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DANO EXISTENCIAL

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UNIVERSIDADE PARANAENSE
 Curso de Direito – Umuarama – Unidade – Sede
xxxxxx
DANO EXISTENCIAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO
Umuarama – Paraná
2018
xxxxxx
DANO EXISTENCIAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO
Artigo apresentado ao curso de Especialização em Direito e Processo do Trabalho, como exigência para obtenção do título de Pós-Graduação.
Orientador: xxxxxxxx
Umuarama – Paraná
2018
DEDICATÓRIA
Ao grande mestre Jesus Cristo, por me permitir chegar até aqui, tendo a presença de pessoas tão especiais.
Ao meu pai, xxxxx, por todo ensinamento e educação que me deu desde pequena, com muita honestidade.
A minha mãe, xxxx, pela força, amizade e por todo amor e dedicação que sempre teve comigo.
Obrigada pelo carinho e pela compreensão que tiveram comigo nesta caminhada, que não foi só minha, mas, nossa.
AGRADECIMENTOS
A Deus, que sempre me iluminou com sua grandeza, concedendo-me saúde e coragem para chegar a mais esta etapa de minha vida.
À Universidade Paranaense, pela oportunidade de realizar este curso.
Ao professor xxxxx, coordenador do Curso de Pós-Graduação em Direito e Processo do Trabalho que, com sua perseverança, sempre nos atendeu com muita dedicação.
Ao professor xxxxxx, também coordenador do Curso de Pós-Graduação em Direito e Processo do trabalho e orientador que com sua atenção, conhecimento e dedicação, sempre acompanhando todos os procedimentos deste trabalho. 
Ao professor e coorientador xxxxx, por todos os conhecimentos e ensinamentos que nos tem transmitido, para que consigamos atingir os nossos objetivos com este trabalho.
A todos aqueles amigos, familiares que, durante todo o tempo, têm compreendido a ausência em função dos estudos; e a todos por compartilhar os momentos difíceis de minha vida e, principalmente, por todo apoio a esta árdua jornada.
Aos professores do curso pelo conhecimento que me foram oportunizados.
DANO EXISTENCIAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO
RESUMO: No presente estudo, busca-se analisar a temática envolvendo os efeitos do dano existencial nas relações de trabalho. As longas jornadas de trabalho são sem dúvida um dos maiores fatores de agressão à saúde dos trabalhadores, ocasionado por fatores que afetam a integridade física, moral e psíquica o dano existencial, impossibilita o ser humano de executar seus projetos de vida, seja no âmbito familiar, intelectual, afetivo, artístico, científico, desportivo, educacional ou profissional, dentre muitos outros. Nas relações de trabalho, o dano existencial ocorre, principalmente, quando o empregado é exposto a longas e exaustivas jornadas de trabalho, com muitas horas-extras, várias férias vencidas, supressão dos intervalos para descanso, impedindo o trabalhador de ter uma vida saudável, de se relacionar e conviver em sociedade e com sua família, sem dispor de tempo para cuidar de seus projetos pessoais frustrando seus planos e como consequência gerando uma redução em sua qualidade de vida. Portanto, sendo o dano existencial um conceito de dano imaterial, surge a possibilidade indenização devido aos danos causados à liberdade de escolha e à frustração do projeto de vida do trabalhador, que será analisado adiante.
PALAVRAS-CHAVE: DANO. EXISTÊNCIA. INDENIZAÇÃO. DIGNIDADE.
TITLE: EXISTENTIAL DAMAGE IN LABOR RELATIONS
 
ABSTRACT: The following article aims to anallize the effects of existential damage in labor relations.The cumulated hours of work are a factor of greater intensity for the health of the workers, caused by factors that affect the physical, moral and psychic health. The existential damage makes it impossible for the human being to carry out his life projects, whether in the family, intellectual, affective, artistic, scientific, sporting, educational or professional, among many others. In labor relations, existential damage mainly occurs when the employee is exposed to long and exhausting working hours, with many overtime, several vacations expired, suppression of breaks to rest, preventing the worker from having a healthy life and to socialize and to live in society and with their family, without having the time to take care of their personal projects, frustrating their plans and as a consequence, generating a reduction in their quality of life. Therefore, since existential damage is a concept of immaterial damage, there is the possibility of compensation due to damages caused to the freedom of choice and frustration of the employee's life project, which will be analyzed.
