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Fichamento Globalização e Comércio Exterior

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
MBA EM LIDERANÇA E COACHING
Fichamento de Estudo de Caso
Iana Amaral Silva
Trabalho da disciplina de Globalização e Comércio Exterior.
 Tutor: Prof. Maria da Luz Iria Melo
Contagem/MG
2019
Estudo de Caso de Harvard: 
O Walmart no Mundo.
Referência: ALCÁCER, Juan; AGRAWAL, Abhishek; VAISH, Harshit. O Walmart no Mundo. Harvard Business School; 9-714-431; Rev: 6 de dezembro de 2013.
Texto do Fichamento:
O estudo de caso se baseia na expansão da rede varejista Walmart no mercado internacional; relata seus acertos e erros diante dos preceitos da globalização e das estratégias de entrada no mercado internacional.
O Walmart iniciou sua expansão internacional em 1991 com a abertura de lojas no México e em mais 30 países em decorrência do seu crescimento orgânico, estabelecimento de parcerias e grandes aquisições. Algumas entradas foram um sucesso imensurável, porém outras nem tanto, inclusive com algumas saídas inesperadas.
Apesar das operações internacionais serem responsáveis agregarem 40% do valor acionário da empresa na bolsa, a venda líquida no mercado varejista dos EUA ainda era mais que o dobro das vendas internacionais. Porém, ao verificar o crescimento anual no mercado nacional e internacional, verificou-se que a expansão das atividades no mundo era a maior fonte de crescimento para a organização. Abriu-se um leque de mercados emergentes aptos a receber filiais da organização, mas os altos executivos decidiram estudar as antigas investidas e descobrir a melhor maneira de entrar em novos países, aprendendo com os erros do passado.
Vejamos, portanto, como se deu e quais os pontos de atenção e/ou oportunidades foram observados nas incursões ocorridas desde 1991.
México
Em 1991, o Walmart entrou no mercado mexicano por meio de uma parceria com a maior rede varejista do país – Cifra. Em conjunto, inauguraram uma loja Sam´s Club na cidade do México. Em seguida, mais precisamente em 1997, após obter o controle acionário, foi realizada a alteração do nome para Walmart do México.
A estratégia foi direcionada à política de Preço Baixo Todo Dia, praticidade e eficiência organizacional. Com o advento do Tratado Norte-Americano de Livre Comércio, iniciou-se a guerra de preços com os varejistas locais. O Walmart aproveitou a mão-de-obra barata, montou uma estrutura de distribuição simples e firmou parceria com empresa de transporte local, assim mitigaria os desafios logísticos de fornecimento.
No entanto, no início, a empresa falhou em aspectos superficiais, que poderiam ter sido evitados com um estudo do mercado onde estavam se inserindo. Estacionamentos gigantescos eram obsoletos em uma comunidade que, em sua maioria, usava o transporte público. Mas os gerentes conseguiram adaptar-se à situação e aprender com os erros. Logo, em 2013, o Walmart de México já contava com uma rede de 2000 lojas, segmentadas à diversos públicos, totalizando 55% do mercado varejista mexicano.
Em 2013, instaurou-se uma investigação em que, supostamente, o Walmart subornara autoridades governamentais no México, na China, no Brasil e na Índia, para aquisição de terrenos que alocariam as novas filiais.
Canadá
Com a aquisição de 120 lojas de desconto da Woolco em 1994, o Walmart entrou no mercado canadense. Na época a Woolco sofria reflexos da má gestão; logo o Walmart renomeou a rede de lojas, manteve os funcionários e incluiu a alta liderança, característica de sua rede. O formato das lojas era similar ao usado nos EUA e, com aplicação do conhecimento operacional, a empresa obteve lucro.
Em 2001, já em terra firme, o Walmart apresentou um resultado de crescimento em vendas, de 1994 a 2000, de 264%; no mesmo período, seu maior concorrente cresceu apenas 46%.
