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ANESTESIOLOGIA “A anestesia local é definida como um bloqueio reversível da condução nervosa, determinando perda das sensações, em nível local, sem alteração do nível de consciência.” Ferreira, 1999 MECANISMO DE AÇÃO ● Fármacos de determinam bloqueio reversível da condução nervosa com perda de sensações em área circunscrita do organismo, sem alteração do nível de consciência. ● A molécula típica do anestésico local é constituída por um grupo lipofílico (usualmente anel aromático) e um grupo hidrofílico (geralmente amida terciária),separados por uma cadeia intermediária que inclui ligação éster ou amida. Os anestésicos locais bloqueiam fisicamente por interações lipofílicas (ocluindo o poro) os canais de sódio das membranas dos terminais dos neurônios. ● Como o potencial de ação é dependente do fluxo de sódio, ao não ocorrer, não há propagação do sinal nervoso. ● Os neurônios com axônios com menor diâmetro são mais facilmente bloqueados, ou seja, nervos de menor calibre são mais facilmente anestesiados. ● A administração local concomitante com um vasoconstritor reduz os seus efeitos sistêmicos e prolonga os seus efeitos locais. CLASSIFICAÇÃO DOS ANESTÉSICOS LOCAIS De acordo com a cadeia intermediária, os anestésicos locais são divididos em dois grupos: Éster e Amida. ● A importância clínica dessa divisão está associada a: Janaína Araújo, UEPB. 2019 ○ Estabilidade química ○ Locais de inativação dos compostos ○ Risco de reação alérgica ● Grupo Éster ○ Cocaína, Benzocaína, tetracaína, procaína, cloroprocaína ● Grupo amida ○ Lidocaína, mepivacaína, etidocaína, prilocaína, articaína, bupivacaína, ropivacaína, procainamida, dibucaína LIDOCAÍNA ● A lidocaína é o anestésico mais utilizado em Odontologia. Foi o primeiro anestésico do grupo amida sintetizado por Lofgren em 1943 ● Sua concentração mais comum é a de 2% (também 3%) ● Comercialmente é associada a Epinefrina, Norepinefrina (só 5min sem vasoconstritor) e Adrenalina. ● São raros os efeitos tóxicos da lidocaína. Em geral só aparecem em decorrência de sobredose ou injeção intravascular inadvertida ● Indicado para procedimentos de duração intermediária (60min de anestesia pulpar) ● Tempo de meia vida de aprox. 90min, sendo completamente eliminado em 10 horas OBS: Teste alérgico: látex da embalagem, anestésico, conservantes e vasoconstritores MEPIVACAÍNA ● É amplamente utilizada na odontologia ● É classificado como um anestésico de duração intermediária. ● Potência e toxicidade duas vezes maior que a lidocaína. A dose máxima é de 7 tubetes. ● A concentração de 2% (com vasoconstritor). Sem vasoconstritor a concentração é de 3%. ● Comercialmente é associada a Norepinefrina, Adrenalina, epinefrina e levonordefrin. ● Tempo de duração sem adição de vaso é de 20 - 40 min ● Anestesia sem vasoconstritor é indicada onde não há possibilidade de usar outro tipo de vaso ● Mepivacaína a 3% é indicada a pacientes alérgicos ao metabissulfito de sódio (conservante presente no produto com adrenalina e seus derivados) ● Com o uso do vasoconstritor é indicado em procedimentos cirúrgicos pois promove hemostasia local ● pode ser utilizado em pacientes cardiopatas (máximo 2 tubetes) PRILOCAÍNA ● Toxicidade duas vezes maior que a lidocaína ● Comercialmente é encontrado na concentração 3% com a felipressina como vasoconstritor ● Potência e duração semelhantes a lidocaína ● Indicado em procedimentos de duração intermediária não é necessária hemostasia: dentística e endodontia (sem sangramento) Janaína Araújo, UEPB. 2019 ● indicado em pacientes cardiopatas, diabéticos não compensados e portadores de