 
KEYWORDS: DAMAGE. EXISTENCE. INDEMNITY. DIGNITY.
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1. INTRODUÇÃO
A teoria acerca do dano existencial teve início na Itália como uma espécie dos danos imateriais, conferindo a pessoa que comprove ter sofrido o dano o direito à indenização. No Brasil, essa teoria vem ganhando força aos poucos e vem sendo utilizada principalmente nas relações de trabalho.
As longas jornadas de trabalho são sem dúvida um dos maiores fatores de agressão a saúde dos trabalhadores, ocasionado por fatores que afetam a integridade física, moral e psíquica o dano existencial impossibilita o ser humano de executar seus projetos de vida, seja no âmbito familiar, intelectual, afetivo, artístico, científico, desportivo, educacional ou profissional, dentro muitos outros.
Nas relações de trabalho, o dano existencial ocorre, principalmente quando o empregado é exposto a longas e exaustivas jornadas de trabalho, com muitas horas-extras, várias férias vencidas, supressão dos intervalos para descanso, impedindo o trabalhador de ter uma vida saudável, de se relacionar e conviver em sociedade e com sua família, sem dispor de tempo para cuidar de seus projetos pessoais, frustrando seus planos e como consequência gerando uma redução em sua qualidade de vida.
	Portanto, sendo o dano existencial um conceito de dano imaterial, surge a possibilidade indenização devido aos danos causados à liberdade de escolha e à frustração do projeto de vida do trabalhador, que será analisado adiante.
1. DOS DIREITOS TRABALHISTAS
1.1 Breve histórico da evolução do Direito do trabalho e dos Direitos Trabalhistas
	A evolução histórica do trabalho humano passou por vários estágios e surgiu como um meio de sobrevivência para garantir o seu próprio sustento e de sua família. Com a chegada da era moderna passou-se então a utilizar a mão de obra do trabalhador como um meio de adquirir riquezas, surgindo assim o mercantilismo e, consequentemente os confrontos sociais o que deu origem ao direito do trabalho na sociedade.
Segundo as lições de Sérgio Pinto Martins: “O Direito não deixa de ser uma realidade histórico-cultural, não admitindo o estudo de quaisquer de seus ramos sem que se tenha uma noção de seu desenvolvimento dinâmico no transcurso do tempo” (MARTINS, 2010, p. 5).
Com a Revolução Francesa em 1978, sobre as bases do capitalismo a burguesia passou a demonstrar poder e com a chegada da Revolução industrial foi que de fato o homem passou a ser utilizado como meio de produção.
Os direitos trabalhistas começaram então a surgir após vários movimentos sociais organizados pelas classes operárias, o que deram início aos primeiros direitos fundamentais que visavam à proteção à condição humana do trabalhador, já que este estava sendo utilizado como máquina.
Diante do novo cenário social, o Direito do Trabalho passou por transformações, principalmente depois de o Estado se afastar das relações de trabalho e conferir poderes aos sindicatos para negociações coletivas.
Em 1988 com o surgimento da Constituição federal, foram radicados no artigo 7º os direitos fundamenteis trabalhistas, o que trouxe então um grande avanço para ostrabalhadores, pois a relação empregado e empregador passou ter maior equilíbrio, buscando acima de tudo preservar a dignidade do trabalhador.
Nesse sentido, faz-se necessário analisar os principais direitos humanos fundamentais inerentes à relação trabalhista.
1.2 Princípio da Dignidade Humana
O Princípio da Dignidade Humana está consagrado na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 1º, inciso III, e visa a assegurar proteção máxima e digna a toda pessoa humana.
