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EXECELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ... VARA CÍVEL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DA COMARCA ... DO ESTADO DE ... MARIA SOUZA, servidora pública federal, nacionalidade..., estado civil..., domiciliada na rua ... (endereço completo), inscrita sob CPF nº ... e RG nº ..., endereço eletrônico ..., vem, tempestivamente, por intermédio de seu advogado (procuração em anexo), com arrimo no artigo 5, LXIX da Constituição Federal e artigo 1º da Lei 12096/09, mui respeitosamente, perante Vossa Excelência impetrar MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO LIMINAR em face do REITOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL, Ilustríssimo Senhor ..., nacionalidade ..., estado civil ..., profissão ..., inscrito sob o CPF nº... e RG nº..., domiciliado na rua ... (endereço completo), endereço eletrônico..., pelos fatos e fundamentos a seguir expostos. I. DOS FATOS A impetrante é professora na Universidade Federal, tendo sido vítima de agressão por um de seus alunos, o qual munido de um canivete em punho e, em meio a ameaças, exigiu a modificação de sua nota, sendo assim, a professora, com o propósito de repelir a iminente agressão, conseguiu desarmar e derrubar o aluno, que, na queda, quebrou um braço. Diante do ocorrido, foi instaurado Processo Administrativo Disciplinar (PAD), para apurar eventual responsabilidade da professora, ao mesmo tempo foi denunciada pelo crime de lesão corporal, tendo na esfera criminal, restado provado ter agido em legítima defesa, em decisão de absolvição que transitou em julgado. Entretanto, sem a devida citação da impetrante, o Processo Administrativo Disciplinar prosseguiu, tendo a Comissão apresentado relatório pugnando pela condenação da impetrante à pena de demissão, sendo o PAD encaminhado ao reitor da universidade para a decisão final, que, sob o fundamento de vinculação ao parecer emitido pela Comissão, aplicou a pena de demissão, tendo a impetrante sido cientificada da decisão em 11/01/2017, por meio de publicação em Diário Oficial, ocasião em que foi afastada de suas funções. II. DO CABIMENTO E TEMPESTIVIDADE De início cumpre consignar que, a presente demanda constitucional encontra-se tempestiva, nos moldes do art. 23 da Lei 12096/09, uma vez que inferior ao prazo de 120 dias entre o conhecimento do ato ilegal que violou o direito da impetrante. Não obstante, conforme assinala o art. 5º, LXIX da Constituição Federal e o art. 1º da lei 12.016/2009, o mandado de segurança se presta a resguarda direito líquido e certo contra abuso de poder ou ato ilegal praticado por autoridade, dessa forma, a situação fática se adéqua aos moldes da ação, devendo ser concedida a segurança. III. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA Inicialmente, com fundamento no artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal, a impetrante declara não ter condições de arcar com as custas e despesas judicias e processuais, sem que haja prejuízo a seu sustento e de sua família, de vida a sua injusta demissão e, consequente desemprego. Diante o exposto, requer a Vossa Excelência a concessão do benefício da gratuidade de justiça, conforme Lei 1060 /50 e artigos 98 e seguintes do Código de Processo Civil. VI. DA CONCESSÃO DA LIMINAR Para a concessão de medida liminar faz-se necessário a presença de dois elementos, quais sejam, o fumus boni iuris e o periculum in mora. O fumus boni iuris se caracteriza pela ilegalidade pratica pela autoridade coatora quando não notificou a autora acerca do PAD, descumprindo assim o preceito do artigo 5º, LV da Constituição Federal e art. 22 da lei 8.112/1990. Ademais, não pode ser afastado o fato da autora já ter sido absolvida na esfera criminal por não existir ilicitude da sua conduta em razão da legitima defesa. Frise-se que tal fato AFASTA a demissão ora aplicada, por força de aplicação do art. 132, VII da lei 8.112/1990. De outro lado, o periculum in mora reside na precariedade financeira a qual a autora se submete atualmente e permanecerá assim caso não seja reintegrada ao seu cargo novamente, visto que o labor como professora na referida universidade consistia na sua única fonte de renda. Em sendo assim, estando presentes ambos os requisitos, é irrefutável a necessidade de concessão da liminar ora requerida. V. DO