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RECURSOS NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE – UFCG
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS – CCJS/UAD
DOCENTE: MANOEL PEREIRA DE ALENCAR
DISCENTE: ROGER JOSÉ DOS SANTOS SILVA
RECURSOS NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
1. Apelação (art. 1.009 e seguintes)
É o recurso mais tradicional no processo civil sendo passíveis de apelação qualquer sentença proferida em qualquer espécie de processo. Uma inovação do novo Código Processo Civil é o fato que questões decididas ao longo do processo, não é passíveis de a interposição do recurso de agravo de instrumento, deverão ser discutidas no recurso de apelação. Já as questões decididas única e exclusivamente em sentença são passiveis apenas de apelação.
A apelação possui efeito devolutivo amplo, ou seja, qualquer forma de vicio apresentado em sentença pode ser objeto do recurso, tanto vícios formais quanto vícios de julgamento.
O prazo para apresentar a apelação é de 15 dias úteis. É possível requerer tanto a reforma da sentença para o Tribunal, como a anulação da decisão recorrida, a fim que seja prolatada nova sentença pelo juízo a quo.
O apelado também possui prazo de 15 dias para apresentar contrarrazões e, após, os autos serão remetidos ao Tribunal, independentemente de juízo de admissibilidade no primeiro grau de jurisdição.
Recebido o recurso no Tribunal, esse será distribuído imediatamente, podendo o relator: (i) proferir decisão monocrática pela inadmissibilidade do recurso; ou (ii) negar provimento ao recurso com base em sumulas do STF, STJ ou em julgamentos de recursos repetitivos julgados pela mesma turma julgadora. Tal decisão monocrática pode ser objeto de agravo interno para que a matéria seja levada ao conhecimento do colegiado.
Em regra, a Apelação é dotada de efeito suspensivo, com exceção apenas para constituir hipoteca judiciária (art. 495, do NCPC). As hipóteses em que a Apelação é recebida apenas no efeito devolutivo estão previstas em lei e são as seguintes: “I – homologa divisão ou demarcação de terras; II – condena a pagar alimentos; III – extingue sem resolução do mérito ou julga improcedente os embargos do executado; IV – julga procedente o pedido de instituição de arbitragem; V – confirma, concede ou revoga tutela provisória; VI – decreta interdição”. Entretanto, quando a apelação é recebida apenas no efeito devolutivo, a parte pode requerer pelo cumprimento imediato da sentença.
Ou seja, o recurso é cabível contra sentença judicial de primeira instância, julgado pelos Tribunais de Justiça dos Estados e Tribunais Regionais Federais, podendo a outra parte apresentar contrarrazões no prazo de 15 dias. Como regra geral, possui efeito suspensivo, exceto na hipóteses previstas em lei. Vale ressaltar que, mesmo nos casos de exceção, o efeito suspensivo poderá ser concedido, mediante pedido expresso ao Tribunal ou ao relator, se (i) comprovada a probabilidade de provimento do recurso; ou (ii) houver risco de dano grave ou de difícil reparação. O juízo de admissibilidade é realizado pelo Tribunal, e não mais pelo juízo de origem como no CPC Antigo, que verificará todos os fundamentos do pedido e da defesa, ainda que a sentença recorrida tenha se baseado em apenas um deles.
2. Agravo de instrumento (art. 1.015 e seguintes)
No Antigo CPC, existiam duas modalidades de agravo, o de instrumento e o retido, que podiam ser interpostos contra qualquer decisão interlocutória.
Já o NCPC, extinguiu o instituto do agravo retido, restando apenas o agravo de instrumento.
A interposição deste recurso, no NCPC, está prevista no art. 1.105, em rol taxativo, ou seja, as decisões interlocutórias que não forem passíveis de interposição de agravo de instrumento, deverão ser atacadas nas razões de apelação e o direito não precluirá.
O agravo de instrumento deve ser direcionado diretamente ao Tribunal, por meio de petição acompanhada das peças obrigatórias e facultativas, caso tais peças não acompanhem o agravo, o agravante será intimado para sanar, no prazo de 05 (cinco) os vícios do recurso sob pena de não conhecimento deste.
