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1 Análise de Crédito: solução para o setor de transporte turístico - Empresa: União Transporte Interestadual de Luxo SA Renata dos Santos Fernandez1 Maisa Sandra de Sá Bezerra2 RESUMO Este trabalho tem o objetivo de demonstrar a importância da análise de crédito para a diminuição da inadimplência financeira no setor de transporte turístico da empresa UTIL SA, juntamente com as teorias de estudiosos no assunto. Saber quais dados e documentos são importantes para uma boa análise e saber como analisar estes dados, são de extrema importância. Lembrando que, tanto quanto a análise, a manutenção das informações e créditos, tem sua importância para que a adimplência seja constante, pois o mercado financeiro está em constante mudança, seja para melhor quanto para a decadência. Palavras-chave: Análise de crédito. Inadimplência. Adimplência. 1. INTRODUÇÃO Devemos vender sem conhecer o comprador, sem saber sua história no mercado, suas possibilidades de pagamento? Adianta pensar no faturado, nos carros que estão saindo para realizar serviços, sem pensar se iremos receber este valor realmente? De certo que não. Então precisamos saber como fazer para conhecer o comprador antes mesmo de vender o serviço. Deve ser dada a devida importância para análise de crédito, pois ela deve ser o início para se conseguir chegar ao objetivo da empresa, o lucro. O objetivo do trabalho é aprender a realizar a análise de crédito de cada novo cliente e a manutenção do crédito liberado aos clientes já existentes, informando o grau de risco de inadimplência de cada um. __________________________________ 1 Aluno concluinte do curso de Bacharel em Administração da Universidade Estácio de Sá. 2 Professor (a) Orientador (a) do artigo da Universidade Estácio de Sá. 2 Analisar o histórico do cliente no mercado, tanto quanto, o valor patrimonial, é extremamente importante, pois nos informa as possibilidades de não receber o valor devido. Por Exemplo: podemos vender para um cliente, sem uma análise de crédito, e este tornar-se inadimplente, se a análise crédito tivesse sido realizada, saberíamos, antes da venda, que este cliente já é inadimplente em outras empresas, ou que ele não possui condições financeiras de arcar com a dívida, e desta forma não teríamos vendido. Em uma empresa de transporte de passageiros, serviços de turismo especificamente, o cliente costuma realizar serviços por diversas vezes, logo, a manutenção deste crédito deve ser sempre renovada, pois o mesmo pode deixar de ser um cliente bom pagador para um cliente com riscos. Sobre a metodologia utilizada na pesquisa, após análise e estudo das definições dos tipos e critérios de pesquisa, deu-se início a delimitação do tema, para posteriormente, construir um referencial teórico calcado nos principais conceitos relacionados ao tema. Para tanto, a pesquisa bibliográfica foi realizada em livros, artigos, etc. Com este trabalho entenderemos a importância da análise de crédito na vida financeira das empresas, mas especificamente na empresa estudada, de transporte de passageiros para serviços de turismo. 2. O PROBLEMA E A SOLUÇÃO Hoje, na empresa União Transporte Interestadual de Luxo SA, denominarei no decorrer do trabalho como UTIL, temos um grande problema chamado inadimplência financeira. Os serviços são vendidos, sem o conhecimento do histórico do cliente no mercado, somente com uma visão comercial, que é realizada pelo gerente comercial e liberação para que os clientes realizem o pagamento posteriormente ao serviço executado. Como é realizada a venda dos serviços hoje: os clientes solicitam o serviço ao gerente comercial, que por sua vez, sem entrar em contato com outro departamento, até mesmo o financeiro, informa a condição e forma de pagamento para que o cliente oficialize a compra. Desta forma, a empresa acaba com uma enorme inadimplência, pois os clientes, que já não estão tão bem colocados no mercado, querem entrada de valor na empresa deles, e acabam executando serviços sem que possam arcar com a dívida. O objetivo comercial é vender, é aumentar a comissão pessoal, se irão receber o valor final, vira uma responsabilidade do departamento de contas a receber, que por sua vez, se desdobra para conseguir o retorno desejado. No meu entendimento, jamais se deve deixar uma responsabilidade dessas na mão do comercial, pois este quer vender tão somente, não há interesse imediato no 3 recebimento. Desta forma, tem