Para o doutrinador Ingo Wolfgang Sarlet o princípio da dignidade humana se relaciona com vários outros direitos, inclusive entende que o direito ao trabalho em condições dignas “constitui um dos principais direitos fundamentais da pessoa humana” (SARLET, 2012, p. 109). 
Nesse sentido, cumpre destacar que o princípio da dignidade humana está intimamente ligado aos direitos fundamentais e no âmbito do direito do trabalho é um princípio de grande importância, pois o respeito à vida do trabalhador é fundamental e deve ser valorizado, para que seu trabalho não afete sua saúde física, psíquica e moral.
Assim, o princípio da dignidade humana possui um papel de grande destaque, um valor constitucional supremo, qual este, deve ser observado como uma direção na elaboração de leis, interpretação das normas jurídicas em geral, bem como todo o sistema de direitos fundamentais.
Portanto, o princípio da dignidade humana impõe aos poderes públicos e a todos o dever de proteção da dignidade dos indivíduos, assim como promover meios que garantam uma vida digna a todos os cidadãos, devendo nas relações entre o indivíduo e o Estado sempre haver a presunção a favor do ser humano e de sua personalidade.
1.3 Direitos da Personalidade
O direito da personalidade trata-se de um direito básico e que se estende a toda pessoa, assim como o princípio da dignidade. O direito da personalidade traz consigo a aptidão de adquirir direitos e contrair obrigações e deveres, de ordem civil, sendo que nenhuma pessoa pode renunciá-lo ou transferi-lo.
O código Civil de 2002 de uma forma universal reconhece no artigo 1º, que “toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.” Esses direitos são de extrema importância e sua ofensa constitui elemento caracterizador de dano moral e patrimonial indenizável. 
Os fatores que mais causam danos extrapatrimoniais são as condutas que afetam o direito da personalidade e que atingem o equilíbrio da pessoa, sua essência e sua dignidade.
Os direitos da personalidade pressupõem, segundo Charles Taylor, três condições essenciais: autonomia da vontade, alteridade e dignidade:
A autonomia da vontade configura-se no respeito à autonomia moral de que deve gozar toda pessoa humana. A alteridade representa o reconhecimento do ser humano como entidade única e diferenciada de seus pares, que só ganha forma com a existência do outro. A dignidade é uma qualidade derivada, ou seja, pode existir somente se o ser humano for autônomo em suas vontades e se lhe for reconhecida alteridade perante a comunidade em que vive.
	Portando o direito à personalidade resulta na valorização de todas essas condições que dão forma ao direito positivo, buscando tratar, principalmente, de assuntos como a liberdade, igualdade, solidariedade, preservando saúde física e psíquica, estando presentes tanto na esfera do Direito público quanto do Direito Privado,
1.4. JORNADA DE TRABALHO: LIMITES NECESSÁRIOS
A Consolidação das Leis Trabalhistas de 1943, em seu artigo 58, estabelece que a duração da jornada de trabalho para qualquer atividade privada não excederá 8 (oito) horas diárias, desde que não fixado outro limite.
O doutrinador Maurício Godinho Delgado (2003) acrescenta ainda que, “hoje, a duração mensal de trabalho é de 220 horas, e que as regras previstas na Constituição possuem caráter imperativo a respeito desse limite, impedindo qualquer módulo mensal que exceda as 220 horas.” Porém, desde que não ultrapasse o limite mensal é permitida a compensação de horas, diárias ou semanal, no computo da jornada de trabalho.
 A reforma trabalhista aprovada pela Lei 13.647/2017 alterou alguns pontos da jornada de trabalho, sendo a principal mudança a jornada de trabalho de 12x36, doze horas de trabalho por trinta e seis horas ininterruptas de descanso, fixado por acordo entre empregador e empregado. 
Quanto ao intervalo intrajornada a grande mudança foi a possibilidade de negociar a redução desse intervalo para 30 minutos por meio de norma coletiva de trabalho. 
Já o banco de horas poderá por meio de acordo em empregado e empregador ser compensado em um prazo de 6 (seis) meses. 
