Buscar

03 - Conduta + Crime doloso

Prévia do material em texto

Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com 
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AEPCON – Concursos Públicos. 
1 
AEPCON Concursos Públicos 
Sumário 
Conduta ...................................................................................................................................... 2 
1. Conceitos introdutórios .......................................................................................................................... 2 
1.1. Causas de exclusão da conduta ........................................................................................................ 2 
2. Crime doloso ........................................................................................................................................... 3 
2.1. Dolo direto (de primeiro e segundo grau) ........................................................................................ 4 
2.2. Dolo indireto ..................................................................................................................................... 5 
2.2.1. DOLO INDIRETO ALTERNATIVO ......................................................................................................................... 5 
2.2.2. DOLO INDIRETO EVENTUAL ............................................................................................................................. 6 
2.3. Dolo geral (erro sucessivo ou aberratio causae) .............................................................................. 6 
2.4. Dolo específico .................................................................................................................................. 6 
2.5. Dolo genérico.................................................................................................................................... 7 
3. Revisão didática....................................................................................................................................... 7 
Exercícios .................................................................................................................................... 8 
Questões bônus ................................................................................................................................................ 8 
Questões de aula .............................................................................................................................................. 9 
Gabarito comentado ...................................................................................................................................... 10 
 
 
 
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com 
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AEPCON – Concursos Públicos. 
2 
AEPCON Concursos Públicos 
CONDUTA 
1. CONCEITOS INTRODUTÓRIOS 
A conduta é um dos elementos do fato típico (conduta, nexo causal, resultado e tipicidade) e a 
sua ausência causará a atipicidade do fato, ou seja, a exclusão do fato típico. Assim, sem conduta não 
se pode falar em crime (nullum crimen sine conducta). 
Para que uma conduta exista, ela deve ser composta de: 
(i) Consciência: o ser humano deve ter consciência daquilo que está fazendo, por esse motivo 
quem comete o fato estando em sonambulismo ou hipnose, não poderá responder pelo 
fato. 
(ii) Vontade: se o comportamento praticado, ainda que previsto em um tipo penal, não for 
precedido da vontade do seu agente, não haverá conduta, e, consequentemente, 
desfigurado estará o fato típico (substrato do crime), faltando seu primeiro elemento. Por 
esse motivo, a coação física irresistível não é punida pelo ordenamento jurídico penal. 
Além de que a conduta deve ser propositada (dolosa) ou descuidada (culposa). 
 
1.1. CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CONDUTA 
Como vimos alguns exemplos de exclusão da conduta, vamos enumerar algumas causas que 
sempre excluem a conduta (OBS.: o erro de tipo poderá manter a culpa em casos não desculpáveis). 
1) Caso fortuito ou força maior (ex.: enchente); 
2) Hipnose (indução hipnótica que controla o estado mental); 
3) Sonambulismo (independência do espírito ou transtorno comportamental do sono); 
Caiu em prova!! 
(TJ-PR/2012) Mévio sofre de sonambulismo e seus ataques são frequentes. Em determinada noite, durante 
um desses ataques, Mévio se levanta, dirige-se ao exterior de sua casa e, tendo um espasmo, acaba 
empurrando Adolfo de um penhasco, que é vizinho às residências de ambos. Adolfo falece em virtude de 
lesões decorrentes da queda. Ao acordar, sem ter nenhuma consciência nem lembrança do que ocorreu, 
Mévio é informado do episódio e fica bastante feliz com a brutal morte de Adolfo, seu desafeto. Diante 
dos fatos narrados, assinale a alternativa correta. 
a) Mévio deverá ser condenado por homicídio culposo. 
b) Mévio deverá ser condenado por homicídio doloso. 
c) Mévio deverá ser absolvido, já que havia inexigibilidade de conduta diversa. 
d) Mévio não comete crime algum, diante de absoluta ausência de conduta humana. 
Gabarito: D 
4) Movimentos involuntários (ex.: doença de Parkinson); 
5) Atos reflexos (ex.: imagine um rato passando pelos pés de uma senhora desapercebida 
e segurando um bebê de colo, quando ela percebe a presença do roedor, arremessa a 
criança contra um ventilador de teto em funcionamento, que decapita a criança); 
 