DIREITO Infere-se do caso em tela que a demissão da impetrante se deu através de procedimento eivado de ilegalidades, não podendo, portanto, persistir tal demissão, devendo ser reintegrada de imediato ao exercício de suas funções. Segundo o art. 2º da Lei nº 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito da administração pública federal, prevê o direito do administrado de apresentar alegações finais, assim delineando o conteúdo de garantia da ampla defesa, de matiz constitucional (art. 5º, inciso LV, da CRFB). Quando tal ampla defesa é negada a parte, tal ato administrativo se torna eivado de nulidade, conforme art. 143, parte final, da Lei nº 8.112/90 e Art. 5º, LV, da CF, impossibilitando um julgamento justo e coerente diante dos fatos alegados, tal decretação de nulidade se torna imperiosa ante o evidente cerceamento de defesa ocorrido no processo disciplinar administrativo que decidiu pela demissão da impetrante, sem nem ao menos, dar-lhe a oportunidade de se defender das alegações reputadas a ela. Com efeito, nosso ordenamento dispõe através do artigo 5º XXXV da constituição Federal que “ a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”, sendo assim, a presente segurança cinge-se na possibilidade de o Poder Judiciário rever atos administrativos eivados de vícios de ilegalidade e sem observância dos princípios administrativos. Cumpre ressaltar que a necessidade da segurança imediata é latente, haja vista que a impetrante tira seu sustento do trabalho que exerce, e sem este, está comprometendo sua subsistência enfrentando grave crise financeira, sendo certo que se a decisão nula de demissão exarada no PAD sem a devida citação para que pudesse alegar todas as teses de defesa cabíveis for mantida, a vida da impetrante poderá ser gravemente comprometida. De fato, a ausência da citação comprometeu em muito a defesa da impetrante, haja vista que, fora absolvida do processo penal instaurado em decorrência da conduta que ensejou a instauração do PAD, tendo, entretanto, a autoridade coatora fundamentado sua decisão que “a esfera administrativa é autônoma em relação à criminal”. Em que pese as esferas penal e administrativa serem independentes, quando, na instância penal, for negada a autoria do delito ou ficar patente a inexistência do fato em discussão, o desfecho do caso deve repercutir na seara administrativa, vez que constitui uma das hipóteses de mitigação ao princípio da independência entre as instâncias, ou seja, a decisão proferida na esfera penal poderá vincular o conteúdo da decisão administrativa, nos termos do art. 125 c/c o Art. 126, ambos da Lei nº 8.112/90 c/c o Art. 65 do CPP, contudo, diante do cerceamento da defesa da impetrante, tal argumento nem ao menos pode ser utilizado. Portanto, tendo em vista que o ato impugnado em mandado de segurança decorre de fatos apurados em processo administrativo, a competência do Poder Judiciário serve apenas para exame da legalidade, de possíveis vícios de caráter formal ou do que atente contra a ampla defesa, sendo plenamente possível e urgentemente necessário que assim se faça, reintegrando a impetrante de imediato ao quadro de funcionários da Universidade Federal. IV. DOS PEDIDOS Diante do exposto, requer: a) a concessão da gratuidade de justiça, na forma do art. 98 e seguintes do CPC; b) a concessão da medida liminar para garantira reintegração da parte autora ao quadro de servidores ativos da autarquia federal até que se prolate decisão definitiva, na forma do art. 9º c/c art. 701 do CPC; c) no mérito, a anulação do ato demissional, com a imediata reintegração em definitivo da impetrante em suas funções; d) que a autoridade coatora seja notificada para que preste informações no prazo de 10(Dez) dias, bem como a oitiva do Ministério Público, nos moldes do artigo 7º, inciso I, da Lei nº 12.016/09; e) que se dê ciência do fato ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, enviando-lhe cópia da inicial sem documentos, para que, querendo, ingresse no feito, nos moldes do artigo 7º, inciso II, da Lei 12.016/09. f) a condenação do Impetrado no pagamento das despesas processuais na forma da lei. V. VALOR DA CAUSA Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00, para fins fiscais; Termos em que, Pede deferimento. Local..., data... Advogado ..., OAB nº ...
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