Em 2011, o Walmart ultrapassou o terceiro colocado no ranking de varejistas canadenses, focando nos produtos de mercearia – ponto fraco de seu concorrente devido aos preços baixos praticado pelo Walmart. Então a Target entrou no Canadá, por aquisição de 220 lojas da Zellers; para indicar sua força, o Walmart investiu 450 milhões de dólares para expansão no ano seguinte.
 
Brasil
A entrada no Brasil aconteceu em 1995 por meio de lojas próprias no formato americano. Em 2004, contando com 25 lojas inauguradas no país, o Walmart comprou 118 lojas da rede Bompreço, devido a crise do varejista Royal Ahold. As lojas eram no Nordeste e quase não influenciaram no resultado que já realizavam com as lojas da região centro-sul do país. No ano seguinte, a falha foi corrigida com aquisição de 140 lojas mais ao sul do país.
Optou-se em 2013, pela abertura de lojas de desconto, direcionadas às classes menos favorecidas, com remarcações que acompanhassem a métrica do mercado brasileiro. Apesar de uma certa morosidade por parte do Walmart para se adaptar ao mercado brasileiro, o Walmart chegou ao terceiro lugar no ranking de varejistas do país em 2011.
Argentina
Com a entrada datada no ano de 1995, também com lojas próprias, o Walmart foi recebido com uma forte concorrência do Carrefour. Apesar de um crescimento orgânico de 100% nos primeiros anos de atividade, a lentidão de expansão na economia de escala e a falta de parceiros, deixou o Walmart suscetível à guerra de preços e boicotes de fornecedores. Em 2007 decidiu-se que a expansão aconteceria com lojas de formatos menores, como feito no Brasil e no México. Em 2013 eram 94 lojas no país, segundo lugar entre os varejistas, mas uma parcela de apenas 2% no mercado total.
América Central
Em 2005, com a compra de 33,3% das ações da CARHCO, o Walmart chegou a América Central. A CARHCO operava 363 lojas em cinco países, com 20000 associados e mais de US$ 2Bi em vendas. Em 2006, com o controle acionário da companhia, a CARHCO tornou-se Walmart Centroamérica e em seguida, 2010, unificou sua divisão ao Walmart de México.
Foi mantida a identidade local e a organização era onipotente na América Central.
Chile
Com a compra de 58,2% das ações da D&S em 2005, o Walmart entrou no mercado chileno. A D&S era o maior varejista chileno, inclusive outros varejistas internacionais falharam nas suas tentativas de se inserir no mercado chileno. Porém a estratégia de entrada do Walmart foi por meio de parceria, com o maior varejista do país, que já atuava conforme o modelo do Walmart nos EUA.
Além disso, a D&S também era uma empresa lucrativa na concessão de cartões de crédito, permitindo a inserção de consumidores menos abastados em suas lojas. A renomeação aconteceu em 2010 e em 2012 eram 300 lojas com detenção de 34% do mercado nacional.
China
O Walmart chegou a China em 1996, através de uma parceria com um investidor local visando a abertura de uma loja Walmart e uma Sam´s Club em Shenzen. Em 2005, firmou oura parceria com a Citic Pacific, sediada em Hong Kong, controladora de atividades diversas. Em 2007, o Walmart comprou 35 % da Trust-Mart que operava com 100 lojas nacionalmente.
Na China o cenário era diferente, fragmentado, com lojas familiares alicerçadas, apesar das justas margens de lucro. As compras aconteciam sistematicamente, porém em pequenas quantidades. Após uma tentativa de se afastar da política de Preço Baixo Todo Dia, focando na classe média chinesa, o Walmart voltou atrás e permaneceu no seu modelo de varejo de baixo custo, deu aos seus gerentes autoridade para comandar as operações localmente. Esta autonomia gerou alguns contratempos e forçaram a centralização de muitas decisões operacionais.
O mercado chinês era altamente concorrido, seja por grandes varejistas internacionais, como também pelos negócios locais.
O lucro veio à tona apenas em 2008. Em 2012 as vendas eram estimadas em US$ 8 Bi e em 2013, três megalojas foram fechadas; ainda sim existe um moderado crescimento no futuro.