hipertireoidismo (por causa da felipressina) BUPIVACAÍNA ● Potência quatro vezes maior que a lidocaína ● Toxicidade quatro vezes menor ● Dose máxima recomendada é de 2 mg/ kg de peso até 150 mg em período de 4 horas administração de até 400 mg ao dia ● A anestesia pode persistir de 5 a 9 horas ● Indicado em procedimentos longos ARTICAÍNA ● Aprovada para uso nos EUA em 2000 ( + cara) ● comercialmente encontrada na concentração 4% com adrenalina como vasoconstritor ● Contraindicada para pacientes alérgicos à sulfa ( enxofre na composição) VASOCONSTRITORES ● Os associados a anestésicos locais pertencem a dois grupos farmacológicos: ○ Aminas simpatomiméticas = Adrenalina ( epinefrina), noradrenalina (norepinefrina), fenilefrina e levonordefrina ○ Análogos da vasopressina = Felipressina ( octapressin) ● Vantagens ○ minimizam a perda sanguínea ○ mantém o campo operatório limpo ○ aumentam a duração do anestésico ○ diminuem o risco de toxicidade sistêmica ○ diminuem a dose necessária ● Seleção ○ duração desejado do efeito ○ condição sistêmica do paciente (cuidado especial para o hipertireoidismo, cuidado relativo com hipertensos, diabetes e outras doenças cardíacas) ○ necessidade de produzir hemostasia. ● Adrenalina ○ Mais eficaz em doses de 1: 100000 e 1: 200000 ● Noradrenalina ○ 1/4 da potência da adrenalina ○ maior risco de necrose de palato ○ maior vasoconstrição com maior risco de lesão tecidual ● Felipressina (octapressin) ○ Derivado da vasopressina (anti-diurético) ○ estimula diretamente o músculo liso da parede dos vasos ○ vasoconstrição apenas local, com menor aparecimento de efeitos sistêmicos ○ pouco efeito hemostático, já que atua mais sobre a circulação venosa ○ estimula contrações uterinas (ação citotóxica) - não pode ser usada em grávidas EXEMPLO DE CÁLCULO DE QUANTIDADE MÁXIMA ● Paciente com 60kg ● Lidocaína a 2% -> 2g em 100ml -> 20mg em 1mL Janaína Araújo, UEPB. 2019 ● Um tubete contém 1,8 mL 1mL - 20mg 1,8 mL - X X = 20 x 1,8 X = 36 mg ● Dose máxima de lidocaína: 4,4 mg/kg de peso 60kg x 4,4 = 264mg no máximo => 264/36 = 7,3 tubetes DOSE MÁXIMA TÉCNICAS ANESTÉSICAS ● Anestesia tópica ○ Exemplos: lidocaína em spray, benzocaína em gel (vários sabores: hortelã, tuttifruti e abacaxi) e lidocaína em pomada - sempre secar bem ● Anestesia local ○ Anestesias terminais: ■ Superficiais: Compressão, refrigeração, pulverização e fricção ■ Infiltrativas: Pequenas terminações nervosas são infiltradas estritamente na área em que será realizado o tratamento odontológico. 1. Submucosa Janaína Araújo, UEPB. 2019 2. Supraperiosteal 3. Subperiosteal 4. intra-óssea 5. intraligamentar 6. intraseptal 7. circular 8. peridental 9. intrapulpar : ○ Bloqueios ■ Bloqueio regional: O anestésico local é depositado próximo a um tronco nervoso principal, usualmente distante do local da intervenção operatória. ■ Bloqueio troncular: Eficaz para produzir anestesia profunda de uma hemimaxila ou hemimandíbula, útil em procedimentos que envolvem quadrantes em odontologia ou em procedimentos cirúrgicos extensos. ● Material ○ Tubete anestésico ○ Seringa Carpule ○ agulha - canhão, haste, bisel ● Indicações: ○ Alívio ou remoção da dor ○ Bloqueio regional e local ○ Hemostasia ○ Auxílio no descolamento dos tecidos ● Técnica da anestesia local 1. Antissepsia na área de puntura da agulha 2. Observar clinicamente, mediante palpação, os pontos de reparo anatômicos 3. fazer uso de anestésico tópico (pode ser aplicado com cotonete esterilizado ou gaze e estéril) 4. distensão da mucosa na região de puntura, para que a agulha não desvie da mucosa e a penetração seja a mais indolor possível 5. durante a realização de