que partir dos superiores, alta gerência, a busca de soluções para este dilema. O valor faturado pode até estar alto, porém o recebimento não acompanha o mesmo nível, e do que adianta vender, sem receber? Nos meus estudos pude constatar que um setor de análise de crédito, um estudo detalhado da vida deste cliente no mercado, poderia ajudar muito a diminuição da inadimplência e posterior aumento do lucro da empresa. No próximo capítulo, começarei a desenvolver como realizar esta análise e conhecer os documentos e dados são necessários. Além de conhecer algumas técnicas de estudiosos no assunto, que facilita bastante a análise de crédito. Provarei que é possível sim, diminuir a inadimplência, somente com um novo departamento, que não acarretará um custo considerável a empresa e que trará um grande benefício. 3. DESEVOLVIMENTO DA SOLUÇÃO: ANÁLISE DE CRÉDITO O profissional responsável por este novo setor da empresa UTIL, o analista de crédito, pode ser da própria empresa, como uma recolocação de cargo ou inclusão da tarefa, porém o mais indicado é o analista de contas a receber, que já conhece a carteira de clientes; ou mesmo a empresa pode buscar no mercado um profissional que deverá manter-se sempre bem informado sobre o mercado, para saber avaliar as diversas situações empresariais que possam surgir. No mercado de transporte turístico temos fases de alta temporada e baixa temporada e é exatamente na fase de alta que se deve ter mais cuidado, pois muitos clientes buscam o serviço, e mesmo com o volume alto de serviços, não se pode deixar de fazer uma boa análise ou deixar a qualidade da análise diminuir, em razão de que mesmo se tratando de um bom faturamento, temos grandes chances de não conseguir receber todo este valor. Um dos primeiros passos para realizar uma análise de crédito, é conhecer quais documentos e dados são necessários para dar início e que podem ajudar a realizar uma boa análise. Lembrando que, deve-se ter muita atenção quanto à veracidade dos dados coletados, pois existem muitos golpistas que falsificam documentos e dados para conseguir passar na fase de análise. Para pessoa física, os dados necessários para uma análise de crédito, segundo Santos (2006) são os listados abaixo, para o caso de pessoa física: 4 Já a documentação legal, segundo Schickel (2000), que o agente de crédito deve estar atento, para pessoa física, são as seguintes: Já para pessoa jurídica, os dados necessários, que devem ser solicitados para pessoa jurídica, são os abaixo: Já os documentos que se deve solicitar para as pessoas jurídicas, segue lista abaixo: 5 De posse dos dados e documentos citados acima, poderei chegar à fase de análise destes dados e como se deve realizar para chegar ao crédito fornecido. Os sites www.sintegra.com.br e www.receita.fazenda.gov.br, podem ser usados para confirmar a inscrição estadual e CNPJ das empresas, podendo ser verificada a existência e nome real das empresas através dos seus números de registro, além de data de abertura e nome dos sócios. Já a razão social, também pode ser confirmada nestes sites ou na Junta Comercial do Estado, já que todas devem estar inscritas. As alteraçõessociais podem nos ajudar a antever possíveis problemas herdados, pois constituem alterações como incorporações, fusões (união entre empresas), cisões (separações entre empresas). O comprovante de endereço deve ter o mesmo endereço que consta no cartão do CNPJ e no contrato social, para que identifique, precisamente, sua localização. Exemplos: conta de água, luz, telefone, entre outros. O cartão do CNPJ possui diversas informações importantes, como: data de abertura da empresa, número da inscrição, nome da empresa, nome fantasia, código e descrição da atividade econômica principal e das atividades secundárias, descrição da natureza jurídica, endereço, situação cadastral (ativa ou inativa); e pode ser emitido pelo Ministério da Fazenda ou Secretaria da Receita Federal. Não deve ter mais de três meses a emissão, para que as informações estejam atualizadas. Atividade ou ramo: conhecer o ramo da empresa ajuda a prever situações que possam afetar o fluxo de caixa e consequentemente de quem depender dos recursos dela. Exemplo: emprestar dinheiro a uma sorveteria no inverno pode ser uma situação de risco, pois a queda é brusca nesta época do ano. Esta informação pode ser encontrada no cartão do CNPJ. As alterações contratuais e constitucionais são muito importantes para avaliar a estabilidade administrativa da organização, pois cada alteração ocorrida envolve valores (capital resgatado e investido na saída). Deve-se colocar no cadastro de houver participação de capital de terceiros, pois as decisões podem ser tomadas por mais de um administrador. No contrato social verificar as posses da empresa, pois podem servir de garantia, dependendo a negociação. 