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Doença de Alzheimer DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA Débora Marques, Gabriela Guntzel, Giulia Menegon, Gllória Palma, Maria Elisa Soares, Mariana Monteiro UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL UMA DOENÇA NEURODEGENERATIVA O que é? Observada pela deficiência cognitiva e perda de memória progressiva, as principais características neurofisiológicas da DA são: + DEPOSIÇÃO DE PLACAS DE β- AMILÓIDE FORMAÇÃO DE EMARANHADOS NEUROFIBRILARES NEUROINFLAMAÇÃO + INICIALMENTE PROGRESSÃO DA DOENÇA Síndrome de incapacidade cognitiva leve que é caracterizada por reclamações relacionadas à memória. Atividades diárias preservadas e ausência de evidências de demência. PROGRESSÃO Dificuldade crescente relacionada à memória e outras funções cognitivas (habilidades executivas, linguagem, atenção, julgamento, senso próprio, orientação, informações no geral, etc.). Alguns pacientes desenvolvem sintomas psicóticos. ESTÁGIO FINAL Uma variedade de funções mentais e atividades diárias se tornam crescentemente prejudicada. Em estágios avançados, indivíduos afetados se tornam seriamente dementes e usualmente morrem de doença intercorrente. DIAGNÓSTICO A certeza do diagnóstico só pode ser obtida por meio do exame microscópico do tecido cerebral do doente após seu falecimento. AVANÇOS EM MEDIDAS LABORATORIAIS E EXAMES DE IMAGENS Pode-se medir os níveis de Aβ peptídeo e de proteína tau. A imagem (por ressonância magnética funcional ou por tomografia por emissão de pósitrons) mostrará a demência e a análise clínica indicará a patologia (Alzheimer ou outra). FATORES GENÉTICOS A doença pode ser familiar ou esporádica FAMILIAR (5%) - Mutações autossômicas dominates Nos genes para APP (cromossomo 21) - Síndrome de Down. Presenilina 1 - no cromossomo 14 . Presenilina 2 - no cromossomo 1. Influenciam na clivagem da β e da γ-secretases ESPORÁDICA Presença da ApoE4 Influencia na agregação e deposição da β amilóide PLACAS β AMILÓIDE As placas de β-amilóide são a conformação final do processo amiloidogênico iniciado pela quebra da APP (proteína precursora amilóide) pela ação sequencial de duas secretases: β-secretase e γ-secretase, que levam a formação de peptídeos de β-amilóde (Aβ), sendo os mais comuns o Aβ1-40 e o Aβ1-42. Cabe salientar a existência de uma via denominada não- amiloidogênica, onde a quebra sequencial da APP é feita sequencialmente pela α-secretase e pela γ-secretase, liberando no meio extracelular um fragmento solúvel que não forma placas. O glutamato é o principal neurotransmissor excitatório cerebral em mamíferos e está envolvido em funções cerebrais fisiológicas, como desenvolvimento, plasticidade sináptica, migração celular e diferenciação. A disfunção deste mecanismo de controle de transmissão sináptica causa um aumento nos níveis de glutamato na fenda sináptica e consequente hiperativação dos receptores glutamatérgicos, um processo patológico denominado excitotoxicidade. Neste sentido, os oligômeros de β-amilóide parecem interagir com os receptores glutamatérgicos e assim desencadear processos excitotóxicos. Mais especificamente, estudos mostram que os oligômeros de β-amilóide induzem abertura do canal inotrópico do receptor NMDA, o que resulta em aumento do influxo de cálcio, ativação de vias de sinalização associadas com a fosforilação da proteína tau e consequente morte neuronal. NEUROTRANSMISSÃO GLUTAMATÉRGICA EMARANHADOS NEUROFIBRILARES Os emaranhados neurofibrilares são agregações da proteína tau hiperfosforilada dentro do citoplasma do neurônio. A tau é uma proteína associada aos microtúbulos que fisiologicamente é uma das responsáveis pela manutenção da estabilidade do citoesqueleto. A fosforilação exacerbada da proteína tau leva a instabilidade dos microtúbulos e neurodegeneração, e é um dos eventos neuropatológicos bem estabelecidos na DA. Patologias neurofibrilares parecem se correlacionar com declínio cognitivo de forma mais significativa do que a patologia da placa β amiloide. O dano da β amiloide em terminais desencadeia a ativação de quinases (ou à supressão de fosfatases), que gera a hiperfosforilação da tau. Estudos recentes sugerem que a proteólise da tau (por caspases e calpaínas - que são proteases) pode iniciar a formação de emaranhados neurofibrilares. dependentes do Ca+2 MODELOS ANIMAIS Ratos servem como modelos da Aβ amiloidose e das tautopatias Observou-se que ratos que expressam a forma mutante da APP e da PS1 desenvolvem a doença aceleradamente. Nesses animais foram observados: déficits de aprendizado, problemas no reconhecimento de objetos e na memória do medo e dificuldades em performar tarefas que requerem referência espacial e memória de trabalho. Apesar do sucesso no modelo para amiloidose, a parte da patologia relaciona a proteína tau não foi observada nesses estudos. NEUROINFLAMAÇÃO NO ALZHEIMER Vasculha o cérebro em busca de problemas Fagocita