 
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com 
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AEPCON – Concursos Públicos. 
3 
AEPCON Concursos Públicos 
Caiu em prova!! 
(FGV/2012) Para que haja relevância penal a conduta típica deve ser exteriorizada seja de ordem comissiva 
seja de ordem omissiva. Com outras palavras, faz-se o que é proibido ou não se faz o que era devido. Com 
relação ao tema, o movimento reflexo, a hipnose e o sonambulismo não afastam a conduta. 
Gabarito: Errado 
6) Coação física irresistível (ex.: Jigsaw, dos jogos mortais, amarra o dedo indicador da 
vítima com um barbante ao gatilho de uma espingarda calibre 12 direcionada a cabeça 
de um terceiro, quando a vítima acorda acaba acionando a arma e explodindo a cabeça 
do terceiro. Jigsaw será autor imediato); 
Caiu em prova!! 
(CESPE/2010) A coação física irresistível afasta a tipicidade, excluindo o crime. 
Gabarito: Certo 
7) Erro determinado por terceiro (ex.: “A” coloca arsênico no lugar de açúcar e vende para 
“B”, que ministra para “C” acreditando ser açúcar no preparo de café. “A” responderá 
pelo crime como autor mediato); 
Caiu em prova!! 
(CESPE/2009) Suponha que Antônio, imputável, dono de mercearia, com a inequívoca intenção de matar 
Juarez, tenha induzido a erro Carla, imputável e empregada doméstica de Juarez, vendendo a ela arsênico 
em vez de açúcar, que ela ministrou na alimentação de Juarez, provocando a morte deste. Nessa situação, 
Antônio deve ser responsável pelo crime como autor mediato, e a empregada doméstica, Carla, deve ter 
excluída a ilicitude de sua conduta, incorrendo em erro de tipo essencial. 
Gabarito: Certo 
8) Erro de tipo escusável (ex.: em um restaurante, “Z” leva o casaco preto idêntico ao seu, 
sem perceber que era de “Y”). 
Caiu em prova!! 
(ACAFE/2008) O advogado “Caio”, por engano, pegou o guarda-chuva de seu colega “Tício”, que estava 
pendurado no balcão do cartório. Com base no exemplo, é correto afirmar que “Caio” não responderá por 
crime de furto, pois: 
a) Ele incidiu em erro acidental sobre dadossecundários da figura tópica do furto. 
b) Incorreu em erro de proibição invencível. 
c) Faltou-lhe potencial consciência da ilicitude. 
d) Ele incidiu em erro sobre elemento constitutivo do tipo legal do crime de furto (erro de tipo essencial). 
Gabarito: D 
 
2. CRIME DOLOSO 
Art. 18, caput: “Diz-se o crime: 
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo”. 
 
 
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com 
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AEPCON – Concursos Públicos. 
4 
AEPCON Concursos Públicos 
No conceito finalista da ação, o dolo é natural e integra a conduta (que está inserida no fato 
típico) e consiste na vontade (elemento volitivo) e consciência (elemento intelectivo) de realizar os 
elementos do tipo incriminador. 
Nessa concepção, a consciência da ilicitude (ou antijuridicidade) está na culpabilidade, isto é, 
desvinculada da conduta. 
 
De acordo com o Art. 18, I, do Código Penal, é possível desdobrar os crimes dolosos em direto 
(primeira parte) e indireto (segunda parte). 
 