6 Imóveis alugados comprometem a renda da empresa, então esta informação é importante para avaliar o comprometimento da renda. Solicitar os documentos dos sócios e realizar um cadastro da pessoa física, pois estes são os responsáveis por sua fundação e respondem pelos atos da pessoa jurídica. Os colaboradores autorizados a resolverem questões diversas devem apresentar procurações registradas em cartório e assinadas por seus responsáveis, pois negociar verbalmente com uma pessoa sem comprovação legal para decidir acaba sendo perda de tempo e nada pode ser resolvido. É importantíssimo solicitar uma lista de fornecedores, com nomes e telefones, para que possam confirmar as informações indicadas pelo cliente e até mesmo buscar informações quanto à adimplência ou inadimplência deste cliente na empresa, se o mesmo costuma pagar as dividas em dia ou sempre busca renegociar a dívida. Financiamentos e hipotecas comprometem o endividamento e a renda da empresa, diminuindo o limite de crédito. Esta informação pode ser obtida no balanço contábil e no resultado do exercício. Uma lista de clientes é importante, pois podemos analisar a idoneidade da empresa, o atendimento, o cumprimento dos prazos, saber se recebem nota fiscal na compra. Desta forma podemos analisar o caráter da empresa. Segundo Santos (2006), solicitar a construção de um Balanço Patrimonial adaptado do solicitante do crédito ajuda bastante na visualização dos ativos e passivos a fim de determinar a situação financeira e capacidade de pagamento do cliente. Explicando melhor, pode ser feito um modelo de balanço para que o solicitante do crédito preencha com as informações dos ativos (são bens, valores, créditos, direitos e assemelhados que formam o patrimônio de uma pessoa física ou jurídica) e informações do passivo (obrigações devidas). Segue um exemplo bem simples de como seria este balanço: 7 Quadro 1: Balanço Patrimonial Fonte: www.e-diariooficial.com Após o estudo dos dados e documentos, vamos às formas de análise pesquisadas por mim e que explicarei um pouco de cada uma delas. A análise de crédito é muito global, logo estas teorias e processos que estudei podem ser utilizados para qualquer ramo de atividade e se encaixa perfeitamente no ramo que estou tentando implantar a análise de crédito, que é o transporte turístico. Neste ramo temos clientes precavidos, que buscam sua reserva com tempo hábil e assim existe tempo para uma análise complexa, como também existem clientes que buscam os serviços em cima da hora, em razão disso precisam ter um setor de análise ágil, porém eficaz. 3.1. CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS POR SANTOS Um processo que ajuda na análise e podemos utilizar é um quadro que estabelece critérios para classificação do risco de crédito, desenvolvido por Santos (2009, p. 195): 8 CLASSE DE RISCO RATING INTERPRETAÇÃO M U IT O B A IX O A Cliente detentor de situação financeira favorável; sempre idôneo no histórico de relacionamento e com o mercado; possui fontes diferenciadas de geração de renda (salários, aplicações financeiras, aluguel, etc.); característica predominantemente aplicadora no relacionamento comercial, principal renda extraída de atividade, empresa e setor que apresentam perspectivas de forte crescimento para os próximos anos; valor de crédito muito abaixo do índice interno de tolerância de exposições de risco; crédito suportado pela vinculação de garantias de primeira liquidez. Recomendação: aumentar a exposição de risco. B A IX O B Cliente detentor de situação financeira favorável; sempre idôneo no histórico de relacionamento e com o mercado; renda extraída de atividade, empresa e setor com perspectivas de crescimento moderado para os próximos anos; relacionamento comercial baseado em transações de aplicações financeiras, cheque especial, cartão de crédito e serviços; valor de crédito abaixo do índice interno de tolerância de exposição de risco; crédito suportado pela vinculação de garantias de primeira liquidez. Recomendação: aumentar a exposição de risco. M O D E R A D O C Cliente detentor de situação financeira