agentes causadores da inf lamação Ativada por desencadeadores patológicos Migra para o local danif icado Inicia a resposta imune inata Detecção dos desencadeadores patológicos é feita por receptores de reconhecimento de padrões PAPEL DA MICROGLIA Contínua formação de agregados Aβ Feedback +: processamento da PPA e resposta inflamatóriaTNFα, interleukin 1, interleukin 6, interleukin 12, and interleukin 18 PROTEÇÃO E REMODELAÇÃO SINÁPTICA: função fisiológica da microglia FATORES QUE AGRAVAM A NEUROINFLAMAÇÃO INFLAMAÇÃO SISTÊMICA: pré-ativação da microglia - "priming" OBESIDADE: elevada concentração de marcadores pró-inflamatórios TRAUMATISMO CRANIANO: ativação microglial persistente DEGENERAÇÃO DO LOCUS COERULEOS: ⬇ noradrenalina TRATAMENTO 1. ESTRATÉGICA COLINÉRGICA INIBIDORES DA ACETILCOLINESTERASE PRIMEIRA GERAÇÃO TACRINA SEGUNDA GERAÇÃO RIVASTIGMINA, DONEPEZIL E GALANTAMINA Inibidores de segunda geração são usados para tratamento da AD leve à moderada 2. ESTRATÉGIA GLUTAMATÉRGICA Neurotoxicidade Antagonista do receptor NMDA Memantina Tratamento da AD severa ou em caso de intolerância aos inibidores da acetilcolinesterase. CONTROVÉRSIAS Como as medicações utilizadas no controle da DM2 podem ser utilizadas no tratamento da DA - Estimativas recentes apontam um aumento de 285 para 439 milhões de pacientes até o ano de 2030; -90% dos casos de Diabetes correspondem ao tipo 2; -É caracterizada pelos níveis elevados de glicose no sangue (hiperglicemia) devido a resistência à insulina; -As complicações decorrentes do DM2 podem incluir danos aos sistema nervoso central (SNC); -Tradicionalmente a DM2 ocorre em pessoas com idade acima dos 30 anos; -Hipertensão Arterial, sedentarismo e síndrome metabólica, relacionados com alto risco de doenças cardiovasculares. DIABETES MELLITUS TIPO 2 (DM2) DOENÇA DE ALZHEIMER UM DM2 ESPECÍFICO DO CÉREBRO -O envelhecimento é um fator de risco comum bem conhecido tanto para o DM2 quanto para a DA; -Tanto a DM2 quanto a glicemia de jejum alterada foram mais prevalentes na DA do que em indivíduos sem DA, segundo um estudo com pacientes da Mayo Clinic, onde 81% dos pacientes com DA apresentaram DM2 ou glicemia de jejum alterada; -Diagnóstico preciso de precoce da DM2, controle glicêmico efetivo e durável, adoção de um estilo de vida saudável pode ser crucial para combater com sucesso tanto a DM2 quanto a DA; -Insulina prejudicada tem estado criticamente envolvido na progressão da DM2 e na DA. -O metabolismo de Glicose é fundamental para o bom funcionamento do cérebro e suas conexões neuronais; -Os neurônios são incapazes de armazenar e sintetizar glicose, que é transportada através da Barreira Hematoencefálicavia transportadores de Glicose ( GLUTs); -Na DM2 com o dismetabolismo crônico da glicose,pode ocorrer efeitos prejudiciais ao cérebro, com a formação de produtos finais de glicação avançada (AGES) e seus efeitos deletérios. -A extensão da glicação do peptídeo beta-amilóide pelos AGES tem sido correlacionadas com a sua agregação em placas senis, assim como a hiperfosforilação da proteína tau e a formação de emaranhados neurofibrilares; -AGES também podem reagir com Radicais Livres promovendo danos oxidativos, exacerbando ainda mais a lesão celular; -Como a DM2 exacerba a produção de moléculas deletérias, a produção de AGES pode constituir outras ligações bioquímicas entre DM2 e o aumento do risco de DA. O metabolismo da glicose para o bom funcionamento do cérebro, a DM2 e a DA USO DE BIGUANIDAS NO TRATAMENTO DO DM2 e NA DA - A Metformina, é a Biguanida mais conhecida e continua a ser a droga de escolha incial para o tratamento da DM2; - É altamente eficiente na melhora do controle glicêmico e tem baixo risco de hipoglicemia; - É um sensibilizador de insulina, não estimulando a secreção de insulina diretamente; - Ela reduz a produção de glicose hepática mediada por insulina e aumenta o descarte de glicose periférica; - Intracelularmente, a metformina demonstrou inibir o complexo I da cadeia respiratória mitocondrial, aumentando a razão AMP/ATP com a consequuente ligação do AMP à proteína quinase ativada por AMPK (serina/ treonina quinase). - A dimetilbiguanida inibe a respiração celular através de um efeito indireto relacionado ao complexo da cadeia respiratória I. Isso é de extrema importância , pois a AMPK é capaz de detectar uma relação AMP/ATP inadequada – sendo ativada após uma demanda aumentada de ATP ou em respota a estresses metabólicos como no caso da Hipoglicemia; -Em relação ao papel da Metformina no SNC (em camundongos) a droga protegeu o cérebro contra o estresse oxidativo, através da inibição das enzimas antioxidantes glutadiona peroxidase e glutadiona redutase (melhorando os níveis dessas enzimas); -É possível que essa proteção possa ocorrer pela regulação ativada pela AMPK no processamento da proteína precurssora de amilóide e da fosforilação da proteína tau. USO DE BIGUANIDAS NO TRATAMENTO DO DM2 e NA DA