Em relação às horas extras a legislação alterou quando o empregado escolher permanecer no ambiente de trabalho para sua seja para atividades particulares (se abrigar da chuva, higiene pessoal, se alimentar, estudo, troca de uniforme) não será considerado tempo à disposição do empregador. 
As horas in itinere também deixam de ser consideradas como tempo à disposição do empregador, exceto se estabelecido por norma coletiva.
Portanto, essas são os principais pontos em relação à jornada de trabalho e que de devem ser obedecidos conforme a nova legislação.
2. O DANO EXISTENCIAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO E A POSSIBILIDADE DE INDENIZAÇÃO
O dano existencial é uma espécie de danos imateriais (mais conhecidos como dano moral) e se divide em dano ao projeto de vida ou à vida das relações da vítima. Esse conceito teve início na Itália e no Brasil ainda não vem sendo muito utilizado nas demandas judiciais, visto que muitos ainda desconhecerem como sendo uma espécie de dano indenizável.
Alguns doutrinadores já estão defendendo a aplicação do dano existencial em vários ramos do direito, principalmente no direito do trabalho, por ser um dano que atinge muitos trabalhadores, devido a longas jornadas de trabalho.
O dano existencial priva o desenvolvimento normal da vítima, ocasionando perdas significativas em sua vida pessoal e social, impedindo-o de realizar as atividades que planejou, limitando-o de sua própria vida.
No âmbito do Direito do Trabalho, o dano existencial é configurado em situações onde o trabalhador é colocado diante de jornadas de trabalho exaustivas, sem o descanso necessário, bem como longos períodos sem o gozo de férias, que acabam prejudicando o projeto de vida do trabalhador, ou seja, seus planos de conviver com sua família, de realizar cursos, momentos de lazer, o que afeta diretamente seu desenvolvimento pessoal, afetivo, intelectual e cultural.
Além disso, as longas jornadas de trabalho podem ocasionar ao trabalhador riscos à sua saúde, como algumas doenças ocupacionais ou ainda acabar ocasionando acidente de trabalho.
O dano existencial frustra o projeto de vida da pessoa, aquilo que decidiu fazer de sua vida, planejou, ficando impedido de concretizar, provocando então o dano na existência do trabalhador, no curso normal da vida da vítima e de sua família.
Para Mária Novaes Guedes (2008) “o dano existencial pode decorrer de atos ilícitos que não prejudicam a saúde nem o patrimônio da vítima, mas a impedem de continuar a desenvolver uma atividade que lhe dava prazer e realização pessoal”. Assim, o dano existencial pode inviabilizar relacionamentos familiar, afetivo ou profissional (dano à vida de relação) ou impedir a realização de metas e objetivos para sua autorrealização (dano ao projeto de vida).
Portanto, é de extrema importância que o ambiente de trabalho propicie qualidade de vida aos trabalhadores, não esquecendo que o trabalhador é um ser humano que merece respeito e proteção de sua saúde física e mental durante a jornada de trabalho, bem como, que suas tarefas sejam distribuídas de forma que o trabalhador possa executá-las de forma saudável e com equilíbrio, para disponibilizar do descanso necessário para desenvolver seus projetos pessoais e convívio com sua família.
2.1. A responsabilidade civil e os danos extrapatrimoniais
O institutoda responsabilidade civil impõe ao causador do dano à obrigação de reparação àquele que sofreu o prejuízo e que além de verificar os pressupostos, analisa também as repercussões que a conduta gera para o lesado.
 Paulo Roberto Ribeiro Nalin (1996) menciona que “o principal objetivo da responsabilidade civil é tentar recolocar o lesado na mesma situação fática que ele se encontrava antes de sofrer o dano.” Assim, cumpre serem analisadas as espécies de danos passíveis de indenização.
O dano material ou patrimonial é aquele em que à vítima sofre uma diminuição de seu patrimônio. Já os danos imateriais ou extrapatrimoniais atingem diretamente a pessoa e não seu patrimônio.