que apresenta sinais de deterioração; embora atualmente esteja idôneo, já apresentou registros de atrasos no mercado e no histórico de relacionamento; renda extraída de atividade, empresa e setor com perspectivas de estabilidade ou baixa recessão para os próximos anos; característica predominantemente tomadora no relacionamento comercial; valor de crédito muito próximo do índice interno de tolerância de risco; crédito suportado em garantias patrimoniais (exemplo: alienação, hipoteca, etc.). Recomendação: manter/reduzir exposição de risco. A L T O D Cliente detentor de situação financeira desfavorável; existem registros de restrições de idoneidade no mercado; apresenta atrasos sucessivos no histórico de relacionamento; renda extraída de setor com perspectivas de recessão para os próximos anos; característica predominantemente tomadora no atual relacionamento comercial; valor de crédito apresentando 100% do índice interno de tolerância de exposição de risco; crédito suportado em garantias patrimoniais (exemplo: alienação, hipoteca, etc.). Recomendação: reduzir gradualmente a exposição de risco, reforçar garantias e finalizar o relacionamento. Quadro 2: Critérios para classificação do risco para as empresas Fonte: SANTOS, 2009, p.195. 9 Com este quadro de classificação de riscos já consigo saber o risco que a empresa está correndo em não receber o valor do serviço, classificando as empresas como A, B, C e D. Sendo a classificação “A” as empresas com menos risco de inadimplência, e descendo na classificação, as empresas de maior risco. Para analisar melhor o quadro, vou esclarecer alguns pontos: - O que seria uma situação financeira? É a capacidade que a empresa tem de pagar suas dívidas, com recursos suficientes para estar com suas obrigações em dia. - O que seriaempresa idônea? É o mesmo que empresa honesta, confiável. - E garantias com liquidez? Garantia é algo que pode ser trocado pela dívida, e liquidez é o tempo para transformar este recurso em dinheiro. Agora vamos à análise do quadro: - Empresas com situação financeira favorável, idôneas no mercado, com diversificadas fontes de renda e com garantias de alta liquidez, podem ser enquadradas nas classes A ou B. Para saber em qual das duas classes (A ou B) se enquadrará temos, empresas em que a atividade tem grandes possibilidades de crescimento e pouco crédito na empresa, se encaixarão na classe A; e empresas com moderado crescimento e crédito abaixo do limite, na classe B. - Empresas com renda extraída somente da atividade financeira, baixa recessão nos próximos anos e somente garantias patrimoniais, podem ser enquadradas nas classes C ou D. Para saber em qual das duas classes (C ou D) se enquadrará temos, empresas com situação financeira em deterioração, com registros em atraso e crédito próximo do limite, se encaixarão na classe C; já empresas com situação financeira desfavorável, com restrições de idoneidade, se encaixarão na classe D. As empresas nas classificações A e B, os créditos podem ser liberados e aumentados, se for o caso. Empresas na classificação C, deve-se ter um certo cuidado, não liberando mais limite do que já possui. E por fim, empresas na classificação D, a venda do serviço deverá se efetuado por pagamento à vista, e caso já seja um cliente com serviços a prazo, que se tornou inadimplente, entrando na classificação D, o ideal é solicitar reforço de garantias, redução de crédito, ou finalização de relacionamento a prazo. É interessante observar que Santos (2009) avalia os riscos sempre se baseando em fatores comportamentais do cliente em relação à conta, ratificando mais uma vez, a importância de acompanhar a carteira de clientes, precavendo ao máximo a inadimplência da mesma. 3.2. OS 4 C´s DO CRÉDITO Mais uma técnica que posso implantar na análise de crédito são os 4C´s do crédito e é uma técnica que pode ser utilizada para pessoa física e jurídica e consiste em: caráter, capacidade, capital, colateral e condições. 10 Seria mais um item que posso utilizar para analisar os clientes do ramo de transporte turístico, pois são análises feitas com o objetivo de traçar um perfil de cliente ideal, e a partir destes itens seguir um direcionamento para a aprovação ou não do crédito desejado. 