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Infecções das estruturas do ouvido externo

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Otite externa e infecções das estruturas da orelha – Brenner Boconcelo 
INFECÇÕES DAS ESTRUTURAS DA ORELHA EXTERNA: 
・ As infecções da orelha e das estruturas associadas podem acometer ambas orelhas, média e externa, vem como pele, cartilagem, periósteo, 
canal auditivo, cavidades timpânicas, e mastoides. 
・ Tais infecções podem ser causadas por vírus ou bactérias. 
・ Os médicos devem pensar em distúrbios como possíveis causas de irritação na orelha externa, particularmente na ausência de adenopatia 
local ou regional. 
・ Além das causas mais prováveis de inflamação como traumatismos, picada de inseto etc, e exposição excessiva à luz solar ou ao frio extremo, 
o diagnóstico diferencial deve incluir: 
 Lupus eritematoso sistêmico 
 Policondrite recidivante 
 Vasculites: 
− Granulomatose com poliangeíte 
 
Celulite auricular: 
・ A celulite auricular trata-se de uma infecção da pele sobrejacente à orelha externa que, em geral, ocorre após traumatismo leve. 
・ Costuma manifestar-se como sinais e sintomas típicos de celulite: 
 Hipersensibilidade 
 Eritema 
 Edema 
 Calor local na orelha externa, sobretudo no lóbulo. 
・ Normalmente não há envolvimento do canal auditivo ou das estruturas internas. 
・ O tratamento consiste em antibioticoterapia oral e compressas mornas. Os medicamentos podem ser: 
 Cefalexina (ativo contra patógenos de pele e possui boa distribuição tecidual) 500 mg/cp, VO, cada 06 h, por 07 dias. 
 Cefazolina ou Nafcilina IV podem ser necessários em casos mais graves. 
 Atentar-se com a possibilidade de infecção por MRSA. 
 
Pericondrite: 
・ A Pericondrite é a infecção do pericôndrio da cartilagem auricular que caracteristicamente ocorre após traumatismo local como por perfuração 
da orelha por piercings, queimaduras ou lacerações. 
・ Em alguns casos, a infecção pode alcançar o pavilhão auricular e causar no paciente uma condrite. 
・ As infecções podem se assemelhar às celulites auriculares, com: 
 Eritema 
 Edema 
 Sensibilidade extrema do pavilhão 
・ A afecção do lóbulo é menos comum na Pericondrite. 
・ Os patógenos mais comuns em causar a Pericondrite são: 
 P. aeruginosas 
 S. aureus 
・ Podem aparecer outros germes gram + e gram – na infecção. O tratamento é visado em cobrir estes germes, e deve ser feito com antibióticos 
sistêmicos ativos contra a P. aeruginosas como: 
 Piperacilina 
 Nafcilina 
 Ciprofloxacino 
・ Pode-se ser usado uma combinação de penicilina resistente à penicilinase + quinolonas anti-pseudomonas. 
・ O procedimento de incisão e drenagem pode ser útil para a realização de cultura e como auxiliar na resolução da infecção, o que muitas vezes 
demora semanas. 
・ Nos casos em que a Pericondrite não responder à terapia antimicrobiana, os médicos deveram considerar a possibilidade de uma etiologia 
inflamatória não infecciosa, como por exemplo a Pericondrite recidivante. 
 
Otite externa: 
・ O termo otite externa refere-se à um conjunto de doenças que afetam o meato acústico. 
・ Geralmente resulta de uma combinação de calor e humidade retida com descamação e maceração do epitélio do canal auditivo externo. 
・ Pode ser presente nas formas: 
 Localizada 
 Difusa 
 Crônica 
 Invasiva 
・ Todas as formas tem origem predominantemente bacteriana, sendo a P. aeruginosas e o S. aureus os principais agentes. 
・ A otite externa aguda localizada, ou “furunculose” pode surgir no terço externo do canal auditivo, onde a pele recobre a cartilagem e há 
numerosos folículos pilosos. 
・ O principal agente envolvido é o S. aureus, e o tratamento deve ser direcionado principalmente com drogas antiestafilocócicas via oral como a 
Dicloxacilina 500 mg ou Cefalexina 500 mg, cada 06 h, por 07 dias. 
・ Em casos em que há evolução para abscessos, orienta-se incisão e drenagem. 
 
