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Universidade Veiga de Almeida – Pós-Graduação ATENDIMENTO AO CLIENTE COM QUALIDADE NAS AGÊNCIA DE VIAGENS Mauricio Silva dos Santos ( mauricio.santos@yahoo.com.br ) RESUMO Este documento trata de como pode ser realizado um atendimento com qualidade em uma agência de viagens detalhista, identificando fatores que contribuem para alcançar um alto nível de excelência no atendimento ao cliente. Os fatores identificados estão relacionados a necessidade de elaboração de um plano estratégico, cuidados com o profissional, treinamento e educação, formação de cultura organizacional, monitoramento das ações durante o ciclo de atendimento e relacionamento com cliente. Pesquisou-se elementos que podem influir diretamente para a melhoria dos serviços prestados e contribuir com o desenvolvimento das pessoas que participam diretamente com o processo de atendimento. Todos os esforços se concentram no objetivo de atender plenamente as necessidades e expectativas dos clientes e criar um ambiente organizacional para que todos os envolvidos no processo de atendimento: empresa, funcionários e clientes sejam beneficiados. Palavras Chave: Atendentes / Atendimento; Agência de Viagens; Prestação de Serviços; Qualidade; Marketing Aplicado. 1 INTRODUÇÃO O atendimento é a principal arma das agências de viagens para conquistar clientes. É através dele que se percebe a qualidade de uma empresa. No mercado atual, vence quem atende melhor o cliente e para isso é necessário a elaboração de um plano estratégico com foco nos profissionais (atendentes) e na qualidade para se obter sucesso. É uma questão de gestão estratégica. Neste documento será apresentado detalhes da atividade de uma agência de viagens, categorias, funções, a tipologia utilizada nesse estudo e o que pode ser desenvolvido para que o atendente tenha condições necessárias para realizar um atendimento com qualidade. Considerando o atendimento em uma agência de viagens, uma prestação de serviços, um produto intangível, que não pode ser visto, e sim percebido, o trabalho visa identificar fatores que possibilitam agregar valor, melhorar o desempenho e manter um alto nível de qualidade durante toda prestação do serviço ao cliente, o ciclo de atendimento. 2 Busca-se através do marketing aplicado elaborar e desenvolver um plano estratégico, que irá funcionar como uma ferramenta dentro da agência de viagens com o objetivo de alcançar a excelência no atendimento ao cliente. 2 PERFIL: Agência de Viagens As agências de viagens são empresas intermediárias, situadas no setor terciário do mercado, o setor de serviços, sua principal função é intermediar, ou seja, ligar seus clientes aos prestadores de serviços turísticos, segundo Beni (1997), as agências de viagens são prestadoras de serviços, que informam, organizam e tomam as medidas necessárias em nome de uma ou mais pessoas que desejam realizar uma viagem. É dessa forma que as agências de viagens funcionam e recebem uma remuneração estipulada pelo mercado, em relação ao serviço prestado, essa remuneração se denomina comissão, que atualmente (2006) é autorizada pelo Ministério do Turismo. Kotler (1995) define as empresas intermediárias, o caso das agências de viagens como: “Empresas que ajudam outra empresa a promover, vender e distribuir seus produtos para os consumidores finais”. Dantas (2002) faz uma definição rápida e simples das duas categorias de agência de viagens de acordo com a legislação brasileira. As agências de viagens só podem operar excursões pelo Brasil e países limítrofes, nesse caso por tempo limitado, no máximo 12 horas e as agências de viagens e turismo podem operar excursões por todo o mundo sem restrições. Com as categorias oficiais de agências de viagens definidas, a legislação também atribui às funções das agências que são de caráter privativo e não privativo. De acordo com Beni (1997) o que dispõe a legislação brasileira entende-se por agência de turismo a sociedade que tem exclusividade nas seguintes atividades: venda comissionada ou intermediação remunerada de passagens individuais ou coletivas, passeios, viagens e excursões, intermediação remunerada na reserva de alojamento, recepção, traslado, transferência e assistência especializada ao turista, operação de viagens e excursões, individuais ou