terminar esta lição será capaz de: 
• Indicar e descrever as principais perturbações da memória. 
 
Conceitos fundamentais: amnésias, apraxias, agnósias. 
 
Já falámos dos diversos aspectos relativos à memória, as suas características e 
tipos. Contudo, existem outros aspectos que podem fazer com que o processo 
de memoriazação não decorra normalmente. Isso acontence geralmente quando 
há anomalias de funcionamento desta. 
A memória, como qualquer outro processo cognitivo, está sujeita a algumas 
perturbações no seu funcionamento que podem ser de ordem anatómica ou 
fisiológica. Existem várias doenças causadas por disfunção do processo de 
memorização que, talvez mesmo os tenha presenciado em pessoas mas que 
não sabia explicá-las. Vamos falar de algumas delas. Vamos apenas mencionar 
a essência dessas perturbações e não exactamente o mecanismo fisiológico que 
as determina. 
De certeza que você já ouviu falar de amnésias. Amnésia signfica, em breves 
palavras, esquecimento. Esquecer faz parte do processo de memorização. Não é 
possível lembrar-se de tudo e podemos dizer também que se armazenássemos 
toda a informação que recebemos do mundo exterior, precisariamos de um 
cérebro maior. Por isso, podemos dizer que o esquecimento é uma função 
necessária da memorização. Contudo, existem casos em que o esquecimento é 
bastante acentuado e toma forma de doença. De entre as várias doenças da 
memória se destacam: as amnésias, hipermnésias e paramnésias. Estas 
80 Lição nº 3 
 
doenças relacionam-se directamente com o processo de funcionamento da 
memória. 
Amnésias 
Ocorrem quando um indivíduo perde total ou parcialmente a função mnémica e 
o indivíduo não é capaz de fixar nem reproduzir o passado no presente. O 
indivíduo não se lembra praticamente o que aconteceu antes e não é capaz de 
explicar nenhum evento relacionado com o que viu no passado. Este tipo de 
perturbação pode ser causada pelo cansaço excessivo, consumo excessivo de 
drogas ou emoções violentas. 
 
Tipos de Amnésias 
Amnésia de Fixação ou Memorização 
De entre as amnésias destacam-se as de fixação ou de memorização. Este tipo 
de amnésias ocorrem quando o indivíduo tem incapacidade de adquirir novas 
lembranças e apenas só se lembra de eventos recentes e não é capaz de 
reproduzir as passadas. As emoções violentas, choque na cabeça, paralisia 
geral, fadiga acentuada são causas fundamentais desta doença. Os acidentes de 
trabalho que afectam a caixa craniana podem criar lesões corticais que afectam 
sobremaneira as capacidades de lembrar eventos passdos. Vezes sem conta, 
pessoas que sofreram acidentes não conseguem lembrar-se do que aconteceu. 
Isso pode dever-se à emoção ou ao choque violento ocorrido e que tenha 
afectado a cabeça. 
De entre as amnésias podemos destacar também as amnésias de evocação ou 
de rememorização. Este tipo de amnésias podem ser lacunar ou selectiva. 
As amnésias lacunares têm incidências sobre as lembranças de um determinado 
período da vida. Um mineiro, durante o trabalho, sofre um choque na cabeça. 
Feito o tratamento esquece-se da sua juventude no Ensino Primário. 
As amnésias selectivas são aquelas que têm origem sobre uma forte carga 
selectiva. Um jovem que mata a sua mãe usando uma arma porque esta o 
maltratava e enganava o pai. O jovem perdeu o amor pela mãe. 
Um outro grupo de amnésias sãos as chamadas amnésias sensório-motor. A 
palavra sensório-motor relaciona-se com a actividade motora do indivíduo, os 
gestos, a articulação das palavras, o manuseamento dos objectos, etc. As 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 81 
 
amnésias sensório-motoras podem ser de apraxias – esquecimento de gestos 
necessários para realizar um determinado trabalho; afasias – incapacidade de 
articular as palavras, o indivíduo fica inibido de falar.; agrafias – o esquecimento 
da palavra escrita, o indivíduo não consegue escrever mesmo que tenha 
aprendido antes. Pode ainda saber desenhar as letras mas não sabe que sentido 
têm; agnosias – esquecimento do significado das coisas ou objectos. As 
agnosias podem ser tacteis, gustativas, auditivas ou visuais. 
Na agnosia Visual o doente vê os objectos mas não os reconhece. Os doentes 
com esta afasia sofrem de cegueira psíquica. Na agnosia auditiva, o doente sofre 
de surdez psíquica, ele ouve perfeitamente os sons mas é incapaz de 
reconhecê-los. Na agnosia gustativa , o doente é incapaz de reconhecer o sabor 
dos alimentos. 
Uma outra classe de doenças causadas pela disfunção dos processos de 
memórias são os delírios. Os delírios acontecem quando o organismo sofre de 
influência estimulante da febre. A memória exalta-se e reproduz, 
desordenadamente, lembranças inoportunas. 
O sonambulismo é um sonho alucinatório em que o indivíduo adormecido fala, 
agita-se, levanta e realiza determinadas acções incompreensíveis para os que o 
rodeiam. Passada a crise o indivíduo volta novamente à cama. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
82 Lição nº 3 
 
Exericio 
 
1. Quanto tempo (mais ou menos) o material geralmente permanece na memória 
a curto prazo? 
a) 1 a 2 segundos 
b) 15 a 20 segundos 
c) 2 a 3 mnutos 
d) 20 a 25 minutos 
2. Qual é o fenómeno que é exemplo da falha de recuperação? 
a) A habituação 
b) A representação inexacta da informação inicial 
c) A trilha da memória 
d) O esquecimento motivado 
3. Os psicólogos acreditam que os seres humanos possuem tres aptidões 
bastane distintas de armazenamento. Para certificar se sabe as diferenças entre 
os depósitos da memória, combine cada descrição abaixo com o sistema 
apropriado. 
1. Retem o material em aproximadamente 15 segundos 
2. Realiza processamento profundo 
3. Aramazena o material durante horas e até mais tempo 
4. Considerado o centro da consciência 
5. Regista tudo o que impressiona os sentidos 
6. Retem um maximo de mais ou menos sete grupos de informação de 
cada vez 
7. Pode manter o material durante minutos pela repetição 
 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 83 
 
Lição nº 4 
A atenção e percepção 
 
Duração: 2 (duas) horas 
Ao terminar esta lição será capaz de: 
• Conhecer e caracterizar atenção e percepção; 
• Descrever as relações entre a percepção e a atenção; 
• Descrever as relações entre percepção e memória. 
Conceito fundamental: atenção sensorial. 
 
Pode-se dizer que a atenção constitui o estado selectivo da própria percepção, 
isto é, na atenção há processo de selecção de informações no qual se dirige ou 
se focaliza a percepção sobre um determinado estímulo ou objecto específico. 
Estas informações não só são recebidas como também são processadas, isto é, 
o indivíduo, à medida que vai recebendo as informações, vai pensando e 
imaginando sobre o material que é perepcionado. 
Imagine que você está explicando um conteúdo, um microscópio, por exemplo, a 
um aluno. Ele receberá a explicação do professor e também de certeza lhe 
ocorrerá na mente sobre outrosvários aspectos atinentes ao estímulo que está 
sendo percepcionado. Esta capacidade de atenção é distributiva, porque o aluno 
poderá prestar atenção à explicação do professor e simultaneamente apreciar o 
objecto. Ou durante o processo ele concentra-se num aspecto único (explicação 
do professor ou sobre o microscópio). Esta é a chamada atenção concentrativa. 
 
84 Lição nº 4 
 
 
 
A atencção distributiva ocorre quando um indivíduo focaliza a sua atenção sobre 
vários objectos, enquanto que a concentrativa apenas quando se destina a um 
objecto. Estes dois tipos de atenção diferem entre si pela intensidade, havendo 
logicamente maior intensidade na atenção distributiva pela quantidade de 
objectos envolvidos no processo de atenção. 
Quais seriam as funções fundamentais da atenção e o que a determinam? 
Uma das funções da atenção é o de identificação primária das informações. 
Quer dizer, as informações (os estímulos) antes do seu processamento são 
primeiramente identificados como imagens, palavras ou acções mas sem 
nenhum significado. Só depois são armazenadas. Depois da identificação das 
informações ocorre a selecção, isto é, das diversas informações recebidas 
selecciona-se a desejada. Depois segue-se o processo de activação o qual tem 
a ver com a concentração de energias sobre o objecto desejado. 
Por outro lado, a atenção é determinada por factores internos (inerentes ao 
indivíduo) e externos (alheios a este). A tabela 1 mostra alguns desses factores. 
 
Tabela 1. Factores da atenção 
Factores Internos Factores Externos 
Sistema Sensorial Quantidade de informações 
Capacidade de processar 
informações 
Stress social 
Características da personalidade Complexidade dos estímulos 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 85 
 
 
O sitema sensorial desempenha um papel essencial na apreensão dos 
estímulos. A atenção seria influenciada, portanto, pela experiência do indivíduo 
na maneira como este movimenta os seus olhos, posiciona o seu ouvido para 
captar sons ou aproxima o estímulo junto ao nariz para captar o cheiro do 
objecto. 
Na percepção do conteúdo ou objecto novo, certamente que vai reparar que 
alguns dos seus alunos serão mais lentos ou terão dificuldades em captar os 
estímulos deste. Enquanto que que outros fa-lo-ão com muita rapidez devido 
exactamente ao contacto prévio que tiveram com este objecto. Isto significa que 
a sua experiência sensorial, isto é, o contacto que tiveram com este irá acelerar 
a captação rápida ou não do estímulo. 
Os nossos órgãos dos sentidos são, vezes sem conta, bombardeados por 
estímulos de diversa natureza que se encontram a nossa volta. Estes esímulos 
são captados e processados pelos orgãos dos sentidos. Por outros razões 
(biológicas ou outras) pode acontecer que o cérebro esteja impedido de 
processar estas informações fazendo-o de uma forma mais lenta. Mas, por outro 
lado, pode dever-se a quantidade de informações a processar. Por exemplo, se 
na sua aula de quarenta e cinco minutos planeia transmitir muitas informações 
isso poderá criar dificuldades aos alunos para processar essas informações. 
Outro aspecto importante a tomar em conta na atenção relaciona-se com as 
características de personalidade de um indivíduo. Indivíduos introvertidos 
conseguem aguentar por mais tempo em tarefas prologadas que os indivíduos 
extrovertidos. (Os conceitos de introversão e extroversão são discutidos no 
capítulo sobre a personalidade). 
Os problemas sociais da familia, amigos, etc, criam também perturbações na 
atenção, na medida em que um indivíduo stressado devido a problemas de varia 
índole não iria de certeza poder prestar atenção. 
 
O que é a percepção? 
Você de certeza já reparou que uma criança recém nascida pode retribuir um 
sorriso por um outro sorriso seu, seguir os objectos que cruzam o seu campo 
86 Lição nº 4 
 
visual, seguir até a chucha do biberão. Apesar de a criança ter essa capacidade 
ainda não reconhece vários aspectos desse objecto. Não sabe qual é a função 
da chucha nem do biberão. Depois de alguns meses esta mesma criança será 
capaz de esboçar movimentos de sucção nos seus lábios quando vir uma 
chucha. Isto significa que o bebé reconhece a chucha ou mesmo o biberão como 
objectos. Reconhecerá também o seu alimento quando este estiver colocado em 
diferentes recipientes. 
Da mesma forma que reconhece o seu alimento, a chucha do biberão e o próprio 
biberão vai também reconhecendo os rostos das pessoas mais próximas e 
outros objectos que a circundam. 
Contudo, não percebe o objecto como um todo, mas sim determinadas 
características de configuração, como por exemplo, à ponta redonda da chucha 
identifica o objecto através de características que não são muito importantes. 
A pouco e pouco vai aprendendo a separar a apreensão do objecto, o biberão, 
por exemplo, do leite que ela toma. Vai também gradualmente apreendendo a 
situação que dá origem ao aparecimento do alimento, etc. 
O exemplo dado anteriormente ilustra como o processo de percepção decorre 
nos nossos órgãos dos sentidos. Contudo, olhando para este exemplo pode-se 
ter a ilusão de que a percepção é um fenómeno simples. Ele é muito complexo e 
pressupõe uma série de actividades cognitivas. Um fenómeno que decorre ao 
seu redor pode se lhe atribuir vários significados. 
Suponhamos que está sentado no cinema a ver um filme ou está apreciando 
uma paisagem pela primeira vez. Essa paisagem pode lhe fazer lembrar uma 
série de episódios semelhantes. As montanhas podem se parecer com outras 
figuras, os lugares podem fazer lembrar outros que por ventura lá tenha 
passado. Desta paisagem ou deste filme pode-se extrair uma série de idéias 
significativas. Quer dizer, sempre que alguém presta atenção sobre um objecto 
ou fenómeno facilmente pode encontrar sentido nas informações captadas, 
associar essas informações às experiências passadas e lembrá-las mais tarde. 
 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 87 
 
 
A percepção de um objecto depende pois de um lado também do nosso estado 
de espírito, isto é, ela depende da nossa consciência. Ao contemplar uma 
paisagem às vezes nos sentimos alegres ou tristes, lembramo-nos de situações 
que em algum momento nos deixaram nervosos; aí choramos. ou nos 
lembramos de momentos bons que passamos com os nossos amigos; aí ficamos 
alegres. 
Outro aspecto importante no estudo da percepção é a memória. A memória influi 
no processo perceptivo de diversas maneiras. Através dos órgãos dos sentidos 
(visão, audição, tacto, paladar) nós recebemos informações sobre o mundo 
exterior, os objectos e os fenómenos. Para percebermos um determinado objecto 
ou fenómeno, comparamo-lo continuamente com um outro objecto semelhante. 
Comparamos as características de cor, tamanho, cheiro, etc., com as do outro 
objecto que por ventura o tenhamos conhecido. Para isso usamos a memória 
para discernirmos estas características. 
Depois de compararmos as características deste objecto com as de um outro 
fazemos interpretações e avaliações comparando situações anteriores com a 
presente. Este processo implica, portanto, o processamento da informação. 
Significa que o processo de percepção desagua no processamento dos dados 
que recebemos através dos órgãos dos sentidos. Para que os dados sejam 
percebidos estes devem depois sofrer um teste em forma de hipótese. No 
contexto geral há uma interpretação que se considera razoável dos dados que 
recebemos pela via dos órgãos sensórias (órgãos dos sentidos). Nesse processo 
desencadeia-se uma busca rápida e automática da hipótese perceptiva correcta. 
Situações há em que ao ouvirmos uma música distinguimos imediatamente o 
seu estilo. Contudo, em certos casos podemos duvidar sobre o estilo da música 
A percepção é um fenómeno complexo através do qualse 
apreende e se interpreta o mundo exterior como sendo 
ordenado em totalidades. Os estímulos presentes bem 
como as experiências anteriores são todos integrados e 
elaborados numa visão de conjunto. 
88 Lição nº 4 
 
colocando imediatemnte como hipótese tratar-se de semba, ou marrabenta. À 
medida que vamos escutando melhor colhemos mais informações sobre ela a 
hipótese de que seja marrabenta ou semba poderá mudar. As representações 
gráficas são as que podem ser interpretadas mais ou menos da mesma maneira. 
 
Por último, é preciso salientar que a linguagem tem também uma influência no 
modo como percebemos os objectos. Através da linguagem podemos moldar a 
nossa percepção indirectamente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quadro 2. As aptidões cognitivas que intervêm na percepção 
 
 
 
memória 
Processamento da 
Linguagem 
Teste da 
i ó
Percepção 
Consciência 
A percepção como actividade cognitiva 
depende de outros factores, tais como: a 
consciência a linguagem, a memória e do 
processamento da informação. 
 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 89 
 
Lição nº 5 
Tipos de percepção 
 
Duração: 2 (duas) horas 
Ao terminar esta lição será capaz de: 
• Descrever os tipos e factores da perceção; 
• Estabelecer e descrever a relação entre percepção e a atenção. 
Conceitos fundamentais: Sistema Nervoso Central, Sistema Nervoso Periférico. 
 
A condição essencial para que a percepção ocorra é a existência de um objecto 
exterior para ser captado. Se isso não ocorrer estamos perante uma alucinação. 
De acordo com os objectos percebidos existem três tipos de percepção: 
a) Percepção real ou percepção do objecto físico. Por exemplo, percepção 
de uma caneta, de um lápis, duma casa, etc. 
b) Percepção pessoal ou percepção de uma pessoa. Por exemplo, 
perceber o Carlos. 
Percepção social ou percepção de grupos ou realidades sociais. Por exemplo, 
percepção dos moçambicanos, percepção da igreja católica. 
Apesar de haver esta classificação da percepção, cada um destes tipos tem os 
seus subtipos. Por exemplo, a percepção pessoal pode dividir-se em auto 
percepção ou percepção de si mesmo: “ A Joana percebe-se a si mesma como 
esposa de António. 
A heteropercepção é percepção que um indivíduo tem do outro. Por exemplo, o 
aluno percebe que o Jorge é seu professor. 
Auto-heteropercepção é a percepção que um indivíduo tem do outro sobre si 
mesmo. É a percepção que o professor tem de como o aluno se percebe a si 
mesmo. 
90 Lição nº 5 
 
Metapercepção é a percepção que o outro tem de mim. Por exemplo, os alunos 
percebem o Jorge como seu professor 
Factores da percepção 
A percepção depende de alguns factores. Tais factores podem estar 
relacionados com as características do estímulo, quer dizer, do objecto a ser 
percepcionado ou da constituição do receptor quer dizer a experiência, os 
motivos, as expectivas da pessoa que percepciona. 
Exemplo: você neste momento ouve sons, vê imagens de objectos, sente 
cheiros, frio, calor, etc. 
Esta percepção pode ser física resultante meramente de processos fisiológicos, 
ou psicológica resultante da sua interpretação. 
Ante uma situação perceptiva, você estrutura o seu campo perceptivo de acordo 
com certos princípios gerais e em conformidade com a sua própria experiência. 
Esses princípios podem ser: agrupamento, proximidade, semelhança, 
continuidade, simetria. Em relação a este conceitos debruçar-nos-emos mais 
adiante. 
 
Actividade 10 
 
Pare um pouco de ler. Levante-se e olhe ao seu redor? O que vê? 
 