3.2.1. CARÁTER Este item se refere ao histórico financeiro do solicitante do crédito. São verificadas transações anteriores e analisada se cumpriu com os prazos e se quitou toda a dívida. Verificada também as compras com outros credores através dos documentos solicitados para cadastro. No caso de um iniciante em crédito, é feita uma análise da idoneidade dos sócios como pessoas físicas. Um bom exemplo de documento cadastral que ajuda neste item seria a lista de fornecedores, já mencionada anteriormente, pois com contato direto pode-se saber da idoneidade deste provável futuro cliente. 3.2.2. CAPACIDADE Basicamente posso dizer que capacidade nada mais é do que o líquido que uma pessoa ou empresa tem para ser usado naquele momento para pagamento de suas dívidas. Continuando no básico, para explicar melhor, podemos dizer que é a diferença entre as receitas e as despesas, que permitem o cumprimento das obrigações no mercado. Diz respeito à capacidade/meios de honrar com a dívida. São considerados: endividamento, que demonstrará o comprometimento da renda, e fluxo de caixa, o valor disponível para compromissos imediatos. Refere-se ao julgamento subjetivo do analista quanto à habilidade dos clientes no gerenciamento e conversão de seus negócios em receita. Usualmente, os credores atribuem à renda de pessoas físicas ou à receita de empresas a denominação de “fonte primária de pagamento” é principal referencial para verificar se o cliente tem capacidade de honrar a dívida. Para mensurar a capacidade para as pessoas físicas, devem ser analisados os dados pessoais, como nível do cargo e estabilidade no emprego, o nível de escolaridade, o estado civil, se possui dependentes. Por exemplo: um cliente com cargo de ajudante de serviços gerais, recebendo um salário mínimo, não é o ideal para ele, nem para empresa, que tenha um endividamento de mais de 30% de sua renda. Para as pessoas jurídicas, verificam-se as demonstrações e relatórios contábeis, com ênfase na liquidez e no endividamento, nestes documentos constam nada mais que o já explicado no primeiro parágrafo deste item, a diferença entre receitas e despesas, que possibilitam o pagamento. Os sócios e empregados são também 11 analisados e ainda a atuação da empresa no mercado, o histórico de sucessos e insucessos com produtos e serviços oferecidos por ela. Para esta análise temos itens importantes: Idade da empresa; Fluxo de caixa do solicitante; Escolaridade dos sócios (preparação dos sócios); As opções que poderão ser utilizadas para a quitação da dívida; Experiência no ramo de atuação; Nível de sucesso; Empresa de sucessão familiar ou profissionalizada; Setor de atuação da empresa; Onde será aplicado o recurso solicitado (produção ou bens desnecessários); Potencial de pagamento. 3.2.3. CAPITAL Tentando ser clara, capital nada mais é do que a renda, a fonte de recursos de uma pessoa ou empresa, sendo um pouco mais específica, no mundo empresarial, capital seria o patrimônio líquido de uma organização e seus sócios. Medida por toda a capacidade de investimento do solicitante de crédito. Desta forma, o balanço patrimonial possibilita analisar o endividamento do patrimônio. Para Santos (2009, p. 31), “o capital é medido pela situação financeira do cliente, levando-se em consideração a composição (quantitativa e qualitativa) dos recursos, onde são aplicados e como são financiados”. Explicando, a situação financeira do cliente reflete em seu capital, pois se uma pessoa ou empresa não está com uma situação favorável, seu capital (dinheiro) também não estará nada favorável. Levam-se em consideração informações relacionadas ao endividamento, liquidez, lucratividade e outros índices financeiros calculados a partir de demonstrações financeiras da empresa. As comprovações de renda por meio de DECORE (Declaração Comprobatória de Percepção de Rendimento), contracheques devem estar de acordo com a Declaração de Imposto de Renda do cliente, dessa forma pode-se confrontar o mês a mês com o rendimento anual, visando sempre à veracidade das informações prestadas. Enquanto as empresas deverão apresentar demonstrativos contábeis para avaliação de capital. Nestas demonstrações é possível verificar as condições de negócios, o segmento que a empresa atua seu fluxo de caixa, suas origens de recursos e financiamentos, dentre outros. 