Historicamente, a doutrina e a jurisprudência classificaram o dano injusto indenizável em dano patrimonial sendo aquele que atinge diretamente o patrimônio suscetível de valoração econômica imediata, e o dano moral como aquele que causa abalo psicológico, emocional, sendo acrescentado também o dano estético como terceira categoria de dano indenizável. 
De acordo com Ricardo Maurício Freire Soares, o dano existencial está inserido na classe dos danos extrapatrimoniais:
[...] ele é uma espécie de lesão ao complexo de relações que auxiliam no desenvolvimento normal da personalidade do sujeito, abrangendo a ordem pessoal ou a ordem social. É uma afetação negativa, total ou parcial, permanente ou temporária, seja a uma atividade, seja a um conjunto de atividades que a vítima do dano, normalmente, tinha como incorporado ao seu cotidiano e que, em razão do efeito lesivo, precisou modificar em sua forma de realização, ou mesmo suprimir de sua rotina. (SOARES, 2009, p. 44).
Além disso, esse conceito de dano extrapatrimonial para Hidemberg Alves da Frota possui como base dois eixos: o dano ao projeto de vida e o dano à vida de relação:
O dano existencial constitui espécie de dano imaterial que acarreta à vítima, de modo parcial ou total, a impossibilidade de executar, dar prosseguimento ou reconstruir o seu projeto de vida (na dimensão familiar, afetivo-sexual, intelectual, artística, científica, desportiva, educacional ou profissional, dentre outras) e a dificuldade de retomar sua vida de relação (de âmbito público ou privado, sobretudo na seara da convivência familiar, profissional ou social (FROTA, 2011, texto digital).
O fundamento legal para reparação do dano existencial é encontrado nos artigos 1º, inciso III, e artigo 5º, inciso V e X da Constituição Federal, que consagram o princípio da ressarcibilidade dos danos extrapatrimoniais. No código civil também se encontra o amparo legal em seus artigos 12, caput, artigo 186, 927 e 422, aplicados na relação laboral em razão do contido no artigo 8º, parágrafo único da Consolidação das Leis de Trabalho, que autoriza a aplicação subsidiária do direito comum ao Direito do Trabalho.
Quanto à cumulação o dano existencial e o dano moral cumulam entre sim, desde que ocorram do mesmo fato. Em relação à fixação do quantum indenizatório do dano existencial, José Felipe Ledur sugere certos parâmetros, vejamos:
A condenação em reparação de dano existencial deve ser fixada considerando a dimensão do dano e a capacidade patrimonial do lesante. Para surtir efeito pedagógico e econômico, o valor fixado deve representar um acréscimo considerável nas despesas da empresa, desestimulando a reincidência, mas que preserve sua capacidade econômica.
Por isso, torna-se inevitável analisar e aplicar tal conceito à relação trabalhista em especial ao instituto jornada de trabalho. Afinal, o trabalhador que é obrigado a prolongar repetidamente sua jornada durante o contrato de trabalho, acaba por perder de vista seus principais direitos humanos fundamentais. 
Portanto, o dano existencial figura ao lado do dano moral e deve ser reconhecida sua reparação visando à proteção do ser humano quando se deparar com ofensas aos seus direitos e seus projetos de vida.
2.2. Dano existencial na jurisprudência trabalhista brasileira
O Dano existencial passou a ser utilizado em demandas judiciais há pouco tempo no Brasil e ainda é uma espécie de dano pouco utilizada pelos operadores do direito, por desconhecimento de sua existência, pois ainda é pouco discutido e pouco abrangido em doutrinas.
É imprescindível que diante dessas mudanças da sociedade os operadores do direito busquem combater a exploração do homem trabalhador, para que este possa ter melhores condições para suas atividades particulares e sociais. Nesse contexto, percebe-se que cada vez mais pela ganância ao capital, os empregadores vêm intensificando a exploração dos empregados. Esse comportamento acarreta danos à existência dos trabalhadores, que por questões de sobrevivência e sustento de suas famílias acabam se submetendo a longas jornadas de trabalhos e vários períodos sem férias.