Descreva: as características dos objectos ao seu redor, as suas aparências e 
como as percebe. 
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________ 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 91 
 
 
2. Convide ao seu colega de estudo mais próximo para fazer a mesma descrição 
e compare as duas descrições. 
Anote resumidamente as diferenças e semelhanças das duas descrições 
Comentários 
Geralmente as pessoas têm uma idéia sobre os outros, contudo essa idéia 
nem sempre corresponde a verdade. Por exemplo, você pode achar que o 
seu amigo é muito forte a julgar pelo tamanho do seu corpo. Contudo, ele é 
fraco e pode mesmo sofrer de alguma doença como o HIV/SIDA. 
 
 
A relação atenção e percepção 
Nesta lição irá aprender e discutir a relação que existe entre o processo de 
atenção como aspecto importante e necessário para a produção da percepção. 
Este aspecto prova mais uma vez que existe uma interligação entre os 
processos psicológicos quanto a sua essência e que a separação se apenas 
coloca sob ponto de vista metodológico. 
O processo da atenção e sua influência na percepção 
Durante o nosso estado de consciência, o estado em que normalmente estamos 
acordados, deparamos com muitos estímulos que circundam e excitam o nosso 
organismo. Contudo, o Homem nem sempre reage a todos eles. Selecciona-os, 
atende uns e ignora outros. Esta pequena abertura em que o indivíduo presta 
atenção para poucos fenómenos sensoriais é designado de atenção. 
Suponhamos, por exemplo, que alguém está numa festa dançando ao som da 
música. Enquanto dança também fala ao seu companheiro ou repara num outro 
parque se movimenta. Você é capaz ainda de reagir se alguém pronuncia o seu 
nome mesmo que seja em voz muito baixa. Quer dizer, a atenção transfere-se 
facilmente para um novo foco 
 
 
 
92 Lição nº 5 
 
Figure 6 Figure 7 
 
 
Experiência 
Olha momentaneamente para a figura 3. Facilmente você não sentirá nenhuma 
dificuldade em percepcionar os três pontos aí representados. Agora olha para 
figura 3 na mesma proporção de tempo gasto na figura 2. 
Certamente terá dificuldades em identificar o número de pontos nela existente, a 
sua disposição. Para que isso aconteça, terá de despender mais tempo 
percorrendo as características da figura. Isso significa que quanto maior for o 
número de pontos a percepcionar, você levará mais tempo a fazê-lo que em 
figura contendo menos pontos. 
Dos resultados obtidos em algumas experiências tem-se notado que quando se 
projectam conjuntos de pontos de número igual ou inferior a cinco, regista-se 
cem por cento de respostas certas. Quando o número de pontos projectados é 
de seis a sete começa-se a introduzir o erro e, a possibilidade de obtenção de 
respostas certas decresce vertiginosamente. 
Quando o número de pontos atinge treze ou mais pontos é praticamente 
impossível de avaliar. 
 
Do resultado da experiência descrita acima pode-se concluir que, basicamente, é 
impossível prestar-se atenção sobre todos os aspectos em simultâneo. A nossa 
atenção apenas abarca alguns desses aspectos num certo momento. 
Designamos pois de foco de atenção ao conjunto de estímulos que são 
 
 
 
 
 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 93 
 
susceptíveis de serem percepcionados por serem englobados, circunscritos e 
revelados pela nossa atenção. 
 
Um dos problemas importantes no que diz respeito ao foco de atenção é o da 
sua amplitude, isto é, do número de objectos que um indivíduo pode 
percepcionar, excluindo contagens e mudanças de olhar. A amplitude do foco da 
atenção depende da maior ou menor estruturação dos estímulospercepcionados. Por exemplo, na figura 8 para melhorar a organização dos 
pontos estes estão ligados entre si através de traços. 
 
 
 
 
 
Figura 8 
 
 
 
 
 
 
 
Foco de atenção é o conjunto de estímulos 
que são susceptíveis de serem 
percepcionados por serem englobados, 
circunscritos e revelados pela nossa 
94 Lição nº 5 
 
Sumário 
A atenção e a percepção ligam-se entre si, porque um objecto a ser 
percepcionado requer uma concentração sobre o mesmo dependo das suas 
características. Quando focalizamos a nossa atenção apreendemos 
simultaneamente todas as características do objecto abarcando todos os 
elementos nele existentes e que são essenciais para percepcionar o objecto. Os 
exemplos descritos acima parecem sugerir que o processo de percepção será 
dificultado pelo aumento de características ou pontos a captar num determinado 
objecto, aumentando ou diminuindo a capacidade de percepção deste pelo 
indivíduo. Este exemplo explica até certo ponto que a penúria de energias no 
processo de atenção afecta directamente a percepção. Numa aula, por exemplo, 
requer-se que todos os alunos preste atenção para que sejam capazes de 
aprrender o percepcionar o conteudo em causa. Assume-se também que 
conteúdos complexos poderiam dificultar a percepção dos alunos dado que seria 
necessária uma capacidade de apreensão maior de todos os elementos 
constituintes do objecto. 
 
Actividade 11 
Depois de conhecer os diferentes tipos de percepção já é altura de fornecer 
alguns exemplos sobre eles. 
Descreva a percepção que os alunos têm sobre siisto é, o que você pensa que 
os alunos pensam de si 
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________ 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 95 
 
Lição nº 6 
A relação entre a percepção e a 
sensação 
 
Duração: 2 (duas) horas 
Ao terminar esta lição será capaz de: 
• Descrever a relação entre a sensação e percepção; 
• Descrever o fundamento fisiologico da percepção. 
Conceito fundamental: Órgãos sensoriais. 
 
Alguns autores quando abordam a questão da percepção fá-lo em conjunto com 
a sensação. Outros estudam-na separadamente. Na realidade seria inconcebível 
separar estes dois fenómenos porque a ocorrência de um depende da ocorrência 
de outro. Neste caso, ao falarmos da percepção devemos evocar muitos 
aspectos ligados à sensação entre os quais as características fisiológicas que 
desencadeiam o processo da percepção. 
 
Neste tema abordaremos as características fisiológicas dos órgãos sensórias 
para fundamentar como o processo da percepção se desencadeia. 
Aconselhamos pois que faça uma ligação entre o que aprendeu na unidade 
sobre o sistema nervoso e esta unidade. Vamos debruçar-nos também sobre o 
conceito das sensações. 
 
 
O fundamento fisiológico da percepção 
A percepção tem como base os sistemas sensoriais e o próprio cérebro. Isto é, 
captamos as características dos objectos através dos nossos órgãos dos 
sentidos. 
96 Lição nº 6 
 
Através da visão identificamos a cor, a luz. Através do olfacto sentimos o cheiro, 
da audição ouvimos o som e do tacto apercebemo-nos da superfície rugosa ou 
lisa desse mesmo objecto. Os sistemas sensoriais são os dententores das 
informações e transformam-na (ou fazem a transdução) em impulsos nervosos. 
A informação é depois processada e enviada para o cérebro através de fibras 
nervosas (os nervos aferentes e eferentes). É o cérebro que desempenha o 
papel mais importante do processamento da informação. Para que a percepção 
ocorra devem se observar quatro operações a saber: detecção, transdução 
(conversão da energia de uma forma para outra), transmissão e processamento 
da informação. A figura reporta as quatro operações necessárias para uma 
percepção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1. As operações de uma percepção 
 
Os sistemas sensoriais e sua influencia na percepção 
 
 
Percepção
Detecção Transdução Transmissão
Pr
oc
es
sa
m
en
to
 
da
 
in
fo
rm
aç
ão
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 97 
 
No capítulo destinado ao sistema nervoso debruçamo-nos em relação ao 
mecanismo da captação do estímulo nervoso até chegar a ser descodificado nos 
centros nervosos. Com isso podemos concluir que o organismo humano possui 
um conjunto de sistemas especiais que lhe permitem captar a informação 
(órgãos sensoriais), enviá-la ao cérebro através dos neurónios e descodificá-la 
(através dos centros nervosos localizados no cérebro) para depois a resposta ser 
reenviada novamente a qual aparecerá em forma de comportamento. É pois dos 
órgãos dos sentidos também denominados de órgãos sensoriais que nos vamos 
debruçar um pouco. 
Ao falar dos órgãos sensoriais falamos concretamente dos órgãos dos sentidos. 
Certamente, deve saber que entre os onze sentidos humanos catalogados pelos 
cientistas, de entre eles vista, audição, tato, pressão profunda, calor, dor, 
paladar, olfacto, sentido vestibular, e sentido sinestésico. Cinco são do seu maior 
domínio: a visão, a audição, o paladar e o olfacto. O tacto é composto de 
sistemas térmicos em número de cinco separados entre si. São eles o contacto 
físico, pressão profunda, calor, frio e dor. 
Estes sistemas são também conhecidos por somato-sensoriais que se designa 
aqueles sistemas que nos dão informações sobre as características dos objectos 
quando estes entram em contacto com a superfície do nosso corpo. As células 
especializadas que reagem a essas sensações encontram-se espalhadas em 
quase, senão mesmo em todo o nosso organismo. A córnea do olho é uma das 
partes do sentido da visão que não possui as mencionadas células 
especializadas do tipo somato-sensorial. Contudo, têm capacidade de registar 
sensações tácteis, de temperatura e dor. 
O ser humano serve-se não só destas células especializadas para descernir as 
características dos objectos como também usa outros dois sentidos importantes 
para reconhecer as diversas sensações tácteis. Tais são: o sentido sinestésico e 
o sentido vestibular. Imaginemos, por exemplo, que você empreenda um 
deslocamento do seu corpo para qualquer sentido ( para frente, para trás, para 
esquerda, para direita ou para cima). 
Neste movimento entram em acção vários grupos musculares. Isto é, você 
contrai um certo número de músculos e descontrai outro. Move as articulações 
do joelho, da coxa, do cotovelo, enfim, para que o seu corpo se desloque, quer 
dizer, se mantenha em equilíbrio dinâmico. O sistema cinestésico informa-nos do 
98 Lição nº 6 
 
posicionamento relativo das partes do nosso corpo durante o movimento e 
depende dos receptores dos músculos, dos tendões e articulações. 
Experiência: Pegue numa cebola descasque-a e comece a cortá-la em 
pequenos pedaços. O que sente? Certamente que os seus olhos começarão a 
lacrimejar. Os pedaços de cebola não precisaram entrar em contacto directo com 
a córnea do olho. Mesmo assim foi capaz de registar a sensação de dor 
produzida pelo ácido contido na cebola. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 99 
 
Lição nº7 
Como as informações sobre o 
meio são processadas 
Duração: 2 (duas) horas 
Ao terminar esta lição será capaz de: 
• Indicar as partes constituintes de um olho humano; 
• Descrever o fundamento fisiologico da percepção visual. 
Conceitos fundamentais: retina, bastonetes e córnea. 
 
O caso da visão 
O sistema visual é o que nos permite colher um grande volume de informações 
sobre o meio que nos rodeia por isso pose-se considerar a visão como o meio 
mais dominante dos órgãos sensoriais. O órgão fundamental do sistema visual é 
o olho. A actividade deste órgão assemelha-se a uma câmara de fotografia. 
 
Constituição anatómica do olho 
Repare na figura abaixo. É fácil notar que o olho pode-se representar como uma 
câmara escura com uma abertura na parte da frente. Essa abertura é designada 
de pupila. É através desta que a luz penetra no olho. Se a luz for forte esta 
diminui de tamanho isto é afina-se enquanto que se for fraca tende a aumentar 
de tamanho para admitir a entrada no máximo da luz. 
Experiência 
Tente perceber os objectos numa luz florescente forte. Diminua depois a 
intensidade da luz. Não lhe parece que tentou abrir mais os olhos para perceber 
o que lhe circunda. É pois neste processo que a pupila aumenta do seu 
tamanho. 
 
100 Lição nº 7 
 
Outra constatação comum pode ser encontrada nos gatos. Tente olhar para a 
pupila de um gato durante o dia. O que pode notar? A pupila tomou a forma de 
uma pequena tira. Tente à noite e com ajuda de uma lanterna focalizar sobre os 
olhos do gato. O que pode notar? De certeza que notou que a pupila aumentou 
de tamanho devido a ausência da luz. Com esta experiência podemos chegar à 
conclusão de que a pupila aumenta quando a luz for fraca e diminui quando esta 
for muito intensa. 
 
A íris é um pequeno disco colorido que circunda a pupila cuja função é controlar 
o tamanho desta. Você de certeza deve ter notado que em algumas pessoas a 
cor da íris é castanha, negra, e em algumas raças como em indivíduos de raça 
branca principalmente os loiros a íris pode ser de cor azul ou mesmo verde. 
Também existem indivíduos de raça negra que possuem olhos azuis ou verdes. 
 
O olho também possui uma membrana chamada córnea que cobre a parte 
visível deste. A córnea protege o olho e tem a função de ajudar a focalizar os 
eventos do campo visual. Estes eventos são depois orientados em direcção à 
retina que constitui a superfície posterior do olho. 
 
Outra componente não menos importante do olho é a lente. Esta componente 
tem como sua principal função participar na focalização das imagens visuais na 
retina. A retina pode tomar formas diferentes. Por exemplo, torna-se espessa 
para uma visão de perto e quando se trata de uma visão de longe ou em repouso 
ela fica delgada ou chata. 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 101 
 
 
http://chost.sites.uol.com.br/Principal/teste_de_daltonismo.html 
 
Quanto mais velha a pessoa for, a lente também perde a elasticidade tornando-
se difícil de focalizar os objectos mais próximos. Você tem notado que pessoas 
mais velhas quando estão lendo um livro normalmente afastam-no dos olhos 
porque não conseguem descernir as letras de perto devido à fraca elasticidade 
da própria lente. Precisam então de usar óculos para lhes ajudar a perceber as 
características das letras. 
 
A retina é uma substância composta de várias camadas de células que incluem 
bastões, cones e neurónios sensoriais. Dependendo da forma como as ondas 
luminosas se movem, elas são focalizadas na retina invertidas da direita para 
esquerda e de cabeça para baixo. Os bastões e cones constituem receptores 
que reagem à penetração da luz visível. Os bastões e cones transmitem os 
impulsos nervosos para os neurónios sensoriais da retina sempre que haja raios 
de luz suficientemente intensos. Os axónios desses neurónios sensórios formam 
um feixe que permite por sua vez a formação de um nervo óptico ligando o olho 
aos diferentes centros do cérebro. Sabe-se que cada olho contém 
aproximadamente 120 milhões de bastões e cerca de sete milhões de cones. 
 
102 Lição nº 7 
 
Os cones e bastonetes são receptores de luz que se localizam na camada 
interna da retina e que permitem a passagem desta . O nome de cones e 
bastonetes foi lhes atribuído devido a sua forma. Os bastonetes são alongados e 
os cones são mais curtos e grossos. Os cones são receptores visuais 
especializados que representam um importante papel na visão diurna e na visão 
em cores (Weyten, 2002). Eles permitem que o indivíduo seja capaz de ver 
durante o dia e distinguir as cores dos objectos. Contudo, os cones não 
respondem bem à luz fraca. Os cones concetram-se fundamentalmente no 
centro da retina declinando rapidamente a sua densidade em direcção à perferia 
desta. No centro da retina existe um pequeno ponto chamado de fóvea. É sobre 
este ponto que a acuidade visual (capacidade de distinguir as características dos 
objectos através da visão) se concentra. Quando em certa altura o indivíduo quer 
distintamente ver uma coisa move os olhos centralizando a fóvea sobre o objecto 
da visão. Este truque é usado pelos astrónomos para ver os astros menos 
iluminados. Por exemplo, uma estrela apagada (ou um outro objecto que esteja 
pouco iluminado), que não se possa ver quando se olha directamente, poder-se-
ia ver a mesma estrela ou objecto olhando-a ligeiramente de lado, quer dizer, 
focalizando-a sobre os bastões mais sensíveis. 
Os bastonetes são receptores visuais especializados que representam um papel 
importante na visão nocturna e na visão periférica (Weyne, 2002). Quando a luz 
é bastante forte, nós não conseguimos ver precisamente porque essa 
capacidade é ofuscada pelos bastonetes. A escuridão tem uma característica 
peculiar de falta de luz. Os bastonetes são pois mais sensíveis à falta de luz do 
que os cones. Por serem mais numerosos que os cones, eles lidam mais com a 
visão periférica. A sua densidade é maior do lado do foco da fóvea e diminuem 
gradualmente em direcção a periferia da retina. Por causa desta distribuição dos 
bastonetes, se o indivíduo pretende olhar par um objecto que não está bem 
iluminado, deve olhá-lo um pouco acima ou um pouco abaixo do local onde esse 
mesmo objecto deveria estar. 
Os movimentos do olho na altura da percepção e o processamento da 
informação. 
Quando o olho tenta captar o objecto da atenção fá-lo emitindo pequenos 
tremores, rápidos e involuntários designados de nistagmos. A órbita também se 
movimenta de uma posição para outra cujos movimentos são designados de 
sacádicos. Os movimentos incessantes do olho permitem a formação duma 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 103 
 
imagem na retina aproximadamente três a cinco vezes, cada segundo. Os 
movimentos possibilitam a retina caracterizar amplamente o objecto de modo a 
que possamos nitidamente caracterizar os seus detalhes. Os movimentos 
executados pelo olho são involuntários, quer dizer ocorrem fora da nossa 
consciência. Por isso, a impressão que nós temos, às vezes, é de que olhamos 
fixadamente o objecto sem, contudo, movimentar os olhos. Apenas os 
movimentos mais salientes é que são percebidos. 
 
Experiência 
Tente você mesmo olhar um objecto relativamente maior e de perto. O que 
sente. Deve ter sentido que seus olhos se movimentam para todos os cantos do 
objecto. Tente agora se afastar ou olhar para um objecto mais pequeno. De 
certeza que não notará que seus olhos se movimentam rapidadamente. 
 
 
 
 
Um dos aspectos importantes na percepção visual não só é facto de incluir tanto 
o armazenamento como o processamento da informação que é sucessivamente 
recebida pela retina. 
 
Deve-se lembrar dos capítulos anteriores que a função dos neurónios é de 
transduzir a energia levando e trazendo imagensao ou do cérebro. No caso dos 
neurónios da retina eles processam a informação sobre a cor do objecto, sua 
forma, detalhe contorno e movimento dependendo do animal. O que quer dizer 
que certos animais não processam determinado tipo de informação. 
 