coletivas, compreendendo a organização, contratação e execução de programas, roteiros e itinerários, credenciamento de empresas transportadoras, empresas de hospedagem, emissão de bilhetes, vouchers e outros serviços turísticos; divulgação pelos meios adequados, inclusive propaganda e publicidade de todos esses serviços. As normas brasileiras prevêem ainda que, observada a legislação específica, as agências de turismo poderão prestar, mas sem caráter privativo, os seguintes serviços: obtenção e legalização de documentos para viajantes; reserva e venda, mediante comissionamento, de ingressos para espetáculos públicos, artísticos, culturais e outros; transporte turístico de superfície; desembarque de bagagens nas viagens e excursões de seus clientes; agenciamento de carga; prestação de serviços para 3 congressos, convenções, feiras e eventos similares; e operações de câmbio normal, observadas as instruções do Banco Central. Existem diferentes tipos de agências de viagens no mercado, cada uma com sua atividade específica. O foco do trabalho será fundamentado nas características de uma Agência de Viagens Detalhista. As Agências de Viagens Detalhistas são empresas que podem ou não oferecer serviços de receptivo, os quais são representados por city tour, transfer in/out, sightseeing e outros, caracterizados pela ligação direta entre a oferta (empresa prestadora de serviços turísticos) e a demanda (turista) quando assumem uma estrutura mais complexa, podem optar em trabalhar com segmentos de mercado diferentes além de atender o público em geral especializando-se, por exemplo, no atendimento de contas corporativas (mercado corporativo), grupos e convenções, intercâmbio e outros. (TOMELIM,2001 apud ACERENZA,1992) Dantas (2002) conclui que a agência de viagens é uma empresa que em geral apenas comercializa produtos turísticos e atende diretamente ao público consumidor e presta serviço de intermediação avulsa, ou por meio de pacotes, inclusive introduzindo a idéia de co-responsabilidade entre as empresas envolvidas no processo. Hoje o mercado está muito competitivo, as grandes agências de viagens disputam as contas corporativas. As agências estão cada vez mais especializadas nesse tipo de atividade. Existem no mercado agências de viagens com finalidade específica para atender esse mercado corporativo, caracterizado como turismo de negócios. As contas corporativas são parcerias formadas entre uma agência de viagem e uma empresa pública ou privada. Normalmente essa parceria é feita através de licitação, onde as agências de viagem apresentam suas propostas para atender uma determinada conta; a empresa escolhe a que mais se encaixa no seu perfil e oferece mais vantagens. A agência contratada fica responsável por gerenciar o setor de viagens da empresa contratante. Basicamente a agência exerce atividades como: reserva e emissão de passagens aéreas, reservas de hotel, locação de veículos e auxílios viagem como, por exemplo, obtenção de documentos e seguros viagem. Outras atividades complementares também podem ser realizadas por uma agência como: elaboração e realização de eventos, venda e administração de cartões de crédito corporativo ou EBTA (Enhanced Business Travel Account, cartões de crédito destinados apenas para pagamento depassagens aéreas) e receptivo. Alguns desses serviços podem ser terceirizados pela própria agência. A maioria das agências oferecem esses tipos de serviços que podem ser negociados previamente. O tempo de operação irá depender do contrato firmado entre as duas partes. Atualmente as empresas de petróleo e gás são as que mais demandam uma agência para administrar suas viagens, é um mercado em plena expansão, denomidado off-shore. 4 Ao fecharem um acordo, normalmente a empresa contratante disponibiliza um espaço físico dentro de sua unidade operacional para a instalação de um posto de atendimento e a agência entra com a instalação dos equipamentos operacionais e mão-de-obra. As descrições demonstram como são definidas as agências de viagens de acordo com a categoria, tipologia para estudo e suas atividades operacionais diante do mercado nacional de prestação de serviços turísticos. 