diversas técnicas anestésicas locais maxilares e mandibulares, torna-se necessária a palpação digital de pontos de reparo para a introdução da agulha 6. é fundamental que após a identificação desses pontos de reparo, o cirurgião-dentistautilize afastadores cirúrgicos do tipo minessota para retrair os tecidos e facilitar a penetração da agulha 7. Empunhadura adequada da seringa 8. Posição ergonômica adequada do operador 9. a penetração nos tecidos e a retirada da agulha deverão ser feitas em uma única direção, de forma a não desenvolver pressões de lateralidade 10. O bisel da agulha deverá estar voltado para o tecido ósseo 11. a injeção da solução anestésica deverá ser lenta utilizando-se seringa anestésica que permita a realização de aspiração ou refluxo. Janaína Araújo, UEPB. 2019 12. Durante toda a injeção, o cirurgião-dentista deve manter-se atento a qualquer possível reação do paciente, interrompendo de imediato anestesia e estipulando, se necessário, tratamento imediato das alterações. TIPOS/ MAXILA ● Anestesia terminal infiltrativa supraperiosteal: Consiste em se puncionar a mucosa, fazendo com que a ponta da agulha penetre até região submucosa, junto ao periósteo, mas sem atingi-lo ou penetrá-lo. ● Anestesia terminal infiltrativa subperiosteal: O anestésico é depositado sob o periósteo, junto ao tecido ósseo. ● Bloqueio regional do nervo alveolar superior posterior ○ Também chamada de anestesia Pós-túber ou Zigomática ○ Ponto de punção: Fundo de saco entre 1º e 2º Molar ○ Nervo anestesiado: Alveolar posterior superior ○ Dentes anestesiados: 1º, 2º e 3º Molares maxilares ○ Frequentemente a raiz mesio-vestibular não é anestesiada nesta técnica ○ Inserção da agulha longa em 45° ao longo eixo do dente para cima, para trás e para dentro, bisel voltado para o osso. ○ Inserir cerca de 3/4 da agulha. ○ Cerca de 1 tubete Janaína Araújo, UEPB. 2019 ● Bloqueio regional do nervo alveolar superior médio ○ Áreas anestesiadas: Polpas do 1º e 2º pré-molares superiores - Raíz mesiovestibular do 1º molar superior - Mucosa periodontal e osso sobrejacente ○ Área de introdução: Altura da prega mucovestibular acima do 2º pré-molar superior ○ Posição: ASM direito- 10 horas /ASM esquerdo- 8 ou 9 horas ● Bloqueio regional do nervo alveolar superior anterior ○ Áreas anestesiadas: Polpas dos incisivos centrais superiores até o canino - Polpas dos pré-molares superiores - Raiz mesiovestibular do 1º molar superior - Periodonto vestibular - Osso sobrejacente desses dentes - Pálpebra inferior, lateral do nariz e lábio superior. Janaína Araújo, UEPB. 2019 ● Bloqueio regional do nervo maxilar ○ Procedimentos extensos na maxila ○ Ponto de punção: fundo do saco na distal do segundo molar ○ Nervos anestesiados: Maxilar ○ Região anestesiada: toda hemi-maxila ○ Inserção da agulha paralela ao longo eixo do dente ○ Inserir agulha longa quase inteira, bisel voltado para o osso ○ Depositar entre ½ e 1 tubete ● Bloqueio regional do nervo palatino maior ○ Utilizada em região posterior maxilar ○ Ponto de punção: cerca de 1 cm acima do último molar erupcionado, mesialmente ao forame palatino maior ○ Nervos anestesiados: Palatino maior e menor ○ Região anestesiada: Mucosa palatina da região posterior ○ Inserção da agulha em 90° ao longo eixo dos dentes, cerca de 1 mm, bisel voltado para o forame, com agulha curta. ○ Cerca de ¼ do tubete ● Bloqueio regional do nervo nasopalatino ○ Utilizada em abordagens da região palatina anterior maxilar ○ Ponto de punção: Papila incisiva ○ Nervos anestesiados: Nasopalatinos ○ Região anestesiada: Mucosa palatina da região anterior Janaína Araújo, UEPB. 2019 ○ Inserção da agulha