3.2.4. COLATERAL Para Schrickel (2000, p.55), o colateral, tradução do termo inglês de idêntica grafia, significa a garantia. O colateral deve ser necessariamente, algo tangível. Conhecido como as garantias que a empresa oferece para pagamento do crédito, que podem 12 ser móveis, imóveis, contas a receber, prédios, terrenos, tudo que possa cobrir o valor do crédito. Estes itens estão no ativo dentro do balanço patrimonial. Por decisões judiciais estes bens podem ser reclamados. No mercado esse item é conhecido também por garantias acessórias, que são as garantias oferecidas pelos clientes como forma de minimizar os riscos de inadimplência e da perda parcial ou total de pagamento. É um item de alta importância, e veremos este mesmo item dentro de outras teorias e estudos devido a sua importância no ato de conceder crédito. 3.2.5. CONDIÇÕESRefere-se ao atual momento empresarial. Seu objetivo é conhecer a real situação financeira da empresa, suas perspectivas e se está em crescimento, estagnação ou declínio. Para Santos (2009, p. 32), este “C” está relacionado à sensibilidade da capacidade de pagamento dos clientes à ocorrência de fatores externos adversos ou sistemáticos, tais como os decorrentes de aumento nas taxas de inflação, taxas de juros e paridade cambial; de crises em economias de países desenvolvidos e emergentes, que mantêm relacionamento com o Brasil. Este item é de extrema importância, uma vez que os riscos sistemáticos influenciam diretamente a empresa. Por isto analisa-se o cenário econômico atual no qual a empresa está inserida e de como a empresa lida com fornecedores e cliente, se ela não mantém concentração de seus negócios, porque quanto mais diversificada é sua carteira de clientes e fornecedores, menores são os riscos. 3.3. AS 3 ETAPAS DE SCHRICKEL Em qualquer situação de análise de crédito, há três etapas distintas a percorrer, conforme Schrickel (2000): Análise Retrospectiva: avaliação do desempenho histórico do cliente, analisando os riscos inerentes ao mesmo e como foram contornados, procurando buscar o máximo de informações sobre experiências de crédito no mercado e/ou na própria empresa. Este processo visa a identificar fatores na atual condição do tomador que possam dificultar o pagamento da divida; Análise de Tendências: projeção da condição futura do tomador do crédito, a fim de avaliar o nível de endividamento suportável e o quão oneroso será o crédito que se espera obter; e Capacidade Creditícia: a partir do grau de risco que o tomador apresenta e a projeção do seu nível de endividamento futuro, avaliar a capacidade creditícia do tomador, ou seja, qual a quantia de capital que ele poderá obter junto ao credor. 13 Na etapa da análise da “capacidade creditícia”, vale ressaltar a preocupação de Schrickel com a habilidade e o bom senso no momento de estruturar a proposta de crédito. Este é o ponto que eu devo chamar atenção. Tendo feito a análise da situação do cliente (passado, presente e projeção do futuro), é importantíssimo atentar para possíveis ajustes nas condições do crédito, de maneira que o contrato firmado seja conveniente para as duas partes. Pode-se ajustar, por exemplo, o valor solicitado, a taxa de juros, a quantidade de prestações, a carência, etc. 3.4. AS 6 FASES DE SANTOS Segundo Santos, para que ocorra uma análise minuciosa de risco da operação de concessão de crédito à pessoa física, é preciso passar por algumas fases distintas durante o processo. Santos (2006) define seis fases para este processo, conforme quadro a seguir: Análise Cadastral; Análise de Idoneidade; Análise Financeira; Análise de Relacionamento; Análise Patrimonial; e Análise de Sensibilidade. 3.4.1. Análise Cadastral Refere-se ao processo de análise dos dados, já mencionados anteriormente no início deste capítulo. Sempre se deve atentar para o sigilo das informações coletadas. Schrickel (2000) sugere que as informações e documentação pessoal devem ser mantidas arquivadas sobre minucioso controle. Tal atenção é necessária para que ocorra o sigilo das informações e para que melhor lhe permita o controle, manuseio e atualização dos dados. 3.4.2. Análise de idoneidade A análise de idoneidade consiste no levantamento e análise de informações relacionadas à idoneidade do cliente com o mercado de crédito. Segundo Santos (2006), esta análise baseia-se na coleta de informações sobre o solicitante do crédito junto às empresas especializadas no gerenciamento de risco de crédito. Empresas como Serasa, Boa Vista Serviços (SCPC), EQUIFAX e SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) são exemplos de organizações que podem fornecer informações úteis sobre a situação de crédito do cliente. 