2.1 FUNÇÃO: Atendentes / Atendimento O telefone é um meio de comunicação de grande potencialidade, sua boa utilização numa empresa depende de um diálogo de perguntas e respostas dinâmicas e imediatas, que resulta em um processo de comunicação interno e externo. (PILARES, 1989) O atendimento segundo Dantas (2002) é definido como o processo mercadológico nos quais as atividades humanas são empreendidas com o objetivo de satisfazer às necessidades do cliente. É um momento delicado que exige cuidado, alto nível de profissionalismo e qualidade. Pilares (1989) define que a relação interpessoal que envolve o funcionário de uma organização e o destinatário de produtos, idéias ou serviços dessa organização (ou ainda entre o funcionário e quem presta o serviço) constitui o atendimento ao cliente. Segundo Gianesi (1994), o atendimento é classificado em grau, de acordo com o contato do atendente com o cliente. Denomina-se Front Office ou Linha de Frente, atendimento cara a cara com o cliente, ou seja, contato visual, como por exemplo, a compra de um bilhete no balcão da companhia aérea; Back Room ou Retaguarda, caracteriza-se pelo atendimento telefônico, o processo mais comum e foco de estudo desse trabalho, como por exemplo atendimento de contas corporativas (posto) ou call center. Self-Service ou Auto-Atendimento, é um novo tipo de atendimento, uma tendência atual, onde o cliente faz seu próprio atendimento e não há contato com o atendente, como por exemplo efetuar uma reserva de hotel ou comprar um bilhete aéreo através de sites na internet. Albrecht (1998) define HDV (Hora Da Verdade): “Qualquer episódio no qual o cliente entra em contato com qualquer aspecto da organização e obtém a impressão da qualidade do seu serviço.” No atendimento não importa o nível hierárquico do funcionário na organização. Todos que tiverem contato direto ou indireto com o cliente serão considerados pessoas envolvidas na função de atendimento. (PILARES, 1989) 5 ATENDENTES O atendente é o encarregado da agência de viagens por fazer o contato com o cliente, seja por telefone ou pessoalmente. O atendente é o “cartão de visitas” da empresa, normalmente ele é o primeiro contato da agência de viagens com o cliente. Nesse momento é necessário comprometimento, responsabilidade e qualificação para manter os níveis de qualidade dentro dos padrões estabelecidos pela empresa e esperado pelo cliente. O agente deve estar sempre pronto para atender e oferecer o suporte necessário para solucionar qualquer solicitação do cliente. “O atendente está para o turista assim como o cabeleireiro está para a perua – ele é seu secretário, psicólogo, confidente, despachante, advogado, boy, ministro das relações exteriores e babá. Tudo isso pela incrível quantia – R$ Zero..., é o bispo a quem você pode reclamar e o anjo do asfalto que vai socorrer você em qualquer emergência.” (DANTAS, 2002 apud FREIRE, 1998) Em seu estudo Dantas (2002) define que para executar com eficiência seu papel de intermediário, o agente de viagens deve conhecer perfeitamente as características das empresas prestadoras de serviços turísticos, possuir conhecimento operacional e fundamentalmente identificar as necessidades dos clientes, sabendo qual melhor meio de atendê-las e solucioná-las. O funcionário precisa ter em mente que ele é a ponte de ligação entre cliente e a agência de viagens. (PILARES, 1989) Para promover um melhor relacionamento com o cliente, é preciso que as empresas treinem e estimulem seus atendentes a realizarem um atendimento diferenciado, ou seja, um atendimento personalizado para cada cliente. Isso proporcionará vantagens tanto para a empresa como para o cliente. No caso das agências detalhistas, o atendimento nas contas corporativas deve ser o mais customizado possível. O cliente é uma pessoa muito sensível quando se trata de atendimento, então qualquer detalhe faz a diferença. Para o atendente, o modo de se comunicar com o cliente é fundamental. É presciso se policiar com a maneira de interagir com o cliente. Todo esse cuidado pode transmitir para o cliente uma sensação de segurança e confiança no seu trabalho, assim propiciando um melhor relacionamento, resultando em uma maior satisfação do cliente. O objetivo é deixar o cliente o mais confortável possível para efetuar suas solicitações e estar sempre a disposição para compreender suas necessidades. Em situações normais, por exemplo, o cliente solicita um vôo específico que está completamente sem disponibilidade de