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AÇÕES POSSESSÓRIAS arts. 1196 a 1224 CC Arts. 554 a 568 CPC O CC vigente adota a teoria objetiva de Ihering, com certas concessões à teoria subjetiva (Savigny): configura a posse quando o possuidor se comportar em relação à coisa com animus domini (vontade e intenção de ser dono da coisa). Se possuir em nome de outrem, é mero detentor. Art. 1196, do CC: Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. É possuidor, portanto, todo aquele que, de fato, exerce perante as demais pessoas (plenamente ou não), alguns dos poderes (de fato) da propriedade (uso, gozo ou fruição, disposição, e restituição de quem injustamente detenha a coisa). Vide: CC, art. 1228. Natureza jurídica da posse: (direito real ou pessoal?). O C.P.C., ao que tudo indica, não reconhece natureza real ao direito de posse. Vide: artigo 73, § 2º). Classificação da posse: a) justa ou injusta; b) boa ou má-fé; c) nova ou velha (art. 558 NCPC); d) direta ou indireta. Proteção possessória Se a lide versar sobre o domínio (e não posse), a ação terá natureza petitória (reivindicação, p.ex.). Se versar sobre a posse, terá natureza possessória. Para o CPC, são ações possessórias: manutenção de posse, reintegração de posse e o interdito proibitório. São petitórias, portanto: imissão na posse, nunciação de obra nova (ainda existe, mas deixou de ter rito especial no novo CPC) e embargos de terceiro. Fungibilidade das ações possessórias: Art. 554 CPC: Significa a possibilidade de o Juiz conceder pedido diferente do originalmente formulado pelo autor, pois o que ele pleiteia é a proteção possessória pertinente e idônea frente a conduta do réu que, aliás, pode se alterar no curso do processo (de mera ameaça para turbação ou esbulho). Assim, se o A. pedir manutenção, nada impede o Juiz de conceder reintegração. É a proteção possessória adequada que importa, seja qual for. Cumulação de ações: Art. 555, CPC: é possível cumular a qualquer uma das ações possessórias os pedidos de: condenação do réu em perdas e danos, indenização dos frutos, multa por novo esbulho ou turbação, desfazimento de plantação ou construção Natureza dúplice das possessórias: Art. 556 CPC - o réu pode deduzir contra o autor, na própria contestação, sua pretensão à proteção possessória e indenização. Desnecessária, portanto, a reconvenção. Na contestação, além de rebater os fatos e fundamentos da inicial, pode o réu pedir a proteção judicial à sua posse. Exceção de domínio (exceptio proprietatis) No juízo possessório, ao invés do petitório, não se admite pleitear a posse em razão do domínio sobre a coisa objeto da ação. O juízo possessório (onde se discute a posse) é distinto do juízo petitório (fundado no domínio). Assim, se uma parte pede proteção possessória com base só na posse de fato, e, a outra se defende com fundamento só no domínio, será vencedor aquele que tem a posse de fato, pois se a causa de pedir é a propriedade (domínio), então é ação petitória, e não possessória. Vide: art. 557, § único do CPC e art. 1210, § 2º do CC. Assim, desde o CC de 2002 está superada a Súmula 487, do STF (“... será deferida a posse a quem, evidentemente, tiver o domínio, se com base neste for ela disputada”). Discute-se na doutrina e na jurisprudência se é possível ao réu oferecer, no corpo da contestação, a exceção de usucapião, para defender-se na ação possessória e, ao mesmo tempo, para obter o domínio pela usucapião. Ou seja: provado o direito do réu, o Juiz deve julgar improcedente a ação possessória e, na mesma sentença, declarar que o réu é proprietário por atender os requisitos legais para a usucapião. Alguns entendem que sim, com fundamento no artigo 13 do Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001), quando se cuida de “usucapião especial urbano”. Outros, que não, pois na ação possessória só se discute o “jus possessionis” (direito de posse, poder sobre a coisa, possibilidade de defesa do exercício da posse por meio de ação possessória), e não o “jus possidendi” (direito à posse, como expressão do direito de propriedade, conferido somente a quem tem domínio). Sigo o pensamento dos que não aceitam a declaração de usucapião na ação possessória. Um, porque a sentença na possessória tem efeito “inter partes”, a saber, faz coisa julgada material apenas entre os litigantes, ao contrário da proclamação da usucapião, de efeito “erga omnes”, a atingir interesses jurídicos de uma coletividade. Dois, porque o reconhecimento da usucapião exige, antes, o chamamento ao processo daqueles que constam como proprietários no registro imobiliário, dos confrontantes, das fazendas públicas, de terceiros interessados etc., além da intervenção do Ministério Público, o que não ocorre em uma ação possessória. Resolve-se assim: o réu pode oferecer exceção de usucapião na contestação da ação possessória, apenas como matéria de defesa (Súmula 237 do STF), a fim de evitar a procedência da possessória, mas para obter o domínio pela usucapião, haverá de ajuizar ação própria. Procedimento: Se for ação de força nova (proposta dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho), a manutenção ou a reintegração terá o rito especial dos artigos 560 a 566 CPC, pouco importando se a coisa for imóvel, móvel ou semovente. Se for ação de força velha (após ano e dia), o rito será o comum (antigo ordinário), sem perder a ação, todavia, o seu caráter possessório (art. 558, § único do CPC). Se rito especial, cabe tutela de urgência (antiga liminar); se comum, cabe tutela de urgência de natureza antecipada (antiga antecipação de tutela). O interdito proibitório sempre terá rito especial, sem se cogitar de força nova ou velha, eis que a ameaça de ofensa à posse é necessariamente atual. Foro competente: O da situação da coisa (art. 47, § 2º CPC, que passou a considerar regra de competência absoluta); Legitimidade: ATIVA: o possuidor, direto ou indireto (marido ou mulher, ou ambos). PASSIVA: quem praticou a ofensa à posse (se marido e mulher, inclua ambos).
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