2.1. DOLO DIRETO (DE PRIMEIRO E SEGUNDO GRAU) 
Art. 18, caput: “Diz-se o crime: 
I - doloso, quando o agente quis o resultado (…)”. 
Também chamado de determinado, intencional, imediato ou incondicionado. É o elemento 
subjetivo do agente, a vontade livre e direta de causar o resultado criminoso. Adota-se a teoria da 
vontade. 
O dolo direto pode ser de primeiro e de segundo grau, será de primeiro grau quando o agente 
quer um resultado determinado, valendo-se dos meios próprios direcionados para este fim. 
Exemplo: Mévio quer matar Tício com emprego de explosivo, tem dolo direto para homicídio 
qualificado por causa do explosivo (lembre-se que o homicídio qualificado é hediondo). Nesta modalidade 
de dolo, a vontade do sujeito se adapta de modo perfeito ao resultado. 
O dolo de segundo grau (ou de consequências necessárias) ocorrerá quando o agente quer 
produzir um resultado específico, porém para alcançar esse resultado outros irão ocorrer, os quais 
 
 
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com 
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AEPCON – Concursos Públicos. 
5 
AEPCON Concursos Públicos 
são necessários (colaterais ou consequenciais) para a obtenção do resultado específico; mas por ele 
já previstos. 
Exemplo: Mévio quando foi empregar o explosivo contra Tício (guitarrista de uma banda de Rock: 
“The dógui nhéc nhéc my pernation”), ele estava em uma praça pública durante um show de Rock com 
pessoas e seus cachorros: “Rócão” (isso é muito comum na cidade de “Sucuri”). Mévio colocou o artefato 
explosivo embaixo do palco e ao detonar matou 32 pessoas, incluindo Tício (certamente ele sabia que a 
explosão mataria as outras pessoas que ali se encontravam). Nesse caso, embora o agente não quisesse 
atingir outras vítimas, esse resultado era absolutamente esperado na explosão do artefato, então haverá 
1 dolo direto de primeiro grau contra Tício e outros 31 dolos diretos de segundo grau contra as pessoas 
inocentemente mortas. O juiz aplicará, pois, a regra do concurso formal impróprio de crimes, somar-se-
ão as penas de 32 homicídios qualificados (considerando a pena máxima, seriam só 960 anos de reclusão). 
Este período será usado para as regras de progressão de regime (2/5 se primário: 384 anos; 3/5 se 
reincidente: 576 anos); e condicional (2/3 se primário: 640 anos); contudo, no Brasil, o cumprimento 
máximo de pena privativa de liberdade é de 30 anos (Art. 75, CP: “O tempo de cumprimento das penas 
privativas de liberdade não pode ser superior a 30 anos”), então ficará os 30 anos em regime fechado. 
 
2.2. DOLO INDIRETO 
Art. 18, caput: “Diz-se o crime: 
I - doloso, quando o agente (…) assumiu o risco de produzi-lo;”. 
Também chamado de indeterminado. A doutrina classifica o dolo indireto como gênero e que 
se desmembra em duas espécies: o dolo alternativo e o dolo eventual. 
Caiu em prova!! 
(FUMARC/2011) No dolo direto, o agente quer efetivamente produzir o resultado, ao praticar a conduta 
típica, e no dolo indireto, o agente não busca com sua conduta resultado certo e determinado, 
subdividindo-se em dolo alternativo e eventual. 
Gabarito: Certo 
 
2.2.1. DOLO INDIRETO ALTERNATIVO 
Quando o agente quer muitos “resultados” ou quer dirigir o crime a muitas “pessoas”, contudo 
não é possível de se realizar todos. Poderá ser objetivo ou subjetivo. 
Simplificando: 
a) Objetivo: quando a vontade indeterminada estiver relacionada com o resultado, sendo 
a vítima certa (“atiro” contra a vítima para ferir ou matar, tanto faz). 
b) Subjetivo: quando a vontade indeterminada envolver as vítimas, mas com resultado 
certo (“atiro” contra um grupo de pessoas para matar qualquer delas). 
 