Nesse contexto, cabe destacar a importância do judiciário brasileiro, já que lá estão vozes que buscam efetivar os direitos dos trabalhadores. Como prova disso em relação ao dano existencial nossos tribunais vêm tomando decisões favoráveis aos trabalhadores para que de fato esse tipo de dano seja coibido no Brasil.
A 2ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região. Na decisão, que tem como relatora a Desembargadora Ana Carolina Zaina, uma indústria de bebidas de Curitiba foi condenada a pagar R$10 mil a título de dano existencial o reclamante que fazia horas- extras além do limite permitido, ou seja, duas horas diárias.
A Relatora expressa seu entendimento com base na análise dos direitos fundamentais presentes na CF/1988, bem como na previsão legal da duração do trabalho normal, a saber:
TRT-PR-11-10-2013 DANO EXISTENCIAL. DANO MORAL. DIFERENCIAÇÃO. CARGA DE TRABALHO EXCESSIVA. FRUSTRAÇÃO DO PROJETO DE VIDA. PREJUÍZO À VIDA DE RELAÇÕES. O dano moral se refere ao sentimento da vítima, de modo que sua dimensão é subjetiva e existe in re ipsa, ao passo que o dano existencial diz respeito às alterações prejudiciais no cotidiano do trabalhador, quanto ao seu projeto de vida e suas relações sociais, de modo que sua constatação é objetiva. Constituem elementos do dano existencial, além do ato ilícito, o nexo de causalidade e o efetivo prejuízo, o dano à realização do projeto de vida e o prejuízo à vida de relações. Caracteriza-se o dano existencial quando o empregador impõe um volume excessivo de trabalho ao empregado, impossibilitando-o de desenvolver seus projetos de vida nos âmbitos profissional, social e pessoal, nos termos dos artigos 6º e 226 da Constituição Federal. O trabalho extraordinário habitual, muito além dos limites legais, impõe ao empregado o sacrifício do desfrute de sua própria existência e, em última análise, despoja-o do direito à liberdade e à dignidade humana. Na hipótese dos autos, a carga de trabalho do autor deixa evidente a prestação habitual de trabalho em sobrejornada excedente ao limite legal, o que permite a caracterização de dano à existência, eis que é empecilho ao livre desenvolvimento do projeto de vida do trabalhador e de suas relações sociais. Recurso a que se dá provimento para condenar a ré ao pagamento de indenização por dano existencial.(TRT-PR-28161-2012-028-09-00-6-ACO-40650-2013 - 2A. TURMA. Relator: ANA CAROLINA ZAINA. Publicado no DEJT em 11-10-2013, grifos do autor).
O Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, Rio Grande do Sul também proferiu a seguinte decisão acerca do dano existencial:
DANO EXISTENCIAL. JORNADA EXTRA EXCEDENTE DO LIMITE LEGAL DE TOLERÂNCIA. DIREITOS FUNDAMENTAIS. O dano existencial é uma espécie de dano imaterial, mediante o qual, no caso das relações de trabalho, o trabalhador sofre danos/limitações em relação à sua vida fora do ambiente de trabalho em razão de condutas ilícitas praticadas pelo tomador do trabalho. Havendo a prestação habitual de trabalho em jornadas extras excedentes do limite legal relativo à quantidade de horas extras, resta configurado dano à existência, dada a violação de direitos fundamentais do trabalho que traduzemdecisão jurídico-objetiva de valor de nossa Constituição. Do princípio fundamental da dignidade da pessoa humana decorre o direito ao livre desenvolvimento da personalidade do trabalhador, do qual constitui projeção o direito ao desenvolvimento profissional, situação que exige condições dignas de trabalho e observância dos direitos fundamentais também pelos empregadores (eficácia horizontal dos direitos fundamentais). Recurso do reclamante provido. (TRT-4 - RO: 00021252920105040203 RS 0002125-29.2010.5.04.0203, Relator: JOSÉ FELIPE LEDUR, Data de Julgamento: 20/03/2013, 3ª Vara do Trabalho de Canoas).