reserva, o atendente sabe que não há possibilidades de confirmar uma reserva naquele momento, a resposta ideal nesse caso seria: “Senhor, no momento o vôo está sem disponibilidade, podemos colocá-lo em lista de espera ou verificar uma segunda opção de vôo com outra companhia aérea”. O atendente possui diversas maneiras de contornar a situação sem pronunciar a palavra “não”, o cliente não entende do processo de reservas e é muito 6 exigente. Por isso deve-se evitar pronunciar a palavra “não” em suas respostas, como dizer somente: “não temos mais diponibilidade nesse vôo”. Acredita-se que a palavra “não” para o cliente é quase uma ofensa. Normalmente agindo dessa forma, sabendo como trabalhar as palavras, acalma o cliente e faz com que ele compreenda a situação, passando a impressão de que o atendente está fazendo o máximo para atender sua necessidade, evitando assim maiores complicações e insistência do passageiro para resolução do problema. Pilares (1989) cita que falar corretamente, usando o tom certo sem exageros, pausadamente no ritmo do cliente e sabendo escutar sem interrompê-lo, são fatores fundamentais para um bom atendimento telefônico. De acordo com uma pesquisa, 14% dos clientes que deixam de freqüentar empresas de serviços, o fazem por estar insatisfeitos com a qualidade do que compraram. Mais de dois terços do total se afastam porque consideram os atendentes de serviços indiferentes ou pouco dispostos a ajudar. (KOTLER e ARMSTRONG, 1995) Por isso, é preciso que o atendente sempre mantenha a calma, mesmo que o cliente esteja nervoso, ter postura, profissionalismo e estar preparado para contornar a situação da melhor maneira possível e sempre possuir uma resposta, o cliente nunca gosta de ficar sem resposta. Essa situação demonstra que é fundamental o atendente conhecer o cliente. O atendimento diferenciado vincula-se à capacidade do funcionário de ter uma percepção exata do cliente. (PILARES, 1989) Pilares (1989) define: “O atendimento ao cliente é uma função que jamais se tornarotineira, já que cada situação mostra-se única, com características próprias.” O atendimento diferenciado e competente gera uma imagem positiva, top of mind, da empresa na mente dos clientes, que vêem satisfeitas suas necessidades e expectativas. Cada situação de atendimento é única; varia, portanto de pessoa para pessoa e de momento para momento. Em função disso, o atendimento deve ser diferenciado. (PILARES, 1989) Pesquisas realizadas pela psicologia social demonstram que as pessoas sentem necessidade de serem tratadas como únicas. O cliente espera que a organização reconheça a importância de sua pessoa e de sua solicitação, e que o funcionário, além de reconhecer isso, o favoreça com o auxílio de seus conhecimentos técnicos. (PILARES, 1989) Dantas (2002) conclui que o atendimento nas agências de viagens é fruto de um trabalho integrado entre o atendente e a estrutura organizacional da empresa. 7 A função de atendente em uma agência de viagens é muito complexa, pois é este profissional que realiza a intermediação do cliente com os produtos turísticos. A qualidade dos seus atendimentos são fundamentais para o bom desempenho da empresa. (DANTAS, 2002) 3 SERVIÇOS: Prestação de Serviços Turísticos Serviços são atividades ligadas ao setor terciário da economia, que engloba a atividade que não produz bens tangíveis e caracterizados pela prestação de serviços de qualquer natureza. Para prestar um serviço é preciso definir o produto. Para produto existem várias definições, Dantas (2002 apud Kotler e Armstrong, 1995) define produto como qualquer coisa que possa ser oferecida ao mercado para satisfazer uma necessidade ou um desejo. Existe um conceito mercadológico que diferencia os produtos tangíveis e intangíveis. Os produtos tangíveis se corporificam através de um bem e os intangíveis são conceituados como serviços, que é o caso das agências de viagens e da atividade turística. O produto turístico é um bem intangível, não pode ser visto, tocado ou fisicamente inspecionado antes da compra. Isso significa que o cliente é dependente de informação. É neste momento que se explica a importância do agente de viagens. Dantas (2002) define: “O produto turístico aparece na categoria de serviços que são intangíveis, não podendo ser estocados ou transferidos fisicamente. Os serviços