 
 
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com 
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AEPCON – Concursos Públicos. 
6 
AEPCON Concursos Públicos 
2.2.2. DOLO INDIRETO EVENTUAL 
Também chamado apenas de dolo eventual, é o que está escrito no Art. 18, I, segunda parte: 
quando o agente assumiu o risco de produzir o resultado. Aqui o agente não quer diretamente, mas 
assume a responsabilidade pelo resultado (o famoso “dane-se!”). 
Ao dolo eventual, adota-se a teoria do assentimento. 
Caiu em prova!! 
(CESPE/2013) No caso de, apesar de sua vontade não se dirigir à realização de determinado resultado 
previsto, o agente aceitar e assumir o risco de causá-lo, restará configurado o dolo eventual, espécie de 
dolo indireto ou indeterminado. 
Gabarito: Certo 
 
2.3. DOLO GERAL (ERRO SUCESSIVO OU ABERRATIO CAUSAE) 
O dolo geral também é conhecido por erro sucessivo ou aberratio causae. 
É o erro sobre a causa que deu origem ao resultado desejado pelo agente (dentro do nexo 
causal). Por uma pluralidade de atos executados pelo agente, a causa que deu origem ao resultado 
foi a segunda atitude praticada por ele, mas ele não notou, pois acreditava que a primeira já havia 
causado o resultado. Nesse caso, não fará nenhuma diferença para o Direito Penal, o qual trata essa 
“aberração” como dolo geral (o dolo sempre houve). 
O dolo geral ocorre quando o agente, julgando ter obtido o resultado intencionado, pratica 
uma nova conduta (uma segunda ação), com propósito diverso, porém somente dessa forma que ele 
produz o resultado. O agente responderá por seu dolo inicial. 
Exemplo¹: “A” envenenou “B” e, acreditando que a vítima estivesse morta, jogou-a da Ponte Rio-
Niterói. Porém, ela bateu com a cabeça em um dos pilares de sustentação da ponte, vindo a morrer de 
traumatismo craniano. A vítima morreu por outra causa, mas em função do dolo geral do agente, ele será 
responsabilizado pelo homicídio qualificado pelo envenenamento e não homicídio simples (segundo ato, 
origem do resultado). 
Exemplo²: “A” queria matar “B” e ocultar o cadáver. Deu dois tiros na vítima e supondo que a mesma 
havia morrido, enterrou-a em uma cova. Porém, ela ainda estava viva e veio a morrer por asfixia. Nesse 
caso, o agente responderá por homicídio simples e por ocultação de cadáver e não por homicídio 
qualificado pela asfixia (segundo ato, origem do resultado). 
 
2.4. DOLO ESPECÍFICO 
Derradeiro da teoria finalista da ação, somente ocorrerá com o desejo específico do agente, 
isto é, há uma finalidade específica para aquela conduta. 
Dessa forma, é obrigatório que o tipo penal explicite taiselementos específicos no dolo do 
agente, por exemplo, a parte final do crime de falsidade ideológica: 
Art. 299: “Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, 
ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim 
 
 
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com 
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AEPCON – Concursos Públicos. 
7 
AEPCON Concursos Públicos 
de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente 
relevante”. 
Observe a parte sublinhada inicia-se “com o fim de”. Normalmente o tipo penal estará escrito 
com conjunções e locuções adverbiais finais, tais quais: para, a fim de, com o fim, com o objetivo, 
com a finalidade de, entre outros. 
 
2.5. DOLO GENÉRICO 
Ao contrário do específico, o tipo penal nada diz com a finalidade, apenas o núcleo criminal. 
Dessa forma, somente nos crimes de dolo genérico poderá existir as formas culposas. Por exemplo, 
o homicídio: 
Homicídio simples 
Art. 121, caput: “Matar alguém: 
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.”. 
Veja que ele não determina um fim específico, tanto que poderá ocorrer um homicídio culposo 
(de forma descuidada). 
Homicídio culposo 
Art. 121, §3º: “Se o homicídio é culposo: 
Pena - detenção, de um a três anos.”. 
 
3. REVISÃO DIDÁTICA 
 
CONDUTA 
(vontande e 
consciente)
Dolo natural
(propositado)
Direto
1º grau
2º grau
Indireto
Alternativo
Objetivo
Subjetivo
Eventual
("dane-se")
Geral (aberratio 
causae)
Específico
(finalidade)
Genérico
(comporta o 
culposo)
Culpa
(descuidado)
Causas que 
excluem a 
conduta
1) Caso fortuito ou força maior; 
2) Sonambulismo; 
3) Hipnose; 
4) Movimentos involuntários; 
5) Atos reflexos; 
6) Coação física irresistível; 
7) Erro determinado por terceiro; 
8) Erro de tipo escusável. 
 