14 A idoneidade do cliente pode ainda ser classificada em quatro categorias, conforme Santos (2006): Sem Restritivos: quando não há informações negativas sobre o cliente no mercado de crédito; Alertas: quando há registros antigos no mercado de crédito, já solucionados, que não impedem a concessão de novos créditos. Apenas ocorre a exigência de uma análise mais criteriosa por parte do agente de crédito; Restritivos: indicam que o cliente possui informações desabonadoras no mercado de crédito. São exemplos: registros de atrasos, renegociações e geração de prejuízos a credores. Podem ser classificadas como de caráter subjetivo (de uso interno de instituições do mercado de crédito) ou de caráter objetivo, tais como protestos, registros de cheques sem fundo, ações de busca e apreensão, dentre outros; e Impeditivos: são apontamentos que impedem que pessoas físicas atuem como tomadores de crédito, a exemplo de bloqueios de bens, impedimentos no Sistema Financeiro da Habitação (SFH), proibições legais de concessão de crédito, dentre outros. 3.4.3. Análise Financeira Este item nada mais é do que à análise da renda, e deve ser dada uma devida atenção a este item, pois consideram existir relação direta entre a renda e a taxa de inadimplência de pessoas físicas. Um exemplo ótimo para este parágrafo seria a corrida no mercado de empréstimos por clientes que são funcionários públicos, pois estes tem regularidade e probabilidade de continuar recebendo já que não podem ser despedidos por terem participado de concurso. Santos (2006) ainda diz que é de suma importância determinar o valor exato da renda e a sua regularidade, bem como a probabilidade de continuar sendo recebida. Posso analisar este dizer de Santos como, tendo a renda exata e analisando as possibilidades de não recebimento deste valor é possível identificar fatores que poderão vir a prejudicar o futuro pagamento da dívida contraída. A Declaração do Imposto de Renda é uma fonte alternativa de dados que possibilita um melhor cálculo sobre a renda média mensal do solicitante, segundo Santos (2006), pois nesta declaração constam todas as fontes de recursos. O patrimônio líquido, calculado pela diferença entre o total dos ativos e o total dos passivos, será um excelente indicador da riqueza do cliente e, por conseguinte, da capacidade de pagamento do mesmo. 15 3.4.4. Análise de relacionamento A análise de relacionamento seria uma análise sobre as informações extraídas/obtidas do histórico de relacionamento do cliente com o credor e o mercado de crédito. Se este cliente é bom pagador, se paga suas contas em dia, se tem bom relacionamento com seus clientes e fornecedores. Santos (2006) acredita que essa análise de relacionamento auxilia na análise da idoneidade do cliente e pode garantir uma decisão mais favorável ou não à concessão do crédito. O que pude analisar deste pensamento dele é que com esta análise, podemos conhecer melhor a idoneidade, o caráter deste cliente e com isso chegar a decisão de dar ou não o crédito desejado. Contudo, existe uma grande dificuldade dos agentes/analistas de crédito, conseguirem informações precisas junto a outras empresas devido à necessidade de manter sigilo sobre as operações com que trabalham. 3.4.5. Análise Patrimonial Este item, mais uma vez está em nosso estudo, pois nada mais é do que a análise das garantias, já estudadas em parágrafos anteriores. Segundo Santos, a análise patrimonial é frequentemente utilizada para a avaliação das garantias que os clientes podem oferecer para vincularem ao contrato de concessão. Já garantia é a vinculação de um bem que assegure a liquidação do crédito caso o tomador não honre suas dívidas. Entretanto, Blatt (1999) defende que a concessão do créditonão pode estar atrelada ao bem disposto como garantia, pois assim a organização estaria comprando um bem que não é de interesse. Realmente, pensando desta forma, ele está certo, pois o que se quer no final é o pagamento em espécie e não outro bem. Mas não deixa de ser uma boa forma de conseguir o valor, mesmo que não seja em espécie, se o cliente não houver como honrar com a dívida. Além disso, Santos (2006) diz que as garantias reais (bens) devem ser corretamente analisadas para se verificar a possibilidade de solvência das mesmas, assim como seu valor de mercado real e a existência de ações legais que impeçam que sejam utilizadas. Explicando melhor, tenho que conhecer o valor de mercado deste bem que foi dado como garantia, nem o que compramos hoje, daqui a 20 anos já terá um valor completamente diferente; e devo estudar também se existe alguma forma legal de ser impedido o uso deste bem como garantia. 