Coréia do Sul
Após comprar algumas lojas do Makro, o Walmart chegou a Coreia do Sul, mas com uma proposta altamente distorcidacom relação ao mercado que estava inserido. Os consumidores sul coreanos prezavam por mercadorias de luxo e não por preços baixos. A oferta do Walmart era basicamente de “produtos secos” e os consumidores queriam diversidade de alimentos e bebidas. A concorrência era acirrada com as 70 lojas da Shinsegai – que se moldou segundo as lojas do Walmart nos EUA. 
Acumulados US$ 9,9 Bi de prejuízos em 8 anos, o Walmart deixou a Coréia do Sul em 2006, vendendo suas 16 lojas ao seu concorrente por US$ 880 Mi. O Carrefour saiu em seguida; em contrapartida a Tesco se firmou por lá, em parceria com a Samsung.
Japão
A chegada do Walmart no Japão se deu pela compra de 6% na participação da Seiyu, que passava por problemas. Não demorou e o Walmart comprou a rede em sua totalidade.
O Walmart não conseguiu boa aceitação com a política de preços baixos, uma vez que os japoneses associavam tal política à baixa qualidade; num mercado bastante competitivo, onde até os varejistas nacionais tinham dificuldades para aumentar seus lucros, o Walmart encontrou grandes desafios. Carrefour e Tesco deixaram o mercado em 2011.
Com perseverança, o Walmart teve modesto crescimento e os consumidores passaram a frequentar sua rede de lojas, devido à piora da situação macroeconômica. Em 2013, o Walmart operava 438 lojas, mas detinha uma pequena fatia do mercado – 2-3%.
Alemanha
Quando entrou no mercado alemão, em 1997, por meio da aquisição de duas redes de lojas, que somadas chegavam a 96 lojas, o Walmart era o 3° maior varejista do mundo. Os clientes alemães focavam bastante em preços, mas a concorrência local era acirrada. As duas maiores redes tinham seus clientes bem fidelizados. As leis alemãs de fixação de preço e localização das lojas eram severas e os sindicatos bem influentes; isso rendeu vários prejuízos financeiros e de imagem ao varejista.
Algumas gafes culturais também esvaziavam as lojas do Walmart; por fim em 2006 a empresa saiu do mercado alemão, com prejuízo acumulado de US$ 1Bi e vendeu suas lojas para a Metro.
Reino Unido
Em 1999, o Walmart se inseriu no Reino Unido, por meio da aquisição da Asda. Suas 200 lojas operavam segundo o modelo do Walmart nos EUA. A marca Asda foi mantida e rapidamente o Walmart “engoliu” os preços da concorrência; expandiu o inventário da Asda, inserindo produtos gerais. Após dois anos de integração de sistemas, a marca virou Walmart-Asda e era, em 2012, o segundo maior varejista do Reino Unido.
África
O Walmart chegou à África em 2011, após a aprovação do tribunal de concorrência, para aquisição das 377 lojas do Massmart. Existia, portanto, um acordo em que nenhum funcionário seria demitido nos próximos dois anos e ampliação dos fornecedores locais. A empresa operou com o nome Massmart.
A entrada do Walmart no mercado africano foi substancial, pois três redes levavam 90% do mercado no país; gerou-se uma concorrência necessária e benéfica aos consumidores. Os fornecedores viram a oportunidade de entrar no mercado internacional.
Foi na África que o Walmart resolveu avaliar suas experiências anteriores. Levou então uma equipe de integração, 12 gerentes globais que trouxeram práticas de sucesso em outros mercados. A companhia treinou os fornecedores para otimizar as entregas e gerir seus inventários.
Apesar dos esforços da organização, o Massmart não atendeu às expectativas do mercado; porém, em agosto de 2012, foi anunciado um plano de expansão de US$313 Mi, na abertura de 40 lojas no país.
Conclui-se que, para que uma empresa no mercado internacional entrar em qualquer outro país, é extremamente necessário conhecer o mercado a que se submeterão. Verificar hábitos, culturas, enfim, o perfil do público que será atendido é crucial para mitigar prejuízos futuros.
	
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