 
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com 
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AEPCON – Concursos Públicos. 
8 
AEPCON Concursos Públicos 
EXERCÍCIOS 
1. (CESPE/1999) Para a teoria finalista da ação, o dolo é natural, representado pela vontade e 
consciência de realizar o comportamento típico que a lei prevê, sendo desnecessária a 
consciência da antijuridicidade. 
 Certo  Errado 
2. (CESPE/2010) Considere a seguinte situação hipotética. Um jovem desferiu, com intenção 
homicida, golpes de faca em seu vizinho, que caiu desacordado. Acreditando ter atingido seu 
objetivo, enterrou o que supunha ser o cadáver no meio da mata. A perícia constatou, 
posteriormente, que o homem falecera em razão de asfixia decorrente da ausência de ar no local 
em que foi enterrado. 
Nessa situação, ocorreu o que a doutrina denomina de aberratio causae, devendo o agente 
responder pelo delito de homicídio simples consumado, por ter agido com dolo geral. 
 Certo  Errado 
QUESTÕES BÔNUS 
3. (CESPE/2002) Considere a seguinte situação hipotética. Um indivíduo pretendia matar o seu 
desafeto, que se encontrava conversando com outra pessoa. Percebeu que, atirando na vítima, 
poderia também atingir a outra pessoa. Não obstante essa possibilidade, prevendo que poderia 
matar o terceiro e, sendo-lhe indiferente que este último resultado se produzisse, o indivíduo 
atirou contra o desafeto. Com o disparo, o desafeto e o terceiro vieram a falecer. 
Nessa situação, o indivíduo agiu com dolo direto com relação ao desafeto, e dolo indireto com 
relação ao terceiro. 
 Certo  Errado 
4. (CESPE/2013) Por caracterizar inexigibilidade de conduta diversa, a coação moral ou física exclui 
a culpabilidade do crime. 
 Certo  Errado 
5. (CESPE/2016) A coação física e a coação moral irresistível excluem a conduta do agente, pois 
eliminam totalmente a vontade pelo emprego da força, de modo que o fato passa a ser atípico. 
 Certo  Errado 
6. (CESPE/2012) A coação irresistível, que constitui causa de exclusão da culpabilidade, é a coação 
moral, porquanto a coação física atinge diretamente a voluntariedade do ato, eliminando, se 
irresistível, a própria conduta. 
 Certo  Errado 
7. (CESPE/2013) A coação moral irresistível é uma hipótese de autoria mediata, em que o autor da 
coação detém o domínio do fato e comete o fato punível por meio de outra pessoa. 
 