3.4.6. Análise de Sensibilidade Nesta fase, o agente de crédito ou analista financeiro irá monitorar a situação macroeconômica a fim de prever situações que poderão aumentar o nível de risco da operação. 16 Santos (2006) cita como exemplo o monitoramento das taxas de juros. É importante que os analistas de crédito monitorem o mercado e a economia em geral a fim de prever possíveis situações de desequilibro na economia. Lembrando que a manutenção do limite de crédito é a etapa em que se observa o comportamento do cliente em relação ao crédito concedido e também identifica oportunidades (oferta de novos produtos, aumento de crédito, cálculo do risco de inadimplência,etc), pois um cliente pode ter várias oscilações no mercado e se tornar um cliente restritivo, como também pode se tornar alerta. Estou tratando do ramo de transportes, porém o mercado é oscilante, e podem ter altos e baixos. Um ótimo cliente hoje poderá ser um péssimo cliente amanhã, não só por oscilação do mercado, como também por má administração, e por este motivo deve-se conhecer não só a empresa como seus administradores. A manutenção pode ser feita solicitando atualização cadastral de tempos em tempos para saber como este cliente se encontra no mercado atualmente, ou mesmo, utilizar o próprio histórico deste cliente na empresa. Como pode ser feita, de tempos em tempos, seis em seis meses, por exemplo, quando o cliente solicitar novamente serviços, já pode ser pedida a atualização dos dados para manutenção da análise. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Observei no decorrer do trabalho que existem diversas maneiras de se realizar uma análise consideravelmente segura sobre o crédito concedido aos clientes e a importância da manutenção destes dados. Provei que a análise, antes da venda, pode diminuir consideravelmente a inadimplência e é uma ferramenta muito útil. Pontos que encontrei em quase todas as teorias estudas foram: o conhecimento do histórico do cliente no mercado, a situação financeira atual, as garantias que este pode nos trazer. As formas de análise estudadas neste trabalho foram: a coleta e análise de dados, a classificação de riscos, os 4C´s do crédito, as três etapas de Schrickel e as seis fases de Santos. Estas são apenas algumas formas de se analisar os clientes, pois hoje, no mercado, existem infinitas possibilidades, até mesmo programas que executam este procedimento. Comprovei com este trabalho que vender sem analisar o cliente antes é um risco extremo para o futuro financeiro de uma empresa, pois o que os clientes querem é realizar os serviços para aumentar sua receita, logo, não pensam nas possibilidades de não pagamento da dívida, quem tem que executar este controle é a empresa que está concedendo o crédito. Com a constante evolução do mercado, com aquecimento do mercado consumidor, com a grande quantidade de golpistas que se aproveitam das empresas que buscam novos clientes, atualmente se torna indispensável uma boa análise para que não se tenha surpresas desagradáveis. 17 Em um passado não tão distante, a análise de crédito era vista como uma despesa desnecessária, um capricho para algumas empresas, porém a sua importância vem ganhando força nos últimos tempos e o custo x benefício deste processo vem mudando a avaliação de muitos administradores pois realmente é eficaz e segura. Esclareci a importância da análise de crédito, não só para o ramo de transportes, como para empresas de qualquer ramo de atividade, e que é possível sim, diminuir a inadimplência, somente observando e analisando informações. Estes estudos comprovam um aumento considerável da adimplência das empresas, e se implantada na empresa UTIL, não será diferente. 5. REFERÊNCIAS SANTOS, J.O. Análise de Crédito – Empresas e pessoas físicas. Ed. Atlas 2000 e 2006. SANTOS, J.O. Análise de Crédito: Empresas, Pessoas Físicas, Agronegócio e Pecuária. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. SCHRICKEL, W.K. Análise de crédito concessão e gerência de empréstimos. Ed. Atlas. 2000. PORTAL EDUCAÇÃO. Análise e coleta de dados - Pessoa Jurídica. Disponível em: www.portaleducacao.com.br. Acesso em: 20 agosto 2018 PORTAL EDUCAÇÃO. Análise de crédito e Cobrança: Técnica dos 5 Cs. Disponível em: www.portaleduacação.com.br. Acesso em: 17 setembro 2018 ASAAS. Conheça os 5 Cs do crédito. Disponível em: www.asaas.com. Acesso em: 17 setembro 2018
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