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001 ATIVIDADE - Direito Penal Pós

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CURSO: Pós-Graduação Lato Sensu em DIREITO PÚBLICO 
DISCIPLINA: DIREITO PENAL E CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
CARGA HORÁRIA: 45h 
PROFESSORA: KARINE CORDAZZO 
 
ATIVIDADE- AULA 01 
01. Como se sabe, segundo a concepção garantista do Direito Penal, os valores 
abrigados pela Carta Magna, tais como a liberdade, a segurança, o bem-estar social, a 
igualdade e a justiça, são de tal grandeza que o Direito Penal não poderá virar-lhes as 
costas, servindo a Lei Maior de norte ao legislador na seleção dos bens tidos como 
fundamentais. Nesse sentido, discorra brevemente sobre a incidência do princípio 
insignificância ou da criminalidade de bagatela, colacionando em sua resposta a ementa 
de um acórdão proferido pelos tribunais superiores (STJ/STF), onde este princípio foi 
aplicado. (Recomenda-se em torno de 30 linhas) 
Um dos princípios que vem ganhando força na doutrina e, sobretudo, na nossa 1 
jurisprudência é o Princípio da Insignificância ou também chamado Princípio da 2 
Bagatela. Para este princípio, o Direito Penal não deve se preocupar com condutas 3 
incapazes de lesar o bem jurídico. 4 
Este princípio, certamente, encontra-se fundamento jurídico no conceito de tipicidade 5 
formal e a tipicidade material. A tipicidade formal é a correspondência exata entre o 6 
fato e os elementos constantes de um tipo penal. A tipicidade material é a real lesividade 7 
social da conduta. E é justamente, na tipicidade material, que se revela o verdadeiro 8 
sentido do princípio da insignificância. 9 
Logo, não basta que a conduta praticada tenha apenas correspondência nos elementos 10 
de um tipo penal, é necessário que a conduta seja capaz de lesar ou expor terceiros a 11 
risco, provocar lesões significantes ao bem jurídico tutelado. 12 
Desse modo, o princípio da insignificância ou da bagatela encontra-se relação com o 13 
princípio da intervenção mínima do Direito Penal, isto é, parte do pressuposto que a 14 
intervenção do Estado na esfera de direitos do cidadão deve ser sempre a mínima 15 
possível, para que a atuação estatal não se torne demasiadamente desproporcional e 16 
desnecessária, diante de uma conduta incapaz de gerar lesão ou ameaça de lesão ao bem 17 
jurídico tutelado. 18 
O princípio da insignificância ou da bagatela, dessa maneira, não se trata de uma 19 
excludente de culpabilidade. Trata-se, sim, de uma excludente de ilicitude, pois retira do 20 
fato noticiado a sua tipicidade. Contudo, é importante observar que a sua aplicabilidade 21 
também possui requisitos, sendo eles: a necessidade de considerar o valor do bem 22 
lesado com a conduta, pelo ponto de vista do autor do fato, da vítima e da própria 23 
sociedade; é preciso analisar a lesão ao bem jurídico de modo amplo, ou seja, no 24 
conjunto e na totalidade da lesão, além da reincidência do réu; e também considerar, 25 
particularmente, os bens jurídicos imateriais de expressivo valor social, como aqueles 26 
que, embora não tenham valor econômico expressivo, possuam valor de interesse geral. 27 
Vejamos na pratica aplicação deste princípio no Superior Tribunal de Justiça: 28 
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. POSSE DE MUNIÇÃO. 9 29 
CALIBRES 38 DESACOMPANHADOS DE ARMA. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO 30 
DA INSIGNIFICÂNCIA. POSSIBILIDADE. 1. Permanece hígida a jurisprudência do 31 
Superior Tribunal de Justiça, bem como do Supremo Tribunal Federal, no sentido de 32 
que a posse de munição, mesmo desacompanhada de arma apta a deflagrá-la, continua a 33 
preencher a tipicidade penal, não podendo ser considerada atípica a conduta. 2. Esta 34 
Corte, todavia, acompanhando entendimento do Supremo Tribunal Federal, passou a 35 
admitir a incidência do princípio da insignificância quando se tratar de posse de 36 
pequena quantidade de munição, desacompanhada de armamento capaz de deflagrá-la, 37 
uma vez que ambas as circunstâncias conjugadas denotam a inexpressividade da lesão 38 
jurídica provocada. 3. Assentada a possibilidade de incidência do princípio da 39 
insignificância, a situação concreta trazida nos autos autoriza sua incidência, pois o 40 
acusado possuía em sua residência, apenas, nove munições de uso permitido, calibre 38. 41 
4. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 1793475/SP, Rel. 42 
Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 43 
07/05/2019, DJe 20/05/2019). 44

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