 
 
・ A otite externa aguda difusa conhecida como “orelha de nadador” resulta do calor e humidade e a perda do cerume protetor, favorecendo o 
excesso de umidade e aumento do pH no canal auditivo, acarretando em maceração e irritação da pele do meato acústico externo. 
・ Pode sobrevir então uma infecção cujo o germe mais comum envolvido é a P. aeruginosas. 
・ A doença frequentemente começa com prurido e evolui para dor intensa, em geral desencadeada pela manipulação do pavilhão auricular ou 
do trago. 
・ O início da dor geralmente é acompanhado pelo surgimento de eritema e edema do canal auditivo, muitas vezes com um pequeno volume de 
secreção esbranquiçada ou grumosa. 
・ O tratamento consiste na limpeza do canal auditivo para a remoção de restos e aumentar a atividade dos agentes terapêuticos tópicos – soro 
hipertônico ou solução combinada com álcool + acido acético. 
・ Pode-se diminuir a inflamação adicionando glicocorticoides ao esquema de tratamento ou usando a solução de Burow (acetato de alumínio + 
água). 
・ As soluções tópicas auriculares oferecem cobertura para estes agentes, normalmente contendo Neomicina + Polimixina B com ou sem 
glicocorticoide. 
・ Normalmente a antibioticoterapia é mais reservada para pacientes imunocomprometidos ou em casos de graves infecções. 
 
・ A otite externa crônica tem como causa mais comum a irritação local repetida cujo origem mais comum é a drenagem persistente de infecção 
crônica da orelha média, introdução de cotonetes ou de outros objetos estranhos no canal auditivo podem também provocar esta doença, assim 
como infecções crônicas raras como a sífilis, hanseníase, tuberculose. 
・ A apresentação típica da otite externa crônica é uma dermatite eritematosa e descamativa, na qual o principal sintoma é o prurido e não a dor. 
・ Dermatite atópica, dermatite seborreica, psoríase e dermatomicose devem ser enquadrados no diagnóstico diferencial. 
・ O tratamento visa eliminar o processo responsável. 
 
・ A otite externa invasiva, também conhecida como otite externa maligna ou necrosante é uma doença agressiva e potencialmente fatal, que 
acomete sobretudo pacientes diabéticos idosos e outros imunocomprometidos. 
・ A doença se inicia na parte externa do canal auditivo e evolui lentamente durante semanas ou meses. Muitas vezes é difícil diferenciá-la de um 
caso grave de otite externa crônica em razão da presença de otorreia purulenta bem como de edema e eritema do canal auditivo. 
・ É frequente a ocorrência de otalgia intensa e profunda, muitas vezes desproporcional aos achados ao exame, o que pode ajudar a distingui-la 
da otite externa cronica. 
・ Ao exame, o achado típico é um tecido de granulação na parede posteroinferior do canal externo, próximo a junção entre o osso e a cartilagem, 
e se não tratada a infecção poderá migrar para a base do crânio causando osteomielite local ou atingir as meninges e o cérebro, complicação 
que resulta em alta taxa de mortalidade. 
・ Ocasionalmente observa-se envolvimento de nervos cranianos, sendo o facial o acometimento em primeiro lugar e com maior frequência. 
・ Se a infecção atingir o seio sigmoideo, é possível haver trombose. 
・ A TC de crânio é capaz de revelar erosão óssea do osso temporal e da base do crânio, podendo ser usado para determinar a extensão da 
doença, assim como a cintilografia com gálio ou com tecnécio-99. 
・ A P. aeruginosas é de longe o agente etiológico mais comum, mas outros como o S. aureus, S. epidermidis, Aspergillus, Actinomyces e algumas 
bactérias gram-negativas, também tem sido associados a esta doença. 
・ Em todos os casos deve-se proceder a limpeza do canal externo e coletar material de biopsia do tecido de granulação no interior do canal ou 
dos tecidos mais profundos para a cultura do microrganismo responsável. 
・ A antibioticoterapia intravenosa deve ser administrada por período prolongado entre 6-8 semanas, e visar especificamente ao patógeno isolado: 
− Pseudomonas aeruginosas:Cefepime ou Piperacilina, frequentemente com um aminoglicosídeo ou fluoroquinolona (pode 
ser administrado via oral devido a sua excelente biodisponibilidade) 
− Frequentemente se prescreve ciprofloxacino em gotas + glicocorticoide para reduzir a inflamação. 
・ Se diagnosticada por P. aeruginosas precocemente, pode ser tratada com fluoroquinolona oral e tópica, mas sempre com acompanhamento 
rigoroso. 
・ O desbridamento cirúrgico extenso que já foi parte importante do tratamento hoje raramente é indicado. 
・ Nos casos de otite externa necrosante, é importante manter rigoroso controle glicêmico em diabéticos, não apenas para que o tratamento seja 
bem-sucedido, mas também para evitar recorrências.

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