Alguns cientistas tentaram através de experiências demonstrar que a rã 
processava informação limitada. Davidoff (1980) cita experiências feitas com rãs 
por uma equipa do Instituto de Tecnologia de Massachussets dirigida por 
Jeronme Lettvin no final da década de 50 no século passado. 
 
Os movimentos incessantes do olho permitem a formação de uma 
imagem na retina e caracterizar nitidamente o objecto de modo a que os 
seus detalhes sejam percebidos 
 
104 Lição nº 7 
 
Foram apresentadas vários estímulos visuais tais como linhas, pontos e xadrez a 
rãs imobilizadas. Através de electrodos inseridos nos nervos ópticos das rãs 
mediram o que o cérebro destas lhes dizia. A que conclusões chegaram estes 
cientistas? As células da retina da rã parecem detectar apenas cinco 
informações distintas por mais complexo que seja o evento. 
 
Estas informações são encaminhadas pelas fibras do nervo óptico ao principal 
nervo visual da rã conhecido por tectum. Por outro lado, os chamados de 
detectores da extremidade apenas reagem à fronteira entre as regiões das 
extremidades claras e escuras. Pensa-se que estas são úteis para determinar os 
contornos dos objectos ao redor da rã. 
 
Os detectores de extremidade móvel captam informações sobre o movimento 
das fronteiras e os de escurecimento fazem o registo da obscuridade que 
ocorrem quando descem sombras sobre o campo visual da rã. Os detectores 
escuros reagem as mudanças graduais de intensidade da luz. Quanto mais 
escuro mais as firbras se tornam activas. Os detectores de extremidade convexa 
e móvel reagem quando uma fronteira escura e curva se movimentam e 
permitem a que a rã capture insectos voadores. 
 
Em jeito de resumo, pode-se dizer que o olho da rã está programado desde a 
sua nascença a detectar e analisar a informação que é recebida ao seu redor e 
extrair depois a informação necessária para a sua sobrevivência. Essa 
informação é enviada ao cérebro onde depois é processada. À semelhança da 
rã, os pombos detectam também um número limitado de informações. A 
limitação da informação bombeada para o cérebro afigura-se muito importante 
porque impede a que o cérebro seja inundado de dados e concentra o organismo 
apenas nos estímulos necessários para a sua sobrevivência. 
 
 
 
 
 
A limitação da informação bombeada para o cérebro 
afigura-se muito importante porque impede que o 
cérebro seja inundado de dados e concentra o 
organismo apenas nos estímulos necessários para a sua 
sobrevivência. 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 105 
 
Lição nº 8 
O processo da Informação no 
cérebro 
 
Duração: 2 (duas) horas 
Ao terminar esta lição será capaz de: 
• Indicar e descrever o processo da percepção dos objectos. 
Conceitos fundamentais: figura fundo, agrupamento, constância. 
 
Estudos realizados por vários cientistas têm mostrado que diferentemente nos 
animais inferiores nos animais superiores a maior parte da informação captada 
pela via dos órgãos dos sentidos é processada em diferentes regiões do córtex 
cerebral. Durante vários anos, fisiologistas estudaram a reacção dos diferentes 
estímulos visuais básicos em experiências realizadas com os animais tais como 
gatos e macacos. Inseriram em certas células corticais electrodos e fizeram o 
registo das respostas. 
 
Descobriram nestes animais (gatos e macacos) a existência de três tipos 
diferentes de células corticais visuais dentro dos lóbulos occipitais. As chamadas 
células simples, cuja a função é responder a um tipo de linha tais como risco de 
luz ou extremidade, numa determinada direcção que pode ser vertical ou obliqua. 
Este tipo de linha move-se lentamente através de uma dada região (campo 
perceptivo) da retina. 
 
Outro tipo de células existentes nos lóbulos occipitais são as chamadas células 
complexas. O seu modo de operação é semelhante ao das células simples. A 
diferença entre elas é que estas – as complexas- detectam estímulos de 
movimentos rápidos e o seu campo perceptivo é mais amplo. 
 
106 Lição nº 8 
 
O terceiro tipo de células corticais visuais detectoras são as chamadas células 
hipercomplexas que reagem aos estímulos muito curtos bem como a ângulos 
(cantos). Pensa-se que estes neurónios processam a informação a partir de 
células complexas. 
Existe uma concordância entre os cientistas de que os córtices dos diferentes 
mamíferos são organizados da mesma forma que os córtices de outro tipo de 
animais. O córtex cerebral parece ser composto de células dispostas em forma 
de coluna vertical como de uma colmeia se tratasse. 
 
As células que pertencem a uma certa coluna têm a função de processar a 
informação de um certo sentido específico bem como de uma área particular do 
corpo. A maior parte das colunas dos lobos occipitais do córtex lidam com 
informação visual. As células simples, complexas e hipercomplexas de uma 
única coluna encarregam-se de uma região restrita da retina. 
 
Cada célula da coluna tem especificamente a função de detectar um 
determinado estímulo numa dada orientação e move-se a uma certa velocidade. 
As colunas verticais de células de outras regiões corticais trabalham do mesmo 
modo com outros tipos de informação sensorial. Cada coluna tem suas linhas de 
comunicação de entrada e de saída. Entretanto, todas se entrelaçam entre si e 
com outras regiões do cérebro. 
 
O córtex também possui neurónios específicos e especializados, cuja função é 
detectar um certo tipo de informação visual mais complicada. Por exemplo, numa 
experiência com gatos foi detectado que estes possuíam no córtex células que 
detonavam depois da realização de um determinado número de eventos 
específicos e outros que reagiam a experiências pouco conhecidas. Numa outra 
experiência com macacos foi descoberta a existência de neurónios que reagem 
com todo o vigor a factores específicos e complexos, tais como, uma mão. 
Na opinião de alguns cientistas existem duas classes de células corticais 
especializadas em análise de dados visuais. Os detectores de características 
universais. Como exemplo encontramos as células simples as complexas e as 
hipercomplexas. 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 107 
 
 
Estes detectores extraem os elementos separados da informação incluindo o 
tempo, o espaço, a orientação, a direcção do movimento e a cor de um estímulo 
qualquer. Neurónios desta natureza podem ser encontrados em qualquer tipo de 
animal. 
 
Depois temos os detectores de características espécie-especificos como por 
exemplo os detectores das mãos dos macacos. Estes detectores analisam as 
imagens através da procura de informações crucialmente importantes ou que se 
encontram frequentemente. Essas células parecem específicas para cada grupo 
de animal. 
 
No entanto, é muito difícil estudar o sistema visual humano porque não se pode 
introduzir nela os electrodos pois estes podem causar danos ao sistema. Ao 
invés disso, os psicólogos imaginaram tarefas muito complexas para determinar 
como o cérebro humano pode responder à estimulação visual. 
 
Os resultados apoiam a ideia de que os seres humanos possuem detectores 
corticais para informações sobre orientação, intensidade, movimentos e 
provavelmente a cor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
seres humanos possuem detectores corticais 
para informações sobre orientação, 
intensidade, movimentos e provavelmente a 
cor.
108 Lição nº 8 
 
 
As células específicas em todo o cortex alternam seus padrões de detonação 
cada vez que o lhar traz novas imagens.Estas representações são de certo 
modo armazenadas e depois integradas com outras informações recebidas de 
outros sistemas sensoriais e imediatamente comparadas com lembranças de 
experiências anteriores. Estes processos constituem o fundamento da 
capacidade de um indivíduo extrair informação visual sobre si e sobre o meio 
que o rodeia. 
 
 
Organização da percepção visual 
No tema anterior debruçamo-nos sobre a parte fisiológica do sistema visual. 
Falámos precisamente da constituição anatómica do olho e da função de cada 
um dos elementos que o constituem. Continuando, ainda no processo da 
percepção visual debruçar-nos-emos sobre como a percepção se organiza e 
quais as estratégias que o ser humano usa para interpretar a informação visual 
de objectos. 
 
Os nossos olhos captam várias imagens simultaneamente. Algumas dessas 
imagens não nos apercebemos delas. O processo é tao rápido e automático que 
algumas vezes inconsciente dele. Aprenderemos neste capítulo algumas das 
regras que se aplicam aos aparelhos perceptivos. Essas regras podem também 
ser aplicados a outros aparelhos perceptivos. 
 
A Percepção dos objectos 
Para o processamento da informação o Homem utiliza diversas estratégias. 
Entre essas estratégias figuram: 
ƒ A constância; 
ƒ A figura-fundo ; 
ƒ O agrupamento. 
 
 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 109 
 
Experiência 1 
Coloque um objecto na mesa (um relógio, um copo, um prato, etc). Olhe 
fixadamente para ele. Afaste-se dele colocando-se a uma distãncia de dois 
metros ou mais. Agora diminua a intensidade da luz que incide sobre o objecto. 
O que verifica? 
 
De certeza terá notado que olhando o objecto de perto ou de longe ou mesmo 
com luz menos intensa ele continua a manter a mesma forma (cilíndrica se for 
um copo, circular se for um prato). Quer dizer, o objecto não mudou de forma; 
continua com a forma constante. 
 
Em termos gerais, constância significa a maneira com que os objectos olhados 
de diferentes ângulos, de várias distâncias ou sob condições diferentes de 
iluminação, continuam sendo percebidos como tendo a mesma forma, tamanho e 
cor. Se não houvesse constância na nossa percepção, os objectos mudariam de 
forma, tamanho e cor constantemente. A constância permite que o mundo 
perceptivo do indivíduo seja estavável. 
 
Figura-fundo 
Se olhares atentamente em letras negras escritas sobre uma folha branca notará 
que estas se destacam mais do que a própria cor branca ou um quadro 
pendurado sobre uma parede. Isso acontece frequentemente em placardes 
publicitários. O que vemos mais são as letras nelas estampadas mais do que no 
proprio fundo do cartaz. 
 
Se olhamos ao nosso redor vemos objectos que se colocam contra um fundo. O 
objecto da atenção pode simultaneamente ser visto como um fundo ou como 
figura dependendo da forma como o indivíduo dirige a sua atenção. Esta 
reversibilidade é mais nítida quando olhamos para a figura de Escher. Olhando 
atentamente para a figura nos parece de certo modo a flutuar. 
 
Por vezes, a parte branca toma o lugar de figura de destaque e outras alterna-se 
com a parte preta passando esta a ser figura principal e a branca o fundo. É de 
destacar que enquanto os nossos sentidos e o cérebro estiverem a operar 
110 Lição nº 8 
 
normalmente, esta reversão não acontece. Isto é, o mesmo estímulo não pode 
ser visto como fundo e figura ao mesmo tempo. 
 
A reversão das figuras é um fenómeno que ocorre espontaneamente e 
praticamente difícil de controlar. Embora haja essa reversão, não significa que a 
interpretação das duas figuras ocorra simultaneamente. Aparece uma de cada 
vez. 
Enquanto de um modo geral vemos figuras a emergirem do fundo, já quando se 
trata de cenas distantes ou objectos camuflados a sua interpretação não é 
imediata. A questão de figura-fundo é muito essencial para para que o indivíduo 
tenha percepção dos objectos. O facto é que um objecto só pode ser percebido 
se estiver separado do seu fundo. Esta regra é tida como inata. 
Agrupamento 
A maneira como agrupamos os elementos de informação visual obedece certos 
princípios tais como: semelhança, proximidade, simetria, continuidade, e o 
fechamento. 
Semelhança – os elementos objectos da nossa percepção que tenham cor, 
forma ou textura são agrupados em mesma categoria. Veja as figuras abaixo. A 
primeira figura embora seja composta por quarenta e nove quadradinhos iguais, 
não apercebemo-la como sendo composta de quarenta e nove quadradinhos 
escuros, mas sim composta de fileiras de quadradinhos. O mesmo acontece com 
a figura ao lado.Percebemo-la como sendo composta de fileiras de quadradinhos 
e rectângulos mais do que de quarenta e nove quadradinhos e rectâcngulos. 
 
 
 
 
 
 
 
Proximidade – os elementos visuais próximos entre si são percebidos como 
pertencendo à mesma categoria. Repare nas figuras abaixo. A nossa percepção 
leva-nos a organizar a primeira figura à esquerda em colunas, a da direita em 
fileiras e a de baixo em diagonais. 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 111 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura. Formas de agrupamento (fonte Davidoff pagina 226) 
 
Actividade 12 
Olhe atentamente para as figuras acima e descreva o que pela primeira vez lhe 
pareceu ser. Descreva a sua percepção final sobre cada uma das figuras. 
 
Percepção de Profundidade e distância 
Continuando a falar da percepção, agora vamos discutir um pouco sobre com o 
processo da percepção humana se realiza. Se prestar muita atenção aos 
objectos que são focos da sua atenção notará que as imagens são registadas na 
retina em duas dimensões fundamentais. A dimensão esquerda-direita e a 
dimensão em cima- em baixo. Isto quer dizer que, ao apreciarmos o objecto que 
constitui o nosso foco de atenção os nossos olhos percorrem-no nestas 
direcções e as imagens captadas ficam registadas na retina nestas duas 
dimensões. 
Para entendermos como se realiza o processo de percepção de profundidade e 
distância vamos recorrer ao que chamamos de indicadores fisiológicos, 
indicadores de movimento e os indicadores de imagens (indicadores pictóricos). 
Indicadores de profundidade 
É do seu domínio de que os mamíferos incluindo o ser humano possuem dois 
olhos e a percepção da profundidade depende do funcionamento dos dois. Se 
você estiver a caminhar ou a viajar de autocarro olhando em linha recta para a 
112 Lição nº 8 
 
estrada o que lhe parece? De certeza à medida que vai andando parece que a 
estrada vai se afunilando, tornando-se menos larga. Este fenómeno, é causado 
pelo facto de que cada um dos nossos olhos (a retina) regista uma imagem um 
pouco diferente e quando os olhos se fixam num objecto eles se viram um para o 
outro criando uma convergência. É esta convergência que cria a imagem de 
profundidade. 
Quando estamos em movimento, as imagens do nosso campo visual mudam 
sempre. De certeza que já reparou que quando estiver a viajar de carro os 
objectos parecem estar a deslocar-se uma grande velocidade alguns deles. 
Aqueles que estão próximos parecem ser mais velozes enquanto que os 
distantes se deslocam mais devagar. Esta indicação da distância é conhecida 
como paralaxe do movimento. Este fenómeno ocorre quando alguem se desloca 
de um veículo. 
 
Exercícios 
1. Quais destas afirmações sobre a sensação e percepção é verdadeira? 
a) A sensação lida com os objectos, lugares e eventos, enquanto que a 
percepção lida com categorias, tais como qualidade e intensidade. 
b) A sensação não porporciona uma visão da realidade como se fosse um 
reflexo no espelho, enquanto a percepção sim. 
c) A sensação implica trazer informação, enquanto a percepção supõe a 
organização e a interpretação dos dados. 
d) A sensação exige a percepção enquanto a percepção nao exige a 
sensação.2. Em que situação os bastões sozinhos têm maior probabilidade de funcionar 
activamente? 
a) Ler caracteres muito minúsculos de um questionário 
b) Conduzir um automóvel no dia de muito sol 
c) Caminhar no campo numa noite de luar 
d) Ver televisão a cores num quarto escuro 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 113 
 
3. Você percebe que um objecto, uma caixa têm a mesma forma 
independentemente do ângulo do qual a caixa é olhada. Qual o princípio da 
organização da percepção que esse fenómeno ilustra? 
a) Constância 
b) Continuidade 
c) Agrupamento 
d) Similaridade 
4. Anatomia do olho 
Combine cada parte do olho com a única característica que se aplica a ela. 
 
1 1. 
Cone 
a) Região da retina que contém cones densamente 
compactos 
2 Córnea b) Abertura através da qual passa a luz 
3 Fóvea c) Controla o tamanho da pupila 
4 Iris d) Camada transparente que protege o olho 
5 Lente e) Participa na acomodação; perde elasticidade com a 
idade 
6 Pupila f) Receptor primário de cor e detalhe 
7 Retina g) Superfície posterior interna do olho sobre a qual são 
projectadas as imagens 
8 Bastão h) Receptor primário para iluminosidade fraca 
 
 
 
Teste a sua propria visão 
Teste de daltonismo 
114 Lição nº 8 
 
 
 
 
 
Consegue identificar os números embutidos em cada círculo? Então, diga 
quais são. 
 
 
 
 
 
 
 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 115 
 
Pensamento e linguagem 
Introdução 
A vida do Homem traz tarefas e problemas que levam com que ele descubra 
novos processos, propriedades e correlações entre ele e os objectos. O Homem 
enfrenta problemas, dificuldades e imprevistos o que significa que a realidade 
que nos cerca tem muito de desconhecido, incompreensível, imprevisto e oculto, 
logo, é necessária a cognição profunda do mundo, é preciso descobrir novos 
processos para a resolução dos vários obstáculos. Na resolução destes 
obstáculos o pensamento é indispensável, pois, na vida , nas actividades, o 
indivíduo depara sempre com novas propriedades e desconhecidos objectos. O 
pensamento está sempre orientado para as necessidades do desconhecido 
e do novo. Ao pensar, qualquer pessoa descobre por si algo novo e 
desconhecido do universo que é infinito. 
 
Nota! O pensamento está sempre orientado para as necessidades do 
desconhecido, do essencialmente novo e resolução de problemas. 
116 Unidade V 
 
 
Unidade V 
PENSAMENTO E LINGUAGEM 
 
Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de: 
 
Objectivos 
 
ƒ Definir os conceitos de pensamento e linguagem; 
ƒ Saber a importância do pensamento e linguagem para a vida dos 
Homens, e seus tipos; 
ƒ Caracterizar o pensamento e linguagem; 
ƒ Explicar as propriedades do pensamento e da linguagem; 
ƒ Explicar as relacções entre o pensamento e linguagem; 
ƒ Explicar as propriedades do pensamento e linguagem; 
ƒ Descrever os passos de resolução de problemas. 
 
 
Terminologia 
 
O conhecimento dos seguintes conceitos ajudar-lhe-á a comprender melhor o 
pensamento e a liguagem: 
Pensamento, liguagem, situação problemática. 
 
Conhecimentos prévios 
Para assegurar a compreensão deste capítulo é necessário recorrer à 
conhecimentos sobre os órgãos dos sentidos, seu funcionamento, estrutura e 
função; Linguística. 
 