 
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com 
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AEPCON – Concursos Públicos. 
9 
AEPCON Concursos Públicos 
 Certo  Errado 
8. (CONSUPLAN/2012) A doutrina do direito penal explica que um dos elementos do fato típico é a 
existência de um comportamento humano comissivo ou omissivo, doloso ou culposo. Pode-se 
afirmar que há comportamento humano para efeitos de caracterização do fato típico nos casos 
de: 
a) Força física irresistível, que pode ser por força da natureza ou proveniente da ação de um 
terceiro. 
b) Movimentos reflexos, sendo o resultado imprevisível. 
c) Estados de inconsciência, tais como sonambulismo, hipnose, etc. 
d) Embriaguez completa, não proveniente de caso fortuito ou força maior. 
QUESTÕES DE AULA 
9. (TJ-PR/2012) Mévio sofre de sonambulismo e seus ataques são frequentes. Em determinada 
noite, durante um desses ataques, Mévio se levanta, dirige-se ao exterior de sua casa e, tendo 
um espasmo, acaba empurrando Adolfo de um penhasco, que é vizinho às residências de ambos. 
Adolfo falece em virtude de lesões decorrentes da queda. Ao acordar, sem ter nenhuma 
consciência nem lembrança do que ocorreu, Mévio é informado do episódio e fica bastante feliz 
com a brutal morte de Adolfo, seu desafeto. Diante dos fatos narrados, assinale a alternativa 
correta. 
a) Mévio deverá ser condenado por homicídio culposo. 
b) Mévio deverá ser condenado por homicídio doloso. 
c) Mévio deverá ser absolvido, já que havia inexigibilidade de conduta diversa. 
d) Mévio não comete crime algum, diante de absoluta ausência de conduta humana. 
10. (FGV/2012) Para que haja relevância penal a conduta típica deve ser exteriorizada seja de ordem 
comissiva seja de ordem omissiva. Com outras palavras, faz-se o que é proibido ou não se faz o 
que era devido. Com relação ao tema, o movimento reflexo, a hipnose e o sonambulismo não 
afastam a conduta. 
 Certo  Errado 
11. (CESPE/2010) A coação física irresistível afasta a tipicidade, excluindo o crime. 
 Certo  Errado 
12. (CESPE/2009) Suponha que Antônio, imputável, dono de mercearia, com a inequívoca intenção 
de matar Juarez, tenha induzido a erro Carla, imputável e empregada doméstica de Juarez, 
vendendo a ela arsênico em vez de açúcar, que ela ministrou na alimentação de Juarez, 
provocando a morte deste. Nessa situação, Antônio deve ser responsável pelo crime como autor 
mediato, e a empregada doméstica, Carla, deve ter excluída a ilicitude de sua conduta, incorrendo 
em erro de tipo essencial. 
 Certo  Errado 
 
 
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com 
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AEPCON – Concursos Públicos. 
10 
AEPCON Concursos Públicos 
13. (ACAFE/2008) O advogado “Caio”, por engano, pegou o guarda-chuva de seu colega “Tício”, que 
estava pendurado no balcão do cartório. Com base no exemplo, é correto afirmar que “Caio” não 
responderá porcrime de furto, pois: 
a) Ele incidiu em erro acidental sobre dados secundários da figura tópica do furto. 
b) Incorreu em erro de proibição invencível. 
c) Faltou-lhe potencial consciência da ilicitude. 
d) Ele incidiu em erro sobre elemento constitutivo do tipo legal do crime de furto (erro de tipo 
essencial). 
14. (FUMARC/2011) No dolo direto, o agente quer efetivamente produzir o resultado, ao praticar a 
conduta típica, e no dolo indireto, o agente não busca com sua conduta resultado certo e 
determinado, subdividindo-se em dolo alternativo e eventual. 
 Certo  Errado 
15. (CESPE/2013) No caso de, apesar de sua vontade não se dirigir à realização de determinado 
resultado previsto, o agente aceitar e assumir o risco de causá-lo, restará configurado o dolo 
eventual, espécie de dolo indireto ou indeterminado. 
 Certo  Errado 
GABARITO COMENTADO 
 
 
1. Certo. Questão antiga, mas com total validade aos dias atuais! Deve se atentar ao comando da 
questão, haja vista perguntar apenas sobre a teoria finalista da ação e não acerca da teoria do 
crime! Segundo a teoria finalista da ação, o dolo é natural (2 elementos): vontade e consciência 
do tipo. Ela sobrescreveu o antigo dolo normativo (3 elementos): vontade, consciência do tipo e 
consciência da ilicitude. Atualmente, o dolo está na conduta e o elemento “consciência da 
ilicitude” ficou na culpabilidade (potencial consciência da ilicitude). Portanto, questão correta! 
2. Certo. Exemplo prático do dolo geral (erro sucessivo ou “aberratio causae”), o agente erra na 
conduta (na causa), mas consegue atingir o resultado por ele desejado. Deve existir mais de uma 
conduta, ou seja, 2 ou mais atos. Nessa modalidade, ele responderá pelo que ele achava ter 
cometido inicialmente, mesmo que o resultado advenha de uma forma mais gravosa, por isso 
responderá por homicídio simples! 
3. Certo. Quanto ao alvo: dolo direto (de 1º grau). Quanto a resultados previstos não desejados, 
mas os quais o agente assume o risco de produzi-los: dolo eventual (modalidade de dolo indireto). 
4. Errado. A coação física irresistível elimina a conduta e, por conseguinte, o próprio crime (exclusão 
da tipicidade). Já a coação moral irresistível sim irá eliminar a exigibilidade de conduta diversa, 
excluindo a culpabilidade, tendo como resultado a isenção da pena e punição do coagidor a título 
de autoria mediata. 
5. Errado. Comentário idem acima. 
6. Certo. Comentário idem ao da questão nº 4. Questão correta. 
1 - C 2 - C 3 - C 4 - E 5 - E 
6 - C 7 - C 8 - D 9 - D 10 - E 
11 - C 12 - C 13 - D 14 - C 15 - C 
 