são ações intangíveis que proporcionam satisfações e utilidades.” e conclui que: “Não se deve esquecer que o produto da Agência de Viagens é o seu próprio serviço de intermediação.” O serviço como um bem intangível, lida com uma percepção. Kotler (1995) define serviços como um ato ou desempenho essencialmente intangível que uma parte pode oferecer a outra e que não resulte na posse de nenhum bem e diferem conforme atendam uma necessidade. PADRONIZAÇÃO x CUSTOMIZAÇÃO Trigo (1998) diz que padronização representa o “caráter” da empresa, essa será a “marca registrada” da agência no mercado e percebida pelos clientes. Ressaltando que atendimento padrão deve ser elaborado de forma que possibilite atender a qualquer perfil de cliente. A padronização do atendimento é um recurso para se manter o nível de qualidade em qualquer momento em que o cliente entre em contato com a empresa, 8 ou seja, todo atendimento deve ser igual, como é feito pelas companhias aéreas, mantendo o padrão específico adotado pela empresa. Nesse ponto, dependendo do tipo de serviço e do cliente, é fundamental dar autonomia para o atendente, de forma que ele possa customizar o atendimento. Baseado nos novos conceitos para obter um bom relacionamento entre cliente e empresa é fundamental o desenvolvimento do marketing junto aos atendentes. Tomelin (2001) chama a atenção para a customização. A customização é uma teoria moderna na relação mercado-consumidor, derivado do inglês custumers, que é valorizar a personalidade do cliente, atendendo suas necessidades individualmente, ou seja, efetuar um atendimento personalizado de acordo com o perfil de cada cliente. Para as agências viagens, fica o desafio de associar o atendimento padrão com o customizado. É uma tarefa complicada e até certo ponto conflitante. Como tornar algo fixo e flexível ao mesmo tempo. A solução para esse problema seria padronizar todo atendimento, para manter o nível de qualidade requerido pela agência, protegendo sua “imagem” e realizar treinamentos com os atendentes de etiqueta e métodos de como se relacionar com cliente. Nesse ponto, a agência precisa mostrar para seus atendentes, que eles possuem grande responsabilidade no processo de atendimento ao cliente. O nível de satisfação do cliente e a qualidade percebida, é resultado da soma do trabalho realizado por cada pessoa envolvida nesse ciclo de atendimento Monitorar o atendimento telefônico e criar um cadastro com o perfil dos clientes pode ser a solução para buscar um equilíbrio da balança padronização x customização, essa busca deve ser constante. Através de uma análise desse monitoramento é possível criar limitações, observar excessos e promover melhorias para manter um nível adequado de qualidade no atendimento. Todo o processo customização irá depender diretamente do perfil de cada cliente. A agência não deve medir esforços para estimular e alcançar o atendimento ideal, pois é um fator que tem muita influencia em um processo de renovação de contrato. Uma empresa flexível às mudanças e capaz de transformar rapidamente a qualidade dos serviços na idéia motriz de suas atividades, com certeza conseguirá obter sucesso e se manter competitiva no mercado. (ALBRECHT, 1998) 9 3.1 PESSOAS: Educação e Treinamento O sucesso na prestação de serviços de uma agência de viagens está na gestão estratégica. Tudo depende de padrões, hábitos, cultura e gestão da empresa, um sincronismo entre a empresa e os funcionários. Para uma empresa prestar um serviço de qualidade é preciso ter uma equipe de atendimento qualificada para atender e realizar um determinado serviço. Dantas (2002) cita que a qualidade na prestação de serviços das agências de viagens depende, grande parte do atendente, pois são esses profissionais que estão na linha de frente, informando, oferecendo e vendendo os produtos turísticos aos clientes. Dantas (2002) afirma, para que os atendentes possuam um nível de qualificação adequado é preciso que as empresas tenham planos estratégicos com o objetivo de qualificar, treinar e desenvolver as habilidades de seus atendentes a fim de atender as exigências do mercado atual e satisfazer as necessidades dos clientes. Esse processo é benéfico para todas as partes envolvidas no atendimento: Agência de Viagens, Atendentes e Clientes. Com base nesta definição pode-se constatar