 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 117 
 
O seu primeiro passo: examinar a seguinte lista de conteúdos para seleccionar 
aqueles que prefere estudar. No início desta unidade há uma introdução e um 
conjunto de actividades de aprendizagem, o que facilita uma apreciação rápida 
do valor que a unidade tem para si. 
Para o estudo desta secção que agora esta lendo você vai precisará de 2h e 
30min e é constituída essencialmente por: 
ƒ Introdução; 
ƒ Conceitos de pensamento e linguagem; 
ƒ Elementos e propriedades de pensamento e linguagem; 
ƒ Elementos de pensamento; 
ƒ Propriedades de pensamento; 
ƒ Propriedades de linguagem; 
ƒ Tipos de pensamento; 
ƒ Pensamento e resolução de problemas; 
ƒ Interacção pensamento e linguagem. 
 
118 Lição nº 2 
 
 
Lição nº 2 
Conceito de pensamento 
 
Duração: 2 (duas) horas 
Ao terminar esta lição será capaz de: 
• Definir o conceito de pensamento; 
• Descrever os elementos do pensamento. 
 
Conceitos fundamentais: Imagem, acção, representação. 
 
 
Nesta lição abordaremos alguns aspectos a respeito do desenvolvimento do 
pensamento e da linguagem. Esta matéria encontra-se aprofundada na disciplina 
de Psicologia de Aprendizagem. 
 
Pensamento 
 
Quando se fala de pensamento o que lhe ocorre imediatamente? Imagens? 
Palavras? Sons? O que é exactamente? 
Muita vezes, pronunciamos expressões, tais como, este aluno pensa bem para 
nos referirmos ao modo como explica um determinado assunto ou a forma como 
ordena as suas actividades. 
Naturalmente é difícil determinar exactamente se as pessoas pensam em 
palavras ou imagens. Contudo, resultados de estudos conduzidos por psicólogos 
têm demonstrado que o desfile das imagens na mente das pessoas parece a 
forma mais habitual de pensar de muitas pessoas. Estudos recentes na área de 
Psicologia parecem também confirmar o facto de que o pensamento das 
pessoas ocorre em forma de imagens mentais. 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 119 
 
Pense, por exemplo numa viagem. Como é que você vê a viagem? Com 
palavras? Certamente estrá imaginando um guiché onde se compre o bilhete, o 
autocarro que vai apanhar e até as imagens do local aonde vai mesmo que não 
o conheça. 
Experiências recentes corroboram com a ideia de que as pessoas ao pensarem 
utilizam mais quadros mentais que as descrições verbais. Isto quer dizer que, 
não pensamos geralmente em palavras embora isso aconteça, mas sim através 
de imagens que desfilam no nosso cérebro. 
Os psicólogos parece concordarem em que no processo do pensamento 
desfilam diferentes tipos de imagens visuais, auditivas, tacteis, gustativas que 
acompanham o proceso. 
O pensamento é muitas vezes caracterizada como uma fala interior. O indivíduo 
fala consigo mesmo mas não duma forma coerente. As frases são incompletas 
sem às vezes nenhum sentido gramatical. Experiências realizadas confirmam a 
ideia de que as pessoas falam consigo mesmas enquanto pensam. 
Como se desenvolve o pensamento lógico? 
Algumas correntes advogam que o pensamento é condicionado socialmente e 
está estritamente ligada a linguagem. Entende-se por linguagem a forma de 
exteriorização do pensamento. 
A abordagem de Vigotsky sobre o pensaamento baseia-se na teoria marxista na 
qual se refere que as mudanças históricas na sociedade e a vida material 
produzem mudanças na natureza humana. Este teórico vê o desenvolvimento 
do pensamento (desenvolvimento cognitivo) como condicionado pelas relações 
sociais. 
Para Vygostsky não é possivel separar o desenvolvimento do contexto social e o 
pensamento é afectado pela cultura onde o indivíduo se encontra inserido. Neste 
processo a linguagem assume um papel importante no desenvolvimento das 
capacidades cognitivas da criança. Cada criança possui o seu próprio 
desenvolvimento havendo diferenças entre uma criança e outra. 
 
Um outro psicólogo bem conhecido que se dedicou sobre o desenvolvimento do 
pensamento, o desenvolvimento cogntivo, portanto, foi PIAGET. Na sua óptica 
considerava o desenvolvimento do pensamento como sendo condicionado pela 
120 Lição nº 2 
 
maturação biológica e que as mudanças que possam ocorrer no pensamento da 
criança são apenas mudanças qualitativas e não quantitativas. 
Para determinar o desenvolvimento da criança Piaget usava diversos métodos 
os quais penso que você também usa com as suas crianças, sejacom os seus 
alunos ou seus filhos. Piaget usava as seguintes perguntas : “ De onde vem o 
vento”? “ O que faz você sonhar”. Para além deste método usava o de 
observação das actividades do indivíduo (da criança). Piaget obervou como as 
crianças lidam com os conceitos de número, espaço, velocidade, tempo e outros 
e a partir dos resultados obtidos formulou a sua teoria de desenvolvimento do 
pensamento. 
Para ele o pensamento se desenvolve em etapas diferentes que ele próprio 
designou de estágios. 
Os estágios que caracterizam o pensamento da criança segundo Piaget são 
quatro a saber: 
Estádio sensório-motor (do nascimento aos 2/3 anos) - a criança desenvolve 
um conjunto de "esquemas de acção" sobre o objecto, que lhe permitem 
construir um conhecimento físico da realidade. Nesta etapa desenvolve o 
conceito de permanência do objecto, constrói esquemas sensório-motores e é 
capaz de fazer imitações, construindo representações mentais cada vez mais 
complexas. 
Estádio pré-operatório (ou intuitivo) (dos 2/3 aos 6/7 anos) - a criança inicia a 
construção da relação causa e efeito, bem como das simbolizações. É a 
chamada idade dos “porquês” e do “faz-de-conta”. 
Estádio operatório-concreto (dos 6/7 aos 10/11 anos) - a criança começa a 
construir conceitos, através de estruturas lógicas, consolida a conservação de 
quantidade e constrói o conceito de número. Seu pensamento apesar de lógico, 
ainda está preso aos conceitos concretos, não fazendo ainda abstracções. 
Estádio operatório-formal (dos 10/11 aos 15/16 anos) - fase em que o 
adolescente constrói o pensamento abstracto, conceptual, conseguindo ter em 
conta as hipóteses possíveis, os diferentes pontos de vista e sendo capaz de 
pensar cientificamente. 
(fonte: 
http://www.notapositiva.com/trab_professores/textos_apoio/psicologia/teoriaspiag
etvygostsky.htm) 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 121 
 
 
Apesar de Piaget ter dado grande contributo no estudo do pensamento da 
criança, a sua teoria não era de todo perfeito. Ele tem sido criticado por as 
tarefas usadas para determinar o desenvolvimento do pensamento da criança 
serem muito complexas e envolverem o uso das aptidões verbais. Piaget não 
deu importância o aspecto social (a cultura) e baeou-se mais nas mudanças 
qualitativas que quantitativas. 
O seu mérito reside em que a sua teoria permite captar as grandes tendências 
de desenvolvimento da criança e também permite encarar as crianças como 
sujeitos activos na aprendizagem. 
A teoria de Piaget teve influencia na educação através dos princípios de : 
a) Aprendizagem por descoberta 
b) Prontidão para aprendizagem e 
c) Diferenças individuais 
A teoria de Piaget parte de uma abordargem construtivista onde o papel do 
professor é o de facilitar e não o de direccionar. 
 
 
Elementos do pensamento 
O pensamento caracteriza-se por três elementos a saber: 
ƒ Imagem; 
ƒ Acção; 
ƒ Representação. 
A imagem refere-se a aparência física dos objectos e fenómenos. Por ex: se 
quiser descrever a aparência física de seu pai, você formará uma imagem visual 
do seu pai 
A acção acompanha o pensamento. As pessoas geralmente limitam os seus 
movimentos a gestos como franzir a cara, morder o lápis, coçar a cabeça. Estas 
acções ocorrem quando estamos a pensar. Quando isso acontece as pessoas 
que estão perto de nós nos perguntam : “ o que estás a pensar”? “ Aconteceu 
122 Lição nº 2 
 
alguma coisa”? A acção refere-se a movimentos relacionados com a linguagem, 
atitudes, manifestações e comportamentos. 
A representação constitui a componente básica do pensamento. O pensamento 
envolve a representação de ítens que não estão imediatamente presentes. Ao 
conversar ou escrever, compartilhamos os nossos conceitos com as pessoas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 123 
 
Lição nº 2 
Tipos de pensamento 
 
 
Duração: 2 (duas) horas 
Ao terminar esta lição será capaz de: 
• Caracterizar os principais tipos de pensamento. 
Conceito fundamental: raciocínio. 
 
 
O processo de pensamento actua de diversas formas. Diferentes indivíduos 
podem também evidenciar diferentes tipos de pensamento. No início da nossa 
discussão sobre o pensamento afirmámos que o pensamento ocorre sob forma 
de imagens segundo os resultados de pesquisas realizadas. Isto quer diizer que 
ao pensamos sobre um objecto ou fenómeno este é representado sob forma de 
imagem. Para compreendermos como decorre o processo de pensamento 
importa referirmos sobre alguns dos tipos de pensamento mais conhecidos: 
Pensamento visual figurativo, pensamento abstracto, pensamento reprodutivo e 
pensamento criador. 
Pensamento Visual-Figurativo 
Este tipo de pensamento baseia-se nas representações (gravuras, modelos,etc.) 
e permite a que o indivíduo possa reflectir de uma forma diversificada a realidade 
dos objectos. Este tipo de pensamento é mais comum em crianças em idade pré-
escolar (entre os quatro e sete anos de idade). As crianças nesta idade ainda 
não dominam as noções e o pensamento encontra-se ainda ligado às acções 
práticas uma característica peculiar de desenvolvimento das crinças em idade 
pré-escolar. 
124 Lição nº 2 
 
 
Pensamento Abstracto 
No pensamento abstracto o indivíduo não só usa imagens mentais como 
pressuposto básico para a resolução de problemas ou para descrever as 
características dos objectos ou fenómenos. Ele usa conceitos abstractos, isto é, 
abstrai-se dos modelos e das gravuras usando também o proceso verbal. 
Imaginemos que você pense sobre um assunto, por exemplo, em Química ou 
Matemática. Você vai utilizar noções e conceitos abstractos, vai dar nomes aos 
fenómenos mesmo que não seja possível observá-los. A aquisição de conceitos 
e noções abstractas ocorre num determinado período de desenvolvimento da 
criança (veja os estádios de desenvolvimento de Piaget). 
 
Pensamento Criador 
O pensamento criador consiste sobretudo em conjugar elementos que 
normalmente são tidos como independentes, isto é, que não pertençam ao 
conjunto de características do objecto ou fenómeno objecto do nosso 
pensamento para com eles produzir algo de novo. O pensamento criador ou 
inovador é muito importante porque permite imaginar sobre coisas novas que 
não existem no fenómeno objecto do nosso pensamento. Os cientistas usam 
muito o pensamento criador para fabricar objectos novos. 
 
Raciocínio 
Uma das formas do pensamento é o raciocínio. O raciocínio é uma operação 
mental que faz inferências de novos conhecimentos a partir do conhecimento 
dado. Neste caso, o pensamento parte da análise de duas ou mais relações 
conhecidas, neste caso podem ser relações de afirmação ou de negação, para 
concluir uma outra relação que estava implicitamente contida. 
 
Pensamento e resolução de problemas 
 
Problema 
 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 125 
 
Resolução de Problemas refere-se a esforços activos para descobrir o que deve 
ser feito para alcançar um objectivo que não está prontamente disponível. 
 
Passos para a resolução de problema 
Um dos aspectos fundamentais na resolução do problema é identificá-lo. Quer 
dizer, a actividade de procura começa quando o problema surge. Imagine um 
rato com fome engaiolado num labirito. Ao sentir o cheiro da comida iniciará uma 
acção que lhe levará ao objectivo, o alcance do alimento. Antes mesmo de iniciar 
a acção propriamente dito começa com uma fase de preparação colocando 
deversas hipóteses e estratégias de acção. 
 
O aparecimento de um problema pode ser natural. Quantas vezes os problemas 
apareceram por si sós sem que ninguém os tenha procurado e sempre alguém 
se indaga: “como apareceu este problema?” Por vezes, as pessoas engajam-se 
activamente à procura de problemas umasmais que as outras; é claro. Pense, 
por exemplo, num cientista que sempre não está satisfeito com as suas 
descobertas. Continuará pesquisando, procurando os problemas. 
Seja como for, existe uma fase incial da procura de um problema conhecida por 
fase de identificação do problema. Uma vez identificado o problema seguem-se 
as acções subsequentes que é o da preparação. 
 
Na preparação, o indivíduo colecta dados disponíveis, avalia os possíveis 
constrangimentos e coloca metas a alcançar. Se, por exemplo, você está a 
estudar a disciplina de Psicologia Geral e não percebe alguns conteúdos o que 
pensará que seja a causa? Ali começa a avaliação das restrições que fazem com 
que não compreenda esses conteúdos e a partir daí definirá metas. É possível 
que pense que você não percebe por causa da linguagem usada pelo autor do 
livro que está a ler, ou porque você anda muito cansado. A partir desta avaliação 
você definirá uma estratégia adequada para a resolução deste problema. 
 
Na tentativa de resolução de um problema, por vezes, surgem outros factores 
que impedem a resolução do mesmo. Imagine que um aluno se matricule num 
curso profissionalizante e descubra que existem disciplinas muito difíceis. Isto 
será, portanto, um factor que impedirá a progressão desse aluno. Aprendizagem 
passada pode, por vezes, influenciar na resolução de problemas de forma 
positiva ou negativa. Imagine um indivíduo que aprenda a conduzir automóveis 
126 Lição nº 2 
 
ligeiros, não teria dificuldade em aprender a conduzir automóveis pesados, por 
exemplo. 
Quando as experiências passadas aumentam as habilidades gerais dos 
indivíduos na resolução, diz-se que ocorreu uma transferência positiva. 
Por outro lado, a aprendizagem anterior pode influenciar negativamente na 
resolução de problemas. Por exemplo, quando ensinamos as crianças a 
fazerem necessidades num pinico, estas crinças adquirem o hábito de defecar 
no pinico. Se pretendermos ensinar às mesmas crianças a defecar numa sanita, 
poderão depois ter dificuldades em fazê-lo. A isso se chama transferência 
negativa.. 
É importante que antes de seguir em frente na resolução de um determinado 
problema analise-o cuidadosamente e tome em consideração os factores que 
possam impedir na resolução deste. O caso do aluno citado deveria ter se 
informado sobre quais as disciplinas que o curso contém. 
Uma outra etapa da resolução do problema é a da solução do problema. Na 
solução do problema o indivíduo usa várias imagens mentais para enfrentar a 
tarefa. Imagine que você esteja numa gruta e não saiba exactamente qual é a 
saida. O que você faria? Depois da identificação do problema aparecer-lhe-ia 
uma série de imagens mentais sobre as possibilidades de saida da gruta. 
A última fase da solução do problema é avaliação. Quando encontrada a 
solução, a maior parte dos solucionadores avaliam os seus resultados, tendo em 
conta o objectivo definido na fase de preparação. Caso não seja adequado 
continua até encontrar a solução adequada. A avaliação depende da habilidade 
do solucionador, da sua personalidade e da natureza do próprio problema. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 127 
 
 
Lição nº 3 
Linguagem 
 
 
Duração: 2 (duas) horas 
Ao terminar esta lição será capaz de: 
• Identificar as propriedades da linguagem; 
• Estabelecer a relação entre linguagem e pensamento. 
Conceitos fundamentais: simbolismo, semântica. 
 
 
Frequentemente quando alguém fala da linguagem ocorre-nos a articulação das 
palavras. Contudo, a linguagem é mais do que isso. Um bebé pequeno que não 
sabe articular nenhuma palavra também usa linguagem para se comunicar com 
a sua mãe. Ela chora quando está com fome, barafusta quando está em 
desacordo. Quando falamos de linguagem referimo-nos a um conjunto de sinais 
usados pelos seres humanos e não só (os animais também usam linguagem) 
para se comunicarem uns aos outros. 
A linguagem representa um papel fundamental no comportamento humano 
porque ela permite transmitir ideias de pessoa para pessoa. 
Como nos referimos anteriormente, a linguagem não é apenas a articulação de 
palavras mas também a combinação de símbolos que possuem um significado e 
atrevés deles gerar uma mensagem. 
No estágio inicial de desenvolvimento da criança, a linguagem desenvolve-se a 
partir dos sons para a palavra. Toda a gente sabe que a criança pequena não 
fala, mas sim emite sons. A medida que vai emitindo sons, seus músculos 
vocais, o queixo, a língua, vão se fortificando produzindo uma variedade de sons 
128 Lição nº 3 
 
casuais. Passado algum tempo, três meses aproximadamente, surgem os 
primeiros balbúcios. Tente reparar isso no seu bebé recém-nascido ou no do 
vizinho ou seu parente. 
Para além de balbúcios o bebé desenvolve uma grande capacidade de 
diferenciar sons, isto é, uma capacidade de discriminá-los (discriminação 
auditiva). A partir destes pressupostos a criança vai aprendendo a fala. É 
evidente que não se pode esperar dela uma linguagem falada muito apurada 
como acontece nos adultos, mas ela começa a chamar os objectos pelos seus 
nomes próprios. No início, a criança aplica a mesma palavra para uma gama de 
coisas. Por exemplo, a palavra mamã pode ser aplicada para todas as mulheres. 
Na aquisição da linguagem pelas crianças ocorre o fenómeno de repetição das 
sílabas em palavras que têm mais do que uma sílaba. Neste caso, a primeira 
sílaba é que é repetida. Por exemplo, na palavra pai ou mãe (pa-i ou mã-e) a 
criança tenderá repetir a primeira sílaba. Assim diria “papa ou mamã” ou “wawa” 
para referir água 
Depois de um ano, as crinaças já dominam diversas formas de linguagem falada. 
Contudo, segundo resultados de pesquisas realizadas, as crianças adquirem as 
suas palavras lentamente, durante um período de três a quatro meses. A 
transição da palavra para a frase ocorre de entre os dezoito a vinte e quatro 
meses, altura em que a criança é já capaz de combinar palavras para formar 
uma frase. Segundo resultados de pesquisas feitas por Piaget, aos trinta meses, 
há uma expansão em termos de combinação de palavras para formar uma frase. 
Esta tendência deve-se supostamente pelo facto de a criança, ao brincar 
sozinha, encontrar muitos elementos estimuladores e isso facilita para 
desenvolver a representação. 
 