As peças obrigatórias que devem acompanhar o agravo são: (i) cópia da petição inicial; (ii) cópia da contestação; (ii) cópia da decisão agravada; (iii) da certidão da respectiva intimação; e (iv) das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado. As peças facultativas são qualquer outro peça considerada útil para a compreensão da lide.
Uma das mudanças mais significativas no agravo de instrumento é o aumento do rol de peças obrigatórias para instrução do recurso, mas concessão de prazo para regularização antes de ser inadmitido.
Como regra geral, não possui efeito suspensivo, mas o relator poderá, no prazo de 5 (cinco) dias contados da distribuição, conceder o efeito suspensivo se houver risco de dano grave ou de difícil reparação.
O Antigo CPC determinava que, no prazo de 3 (dias), contados da data do protocolo do agravo de instrumento conforme jurisprudência pacífica do Superior Tribunal de Justiça (“STJ”), a agravante deveria informar o Juízo a quo sobre a interposição do recurso, para que, caso desejasse, o Juízo de primeira instância retratasse a decisão agravada. Entretanto, no NCPC, o art. 1.018 dispõe que é uma faculdade da parte agravante, caso o agravo seja eletrônico, apresentar a petição requerendo a retratação. É apenas uma obrigatoriedade no caso de agravo de instrumento físico.
O prazo para agravar é de 15 dias úteis.
3. Agravo Interno (art. 1.021 e seguintes)
O agravo interno é o recurso cabível para quando uma questão que foi decidida apenas pelo relator, seja levada ao colegiado de que aquele faz parte, ou seja, a decisão monocrática proferida pelo relator é objeto do agravo interno.
O prazo de interposição é de 15 dias, assim como o prazo para apresentação de contraminuta. Deve ser direcionado ao relator, não havendo retratação, a matéria será levada ao conhecimento do colegiado para proferir decisão.
O agravo interno não possui efeito suspensivo e seu exame de admissibilidade é realizado pelo órgão colegiado.
Além disso, o relator da decisão agravada não poderá reproduzir os mesmos argumentos no julgamento do Agravo Interno
4. Embargos de declaração (art. 1.022 e seguintes)
O objetivo principal dos embargos de declaração é tornar a sentença, acórdão ou decisão interlocutória – outra novidade do NCPCC – o mais clara possível, a fim de não deixar qualquer duvida ou má compreensão da mesma. Assim os embargos de declaração são opostos para esclarecer, completar ou aperfeiçoar as decisões judiciais em casos que haja: omissão, contradição e erros materiais do ato judicial.
O prazo para oposição de embargos é de 5 dias, sendo que a petição devera ser direcionada ao juiz sem necessidade de preparo.
Em regra, os embargos não estão sujeitos ao contraditório, uma vez que, não possuem característica de alteração do julgado embargado. Contudo, pode ser que em função da obscuridade, omissão ou contradição, o órgão judicial vislumbre a possibilidade de alterar a decisão embargada, é o que se denomina de embargos infringentes. Nessa possibilidade, o juiz intimará o embargado para se manifestar no pra de 5 dias, respeitando o contraditório. Os embargos serão julgados pelo próprio juiz (ou relator) que proferiu a decisão. Se a decisão embargada for colegiada, o recurso será julgado pelo órgão colegiado.
É importante destacar o que considera‐se omissão:
a. Falta de manifestação sobre tese firmada em julgamento repetitivo;
b. Falta de manifestação sobre todos os argumentos expostos no processo;
c. Mera reprodução de dispositivo normativo, conceito jurídico, precedente ou súmula, sem aplicação no caso concreto.
O julgamento dos embargos de declaração deve ser realizado em 5 dias ou na sessão seguinte e eles valem como prequestionamento automático dos dispositivos legais, mesmo que os embargos de declaração sejam rejeitados, desde que o Tribunal Superior constate erro, obscuridade, omissão ou contradição. Convém mencionar expressamente em razões de recurso especial (“REsp”) ou recursoextraordinário (“RExt”). No NCPC, deixa de ser obrigatória a ratificação do RExt e REsp no caso de não acolhimento dos Embargos de Declaração.