Portanto, conforme demonstrado, as jornadas de trabalho quando realizadas de modo excessivo, impedem a eficácia dos direitos fundamentais dos trabalhadores. Quando realizadas com habitualidade, as jornadas excessivas causam danos à esfera existencial da pessoa humana, situação que permite indenização por dano existencial na relação de trabalho.
3. CONCLUSÃO
	
O dano existencial é, portanto, uma nova modalidade de responsabilidade civil. Deve-se buscar divulgá-la de modo que os operadores do direito possam a utilizar em suas demandas visando a coibir esse tipo de dano nas relações de trabalho,
	Resta claro que o dano existencial gerado ao trabalhador provoca várias consequências à vítima, o que atinge diretamente sua dignidade e limitando seus direitos que são constitucionalmente positivados pela Carta Magna.	
	Os tribunais do trabalho vêm tomando decisões favoráveis à indenização por dano existencial como medida para coibir esse tipo de ofensa aos trabalhadores, mas isso ainda não é tudo. É muito importante que os órgãos fiscalizadores responsáveis pela defesa dos trabalhadores se voltem para essa nova modalidade de dano e se empenhem em detectar locais de trabalho que explorem seus trabalhadores. Além disso, que busquem coibir então esse tipo de prática, punindo com rigor a exploração, ressarcindo economicamente os trabalhadores que venham sofrer esse tipo de dano no ambiente de trabalho.
	Por fim, o dano existencial deve ser combatido e aqueles que o derem causa devem ser punidos, por meio de indenização com caráter pedagógico, visto que um trabalho digno não é favor é um direito de todos. Por conseguinte, as jornadas de trabalhos exaustivas devem ser punidas a fim de preservar o bem-estar, a saúde física, psíquica e social do indivíduo, visando a evitar um retrocesso social como na era do mercantilismo, na qual o trabalhador era visto como máquina, pois viver com dignidade é direito de todos.
	
		
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/decreto-lei/del5452.htm>. Acesso em: 05 ago. 2018.
BRASIL. Decreto-lei n.º 5.452, de 1º de maio de 1943. Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/decreto-lei/del5452.htm>. Acesso em: 10 ago. 2018.
BRASIL. Vade Mecum Juspodvm. 3. ed. Salvador: Juspodvm, 2018.
CANOTILHO, J. J. G. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 3 ed. São Paulo: Almedina. 1999, p.383.
DELGADO, M. G. Jornada de trabalho e descansos trabalhistas. 3. ed. São Paulo: LTr, 2003.
FROTA, H.A. Noções Fundamentais sobre dano existencial. Jus Navigandi. Teresina, ano 16, n. 3046, 3 nov. 2011. Disponível em: <htt://jus.com.br/revista/texto/20349>. Acesso em: 5 ago. 2018.
GUEDES, M.N. Terror psicológico no trabalho. 3. Ed. São Paulo: LTr, 2008, p. 128.
MARTINS, S. P. Manual do FGTS. 2. ed. São Paulo: Atlas. 2010, p. 5.
NALIN, P. R. R. Responsabilidade civil: descumprimento do contrato e dano extrapatrimonial. Curitiba: Juruá, 1996.
PARANÁ. Tribunal Regional do Trabalho 9ª Região. Recurso Ordinário 28161-2012-028-09-00-6-ACO-40650-2013. 2ª Turma. Relator Des. Ana Carolina Zaina. J. 11.10.13. Disponível em: <https://www.trt9.jus.br/basesjuridicas/jurisprudencia.xhtml>. Acesso em: 10 ago. 2018.
RIO GRANDE DO SUL, Tribunal Regional do Trabalho, RO 105-14.2011.5.04.0241. Relator Des. José Felipe Ledur 1ª Turma, Diário eletrônico da justiça do trabalho, Porto Alegre, 3 jun. 2011.
SARLET, I. W. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais na Constituição Federal de 1988. 9. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012.
SOARES, R. M. F. O princípio constitucional da dignidade da pessoa humana: em busca do direito justo. São Paulo: Saraiva, 2010.
TAYLOR, C. - Sources of the Self: the making of the modern identity. Cambridge: Harvard University Press, 1989.

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