Propriedades da linguagem 
As propriedades da linguagem são: 
• Simbolismo; 
• Significativo ou semântica; 
• Reprodução e criatividade; 
• Estruturação e ordenamento; 
• Sintaxe. 
 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 129 
 
 
Os sistemas de linguagem incluem algumas propriedades fundamentais : 
 
Na linguangem Simbólica as pessoas usam sons falados e palavras escritas 
para representar objectos, acções, eventos e ideias. Os símbolos permitem fazer 
referência aos objectos e eventos que podem estar distantes de nós. 
Na linguagem Semântica ou Significativa usam-se símbolos arbitrários no 
sentido de que não existe uma relação implícita entre a aparência das palavras e 
os objectos que elas representam. Tomemos como a palavra portuguesa caneta 
e a inglesa pen. Embora essas palavras sejam arbitrárias, elas têm um 
significado partilhado pelas pessoas que falam português e Inglês. 
 
Na linguagem Reprodutiva ou Criativa combina-se um número limitado de 
símbolos de maneira infinita de modo que se possa gerar inúmeras mensagens. 
Por exemplo, cada um de nós tem o seu sotaque mas dia após dia criamos 
frases que nunca antes foram usadas, isto é, criamos novas frases. 
Linguagem Estruturada ou Ordenada. Isto significa que embora se possa gerar 
um número variado de frases estas devem ter uma estrutura e deve haver 
também uma limitação no número de palavaras que deve conter uma frase. Você 
já reparou num parágrafo sem pontuação? Podemosdizer por exemplo: “ O João 
escreveu uma linda frase” mas, não podemos dizer “ a Frase o esreveu João 
linda uma”. 
A estrutura da linguagem permite que as pessoas sejam criativas com as 
palavras e ainda se entendam mutuamente. 
 
Sintaxe é um sistema de regras que especifica como as palavras podem ser 
organizadas em frases. Uma regra simples da sintaxe é que as frases 
declarativas (afirmativas ou negativas) devem ter um sujeito e um predicado e 
um complemento. Por ex: “o som das maquinas é perturbador”, é uma frase. 
Entretanto, “o som das máquinas” não é uma frase porque não tem predicado . 
 
 
 
130 Lição nº 3 
 
Interacção pensamento e linguagem 
 
Um mundo sem linguagem seria um mundo sem conceito. A linguagem 
influencia o que pensamos, percebemos e lembramos. A educação, portanto, 
visa a aumentar o nosso poder de palavras e de pensamento. Um indivíduo que 
não pode pensar, não consegue dominar uma língua (idioma). 
A linguagem não é o único factor interveniente no pensamento pois, a 
experiência mostra que as imagens mentais também acompanham o 
pensamento. 
A linguagem e as imagens mentais estão presentes no pensamento, facilitando 
este processo. 
 
Um importante factor da actividade mental do homem é a sua ligação mental não 
só a cognição sensorial mas também com a linguagem ou fala. 
O pensamento e a linguagem representam a diferença fundamental entre o 
psiquismo humano e de outros animais, pois nele a cognição pode ser visível, 
indirecta e abstracta. 
Com as características de linguagem consegue-se fixar o conceito de objecto, a 
noção da palavra, por isso, é impossível separar do pensamento humano a 
língua, pois as bases para a formação do pensamento residem na formulação de 
ideias e é neste processo, que a linguagem é chamada a desempenhar o seu 
papel. 
Quanto mais profundo e bem ponderado é um certo pensamento, tanto mais 
clara e precisa será a sua expressão em palavras na linguagem oral ou escrita. 
Observações executadas no processo de experiências psicológicas demonstram 
que alguns alunos e inclusive, adultos deparam com dificuldades no processo de 
resolução de problemas, enquanto não formularem as suas considerações em 
voz alta. 
Portanto, a palavra e a formulação da ideia encerram as mais importantes 
premissas indispensáveis do pensamento discursivo, isto é, dividido 
logicamente, e é consciencializado. 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 131 
 
Sumário 
Depois de nos debruçarmos muito sobre o pensamento e sobre a linguagem 
podemos estabelecer alguns concensos em relação a esta matéria. Podemos 
assim dizer que as pessoas, ao pensarem utilizam mais quadros mentais que as 
descrições verbais. Isto quer dizer que, não pensamos geralmente em palavras 
embora isso aconteça, mas sim através de imagens que desfilam no nosso 
cérebro. Estas imagens podem ser visuais, auditivas, tácteis, gustativas 
acompanhando o processo do pensamento. O pensamento, no entanto, é 
caracterizado por uma fala interior do indivíduo pronunciando para si mesmo. A 
pessoa constrói frases incompletas sem, às vezes, nenhum sentido gramatical. 
A linguagem por seu turno possui um papel fundamental no comportamento 
humano porque ela permite transmitir ideias de pessoa para pessoa. 
 
A linguagem influencia o que pensamos, percebemos e lembramos. 
A educação, portanto, visa a aumentar o nosso poder de palavras e de 
pensamento. Um indivíduo que não pode pensar, não consegue dominar uma 
língua (idioma). 
A linguagem não é o único factor interveniente no pensamento pois, a 
experiência mostra que as imagens mentais também acompanham o 
pensamento. 
A linguagem e as imagens mentais estão presentes no pensamento, facilitando 
este processo. 
 
 
132 Lição nº 3 
 
Exercícios 
 
 
Auto-avaliação 
 
Chegou a hora de realizar um teste, para isso, serão necessários os 
seguintes materiais: 
o Uma folha A4; 
o Um lápis de carvão HB; 
o Uma borracha 
Agora leia com atenção as questões que se seguem e assinale com X no 
espaço da alínea que achar correcta . 
Não olhe para o guião de correcção, primeiro tente responder se não conseguir 
volte a ler o material e recursos de apoio. (correcção no fim da unidade). 
 
 
1. Qual das seguintes não é uma característica de linguagem (3.00 Valores)? 
A. É generativa (_____); 
B. É nomotética (______); 
C. É simbólica (______); 
D. Tem estrutura (_____) 
 
2. O elemento básico de qualquer língua é (3.00 Valores): 
A. O morfema (_____); 
B. O fonema (_____); 
C. A palavra (_____); 
D. O genoma (_____); 
 
3 . A criança de dois anos que se refere a qualquer animal de quatro patas como 
“au-au” está cometendo qual dos seguintes enganos (3.00 Valores)? 
A. Subextensão (_____); 
B. Superextensão (______); 
C. Super-regularização (_____); 
D. Sub-regularização (_____). 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 133 
 
 
4. Chomsky propunha qua as crianças aprendem uma língua (3.00Valores): 
A. Porque possuem um dispositivo para aquisiçaõ da linguagem que é inato 
(_____); 
B. Através da imitação, reforço e modelagem (_____); 
C. Pois a precisão de seu raciocínio melhora com a idade (_____); 
D. Porque elas precisam dela para conseguir alcançar objetivos cada vez mais 
complexos (_____). 
 
5 A hipótese da relatividade linguística é a noção de que (4.00 Valores): 
A. A língua determina a natureza do pensamento (_____); 
B. O pensamento determina a natureza da linguagem (_____); 
C. A linguagem e o pensamento são processos independentes um do outro 
(_____); 
D. A linguagem e opensamento interagem e influenciam um ao outro (_____). 
6. Na solução de problemas, as pessoa que são dependentes do campo (4.00 
Valores): 
A. Dependem de referências de estruturas externas (____); 
B. Tendem a aceitar o meio físico como condição determinante (____); 
C. Tendem a enfocar características específicas de um problema (____); 
D. Todas as anteriores (____): 
E. A e B (____). 
 
________________________________________________________________ 
Guião de Correcção do questionário. 
 
1. B 
2. B 
3. B 
4. A 
5. A 
6. E 
 
 
 
134 Lição nº 3 
 
 
Sumário 
Como afirmámos repetidas vezes sobre a importância deste processo, veja em 
resumo o que permite ao homem. 
A imaginação surge nas situações problemáticas onde a incerteza é maior, 
ajuda-nos a prever o futuro e a resolver problemas. 
Pela memória, o homem fixa o passado. Pela percepção, apreende o presente. A 
imaginação não só ajuda a alargar os horizontes da memória e da percepção, 
mas também, reconstrui o passado distante e devassa o presente oculto; 
Permite antecipar e construir o futuro, pois, é um dos processos mais 
importantes e o Homem um ser cujo nível de existência depende, antes de mais, 
do nível e desenvolvimento da sua capacidade inventiva; reflexos condicionados; 
cérebro, função dos hemisférios na a organização de imagens e ligação de 
imagens com realidade. 
Exercícios 
 
 
Auto-avaliação 
 
Quanto a imaginação pode realizar várias actividades. Aqui apresentamos 
algumas sugestões: 
1. Junte vários objectos conhecidos da sua casa ou escola e combine as 
várias propriedades de cada objecto para a obtenção de outros, cujas 
características são praticamente diferentes das originais (seja criativo e 
prático). 
2. Procure várias obras artístico-literárias e tente descobrir que imaginação 
foi usada para a sua criação. 
 
 
 
 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 135 
 
Unidade VI 
PERSONALIDADE 
Introdução 
Porque é que é importante estudar este tema? 
 
No processo de ensino e aprendizagem como na vida comum é muito importante 
compreender como é que os indivíduos respondem à situações e como se 
comportam diante delas. 
Este aspectoajuda a melhorar o relacionamento indidvidual e no caso do 
processo de ensino a direccionar e individualizar o próprio ensino tendo em 
conta as características de cada aluno. 
 
 
Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de: 
 
 
Objectivos 
 
 
 
ƒ Definir o conceito de personalidade sensação e percepção; 
ƒ Caracterizar os diferentes tipos de personalidade; 
ƒ Descrever os principais factores que influenciam o desenvolvimento da 
personalidade. 
 
 
136 Unidade VI 
 
 
Terminologia 
 
O conhecimento dos seguintes conceitos ajuda-lo-á a comprender melhor a 
personalidade: 
Indivíduo, individualidade, traço e personalidade. 
Conhecimentos prévios 
Para assegurar a compreensão deste unidade é necessário recorrer à 
conhecimentos sobre influências do meio, genética, sistema hormonal e sistema 
nervoso sobre o comportamento da pessoa humana. 
Bem vindo à quinta unidade sobre o estudo da Personalidade. Tal como 
acontece nos outros capítulos, começaremos por informar os principais aspectos 
a serem estudados neste unidade nomeadamente: 
ƒ O conceito de personalidade; 
ƒ As principais características ou propriedades da personalidade; 
ƒ Os factores que influem para o desenvolvimento da personalidade; 
ƒ As formas ou principais instrumentos utilizados na mensuração da 
persoalidade. 
Tempo : 3.h.30 min 
 
Para lhe ajudar a consolidar os conhecimentos que ao longo da leitura, 
discussão em grupo ou com o tutor efectuando, preparámos-lhe uma série de 
actividades parciais a partir das quais poderá entender melhor todo o processo 
atinente ao desenvolvimento da personalidade. Na medida do possível 
ilustraremos com exemplos práticos os aspectos mais salientes que ajudarão a 
clarificar conceitos e características que se relacionam com a personalidade. Por 
isso, não nos cansaríamos de, mais uma vez, aconselharmos-lhe a realizar todas 
as actividades propostas neste capítulo como forma de exercitar. 
 
 
 
 
 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 137 
 
Lição nº 1 
Conceito de personalidade 
 
 
Duração: 2 (duas) horas 
Ao terminar esta lição será capaz de: 
• Definir o conceito de personalidade 
• Diferenciar a personalidade do carácter 
Conceitos fundamentais: personalidade, carácter 
 
O que é a personalidade? 
 
Durante as conversas, sessões de trabalho passeio, onde quer que seja é 
comum ouvir-se pessoas a fazer menção deste termo –personalidade quando 
querem descrever as características de um indivíduo particular. Aquele indivíduo 
é calmo, não fala, ou fala quase sempre sem parar. É comum também associar 
estas características com a fisionomia de um indivíduo. Por ex: os indivíduos 
baixinhos são rebeldes ou são faladores. Estas palavras descrevem o indivíduo 
ou o seu modo habitual de ser e se comportar diante de situações adversas. 
 
O conceito de personalidade 
Do ponto de vista etimológico a palavra personalidade vem do latim persona que 
significa máscara usada por um actor. Neste sentido, o termo deixava 
transparecer dois aspectos essenciais: o aspecto exterior que representa o que 
se percebe aos olhos do observador e o papel desempenhado por este. Mais 
tarde, este termo foi usado para designar um indivíduo digno de nota, de 
respeito, que desempenha um papel preponderante. 
138 Lição nº 1 
 
Há que distinguir porém, a personalidade de carácter. Carácter designa 
essencialmente qualidades de valor de uma personalidade. A palavra carácter 
provém do grego “chrakter” que significa sinal, marca ou característica. Do ponto 
de vista psicológico, representa um conjunto de qualidades do indivíduo que 
manifestam a atitude deste perante a realidade (atitude em relação ao mundo 
que nos cerca, a nós mesmos, às outras pessoas e em relação ao trabalho), e 
também reguladora do comportamento. Também pode ser entendido como 
conjunto de traços psíquicos próprios do indivíduo e que se manifestam nas 
maneiras de actuar típicas determinadas pela atitude deste. 
Vezes sem conta encontramos indivíduos de personalidade espantosa mas que 
é mau carácter. Um professor, por exemplo, pode ser um profissional bem citado 
mas que constantemente falta respeito aos seus colegas. Aqui temos o exemplo 
de uma personalidade respeitada mas com carácter mau. Por outro lado, uma 
pessoa pode ter um carácter admirável e ter uma personalidade pouco 
admirável. Pensemos numa pessoa que é respeitadora mas, contudo, não 
granjeia admiração entre os seus colegas. A personalidade representa, por um 
lado, o modo como a pessoa se exprime e actua no seio dos outros. 
Para aclararmos a nossa discussão vamos nos servir deste exemplo extraído de 
Buhler: 
...”a minha mãe, uma mulher de 50 anos excepcionalmente feliz e bem instalada 
na vida ,foi e é sobretudo uma pessoa extraordinariamente amorosa. Este amor 
que ela sempre nos mostrou, a nós, filhos, foi para mim a minha maior felicidade 
desde a minha mais remota infância. Estarei sempre grata por este amor, porque 
me deu alegria de viver e o sentimento do meu próprio valor” (in Bulher, 1962:p 
236). 
Aqui podemos notar que existe uma relação entre a qualidade e o tempo. A 
relatora mostra os efeitos de um relacionamento que dista do tempo entre ela e a 
sua mãe destacando qualidades, tais como, amor para com os filhos e estado de 
felicidade. Esta relação cultivou na sua filha um sentimento de auto-valorização 
que também é uma qualidade da personalidade. 
 
Vejamos um segundo exemplo também extraido do mesmo autor. 
Ex: 2. A minha mãe era uma pessoa terrivelmente egoísta. Exigiu sempre muito 
dos filhos, e quando fazíamos alguma coisa que não lhe agradava, muitas vezes 
já não falava mais conosco. Por exemplo, desde o meu casamento não fala 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 139 
 
comigo, porque nao festejamos o casamento como ela o exigia. Durante toda a 
minha vida me carregou de complexos de culpa; também a minha doença actual 
esta relacionada com o facto de eu me sentir culpada. (in Buhler, 1962 p;236) 
Neste exemplo, a relatora destaca as qualidades negativas da sua mãe e a 
influência que essa educação teve na sua personalidade, tendo desenvolvido, 
por isso, complexo de culpa e consequentemente uma doença relacionada com 
o desenvolvimento desses complexos. 
Se prestar atenção poderá reparar que na descrição apresentada pela filha, tudo 
perde sentido devido ao efeito da personalidade sofrida por ela. 
 
 
Uma personalidade humana é constituída por um conjunto de aspectos 
ordenados. A falta de unidade interna desses aspectos cria aquilo que nós 
chamamos de doença mental. No exemplo a seguir nota-se que o indivíduo que 
faz a descrição da sua mãe não conhece as causas que conduziram a desunião 
interna dos aspectos da personalidade da sua mãe. Portanto, porque eram 
crianças naquela altura, ninguém conhecia exactamente os seus sentimentos. 
A minha mãe tem sobretudo um temperamento horrível. Quando lhe solta as 
rédeas fugimos todos. Contudo noutros momentos eh capaz de ser amorosa e 
amável. Lia-nos livros quando éramos crianças, ou ia conosco ao museu… (in 
Buhler, 1962 p:237) 
A pessoa descrita pode ser que estivesse doente e animada ao mesmo tempo 
pelo marido ou pelos pais ou ainda o seu comportamento resultar da falta de 
maturidade para com a vida. Isto nos indica que há uma determinada orientação 
fundamental sobre a qual representa o principal princípio de ordenação. Nos 
exemplos citados pode-se notar que um dos princípios é a posição amorosa da 
mãe, enquanto que no outro caracteriza-se por egoísmo. Contudo, no primeiro 
exemplo que apresentamos, a pessoa que relata tentou primeiro reunir todas as 
características que conhece acerca da sua mãe. Enquanto que, no segundo, o 
relator tenta descrever a sua mãea partir de uma característica central (o 
egoísmo) para poder compreendê-la. 
Isso indica que para podermos compreender uma pessoa precisamos primeiro 
de ter em conta a ordenação interna da personalidade dessa pessoa. 
140 Lição nº 1 
 
 
A complexidade de aspectos a tomar em conta na caracterização da 
personalidade leva a que surjam várias definições do termo personalidade. 
Contudo, nós iremos adoptar a definição de Allport por a considerar que vai de 
encontro daquilo que basicamente pode ser considerado de personalidade. 
Para Allport a personalidade: Para Allport a personalidade é a organização 
dinâmica, que resulta no íntimo de um indivíduo, daqueles sistemas psicofísicos 
que determinam o modo de adaptação ao meio característico e próprio de cada 
indivíduo (Buhler, 1962), ou ainda; 
“a organização dinâmica dos traços no interior do eu, formados a partir dos 
genes particulares que herdamos, das exigências singulares que suportamos e 
das percepções individuais que temos do mundo, capazes de tornar cada 
indivíduo único em sua maneira de ser e de desempenhar o seu papel social” 
(http://www.psiqweb.med.br/persona/personal.html) 
A Personalidade pode, então, ser precebida como um conjunto de 
características psicológicas que, desenvolvidas ao longo da vida e dotadas de 
uma relativa continuidade, nos diferencia uns dos outros (apesar de muitas 
semelhanças que possamos apresentar). 
Cada indivíduo é dotado de um modo de ser único no que respeita à forma como 
se vê a si próprio e aos outros, reage às situações e à presença ou ausência dos 
outros. 
Possui, portanto, uma identidade. Esta identidade nâo é estática mas dinâmica, 
desenvolve-se, aprofunda-se não estando nunca absolutamente definida. Em 
suma, compreender a personalidade humana é compreender o ser na sua 
totalidade. 
 