a importância do atendente em uma agência de viagens, quanto mais qualificado for o atendente, maior a probabilidade que ele realize um bom atendimento, isso resulta em satisfação do cliente e consequentemente a agência de viagens é beneficiada, pois ganha um cliente satisfeito e possui um atendente qualificado, mantendo-se competitiva no mercado. Barros (1992) chama a atenção para a importância dos recursos humanos e da tecnologia na sensibilização e comprometimento da qualidade para os funcionários, através da educação e treinamento. Barros (1992) afirma que: “É imperativo manter o trabalhador informado, pois sem conhecimento ele não será sensível a qualidade”.O uso eficaz dos recursos humanos e o aproveitamento de suas habilidades é importante em qualquer tipo de organização, nas empresas que executam operações de serviços turísticos os recursos humanos tem importância fundamental. (GIANESI, 1994) Observa-se que para uma empresa alcançar altos níveis de qualidade na prestação de serviços é fundamental possuir funcionários bem treinados e principalmente com graduação em turismo. Esses fatores contribuem sensivelmente para o aumento na qualidade do atendimento ao cliente. Pilares (1989) alerta que, mesmo possuindo uma estrutura operacional para atender o cliente, uma empresa coloca em risco todos os seus investimentos se não possuir funcionários treinados e comprometidos com o processo de atendimento. 10 A mão de obra qualificada é um recurso fundamental para o sucesso do atendimento. O conceito do atendimento deve atender não só as expectativas dos clientes externos, mas também dos clientes internos. Trigo (1998 apud CHRIS COOPER) associa a educação e o relacionamento com o setor turístico: “Ainda existe, em vários lugares do planeta, resistência à compreensão de que a elevação da qualidade dos serviços turísticos, dos padrões de segurança, lucratividade e eficiência depende boa parte de uma formação séria e continua.” A formação técnica dos atendentes é uma condição necessária, assim como a atualização permanente em relação aos produtos comercializados pelas agências. (TOMELIN, 2001) Tomelin (2001 apud Las Casas) define: “Treinar um indivíduo corresponde a melhorar sua qualidade e capacidade de desempenho, esse conhecimento acerca dos produtos / serviços permite transmitir segurança, confiabilidade e conhecimento.” Nesse aspecto a agência de viagens se torna diretamente responsável pelo desempenho dos atendentes, pois para que o nível de qualidade esperado seja alcançado é preciso que a empresa interfira e de suporte aos atendentes, isso significa que ela deve oferecer constantemente treinamentos para que os atendentes possam adquirir conhecimento e desenvolver suas habilidades a fim de estarem sempre aptos o suficiente para atender as expectativas tanto da empresa quanto dos clientes. “Cuide de seus funcionários, que eles irão cuidar dos clientes.” (ALBRECHT, 1998) 4 MARKETING: Questão de Estratégia Kotler (1995) define marketing como o processo social e gerencial através do qual indivíduos e grupos obtém aquilo de que necessitam e desejam por meio da criação e troca de produtos e valores. O marketing no atendimento deve ser iniciado pela empresa, ou seja, a agência de viagens. O atendente pode praticar o seu marketing pessoal, porém quem irá definir as diretrizes e como serão os procedimentos padrão para realização de um atendimento é a agência. Por isso, neste caso o marketing deverá partir da empresa para o atendente e assim consequentemente para o cliente. A empresa tem a necessidade de formar seus profissionais e integrá-los a organização, capacitá-los para atender, passando instruções, informações e motivando os atendentes, esses têm a responsabilidade de absorver e se adequar dentro das exigências da empresa e desenvolver suas técnicas de atendimento, ir além do esperado. 