Prévia do material em texto
FIBRILAÇÃO ATRIAL 1. DEFINIÇÃO - Múltiplos circuitos de reentrada nos átrios - Ativação atrial desorganizada - Perda da função mecânica dos átrios - Resposta ventricular irregular - Critérios ECG - Ausência de onda P ou F (Flutter) - QRS estreito (exceto se bloqueio de ramo) - Irregularidade do intervalo RR 2. FISIOPATOLOGIA - Miócitos ‘’ doentes’’ - Alterações eletrofisiológicas: novos atalhos são criados - Estimulo de extrassístole pode se fragmentar: circuitos de reentrada (movimentos circulares). Estes circuitos aparecem e desaparecem em momentos diferentes e em diversas partes do miocárdio atrial, que por sua vez o coração perde sua contração rítmica - O mecanismo de reentrada é o mais importante das taquiarritmias. Para que se forme um circuito de reentrada no miocárdio, existem três pré-requisitos: 1. Áreas adjacentes com períodos refratários diferentes 2. Áreas de condução lentificada 3. Um gatilho (extrassístole) 3. EPIDEMIOLOGIA E ETIOLOGIA - 1-2% da população geral. Até 10% idosos (>65anos) - Discreto predomínio em homens e brancos - A FA é uma arritmia de indivíduos cardiopatas, idosos ou hipertireoideos - Menos comum em pacientes jovens não cardiopata e eutireoideo - Álcool ou adrenérgicos (cocaína, anfetamina) ou distúrbios eletrolíticos: fibrilação atrial isolada (paciente jovem normal); ‘’ sindrome do feriado’’ - Principais causas: - HAS (grupo mais comum) - Reumática - Valvopatias mitrais - Dupla lesão mitral + insuficiência tricúspide = 70% - Dupla lesão mitral = 52% - Estenose mitral pura = 29% - Insuficiencia mitral pura = 17% - Estenose aórtica = 1% - Principais fatores de risco: - Idade - HAS: cardiopatia hipertensiva que leva à uma disfunção diastólica que irá gerar uma sobrecarga pressórica do AE, surgindo assim pequenas cicatrizes no miocárdio atrial gerando um substrato do fenômeno de reentrada - DM: doença microvascular - Cardiopatias estruturais: principalmente da parte esquerda ou que afete os átrios - Apneia do sono: aumenta o tônus simpático adrenérgico - Principais desencadeantes: - Alterações na função tireoidiana: hipertireoidismo - Hipertireoidismo com mais de 30 anos tem 20% de chance de desenvolver FA - aumenta a responsividade miocárdica ao estimulo adrenérgico, aumentando o risco de aparecer extrassístole - IAM (6-10%), TEP, cirurgia cardíaca, DPOC descompensada - Distúrbios eletrolíticos (hipocalemia, hipomagnesemia) - Disturbios gasométricos (acidose, hipoxemia) 4. MANIFESTAÇÕES CLINICAS - Aumento da resposta ventricular - Palpitações, Edema Agudo de Pulmão (EAP), Angina Instável (AI), Taquicardiomiopatia - Perda da contração atrial - Intolerância ao exercício, Falência Cardíaca - Tromboembolismo - AVC, Isquemia Enteromesentérica, MMII - Muitos pacientes são assintomáticos OBS: TROMBOEMBOLISMO - Principal local para formação do trombo é o apêndice atrial esquerdo (auriculeta) - FA é a causa mais comum de AVEi, que é responsável por 1/3 de todos os AVEs, onde pode ser a primeira manifestação da fibrilação atrial 5. SEMIOLOGIA DO PACIENTE COM FIBRILAÇÃO ATRIAL - Ritmo cardíaco irregular e perda da onda A no impulso venoso - FC no precórdio é maior do que no pulso radial - Como o tempo de enchimento diastólico é variável e as vezes muito curto, o ventrículo pode bater ainda vazio, sem produzido o débito sistólico perceptível, isso faz com que o batimento sentido no precórdio não se acompanhe de uma onda de pulso periférico OBS: QUEM TEM FIBRILAÇÃO ATRIAL NÃO PODE TER B4 (B4 PRECISA APRESENTAR CONTRAÇÃO ATRIAL ORGANIZADA, ENTÃO PACIENTE COM FA NÃO TEM COMO DESENVOLVER B4) 6. TIREOIDOPATIA X FIBRILAÇÃO ATRIAL - Hipertireoidismo com mais de 30 anos tem boa chance de desenvolver FA - Aumento no tônus adrenérgico sobre o miocárdio atrial - Hipertireoidismo - Ação direta dos hormônios sobre o coração - Aumento da sensibilidade da fibra cardíaca e no número de receptores b-adrenérgicos - Aumento do DC - Período de ejeção sistólica é abreviado - Pressão do pulso é alargada e a resistência vascular periférica reduzida - Essas alterações ocorrem principalmente devido às alterações na contratilidade cardíaca, secundária ao aumento da demanda metabólica no tecido periférico, além do efeito estimulante direto do hormônio da tireoide sobre o coração 7. CLASSIFICAÇÃO CLINICA A. Paroxística - Resolução espontânea até 7 dias - Pode ser recorrente, ou seja, 2 ou mais episódios - Foco ectópico nas veias pulmonares - Cardiomiócitos cresce pra dentro das veias pulmonares, têm grande propensão de emitir extrassístoles B. Persistente - Mais de 7 dias, só se resolve se cardioverter - Remodelamento eletrofisiológico (alterações nos canais dos cardiomiócitos) - FA gera FA C. Permanente - 1 ano - Remodelamento estrutural - Degeneração, apoptose, fibrose tornando a fibrilação atrial irreversível 8. TRATAMENTO - Paciente INSTAVEL? - Taquiarritmia Hipotensão, EAP, AI - SIM: Cardioversão elétrica sincroniza (200J) - Não resolveu? Repete o choque com aumento da carga + Ibutilida IV (ant.arrit) - Paciente ESTAVEL? - 1º passo: controle da FC - Inibidores do nódulo AV A. Betabloqueadores (-bronco espasmo, função ventricular) B. Antagonista dos canais de cálcio: Diltiazem/Verapamil (-função ventricular) C. Digital (-IRA) D. Amiodarona* (refratariedade de A, B e C) - Não associar Betabloqueador + ACC; 2 ACC - Bloqueio átrio ventricular completo - 2º passo: Anticoagulação - ESCORE CHADS-VASC (APENAS EM PORTADORES DE FA ‘’NÃO VALVAR’’) - Anticoagulantes - 2 esquemas OBS: OS NOVOS ANTICOACOAGULANTES NÃO DEVEM SER USADOS EM PORTADORES DE VALVA MECÂNICA OU VALVOPATIA REUMÁTICA - 3º passo: Definir estratégia longo prazo - Controle de ritmo? - Cardioverte FA + antiarrítimico - Controle de frequência? - Deixa em FA, inibe o nódulo AV (objetivo: FC < 110 BPM) - QUEM É MELHOR? - Literatura: controle de ritmo NÃO MELHORA sobrevida ou qualidade de vida - Drogas antiarrítmicas apresentam efeitos colaterais (pro-arrítmicos) OBS: VALE TENTAR CARDIOVERSÃO SE: - Paciente com 1º Episódio de FA, principalmente se desencadeante for reversível (álcool, cocaína, remédio tireoidianos, tireotoxicose...) - Paciente que está em FA + sintomas persistentes apesar de FC controlada - Paciente com FC refratária ou contraindicação inibidores do NAV (Asma, IRA, Insuficiencia ventricular) 9. ESTRATÉGIA DE CONTROLE DE RITMO - FA < 48h - BAIXO risco cardioembolico: cardioverter - ALTO risco cardioembólico: cardioverter e depois coagular ad eternum Anticoag. 3 semanas Cardioverter Anticoag conforme risco - FA > 48h - Eco transesofágico SIM - Trombo no AE? NÃO Cardioverter Anticoag conforme risco 10. COMO REALIZAR A CARDIOVERSÃO A. Elétrica B. Química - SEM cardiopatia: Ibutilida, Propafenona, Flecainamida - COM ou SEM cardiopatia: Amiodarona, Satalol, Dofetilida - Satalol e Dofetilida: iniciada dentro do hospital - Amiodarona - Mais fácil de iniciar - Mais eficaz em prevenir recidiva da FA (sucesso em 2/3) 11. ABLAÇÃO - Cateter - ‘’ Isolamento’’ das veias pulmonares - FA paroxística recorrente ou refratária: poupa os pacientes dos antiarrítmicos - Cirurgia - Caso o paciente esteja realizando uma cirurgia valvar ou revascularização - Pode associar ressecção auriculeta, removendo o principal sitio dos cardio embolos - Atrial ‘’ maze’’: cria labirintos fibroticos e impede o surgimento dos circuitos de reentrada, fazendo com que o paciente perca a contração atrial, porém o paciente fica sem FA