Ao aprofundar o conceito de personalidade podemos destacar vários aspectos: 
A personalidade é uma estrutura, uma totalidade dotada de organização e não 
uma simples acumulação de diversos aspectos; é um processo; é consistnte, 
uma maneira singular e relativamente constante de comportamento, de 
resposta às situações. Por isso, ela é um padrão psíquico e comportamental; 
exprime um modelo consistente de relação com o mundo e com os outros; torna, 
em certa medida, previsível a interacção social de um determinado indivíduo; é 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 141 
 
um conceito psicológico ligado a determinantes biológicos e sociais e exprime-se 
através de comportamentos, pensamentos e sentimentos. 
 
 
 
 
 
Exercicios 
Elabore um quadro típico de tipologias de carácter e temperamento destacando 
os principais aspectos contidos em cada tipologia e os grupos a que pertencem 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
142 Lição nº 2 
 
Lição nº 2 
Teorias de personalidade 
 
Duração: 2 (duas) horas 
Ao terminar esta lição será capaz de: 
• Descrever a teoria de psicanalítica da personalidade; 
• Indicar as fases de desenvolvimento da personalidade segundo a teoria 
psicanalítica. 
Conceitos fundamentais. complexo de édipo, fase fálica, libido. 
 
O conhecimento das teorias confere um papel importante no estudo da 
personalidade porque permite-nos entender os esforços que foram feitos no 
sentido de compreender este fenómeno e possivelmente dar assistência às 
pessoas que sofrem de perturbações no âmbito psicológico. 
Várias teorias da personalidade emergiram do contexto próprio de actividade de 
psicólogos, sendo o mais predominante o contexto clínico. As teorias baseadas 
no contexto clínico foram construídas com base nos dados colhidos em 
entrevistas com indivíduos perturbados. Outras teorias surgiram das 
observações e experiências laboratoriais as quais privilegiam o método 
estatístico para analisar e interpretar os fenómenos relacionados com o estudo 
da personalidade. Usam predominatemente quantidades consideráveis de 
pessoas normais a serem observadas ou mesmo animais. 
 
Teorias Psicodinâmicas da Personalidade 
Estas teorias baseiam-se na importância dos motivos e emoções e outras forças 
internas para explicar a natureza e desenvolvimento da personalidade 
argumentando que os conflitos psicológicos resolvem-se sempre no período em 
que a infância começa. Dos defensores destas teorias podemos citar Sigmund 
Freud, Carl Jung, Alfred Adler, Caren Horney, Harry Stack Sulivan e Eric Erikson. 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 143 
 
 
A teoria Psicanalítica de Sigmund Freud 
No início deste capítulo referimo-nos de Freud quando abordávamos a questão 
das tipologias da personalidade. Sigmund Freud nasceu e morreu entre 1856 e 
1939. A sua teoria da personalidade foi desenvolvida quando trabalhava com 
pacientes neuróticos na busca de “insights” que lhe permitissem entender a 
personalidade humana. Das experiências colhidas nas observações construiu 
uma teoria que se designou de Psicanálise a qual explicava os eventos normais 
e anormais e o modo de tratamento destes últimos. A teoria Freudiana foi 
construída em torno de um conceito-chave que ele designou de inconsciente. 
 
 
O conceito do inconsciente de Freud 
Para Freud, os aspectos conscientes (memórias, pensamentos, sentimentos, 
desejos) nas pessoas constituem apenas uma pequeníssima parte da vida 
psíquica do indivíduo. Abaixo da percepção existem aqueles que ele chamou de 
pré-conscientes os quais às vezes podem ser recuperados e trazidos à 
consciência. Contudo, grande parte dos eventos psicológicos encontram-se 
alojados no inconsciente que constitui um vasto arsenal dos eventos da nossa 
vida psíquica. Neste arsenal é onde se alojam os desejos do indivíduo que até 
certo ponto podem ser trazidos à consciência através dos sonhos, lapsos de 
linguagem, enganos, acidentes e livre associação. 
 
A teroria Freudiana advoga que os impulsos, as lembranças dolorosas das 
experiências adquiridas na infância são guardados no inconsciente. Esses, 
impulsos são vistos por Freud como sendo impulsos sexuais. A palavra 
sexualidade para Freud representava todas as acções e pensamentos que dão 
prazer e não propriamente o acto sexual. Estes impulsos produzem uma energia 
psíquica que se chama libido a força motora do comportamento e actividade 
humana. Se os impulsos sexuais não são satisfeitos, a energia psíquica vai-se 
acumular provocando uma pressão que pode ser aumentada pelos conflitos. 
 
144 Lição nº 2 
 
Para Freud, a personalidade é composta por três instâncias fundamentais: o id, o 
ego e o superego. O id é a parte da personalidade dominada pels impulsos. O id 
não possui valores morais e guia-se pelo principio do prazer o qual pressiona-o 
constantemente para que os impulsos seam satisfeito sob o risco de eles se 
tornarem nocivos a personalidade e criar, portanto, disturbios psíquicos. Estes 
prazers podem ser satisfeitos também através do sonho que constitui portanto, 
um escape. Freud considera que este processo primário constitui uma forma 
infantil de actividade mental. 
 
O ego é para Freud a consciência e surge nas crianças como uma forma de 
relação com o ambiente e serve para regular os desejos e necessidades próprias 
destas. O ego vem do id e foi modificado pela sua proximidade com o mundo 
exterior. A tarefa fundamental do ego é identificar quais os objectos reais 
capazes de satisfazer as necessidades do id. O ego é controlável e actual sob o 
princípio da realidade, isto é, diferentemente do id, ele procura a satisfação das 
necessidades olhando para a realidade. 
 
O superego é a instância do psíquico que lida com as normas sociais. Ele força o 
id levando-o a observar as normas e valores morais na satisfação das 
necessidades do indivíduo. 
 
Freud e desenvolvimento da personalidadeNa concepção de Freud a personalidade é moldada a partir da infância quando a 
criança tenta satisfazer as suas necessidades através das fases psicossexuais. 
O termo psicossexual refere-se a libido (energia sexual) a qual se centra em 
diferentes partes do corpo ao longo do desenvolvimento da criança. Segundo 
Freud esta energia libidinal situa-se fundamentalmente na boca, no ânus e nos 
órgãos genitais e vai se focalizando nestas diferentes zonas ao longo do 
desenvolvimento da criança. Portanto, quando ela se fixa numa determinada 
zona o indivÍduo procura a satisfação dos seus desejos através desta zona 
 
Fase oral (primeiro ano de vida) 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 145 
 
Durante os primeiros momentos de vida da criança, a energia libidinal centra-se 
na boca fundamentalmente levando a que o bebé tenha prazer em sugar, morder 
os objectos com os quais se relaciona. O desmame constitui uma fase de 
conflito, porque a criança quererá ainda continuar a chupar o seio da mãe como 
uma forma de libertação das energias libidinais que se encontram alojados na 
zona buco-labial. Se esta fase nao for suficientemente satisfeita correr-se-á já na 
vida adulta o risco de exibir tendências e traços orais que se manifestam através 
da gula, dependência, e passividade, fumar, mastigar pastilhas, falar 
excessivamente. 
 
Fase anal (2-3 anos) 
Esta fase ocorre durante o segundo ano de vida da criança e consiste no prazer 
que ela tem de reter e expelir as feses. O prazer da criança neste caso consiste 
em reter e expelir os esfincteres colidindo assim com as restrições da sociedade. 
O grande conflito na criança surge, portanto, na tentativa de educá-la a controlar 
através do uso do toilete os seus esfincteres levando a que algumas 
desobedeçam a ordem dos seus superiores tentando evacuar em lugares 
inoportunos. A retenção dos esfincteres pela criança cria um prazer suave nas 
paredes dos intestinos levando-as a repetir esta sensação agradável. 
 
Fase fálica (3-5 anos) 
Segundo Freud, esta fase é uma fase em que as crinças descobrem os seus 
órgãos sexuais genitais e sua função de criação do prazer. É uma fase segundo 
ele em que a criança começa com as suas aventuras sexuais como por exemplo 
a masturbação. Nesta fase, a criança projecta um amor excessivo ao pai ou mãe 
do sexo oposto tornando-se rival com um dos pais do mesmo sexo. Este conflito, 
quando ocorre com uma criança do sexo feminino é designado de complexo de 
electra e quando ocorre com criança do sexo masculino, designa-se de 
complexo de edipo. 
A fase de latência ( 6 anos à puberdade) 
Para Freud, a personalidade encontra-se quase essencialmente formada na fase 
fálica. Nessta fase as necessidades sexuais da criança encontram-se como que 
adormecidas sem ocorrência de algum conflito de personalidade. Este período é 
também designado de fase de lactência. 
146 Lição nº 2 
 
 
A fase genital (adolescência) 
Esta fase coincide com a chegada da puberdade em que os interesses sexuais 
tornam-se novamente a revelarem-se. Nesta fase, as actividades orientam-se 
para a cultura e as pessoas criam relações umas às outras. 
 
Crítica a teoria psicanalítica 
A teoria Psicanalítica de Freud teve seu mérito no sentido de que trouxe muitos 
conceitos para o público em geral. Conceitos como necessidades orais, impulsos 
inconscientes, complexos de édipo, etc, são alguns dos mais comumente 
usados. Por outro lado, os cientistas concorda com o facto de que se deve ter 
em conta a experiência inicial quando se analisa a questão do desenvolvimento 
da personalidade e que as pessoas são, por vezes, influenciadas por motivos 
inconscientes. 
No entanto, a teoria freudiana sofreu duras críticas por não considerar na sua 
abordagem as influências sociais e culturais sobre o desenvolvimento da 
personalidade. Os procedimentos usados por Freud e a linguagem usada por 
este é igualmente contestada por alguns cientistas. 
 
Exercícios 
Indique quais as componentes da personalidade que poderiam ser rotulados 
como pertencentes ao id, ego e superego. 
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________ 
2. Indique algumas ideias freudianas que podem ser testadas através de 
observações directas. Indique as que não podem ser verificadas através da 
observação. 
________________________________________________________________
________________________________________________________________
______________________________________________________________ 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 147 
 
Lição nº 3 
Teorias neufreudianas 
 
Duração: 2 (duas) horas 
Ao terminar esta lição será capaz de: 
• Descrever as teorias neofreudianas e fenomenológicas da 
personalidade; 
• Indicar as diferentes abordagens da personalidade de acordo com as 
teorias neofreudianas e comparar com as teorias fenomenológicas; 
Conceitos fundamentais: Introversão e extroversão, o eu. 
 
 
Carl Gustav Jung 
Nasceu e morreu entre 1875 e 1961. Foi um psiquiatra suiço discípulo de Freud 
mas separou-se deste criando a sua própria noção de personalidade. Ele 
discordava com Freud sobre a noção de que a libido representava inteiramente a 
sexualidade e que estava orientada para o princípio do prazer. Ele introduziu a 
noção do incosciente colectivo para explicar a ideia de que os seres humanos 
trazem consigo um inconsciente colectivo o qual detêm as memórias dos 
ancestrais, suas memórias e experiências. De acordo com Jung estas memórias 
produzem desilusões e fantasias. Há presunção de que os mitos religiosos e os 
enunciados poéticos provenham desta fonte. Jung considera que as pessoas 
também nascem com um inconsciente pessoal onde guardam as memórias 
individuais reprimidas. 
 
Alfred Adler 
Nasceu e viveu entre 1870 e 1937. Foi um psiquiatra suiço também discípulo de 
Freud que veio se afastar dele mais tarde. Como Jung não concordou com a 
atribuição da sexualidade como força fundamental da personalidade. Deu maior 
148 Lição nº 3 
 
valor às influências culturais sobre o comportamento, argumentando que a 
personalidade é estritamente ligada ao aspecto social. Colocou a questão dos 
sentimentos de inferioridade como ligada à motivação. 
 
Karen Horney 
Uma psicóloga alemã que nasceu e viveu entre 1885 a 1952 também uma das 
seguidoras de Freud. Como Adler. Ela dá importância ao contexto social no 
desenvolvimento da personalidade e considera que as ideias de Freud eram 
muito rígidas. Negou a teoria do impulso avançada por Freud e considerou que a 
personalidade é resultado das experiências variadas das crianças. Atribuiu um 
efeito nefasto do isolamento e desamparo como consquência das primeiras 
interacções entre pais e filhos, as quais bloqueiam o crescimento interior da 
criança. 
Hurry Stack Sullivan 
Foi um psiquiatra americano viveu entre 1892 e 1949. Como Adler e Horney deu 
maior importância aos relacionamentos sociais no desenvolvimento da 
personalidade. Considerava que os comportamentos desviantes ou aceitáveis 
moldam-se através da interacção com os pais durante a fase da socialização da 
criança. Considerou que o comportamento das pessoas era impelido por dois 
tipos de necessidades: as de segurança e as biológicas. 
 
Erik Erikson 
Nasceu em 1902 e foi um psicanalista americano que teve muitos antecedentes 
internacionais. De acordo com este psicanalista as personalidades formam-se à 
medida que as pessoas vao progredindo pelos estágios psicossociais através da 
vida. Em cada novo estágio surge sempre um conflito a resolver na qual há 
sempre uma solução positiva e uma negativa para cada problema.Estes 
conflitos sempre existem a partir do nascimento mas se tornam predominantes 
em cada em cada ponto específico da vida. 
 
 
 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 149 
 
Idade aproximada Fases psicossexuais de 
Freud 
Fases psicossociais de 
Erikson 
Primeiro ano Oral Confiança básica vs. 
Desconfiança 
2-3 anos Anal Autonomia vs. vergonha, 
duvida 
3-5 anos Fálica Iniciativa vs. Culpa 
6 anos à puberdade Latência Deligência vs. Inferioridade 
Adolescência Genital Identidade vs. confusão de 
papel 
Adulto jovem Intimidade vs. Isolamento 
Meia-idade Geratividade vs. auto 
absorção 
Idade adulta ulterior Integridade vs. Desespero 
 
Exercico 
1. Destaque as diferenças e semelhanças entre as teorias freudianas e 
neofreudianas. 
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________ 
2. Faça um quadro comparativo das fases de desenvolvimento de Freud e 
Erikson. 
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________ 
 
150 Lição nº 3 
 
3. Como testaria as ideias de Erikson de que todos os adolecescentes sentem 
uma crise de identidade? 
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________ 
 
Teorias Fenomenológicas da personalidade 
As teorias fenomenológicas da personalidade baseiam-se em procurar entender 
os “eus” e suas perspectivas de vida. Os cientistas fenomenológicos assumem 
uma visão que parte do princípio de que para se estudar um indivíduo, é preciso 
partir do conceito da sua totalidade e não em partes. A visão adoptada é uma 
visão holística na qual não se deve estudar um fenómeno fragmentando-o. Os 
fenomenalistas consideram o “eu” como um fenómeno interno que se forma 
através de interacções com o mundo circundante. O modelo do “eu” influencia as 
acções do indivíduo, e estes, por sua vez, afectam o próprio modelo do eu. Na 
perspectiva fenomenológica o objecto central da motovação humana é lutar por 
autorealizar-se. 
 
A teoria do “Eu” de Carl Rogers 
Carl Rogers nasceu em 1902 e foi um proeminente psicológo bem conhecido na 
arena cientifica. 
O “eu” ou “autoconceito” são termos que definem um padrão organizado, e 
coerente de características percebidas do “eu” ou “mim” que se acrescem aos 
valores concedidos a esses atributos (Davidoff, 1983:532). Este auto conceito se 
desenvolve nas crianças através da observação de como elas próprias 
funcionam vigiando o comportamento dos outros. As crianças em idade mais 
nova começam muito cedo a conhecer e ter consciência do que é ou não 
coerente e atribuem-se a si os mesmos traços específicos (ex; enervar-se 
facilmente ou ter uma certa energia). Portanto, a infância para Rogers é um 
momento especial e oportuno para desenvolver a persornalidade. Ele dá 
importância aos efeitos duradoiros do das relações sociais como os 
neofreudianos os consideram. Ele considera também que todos precisam de 
uma consideração positiva, de receberem calor e aceitação de outras pessoas e 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 151 
 
as crianças tendem sempre a fazer qualquer coisa para que obtenha essa 
consideração positiva calor e aceitação. 
O que leva as pessoas a acção é o desejo de realizar as suas pontencialidades. 
 
 
Exercicios 
1. Destaque a semelhança e diferenças entre as teorias de Roger e de 
Freud. 
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________ 
2. Explique a essência da teoria fenomenológica. 
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
152 Lição nº 4 
 
 
Lição nº 4 
Teorias Disposicionais ou Traços 
da Personalidade 
 
 
Duração: 2 (duas) horas 
Ao terminar esta lição será capaz de: 
• Descrever as teorias disposicionais ou de traços da personalidade; 
• Indicar as diferentes abordagens da personalidade de acordo com as 
teorias disposicionais ou de traços da personalidade. 
Conceitos fundamentais: figura fundo, agrupamento, constância. 
 