11 À partir dessas afirmações conclui-se que é fundamental a elaboração de um plano estratégico com o objetivo de traçar metas e etapas de desenvolvimento dos atendentes, de forma que a base de conhecimento de todos os envolvidos no ciclo de atendimento possam estar no mesmo nível. Através deste processo, também pode-se estimular a integração entre pessoas, criando um ambiente interno forte, ou seja, formando uma cultura organizacional e profissionais que se enquadram no perfil exigido pela empresa. Kotler (1995) cita que o planejamento estratégico oferece vários benefícios, incluindo o pensamento sistemático, melhor coordenação dos esforços da empresa e objetivos mais definidos. Com base nas definições e citações de diversos autores, conclui-se que o planejamento estratégico é fundamental e três fatores merecem destaque nesse processo de melhoria do atendimento: Endomarketing, Monitoramento e Relacionamento com o Cliente. Kotler (1995) afirma: “Funcionário satisfeito, Cliente Satisfeito.” Para atender essa afirmação, isso é necessário a implantação do endomarketing na empresa. Kotler (1995) cita que toda empresa de serviços deve treinar e motivar seus funcionários que contatam os clientes e todo o pessoal de apoio ao serviço, como um time para proporcionar maior satisfação ao cliente. Nesse aspecto o fator motivação dos funcionários é fundamental. Alguns autores defendem a hipótese em grau de prioridade o cliente interno fica a frente do cliente externo. Assim Kotler (1995) sugere criar um programa interno explicando a importância do cliente para a empresa e a necessidade de atendê-lo da melhor maneira possível. O monitoramento é um fator do planejamento estratégico considerado intermediário. É um fator de medida para determinar se o nível de qualidade no atendimento exigido pela agência de viagens está sendo alcançado e percebido pelo cliente. Esse fator deverá ser dividido em duas frentes. Uma frente será interna, através do monitoramento do atendimento dos atendentes, ou seja, se eles estão seguindo os padrões especificados pela empresa, interagindo com o cliente de maneira correta, comprometimento no trabalho e utilização dos processos operacionais pré-determinados. Dessa forma a empresa pode avaliar o nível de seus funcionários e efetuar correções e/ou alterações nos procedimentos caso necessário. Kotler (1995) define: “O sucesso está em como servir os clientes e se adaptar as mudanças e expectativas dos consumidores.” Com base nessa definição, a segunda frente está ligada diretamente com o cliente. A empresa deve realizar frequentemente pesquisas com o cliente para 12 verificar como o cliente está percebendo os serviços prestados e o nível de satisfação. O resultado dessa pesquisa será útil para que a empresa possa adequar seus serviços ao perfil do cliente. Nesse ponto que o terceiro fator relacionamento com o cliente ganha importância. O relacionamento com o cliente, conhecido como Marketing de Relacionamento ou mesmo Relationship Management, segundo Churchill Junior (2000) tem por objetivo construir confiança e demonstrar comprometimento com o cliente. Se tratando de um serviço terceirizado e sob contrato, a manutenção desse relacionamento se torna peça chave nesse processo. Churchill Junior (2000) cita que o sucesso de uma organização de serviços muitas vezes depende de sua capacidade de desenvolver relações com os clientes. Esse fator permite que a empresa entenda o cliente, suas necessidades e exigências. Normalmente, nas agências existe um setor específico para relacionamento com o cliente e esse será canal de comunicação do cliente com a empresa e vice-versa. 4.1 QUALIDADE: Fator Determinante Uma palavra fundamental no meio turístico é determinante para o sucesso de um serviço que é “Qualidade”. Em um dicionário comum tem como significado nobreza; propriedade; disposição moral; índole; associada ao atendimento em uma agência de viagens detalhista. Beni (1997) afirma que o fator qualidade é o único critério que se impõe de maneira natural para determinar o êxito ou malogro dos produtos e serviços. Barros (1992) em seu estudo cita que a qualidade se consegue com atitudes, ações e comprometimentos, nãoapenas com discursos, e completa: “O compromisso com a qualidade deve ser um hábito constante.” Albrecht (1998) afirma que a necessidade e a oportunidade de alcançar níveis de excelência nos serviços nunca foram tão grandes. A exigência pela qualidade está embutida no atendimento, durante a intermediação do produto turístico. Entende-se que o nível de qualidade exigido pelo cliente deve ser o mesmo durante todo processo até que se complete o roteiro solicitado pelo cliente Dantas (2002) cita que: “Se o produto de uma agência de viagens é a prestação de serviços, toda empresa deve estar contagiada