paralela ao longo eixo dos incisivos centrais, penetração cerca de 4 mm, bisel voltado para o forame, com agulha curta ○ Depositar a solução anestésica na entrada do forame ○ Cerca de ¼ do tubete TIPOS/ MANDÍBULA ● Bloqueio dos ramos incisivos ● Bloqueio regional do nervo mentual ● Bloqueio Regional dos nervos alveolar inferior, bucal e lingual ○ Técnica Direta ■ Plano oclusal paralelo ao solo ■ Coloca-se o dedo no vértice do trígono ■ O dedo evidencia o ponto de punção (depressão entre a linha oblíqua externa e o ligamento pterigomandibular e em altura supero-inferior 1cm acima do plano oclusal) ■ Toma-se como apoio a região de pré-molares do lado oposto Janaína Araújo, UEPB. 2019 ■ A agulha é introduzida até que atinja o tecido ósseo (sendo injetado lentamente o anestésico durante a introdução) ■ Recua-se a agulha 1 a 3mm do tecido ósseo e injeta-se o resto do tubete ○ Técnica indireta ■ Possui como grande vantagem sobre a técnica direta a não necessidade de anestesias complementares ■ Possui três tempos, sendo o terceiro igual à técnica direta ■ Plano oclusal paralelo ao solo ■ Coloca-se o dedo no vértice do trígono ■ O dedo evidencia o ponto de punção (depressão entre a linha oblíqua externa e o ligamento pterigomandibular e em altura supero-inferior 1cm acima do plano oclusal) ■ A agulha penetra inicialmente 5mm, atingindo o nervo bucal , onde deposita-se ¼ do tubete (primeira posição) ■ Após introduzir mais 5mm e injetar outro ¼ , bloqueia-se o nervo lingual (segunda posição) ■ Retira-se a agulha de modo a deixar apenas a ponta no interior dos tecidos ■ Gira-se o conjunto até a área de pré-molares ■ Reintroduz-se até tocar o osso e recua-se 1 a 3 mm, onde deposita-se o ½ restante (terceira posição) ● Primeira posição ● Segunda posição Janaína Araújo, UEPB. 2019 ● Terceira posição ● Anestesia Gow-gates ○ Anestesia sensitiva em praticamente todo o V3 ○ Nervos anestesiados: alveolar inferior, mentual, incisivo, milo-hióideo, auriculotemporal e bucal ○ Áreas anestesiadas: dentes inferiores, mucoperiósteo e mucosa bucal, 2/3 anteriores da língua, tecidos moles linguais, corpo da mandíbula e porção inferior do ramo e pele sobre o zigomático, bochecha e região temporal ● Técnica Gow-gates ○ Recomendado o uso de agulha longa calibre 25 ○ Paciente com a boca aberta ○ área de introdução: mucosa na face mesial do ramo, em uma linha que vai da incisura Intertragus até o ângulo da boca, distal ao 2° molar superior ○ Área alvo: região foveana do côndilo ○ A profundidade da inserção não deve ultrapassar 25 a 27 mm ○ É injetado conteúdo inteiro do tubete após o contato com a região foveana ○ O paciente permanece com a boca aberta por 20 a 30 segundos ○ Aguardar de 4 a 7 minutos Janaína Araújo, UEPB. 2019 ● Anestesia mandibular transzigomática ○ Técnica extrabucal de bloqueio do nervo mandibular ○ Pode ser chamada de subzigomática ○ Exige bons conhecimentos de anatomia e experiência ○ localização da incisura mandibular e arco zigomático ○ marcação dos pontos sobre a pele ○ o local de introdução da agulha é o centro do transferidor ○ Usa-se agulha de 7 A 9 cm ○ A agulha entra no ângulo de 90 graus com a pele ● Outros tipos ○ Anestesia terminal infiltrativa submucosa ○ Anestesia terminal infiltrativa intra-septal ○ Anestesia terminal infiltrativa intra-ligamentar Janaína Araújo, UEPB. 2019 ○ Anestesia terminal infiltrativa intra-pulpar ● Acidentes e complicações ○ Fratura da agulha ○ Hematoma ○ paralisia ○ Parestesia ○ Trismo ○ Edema ○ Troca de tubetes ou soluções ○ Necrose de extremidades ○ Trauma de mordida Janaína Araújo, UEPB. 2019
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