5. Recursos Especial e Extraordinário (art. 1.029 e seguintes)
São espécies recursais que não estão voltadas para o reexame de matéria já decidida no contexto interpartes. Não se colocam para analisar a justiça da decisão de segundo grau. São recursos voltados para tutelar o sistema, o direito objetivo, não diretamente o direito das partes.
Logo, estes são recursos excepcionais, interponíveis se esgotadas as vias ordinárias, cabíveis contra decisões interlocutórias e sentenças, que visam tutelar a correta interpretação da legislação federal. Eles também não são providos de efeito suspensivo (ope legis), mas admitem concessão judicial (ope judicis) e exigem prequestionamento.
O art. 1.029 do NCPC estabelece os pressupostos formais que devem ser preenchidos para que seja interposto o recurso extraordinário ou especial, cujo cabimento continua sendo matéria disciplinada pela Constituição Federal.
Uma de suas principais alterações está no § 2º do referido artigo, que diz ser vedado ao órgão jurisdicional inadmitir recurso especial com base em fundamento genérico, sem demonstrar a existência de distinção, ou seja, reforça o que já está previsto no art. 489, § 1º, V NCPC, “se limitar a invocar procedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos.” Scarpinella diz que a previsão deste parágrafo vem de encontro com a Teoria dos precedentes à brasileira.
Os § 3º e 4º, preveem a desconsideração de erro formal que não seja considerado grave (§ 3º) e a suspensão dos processos em todo o território nacional durante a tramitação do incidente de resolução e demandas repetitivas, por razões de segurança jurídica ou excepcional interesse social (§ 4º), alterações essas que são de grande importância.
Outra importante mudança está na abolição da competência do Presidente ou Vice Presidente do respectivo Tribunal para o juízo de admissibilidade do recurso extraordinário ou especial. O novo código determina a remessa direta do recurso para o respectivo Tribunal Superior, que fará então o juízo de admissibilidade (art. 1.030, § Único NCPC).
6. Agravo Em Recurso Especial e em Recurso Extraordinário (art. 1042)
É cabível agravo contra decisão do presidente ou vice-presidente do tribunal que: 
I - indeferir pedido de inadmissibilidade de recurso extraordinário ou recurso especial intempestivo; II – inadmitir recurso extraordinário ou recurso especial sob o fundamento de que o acordão recorrido coincide com orientação firmada no precedente formado do julgamento do recurso repetitivo; III – inadmitir recurso extraordinário com base na inexistência de repercussão geral.
O prazo para sua interposição é de 15 dias, sendo que o agravado terá o mesmo prazo para oferecer resposta. Transcorrido o prazo o recurso será remetido para o STF ou STJ, podendo o mesmo ser julgado junto ao REsp ou RExt, com direito a sustentação oral.
7. Embargos De Divergência (art. 1.043)
Esse recurso é destinado a sanar possíveis divergências que possam ocorrer nos julgados em decorrência de diferentes orientações doutrinarias ou até mesmo de valoração. O art. 1.043 elenca as hipóteses em que é cabível a oposição de Embargos de Divergência:
“Art. 1.043. É embargável o acórdão do órgão fracionário que:
I - em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo os acórdãos, embargado e paradigma, de mérito;
II - em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo os acórdãos, embargado e paradigma, relativos ao juízo de admissibilidade;
III - em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo um acórdão de mérito e outro que não tenha conhecido do recurso, embora tenha apreciado a controvérsia;
IV - nos processos de competência originária, divergir do julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal.”
Como o que interessa é o conteúdo desses julgamentos, poderão ser confrontadas teses jurídicas contidas em julgamentos de recursos e de ações de competência originária (art. 1.043, S 1.0). Além disso, por ser possível a existência de divergência tanto a respeito da interpretação do direito material como do direito processual, é cabível embargos de divergência para solucioná-la em ambos casos (art. 1.043, S 2.º). Ainda, são cabíveis embargos de divergência quando o acórdão paradigma for da mesma turma que proferiu a decisão embargada, desde que sua composição tenha sofrido alteração em mais da metade de seus membros (art. 1.043, S 3.º).
A interposição dos embargos de divergência interrompe o prazo para interposição do recurso extraordinário por qualquer dar partes. Seu julgamento obedecerá o procedimento estabelecido no regimento interno do STF o STJ.

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