pelo mesmo ideal”. Essa citação demonstra a importância da responsabilidade que cada atendente da organização possui para manter a qualidade e a boa imagem da 13 empresa. Os atendentes devem estar dispostos a se empenhar para manter o nível de qualidade em todos os momentos. Segundo Barros (1992) com a velocidade da informação e inúmeras formas de divulgação dos serviços, permite que os consumidores façam análises comparativas, e isso os tornou mais exigentes, gerando uma cobrança maior pela qualidade e influenciando diretamente na decisão de compra ou solicitação de um serviço. Para os prestadores de serviços cada vez mais a exigência por melhores serviços fica evidente. Assim algumas empresas se mobilizam para se adequar as normas internacionais de qualidade como por exemplo a ISO 9002 (Organização Mundial para Normalização) e até mesmo dentro de normas ambientais. O que conta, não é o que a empresa acredita estar oferecendo, e sim, o que o consumidor percebe estar recebendo. Albrecht (1998) conclui: “Há um grande desafio em atingir e manter o padrão de qualidade que nossos clientes desejam e esperam de nós.” Um exemplo vivenciado, um consumidor foi à procura de um produto, chegou a uma loja A e perguntou o preço do produto, foi mal atendido, e o preço do produto era X. Na intenção de buscar melhores preços foi à loja B, foi muito bem atendido, e o preço do mesmo produto era X+2. Conclusão o consumidor acabou comprando o produto com a loja B. O motivo da escolha pela loja B, foi à qualidade de atendimento que foi superior a loja A e o consumidor preferiu pagar um pouco mais por um mesmo produto e receber um atendimento com qualidade do que pagar menos e ser mal atendido. Essa é uma tendência da postura adotada pelo consumidor no mercado atual, o preço já não é unanimidade na decisão de compra de um produto. Dantas (2002) define: “Fica claro que a qualidade no atendimento é uma estratégia mercadológica importante e gera diferencial para a empresa”. Beni (1997) conclui que o verdadeiro desafio comercial está na realização do tripé qualidade/preço/capacitação profissional (atendentes). 5 CONCLUSÃO Verificou-se com o estudo realizado que para que as agências de viagens alcancem um alto nível de qualidade nos serviços prestados é indispensável o desenvolvimento de um trabalho de educação e treinamento com atendentes. O desenvolvimento e a elaboração de um plano estratégico com foco nos funcionários, contribui sensivelmente para a melhoria dos serviços prestados, principalmente no atendimento. 14 A qualidade do atendimento está relacionada diretamente ao trabalho realizado pela gestão de uma empresa, como Albrecht (1998) define: “O modo em que seus funcionários estão se sentindo é a mesma que os clientes se sentem.” Essa pesquisa apresenta aspectos que podem contribuir para a melhoria da qualidade no atendimento ao cliente e dos serviços prestados pelas agências de viagens. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBRECHT, Karl. Revolução nos Serviços. São Paulo: Pioneira, 1998. BARROS, Claudius D’Artagnam C. Sensibilizando para a Qualidade. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1992. BENI, Mário Carlos. Análise Estrutural do Turismo. São Paulo: Editora SENAC, 1997. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas: O Novo Papel dos Recursos Humanos. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1999. CHURCHILL JR., Gilbert A; PETER, J. Paul. Marketing: Criando Valor para os Clientes. São Paulo, 2000. DANTAS, José Carlos de Souza. Qualidade de Atendimento nas Agências de Viagens. Uma Questão de Estratégia. São Paulo: Roca, 2002. DENCKER, Ada de Freitas Maneti. Métodos e Técnicas de Pesquisa em Turismo. São Paulo: Futura, 1998. GIACOMINI FILHO, Gino. Atendimento e Responsabilidade Social como Atributos da Qualidade no Turismo. São Paulo: Atlas, 2000. GIANESI, Irineu G. N.; CORRÊA, Henrique Luiz. Administração Estratégica de Serviços. São Paulo: Atlas, 1994. KOTLER, Philip; ARMSTRONG, Gary. Princípios do Marketing. 7° Ed., Rio de Janeiro: Prentice-Hall, 1995. TOMELIN, Carlos Alberto. Mercado de Agências de Viagens e Turismo. São Paulo: Aleph, 2001. TRIGO, Luiz Gonzaga Godoi. A Sociedade Pós-Industrial e o Profissional em Turismo. Campinas - São Paulo: Papirus, 1998.
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