A definição da personalidade estendeu-se desde a constituição biotipológica 
(cor dos olhos, dos cabelos, da pele, etc.) à estatura do corpo, assim como às 
maneiras como o indivíduo se relaciona com o mundo (temperamento, traços 
afectivos, etc.) 
As Teorias Disposicionais ou de Traços da Personalidade caracterizam a 
personalidade atribuindo-lhe certos traços. Os traços são características 
isoladas. Por exemplo, descrever um indivíduo como submisso, intelectual são 
apenas alguns dos exemplos da teoria dos traços da personalidade. 
Outra forma de descrever a personalidade é tipificá-la. A tipificação é de certa 
maneira um pouco diferente da atribuição dos traços pelo seguinte: 
1. Os traços referem-se a certos aspectos específicos da personalidade, 
enquanto que a tipificação faz referência à personalidade inteira; 
2. A tipificação tende por sua vez aglomerar os traços específicos. Um tipo 
intelectual, por exemplo, pode ter um coeficiente de inteligência alto e 
baixa capacidade social e atlética. 
 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 153 
 
A teoria dos traços de Raymond Cattell 
Raymond Cattell nasceu em 1905 e foi um grande pesquisador interessando-se 
em medir os principais componentes da personalidade. Ele e os eus associados 
conseguiram colectar 18.000 palavras inglesas que são usadas para caracterizar 
pessoas. Este número foi depois reduzido através de omissões de expressões 
raras e sobrepostas para aproximadamente 200 itens. Para tornar a lista mais 
compacta Catell pediu que os seus associados usassem essas palavras para se 
descreverem a si próprios e aos seus amigos. As expressões utilizadas foram 
analisadas usando um método matemático a que ficou conhecido por análise 
factorial. Estes termos eram depois correlacionados entre si para verificar se 
aqueles que pertenciam ao mesmo traço estavam ou não relacionados. Deste 
correlacionamento foram identificados dezasseis grupos que foram depois 
rotulados com letras (A, B, C, F, H, I ,L M, N, Q1, Q2, Q3, Q4) e posteriormente 
com nomes dos traços os quais foram considerados como dimensões básicas da 
personalidade. Consulte o gráfico no livro Linda Davidoff. 
Catell e seus associados desenvolveram também vários questionários para 
recolha de auto relatos dos indivíduos e grupos. 
 
 
 
A Teoria dos Tipos de William Sheldon (1898 e 1977) 
 
As teorias tipológicas preocupam-se fundamentalmetne em descrever os traços 
da personalidade consoante um determinado tipo de corpo. Para Sheldon 
consoante o corpo de indivíduo este tenderá a manifestar um certo tipo de de 
personalidade. Na sua óptica ele argumentava que todo o ser possui 
características físicas que, por sua vez, determinam as actividades deste. Nesseconjunto de actividades há uma tendência de se destacar as mais salientes. 
Contudo, há uma distinção a fazer. Enquanto as teorias procuram indicar as 
características que convêm a um determinado indivíduo, as tipologias visam 
integrar os indivíduos em dados tipos constituidos segundo características 
comuns. Isto é, as teorias caracterizam o indivíduo, as tipologias procuram a 
inclusão do indivíduo em classes. 
154 Lição nº 4 
 
Assim, a caracterologia esforça-se por encontrar elementos comuns, cuja 
combinação torne possível definir tipos de carácter ou temperamento. Algumas 
destas biotipologias pertence a Sheldon, Kretschmer e Corman. 
Sheldon: este caracterólogo procurou avaliar certos aspectos da personalidade 
a que chamou temperamento, fazendo-os depender de três componentes 
morfológicos: endomorfia, mesomorfia e ectomorfia. 
Estes termos provêm do nome das três camadas de células do indivíduo, sendo 
a endoderme a que origina os aparelhos digestivo e respiratório. Da mesoderme 
formam-se os músculos e o esqueleto. A ectoderme é responsável pela 
superfície do corpo e aparelhos sensoriais, bem como pelo sistema nervoso. 
Assim se constituem somatótipos diferentes, consoante a predominância 
daquelas dimensões numa escala que Sheldon considera de um a sete. 
Tipo somático endomorfo – corresponde ao indivíduo gordo, abdómen 
saliente, com braços curtos, pescoço baixo, cabelos finos e tendência à calvície 
precoce; a este conjunto de disposições Sheldon correlacionou com o tipo de 
temperamento viscerotónico cujas características são: (relaxamento da atitude e 
do movimento, gosto pelo conforto físico, reacções lentas, prazer em dirigir, 
avidez por afeição e apropriação, igualdade do fluxo emocional, contentamento 
consigo próprio, comunicação fácil e livre dos sentimentos, extrovertido, etc). 
No mesomorfo – o volume do tórax é superior ao do abdómen, os membros são 
musculados, os ossos fortes e salintes, tendo no seu conjunto uma estrutura 
robusta; à essas características morfológicas corresponde o temperamento 
somatotónico cujas características são: (firmeza da atitude e do movimento, 
gosto pelas acções físicas e pelo risco, dureza psicológica, ausência de piedade 
e de delicadeza, indiferença pela dor, extrovertido, necessidade de acção em 
caso de aflição, etc). 
 
O ectomorfo – é marcado pela fragilidade e delicadeza do corpo, é magro, tem 
ombros estreitos e o tronco curvado para frente, pele fina e de cor pálida; que 
corresponde ao temperamento cerebrotónico cujas características são: (retenção 
da atitude e do movimento, reacções fisiológicas excessivas, segredo 
sentimental, hipersensibilidade dor, introvertido, necessidade de solidão em caso 
de aflição, etc). 
 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 155 
 
Uma das críticas apontadas às conclusões de Sheldon, centra-se no método 
usado nas suas investigações. Como foi a mesma pessoa a classificar a 
estrutura física e a determinar os tipos de temperamento, pode ter sido 
influenciada pelo físico de um indivíduo, quando procurava classificá-lo 
temperalmente e outra está relacionada com o facto de Sheldon considerar que 
as correlações entre tipo somático e temperamento são inatas e hereditárias. 
A tipologia de Kretschmer 
Kretschmer um psiquiatra alemão Kretschmer apresentou também a sua 
tipologia marcadamente morfológica construida com base na observação de 
casos patológicos. Kretschmer propôs no seu quadro de personalidade três tipos 
morfológicos fundamentais a saber: o pícnico, o atlético e o leptossómico 
correspondentes ao endomorfo, mesomorfo e ectomorfo na tipologia de sheldon. 
O pícnico possui uma característica corporal caracteirzada por predominância 
da extroversão, quer dizer, aberto para com os outros e com pouca profundidade 
nos seus sentimentos. No sentido patológico, o pícnico pode tender a um 
comportamento maníaco depressivo. 
 
O tipo atlético é caracterizado pela rigidez e tenacidade do tonus muscular bem 
como nas suas na atitudes e possui uma vida sentimental predominantemente 
pouco expressiva. O atlético é perservado quanto ao alcance dos seus 
objectivos. No sentido patológico ele tende a apresentar sintomas epilépticos. 
 
O leptossómico é um indivíduo caracterizado pela predominância da 
introversão e tende a se fechar no seu proprio mundo de ideias conservando-se 
distante das pessoas que rodeiam. Em contrapartida o leptossómatico conserva 
sentimentos muito profundos. No plano patológico conserva um quadro tendente 
à esquizofrenia. 
 
 
 
 
 
 
156 Lição nº 5 
 
Lição nº 5 
Teoria behaviorista da 
personalidade 
 
 
 
Duração: 2 (duas) horas 
Ao terminar esta lição será capaz de: 
• Descrever as teorias behavioristas da personalidade 
• Indicar as diferentes abordagens das teorias behavioriastas da 
personanalidade 
• Indicar e descrever os principais transtornos da personalidade. 
Conceitos fundamentais: personalidade esquizoide, esquizotípica 
 
Os behavioristas ou comportamentalistas tendem a dar muita importância à 
experimentação obervando e medindo respostas fisiológicas, actos observáveis 
e outros fenómenos passíves de medição. Para entender o que é a 
personalidade as vezes utilizam animais em laboratórios os quais são 
submetidos a experiências próprias. 
 
O Behaviorismo de B. F. Skinner 
Skinner nasceu em 1904 e destacou-se no trabalho com animais nos 
laboratórios condicionando o comportamento destes. O seu trabalho baseou-se 
em condicionamento operante. A sua visão de personalidade associa-se ao 
behaviorismo radical. Skinner considera que a personalidde é apenas uma ficção 
na qual as pessoas tentam fazer inferências sobre características subjacentes 
(motivos, traços , capacidades) as quais só existem na mente do observador e 
não na pessoa visada. Ele considera que o trabalho dos psicólogos deve 
focalizar na compreensão do que os organismos fazem. 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 157 
 
As ideias de Skinner sobre o comportamento é de que este só pode ser 
explicado através de forças genéticas e ambientais. Ele dá importância à 
experiência e os princípios simples de condicionamento como por exemplo o 
reforço, a extinção, contracondicionamento e discriminação na produção de um 
comportamento dado. 
Skinner considera ainda que o comportamento de um indivíduo depende de 
factores essencialmente independentes, portanto incontroláveis. Não se deve por 
isso esperar uma coerência entre esses factores. 
 
 
Transtornos da personalidade 
Os transtornos da personalidade represntam funções mal-adapativas dos 
próprios traços de personaldade de um indivíduo. Isto quer dizer que um 
transtorno de personalidade começa quando aquilo que consideramos um traço 
normal de personalidade de um indivíduo atinge dimensões anormais, 
apresentando sintomas patológicos. Existem tantos tipos de transtornos de 
personalidade quanto os diferentes enfoques em relação a esta matéria. 
Contudo, nós nos iremos referir a alguns destes transtornos que consideramos 
fundamentais para o seu estudo. Os seus conhecimentos sobre os transtornos 
de personalidade poderão ser enriquecidos lendo fichas adicionais sobre esta 
matéria. 
A personalidade Paranóide 
Um paranóico vive constantemente desconfiando e suspeitando que os outros o 
maltram ou enganam-no. Ele levanta sempre dúvidas sem fundamento acerca do 
grau de sinceridade e lealdade e cada vez confia menos aos seus amigos. A sua 
desconfiança pelos seus amigos fundamenta-se no facto de que estes podem 
estar a usar informações a seu respeito para o denigrir. Ele vê maldade e 
humilhação em todos os acontecimentos sejam eles benignos ou malignos e 
guarda rancores para com as pessoas. Não permite a que outras pessoas o 
insultem. Quando se lhe é atacado ele reage rapidamentecom com raiva e 
contra-ataca. Frequentemente suspeita do seu parceiro sexual ou cônjuge. 
Transtorno da Personalidade Paranóide 
 
158 Lição nº 5 
 
Personalidade esquizóide 
O esquizóide não gosta de se relacionar intimamente com ninguém e nem 
deseja fazer parte de uma família. Opta por actividades solitárias e não se 
interessa em adquirir experiências sexuais com outra pessoa. Não consegue 
construir uma amizade íntima se não com os seus parentes de primeiro grau. 
Mostra-se completamente apático e indiferente às críticas de outras pessoas. É 
emocionalmente frio e distantancia-se dos outros. 
 
Personalidade anti-social 
O anti-social apresenta fraquezas quanto ao cumprimento das normas sociais. 
Tende a enganar as pessoas mentindo frequentemente para obter vantagens 
pessoais. É impulsivo e não consegue planificar o seu futuro. Irrita-se e agride 
corporalmente e com frequência os seus opositores. Mostra um desrepeito pela 
sua propria segurança e da dos outros, assim como pelo trabalho e não gosta de 
honrar com as suas obrigações financeiras. O anti-social é um individuo sem 
remorsos por ter ferido ou roubado alguem. 
 
Personalidade Esquizotípica 
O esquizotípico acredita de uma forma bizarra em superstições, telepatias, 
crença em clarividência ou no “sexto sentido”. Tem preocupações bizarras e é 
assolado de experiências perceptivas foram do comum inculindo ilusões 
somáticas. O seu discurso é vago, circunstancial e cheio de metáforas. 
Desconfia sempre nas pessoas. Não tem amigos íntimos e sofre de ansiedade 
social em excesso apresentando um comportamento esquisito e peculiar. 
 
 
 
 
 
 
 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 159 
 
 
Lição nº 6 
Factores que influenciam o 
desenvonvimento da 
personalidade 
 
 
 
Duração: 2 (duas) horas 
Ao terminar esta lição será capaz de: 
• Indicar e descrever os factores que inlfuenciam o desenvolvimento da 
personalidade. 
• Comparar os diversos factores que influenciam o desenvolvimento da 
personalidade. 
Conceito fundamental: Hereditariedade 
 
 
O desenvolvimento da personalidade do Homem não começa apenas na idade 
adulta. Podemos dizer que a idade adulta marca o culmunar de uma série de 
transformações quer ao nível psíquico como biológico que ocorreram ao longo 
do tempo. Desde ao seu nascimento ou mesmo antes disso, o indivíduo é 
exposto a uma série de estimulações de diversa ordem. Estas estimulações 
influem no seu crescimento, isto é, ditam de certa forma o seu desenvolvimento 
psíquico, biológico, quer dizer, da sua personalidade. De entre as diversas 
estimulações que o indivíduo recebe e por sinal as mais marcantes parecem ser 
de origem ambiental. Entendemos por estimulações do meio ambiente tudo 
aquilo que circunda o indivíduo. 
 
Contudo, o indivíduo muito antes de tornar um ser social recebe dos seus 
progenitores uma carga biogenética que o permite adaptar-se às condições 
160 Lição nº 6 
 
adversas do meio ambinte. A carga genética (hereditária) é aquilo que o 
indivíduo recebe como heran,ca física transmitida pelos seus progenitores (pais) 
no momento da gestação. 
O meio ambiente é influenciado por vários outros factores de entre os quais se 
destacam: 
 
O meio químico pré-natal que corresponde às influências de ordem química que 
o fecto recebe na altura da gestação. É sabido quão são influentes os diferentes 
agentes químicos (drogas) no desenvolvimento do fecto. Isto significa que se a 
mãe do bebé é alcólatra poderá influenciar no desenvolvimento da criança. 
Possivelmente se deformará devido aos efeitos nocivos do álcool ou outras 
drogas consumidas pela mãe. 
 
Do mesmo modo que as influências químicas pré-natais afectam o 
desenvolvimento do fecto materno, o bebé sofrerá outros efeitos químicos após o 
seu nascimento; o meio químco pós-natal. Depois de nascer o bebé 
frequentemente está em contacto com agentes nocivos do ambiente. Comidas 
contaminadas por bactérias, falta de oxigénio ou nutrição inadequada afectarão o 
desenvolvimento deste bebé 
 
O outro factor determinante no desenvolvimento do indivíduo são as chamadas 
experiências sensoriais constantes. Os órgãos dos sentidos processam uma 
série de eventos quer antes ou depois do nascimento do indivíduo. Quando o 
indivíduo nasce é recebido no meio ambiente por uma variedade de estímulos 
que variam constantemente (vozes, sons, cheiros, contactos, etc). Estes 
estímulos têm uma influência marcante nos órgãos dos sentidos do bebé. 
 
Eventos físicos traumáticos refere-se à força com que os estímulos actuam no 
organismo do indivíduo podendo influenciar a qualidade os órgãos dos sentidos 
e consequentemente a sua capacidade de os discernir os diversos elementos da 
natureza. Imagine, por exemplo, que a criança sofreu um truma qualquer, esteve 
exposta a sons violentos. Ela desenvolverá uma fobia por sons altos. 
 
Outro elemento fundamental a ter em conta em relação é o facto de que diversas 
crianças possuem condições de crescimento diferentes. Pense, por exemplo, 
numa criança que viva numa grande cidade cujos pais sejam bem euducados e 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 161 
 
possuam uma condição económica favorável. Esta criança estará rodeiada de 
brinquedos, computadores, televisão que lhe ajudarão a se desenvolver 
rapidamente. Agora pense numa criança cujos pais são camponeses e vivem 
numa zona rural remota, sem televisão, nem computador. Esta criança terá uma 
maneira de visualizar o mundo que é diferente do da criança que vive na cidade. 
 
O meio ambiente interage continuamente com a hereditariedade influenciando o 
desenvolvimento do indivíduo. A criança nasce com o certo material genético do 
útero da sua mãe e o meio ambiente vai dando forma ao recém-nascido através 
de estimulações de diversa natureza. Tanto no meio uterino como fora deste as 
condições podem mudar afectando o desenvolvimento do indivíduo. 
 
A hereditariedade e desenvolvimento da personalidade do indivíduo 
O estudo da forma como a hereditariedade influencia o desenvolvimento do 
indivíduo tem sido matéria de estudo pelos psicólogos. Já em 1860 o psicólogo 
Francis Galton se interessou em saber o grau de influência da genética sobre os 
indivíduos génios. 
 
De certeza que já ouviu também falar de Charles Darwin e a sua teoria de 
desenvolvimento das espécies. Galton querendo um esclarecimento sobre como 
os individuos podem ser semelhantes aos seus progenitores estudou uma série 
de personalidades ilustres desde engenheiros, advogados, médicos. Dos 
resultados obtidos notou que várias destas personalidades tinham parentes que 
outrora também se evidenciaram em algumas dessas áreas. Descobriu também 
que a consanguinidade desempenhava um papel importante no desenvolvimento 
das pessoas. Isto é, os parentes consanguíneos e uma família de ilustres tinham 
mais probabilidades de serem ilustres que os não consaguíneos. É o que se diz 
na linguagem popular “filho de peixe sabe nadar”. Quer dizer, há uma certa dose 
de informação genética que é transmitida para o filho que vai influenciar de certa 
maneira no desenvolviemento deste. 
 
Em estudos semelhantes com gémeos univolares demonstraram uma 
coincidência entre os indivíduos quanto à questão de sociabilidade, pois estes 
tendiam a ser mais introvertidos (tímidos, reservados e retraidos) ou 
extrovertidos (comunicativos, activos e amistosos) do ponto de vista social que 
os gémeos fraternos. 
162 Lição nº 6 
 
Estes estudos mostram perfeitamente quão é influente a questão de 
hereditariedade no desenvolvimento da persoanlidade do indivíduo. 
 
O meio ambiente e desenvolvimento da personalidade 
O meio intra-uterino 
 
Ainda no útero da mãe a criança recebe estímulos de diversa natureza. Uma 
mãe quando se movimenta o feto reage de uma certamaneira. Não é por acaso 
que os médicos aconselham a mulher grávida para se movimentar com cuidado, 
não realizar trabalho pesado, priorizar o descanso, durante a gravidez. Estes 
movimentos podem afectar o estado do fecto no interior do útero da mãe. 
 