 
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com 
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AEPCON – Concursos Públicos. 
11 
AEPCON Concursos Públicos 
7. Certo. Comentário idem ao da questão nº 4. Questão correta. 
8. Letra D. A coação (força) física irresistível, os movimentos reflexos, a hipnose, o sonambulismo 
são todas formas de exclusão da conduta. Já os crimes cometidos durante a embriaguez, dolosa 
ou culposa, completa ou preordenada, serão punidos pelo Direito Penal, consoante a teoria da 
actio libera in causa (ação livre na causa – punição objetiva do agente). De acordo com o Art. 28, 
caput, c/c inciso II, do Código Penal: “Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (…) II - a 
embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.”. Caso a 
embriaguez seja derivada de caso fortuito ou força maior, poderá isentar o agente de pena: “§1º 
– É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força 
maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito 
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.”; ou diminuir a pena: “§2º – A 
pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso 
fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de 
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.”. 
9. Letra D. O sonambulismo exclui a conduta e, por conseguinte, o próprio crime. 
10. Errado. O movimento reflexo, a hipnose e o sonambulismo excluem a conduta! 
11. Certo. A coação física irresistível é excludente da conduta e, consequentemente, o crime. 
12. Certo. O erro determinado por terceiro é modalidade de autoria mediata, isentando o agente de 
culpa e punindo o coagidor. Está previsto no Art. 20, §2º, CP: “Responde pelo crime o terceiro que 
determina o erro.”. 
13. Letra D. Caio não possuía a “vontade” de subtrair coisa alheia móvel (elementos do tipo do furto, 
art. 155), de tal forma que não será punido por incorrer em erro de tipo essencial na modalidade 
escusável ou desculpável, haja vista ser um erro inevitável ou invencível. Resultará na exclusão 
da conduta e, portanto, a exclusão do crime. 
14. Certo. Consoante o Art. 18, I, CP: “doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco 
de produzi-lo”. Na primeira parte desse inciso, está previsto o dolo direto (ele buscou diretamente 
o resultado); já na segunda parte, está o dolo indireto (ele não busca diretamente o resultado, 
mas de qualquer forma não se importa que ele aconteça ou ficará feliz se ele acontecer ou não) 
que se subdivide em alternativo (objetivo e subjetivo) e eventual. 
15. Certo. Praticamente o mesmo comentário acima, sendo o dolo eventual uma modalidade de dolo 
indireto, que é quando o agente “assume o risco de produzir o resultado previsto”. 
	Sumário
	Conduta
	1. Conceitos introdutórios
	1.1. Causas de exclusão da conduta
	2. Crime doloso
	2.1. Dolo direto (de primeiro e segundo grau)
	2.2. Dolo indireto
	2.2.1. Dolo indireto alternativo
	2.2.2. Dolo indireto eventual
	2.3. Dolo geral (erro sucessivo ou aberratio causae)
	2.4. Dolo específico
	2.5. Dolo genérico
	3. Revisão didática
	Exercícios
	Questões bônus
	Questões de aula
	Gabarito comentado

Continue navegando