Um outro aspecto importante que advem do meio uterino está ligado com a sua 
da mãe durante a fase da gestação. As doenças, especialmente as febres 
podem prejudicar tambem o estado do bebé durante a gestação. Outras doenças 
crônicas tais como tuberculoses, diabetes, sifilis, gonorreia e infecções urinárias 
foram diagnosticadas como podendo afectar o estado de saúde e 
desenvolvimento do fecto em crescimento. Se uma mãe durante as primeiras 
semanas de gravidez tiver rubéola durrante a gravidez existe uma probabilidade 
muito alta de o bebé nascer deformado. Isto é devido ao facto de que os órgãos 
dos sentidos, o coração e o sistema nervoso do bebé em formação se 
desenvolvem com muita intensidade neste período. 
 
Um dos aspectos a observar também durante a fase da gestação é a dieta da 
mulher grávida. Pense nos conselhos médicos dados à sua parceira ou esposa 
durante a gravidez. Ela sempre deve seleccionar os alimentos que come. As 
mães subnutridas não são capazes alimentar adequadamente o bebé em 
crescimento nem a si mesmas e isso ameaça o desenvolvimento do bebé. 
 
Embora seja difícil de fazer um diagnóstico eficaz da influência dos produtos 
químicos na saúde da criança é já sabido que seu uso abusivo pela mãe durante 
a gravidez pode também afectar o desenvolvimento do bebé. Mencionamos no 
início deste assunto que uma mãe que consome drogas, tais como, alcool, 
marijuana, cocaina, etc., pode afectar a saúde do bebé em crescimento. 
Um outro aspecto importante é o estado emocional da mãe durante a gravidez. 
Uma mãe constantemente perturbada pode criar problemas na saúde do bebé. É 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 163 
 
evidente que as mulheres grávidas se aborrecem por tudo e por nada 
respondendo às emoções de cólera, ansidade. Quando isso acontece ocorre 
uma secreção abundante de hormonas da supra-renal que escorrem penetrando 
na corrente sanguínea do feto em crescimento. Se essa secreção for excessiva 
pode causar danos no feto. 
 
Em suma, o desenvolvimento da personalidade de um indivíduo depende dos 
factores ambientais e da hereditariedade. O indivíduo herda dos seus 
progenitores todos os códigos genéticos que vão permitir adapatar-se no meio. O 
meio ambiente, por sua vez, vai moldando o indivíduo estimulando o seu 
crescimento e adaptação as demandas do próprio meio. 
 
 
 
 
Exercícios 
1. Peça ao seu amigo ou colega para descrever os traços que 
caracterizam a sua pessoa. 
2. Descreva os traços específicos em si mesmo. 
3. Descreva os traços característicos de cinco crianças da sua 
turma. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
164 Lição nº 7 
 
Lição nº 7 
Formas instrumentos utilizados 
na mensuração da personalidade 
Duração: 2 (duas) horas 
Ao terminar esta lição será capaz de: 
 
• Indicar e descrever os principais instrumentos utilizados na mensuração 
da personalidade; 
• Conhecer e descrever as limitações técnicas de cada instrumento. 
Conceitos fundamentais: testes objectivos e testes projectivos 
 
Desde há muito tempo se preocuparam sobre como medir a personalidade do 
indivíduo, como diagnosticar e expilcar os diversos tipos de personalidade já 
decritos. Na verdade não é fácil fazer-se uma mensuração da personalidade. 
Nos últimos tempos verificou-se um interesse acentuado no desenvolvimento de 
instrumentos capazes de diagnosticar a personalidade de um indivíduo. Destes 
intrumentos se destacam as entrevistas, técnicas de observação e Testes. 
Entrevistas 
Constitui a técnica mais usada para avaliar a personalidade de um indivíduo. 
Esta técnica é amplamente usada em ambientes educacionais e vocacionais 
através de colecta de informação de uma forma individual aos sujeitos visados. 
Na técnica de entrevista, o entrevistador formula uma série de perguntas orais ao 
sujeito visado com o intuito de penetrar no seu interior analisando as suas 
respostas. Uma entrevista pode ser caracterizada por observação participante. O 
entrevistador é ao mesmo tempo observador e participa no processo. 
No entanto, uma entrevista tem os seus pontos fortes e pontos fracos. Casos 
existem em que o entrevistado é influenciado pelo entrevistador quer sugerindo 
as respostas que este pode dar, quer através da sua presença física. A 
entrevista pode criar um envolvimento emocional entre o entrevistado e o 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 165 
 
entrevistador distorcendo, consequentemente, a informação dada pelo 
entrevistado. Por outro lado, os dados fornecidos pelo entrevistador podem não 
ser exactos. Contudo, as entrevistas têm a vantagem de permitir a que o 
investigador possa seguir um indício e depois voltar para trás se constatar que 
existem falhas na informação dada. A efectividade desta técnica depende da 
maneira como o entrevistador obtem e interpreta os dados colhidos. 
Observações participantes e experiencias controladas 
Às vezes, a medição da personalidade tem como base as observações do 
comportamento do indivíduo em condições bem controladas ou em ambientes 
naturais. As observações e experiencias controladas tem a vantagem de reduzir 
as distorções e aumentam a precisão. Suponhamos que você estivesse 
interessado em seleccionar alunos com capaidades de construir uma casa uma 
palhota, por exemplo. Você pode observar estes indivíduos dando-os uma tarefa 
semelhante ao da construção da palhota. Depois seleccionará o mais habilidoso 
de entre os participantes na experiência. Um dos problemas, por exemplo, das 
experiementações é de colocar as pessoas em situações artificiais e inventadas 
que não estão de acordo com a realidade. Nestas situações, o psicólogo não irá 
se esclarecer a respeito das matérias pessoais. 
 
Os testes de personalidade 
Os testes de personalidade dividem-se em dois grandes gupos; os testes 
objectivos e os testes projectivos. 
Os testes objectivos 
Os instrumentos classificados de objectivos são considerados como produzindo 
os mesmos dados em qualquer lugar onde são aplicados. Este tipo de testes 
sofrem pouco das influências do indivíduo que as aplica. O teste de Estudo de 
Valores desenvolvido por Gordon Allport e seus colaboradores é um teste 
objectivo que visa avaliar os valores das pessoas e baseia-se em seis tipos de 
valores; valores religiosos (tem a ver com o senso de unidade no indivíduo), 
políticos (aspiração ao poder), sociais ( tem a ver com o serviço e o amor dos 
seres humanos) estéticos (forma e harmonia), económicos (enfatiza o que é útil) 
e os teóricos (que buscam a verdade). O teste de valores baseia-se em 
respostas de escolha múltipla e cada opção de resposta corresponde a um 
determinado valor. Em estudos efectuados usando este teste onde participaram 
166 Lição nº 7 
 
homens e mulheres verificou-se que as mulhere tem mais inclinação para os 
valores religiosos, sociais e estéticos e os Homens uma inclinação para os 
valores teóricos, económicos e políticos. Veja na tabela abaixo o exemplo de 
perguntas de Teste de Valores de Gordon Allport e seus colaboradores. 
Quadro ... Perguntas represenativas do teste de estudo de valores. 
1. Supondo que tenha capacidade suficiente, você prefereria ser 
(a) um banquerio ou (b) político? 
2. Numa discussão à noite com amigos do seu próprio sexo, 
todos íntimos, você está mais interessado quando fala a 
respeito (a) do significado da vida, (b) dos desenvolvimentos 
na ciencia, (c) da leitura ou (d) do socialismo e melhria social? 
 
O Inventário Psicológico Califórnia (IPC) é um teste objectivo que avalia dezoito 
dimensões de personalidade que avaliam as interacções sociais,tais como, a 
socialbilidade, auto-aceitação, auto-controle e flexibilidade. É um teste que 
contém 450 afirmações do tipo verdadeiro ou falso, por exemplo: 
• Gosto das reuniões sociais apenas para estar com as 
pessoas; 
• Ocasionalmente eu falo mal das pessoas; 
• Frequentemente as pessoas esperam demais de 
mim; 
• A minha vida em casa sempre foi feliz; 
• Gosto muito de bailes; 
• Gosto de Poesia; 
• Às vezes sinto que estou para cair aos pedaços. 
 
O Invetário Multifásico de Personalidade Minnesota (MMPI) é um teste 
constituido por 550 afirmações de tipo verdadeiro ou falso. Avalia um número 
maior de padrões normais de personalidade e pertubações de personalidade. É 
composto de escalas que diagnosticam a dimensões tais como a depressão, 
paranóia, esquizofrenia, e outros padrões de comportamento anormal. 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 167 
 
Limitações dos testes objectivos. 
A limitante dos testes objectivos são as mesmas que assolam as mensurações, 
dos auto-relatos, pois as pessoas podem decidir não cooperar com o 
examinador, consequentemente. 
 
._ _ _ _ _ _ pilotos de linhas aéreas _________ Artistas criativos 
A Reservado Expansivo 
B Menos 
inteligente 
 Mais inteligente 
C Afefctado 
p/sentimen. 
 Emocional. 
Estável 
D Submissão Dominante 
E Sário Irreflacido 
F Epediente Consciencioso 
G Tímido Empreendedor 
H Realístico Sensivel 
I Confiante Desconfiado 
L Prático Imaginativo 
M Fraco Astuto 
N Seguro de si Apreensivo 
O conservador Experimentador 
Q1 Depend. de 
grupo 
 Auto-sufuciente 
Q2 descontrolado Controlado 
Q3 Relaxado Tenso 
Q4 
 1 2 3 4 5 6 7 8 9 20 
168 Lição nº 7 
 
Figura Adaptado de Linda Davidoff. Traços fortes de Raymond Cattell, com letras 
de A até Q4. Os perfis foram marcados para dois grupos. 
 
Os testes projectivos 
Os testes projectivos tem a sua base na perspectiva psicanalítica. O criador da 
psicanálise (Sigmund Freud) acreditava que as pessoas podem 
inconscientemente projectar ao mundo externo as suas percepções, emoções e 
pensamentos. Estes aspectos poderiam ser diagnosticados através do uso de 
técnicas projectivas nas quais as pessoas são pedidas para reagirem a 
estímulos ambíguos. Por exemplo, o indivíduo pode ser solicitado descrever o 
que vê num borrão de tinta constituindo uma história à volta desse borrão. 
O Teste de Roschach 
Herman Roschach foi o primeiro a usar borrões para descobrir a projecções das 
internas das pessoas dando nome ao instrumento que ele utilizou para o efeito. 
Este teste consiste em pedir aos sujeitos para descreverem o que veêm numa 
mancha de tinta sobre um papel. Cinco dos borrões estão a preto e branco e os 
outros cinco contêm um pouco de cor. 
Dos indivíduos examinados através do teste de Roschach reflectiram uma 
abordagem negativa, insatisfação, crítica e hostilidade à vida. O teste de 
Roschach pode-se comparar a uma entrevista altamente estruturada. 
O Teste de Apercepção Temática, foi desenvolvido por Henry Murray e 
Christina Morgan em 1930, é constituído por uma série de gravuras que retratam 
situações concretas suficientemente ambíguas para suscitar da parte do 
examinando uma descrição ou narrativa na qual se projectarão características da 
sua personalidade. 
Parte –se do princípio de que ao elaborar uma narrativa sobre cada uma das 
gravuras, o sujeito projecta nessa história sentimentos e pensamentos 
inconscientes. 
 
Limitações das Técnicas Projectivas 
Os indivíduos subemtidos a esta técnica podem interpretar as mesmas figuras de 
uma maneira totalmente diferente. A informação disponível, a habilidade e a 
distorção podem influenciar profundamente a interpretação dos dados obtidos 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 169 
 
através dos testes projectivos. Isso baixa de certa maneira a sua confiabilidade. 
Estudos realizados sobre a validade das técnicas projectivas revela conclusões 
conflitantes. Assim, aguns estudos rigorosos julgam as medidas projectivas 
válidas para certos propósitos, tais como avaliação da grau de perturbação 
psicológica e prever a extensão da estadia em hospital psiquiátrico ou avaliar os 
estilos cognitivos e emocionais. 
As respostas individuais nos testes projectivos são difícel interpretação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
170 Lição nº 7 
 
Sumário 
Etimologicamente conceito personalidade vem do latim “persona” do qual 
derivaram os termos pessoa e personalidade. 
Esta referência etimológica é importante porque nos permite chamar-lhe a 
atenção para vários aspectos: (i) a ideia de que a personalidade é o conjunto de 
características comportamentais e psíquicas que, em diversas situações, 
identificam um indivíduo e odistiguem, relativamente, dos outros; (ii) porque, 
apesar de a personalidade, enquanto padrão global de modos de agir, pensar e 
sentir, não existir e não se constituir independentemente da interacção com o 
meio, sublinha um aspecto importante: a permanência. 
Também vimos, que as características da personalidade persistem, duram 
através do tempo e das situações, embora de forma relativa porque a fixedez 
não é compatível com o desenvolvimento pessoal; (iii) a ideia da “máscara” 
sugere que a personalidade, pararentemente fácil de captar, se esconde. 
Assim sendo é difícil defimir este conceito e as numerosas definições teorias, 
características e modos de mensuração traduzem esta dificuldade e dão razão 
ao filósofo midieval que dizia “personalidade ultima solitudo” que significa a 
personalidade é a última solidão, ou seja, um modo de ser irredutível e muito 
próprio. 
A personalidadeb é dinâmica, transforma-se com a idade, o tempo, as situações 
e o modo cmo as interpretamos. Depende de vários factores. (meio, 
hereditariedade e experiências pessoais). 
Apsear de tudo, ela torna-nos simultanemente previsíveis e imprevisíveis. 
 
Ao longo deste capítulo analisámos diversas teorias da personalidade e notámos 
que elas diferem entre si, isto é, os psicólogos têm pontos de vista dferentes 
sobre o mesmo conceito de personalidade. Alguns cientistas dão mais 
importância a heriditariedade no desenvolvimento da personalidade e outros às 
influências ambientais. Certos cientistas ainda advogam a tipificação da 
personalidade usando instrumentos que claramente podem separar os diversos 
traços. 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 171 
 
Estes aspectos só mostram por si que a questão da personalidade requere uma 
abordagem teórica mais ampla, holística e diversificada para ser compreendida. 
As perguntas que devem ser levantadas no estudo da personalidade são 
sobretudo as que se relacionam com as estratégias a usar para o estudo desta. 
Como será abordada a personalidade? Será o behaviorismo uma teoria 
suficiente para explicar este fenómeno? Ou devemos recorrer a teoria de traços? 
Será que alguns fenómenos da personalidade podem ser explicados pela teoria 
freudiana ou neofreudiana. Vimos ao longo do nosso estudo que todas estas 
teorias deram um contributo enorme no estudo da personalidade e que os 
teóricos concordam com alguns aspectos e discordam em outros. Importante sim 
seria olhar nos aspectos positivos de uma e outra teoria e utilizar estes aspectos 
positivos para explicar o fenómeno da personalidade. O desenvolvimento da 
persnoalidade não depende apenas de factor, se não de vários conjugados. 
Quando estiver a abordar está questão não deverá se esquecer deste pormenor. 
172 Lição nº 7 
 
Exercícios 
 
Auto-avaliação 
 
Actividade 13 
 
Descrevao seu próprio perfil ou de um dos seus colegas, amigo(a), irmão(ã), 
etc., e destaque o principio fundamental da ordenação dos aspectos 
característicos da personalidade do seu amigo (a), irmão(ã) ou da sua própria 
personalidade. Quanto ao seu carácter, temperamento e capacidades. 
 
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Psicologia Geral: Ensino à Distância 173 
 
Unidade VII 
BIBLIOGRAFIA 
 
1. Davidoff, L. (1987) – Introdução à Psicologia - São Paulo – Brasil, Editora, 
McGraw-Hill Lda. 
2. Walonn, H. (1980) – Objectivos e métodos de Psicologia - Lisboa, 
Portugal. 
3. Leontiev, A. (1978) – O desenvolvimento do Psiquismo – Lisboa, Portugal, 
Editora, Progresso. 
4. Suzzarine, F. (1986) – A memória – São Paulo – Brasil, Editora, Verbo. 
5. Petrovsky, A. (1980) – Psicologia Geral - Moscovo, Lisboa, Portugal, Editora, 
Progresso. 
6. Adelino Cardoso e Outros (1993) – Rumos de Psicologia – Lisboa, Portugal, 
Editora, Rumos. 
7. Witting, A.(1981 – Psicologia Geral -São Paulo – Brasil. 
8. Mueller, F.L. (1976), Vol. I e II – História da Psicologia - São Paulo – Brasil, 
Publicações Europa/América. 
9. Michel e François Gauquelin (1978) – Dicionário de Psicologia - São Paulo, 
Editora Verbo. 
10. Rocha, A. , Fidalgo, Z. (1998) – Psicologia - Lisboa, Portugal, Editora, Texto 
L.da. 
11. Psicologia Moderna (1984) – Os grandes de Psicologia – (Pavlov, Watson, 
Skinner, Kohler, Lorenz, Binnet, Montessori, Piaget, Kinsey, Master e 
Johnson), Editora, Verbo, Lisboa, Portugal e São Paulo – Brasil. 
12. Jean Piaget (1977) – Seis Estudos de Psicologia – Lisboa , Portugal, 
Editora Dom Quixote. 
13. Norman A. Sprintahall e Richard C. Sprintahall (1993) – Psicologia 
Educacional , Portugal. 
14. Guy Rocha (1999) – Sociologia Geral: a organização social – Lisboa, 
Portugal, Editora Presença. 
174 Unidade VII 
 
15. Jacques-Philipe Leyns (1985) – Teorias da Personalidade na dinâmica 
social – Lisboa, Portugal, Editora, Verbo. 
16. Guy Palmade (1983) – A Caracterologia- col. Saber, Publicações 
Europa/América. 
17. Jenny Deseyne (1988) – O conhecimento do carácter pela escrita – 
Portugal. 
18. Saraiva, Augusto (…) – Psicologia – Editora Educação Nacional, Porto. 
19. Gameiro, Aires (1968) – Notas de Psicologia, Editora, Telhal. 
20. Helder Martins (1999) – Metodologia de Aprendizagem por solução de 
problemas – Maputo.

Mais conteúdos dessa disciplina