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Relatório Estágio Clínico

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CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL UNINTER
JÉSSICA DA CONCEIÇÃO FERNANDES
RELATÓRIO DE ESTÁGIO DE PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA
SÃO PAULO 
2019
 
JÉSSICA DA CONCEIÇÃO FERNANDES
RELATÓRIO DE ESTÁGIO DE PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA
Relatório de Estágio apresentado como requisito parcial para obtenção do título de especialista no curso de pós-graduação em Psicopedagogia Clínica e Institucional, na modalidade à distância, do Centro Universitário Internacional UNINTER.
Profa. Me.Genoveva Ribas Claro
SÃO PAULO
2019
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO ..........................................................................................................4
2.DESENVOLVIMENTO ..............................................................................................4
2.1 IDENTIFICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO ......................................................................4
2.2 DADOS DO AVALIANDO .......................................................................................5
2.3 REGISTRO DA QUEIXA.........................................................................................5
2.4 REGISTRO DESCRITIVO DOS ENCONTROS......................................................6
2.4.1 Visitas à Escola....................................................................................................6
2.4.2 Observação do Aluno no Recreio.........................................................................6
2.4.3 Observação em Sala de Aula...............................................................................6
2.4.4 Entrevista ou Relatório dos Professores..............................................................7
2.4.5 Histórico Escolar..................................................................................................7
2.4.6 Anamnese............................................................................................................7
2.4.7 Observação Exploratória (Observação Lúdica e EOCA) .....................................9
2.4.8 Elaboração do Primeiro Sistema de Hipóteses ..................................................10
2.4.9 Área Cognitiva ...................................................................................................10
2.4.10 Área Emocional ...............................................................................................10
2.4.11 Área Funcional ................................................................................................11
2.4.12 Habilidades Acadêmicas .................................................................................11
2.5 INFORME PSICOPEDAGÓGICO ........................................................................12
2.6 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ........................................................................19
2.7 DEVOLUTIVA AOS PAIS .....................................................................................24
2.8 DEVOLUTIVA AO ALUNO ...................................................................................24
2.9 DEVOLUTIVA À ESCOLA ....................................................................................25
CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................25
REFERÊNCIAS .........................................................................................................27
ANEXOS ....................................................................................................................28
INTRODUÇÃO
 A Psicopedagogia atua no processo de aprendizagem humana, tendo por objeto de estudo o próprio ser humano, na sua apreensão da realidade e na sua construção do conhecimento. Ela se ocupa do processo de aprendizagem e suas dificuldades, principalmente relacionados à pratica pedagógica, envolvendo o atendimento às necessidades individuais de aprendizagem, o fracasso escolar e a internalização do conhecimento pelo indivíduo.
“O objetivo do tratamento psicopedagógico é o desaparecimento do sintoma e a possibilidade de o sujeito aprender normalmente em condições melhores enfatizando a relação que ele possa ter com a aprendizagem, ou seja, que o sujeito seja o agente da sua própria aprendizagem e que se aproprie do conhecimento. ” (Bossa, 2007, p.21).
 A partir deste pressuposto, foi elaborado o seguinte relatório sobre o Estágio Supervisionado de Psicopedagogia Clínica, visando a necessidade de uma experiência de prática psicopedagógica fundamentada nos conhecimentos adquiridos e com os princípios teóricos e metodológicos estudados. O presente relatório apresenta um relato descritivo do Estágio Clínico realizado e está estruturado da seguinte maneira: identificação da instituição e da queixa apresentada, avaliações iniciais e levantamento das primeiras hipóteses, e por fim, a apresentação de um informe psicopedagógico com a descrição das atividades realizadas, os resultados obtidos e propostas de intervenção para o caso estudado.
DESENVOLVIMENTO
Identificação da Instituição
	 A Clínica CIAE (Centro Integrado de Aprendizagem e Estudo) foi inaugurada em 2015 e está localizada no bairro da Vila Maria, em São Paulo - SP. A CIAE realiza atendimento psicológico, psicopedagógico, fonoaudiológico e também realiza sessões de tratamento através da musicoterapia, com pacientes de todas as idades. Em sua estrutura, conta com uma recepção, uma sala para o atendimento psicológico, uma sala para o atendimento de musicoterapia e uma sala para atendimento psicopedagógico. Atualmente, a clínica atende cerca de 50 pacientes.
 O CIAE projeta e realiza atividades de acompanhamento psicopedagógico e escolar, para que crianças e pais, jovens e adultos desenvolvam estratégias e habilidades próprias de estudo de maneira autônoma, segura e eficiente, através do apoio de profissionais que orientam esses indivíduos sobre seus papéis nessa relação de aprender a aprender.
Dados do Avaliando
Nome: A. S. A.
Data de nascimento: 09/12/2009
Sexo: Masculino
Filiação: Pai - G. A. Mãe - C. S.
Série: 3º ano do Ensino Fundamental I
Repetente? Não
 Registro da Queixa 
		O educando A. S. A. foi encaminhado para um diagnóstico psicopedagógico, com a seguinte queixa: “O aluno está no 3º ano, porém ainda apresenta dificuldades na leitura e na escrita. Não consegue acompanhar as aulas e se cansando facilmente. Muitas vezes, A. fica muito irritado na sala de aula. ” 
		A família trouxe uma suspeita de dislexia (relatada pelo pai), pois o educando já havia realizado anteriormente algumas sessões com outra psicopedagoga, que havia levantado esta hipótese.
 Registro Descritivo dos Encontros: 
		Nos próximos itens estão descritos os relatos de cada um dos encontros realizados, assim como também as observações e conversas durante as atividades.
Visitas à Escola
		Para a construção do primeiro sistema de hipóteses, foram realizadas observações do educando em ambiente escolar, analisando sua relação com os outros amigos, professores e adultos que fazem parte deste meio. Assim como também observamos suas reações diante das dificuldades e frustrações do dia-a-dia. Foi solicitada a autorização da direção e coordenação para a realização da observação na escola.
Observação do Aluno no Recreio
O momento do recreio acontece no pátio da escola, além de terem um tempo para comer, também há um tempo para que os alunos possam brincar. 
Durante este período, A. apresenta bom relacionamento com os outros alunos. Possui muitos amigos e gosta de brincar com eles, porém, fica contrariado facilmente ao perder em algum jogo ou ao se sentir desvalorizado em alguma situação, deixando transparecer indícios de uma baixa-autoestima. 
Em momento de conflitos com outros colegas, A. sempre diz que a culpa pela situação é do outro aluno envolvido, tentando apresentar justificativas para o comportamento apresentadonestes momentos.
Observação em Sala de Aula
		Na sala de aula, A. se mostra agitado e impaciente. Levanta diversas vezes do seu lugar e não conseguia se concentrar completamente em suas atividades, principalmente nas que envolviam algum tipo de leitura ou escrita. Se cansa facilmente durante a realização das mesmas, chegando até mesmo a se recusar a realizar algumas, verbalizando que está fazendo novamente uma atividade que ele já fez anteriormente. Mediante as frustrações que encontra durante os momentos em sala, o aluno chega a gritar e jogar seu material.
Entrevista ou Relatório dos Professores
		Em conversa com a professora de A., a mesma relatou que o aluno se mostra muito agitado em sala de aula, constantemente se recusa a realizar as atividades propostas e também não consegue seguir as regras estabelecidas pela escola. Ainda segundo ela. A. “sempre bate de frente com os professores e amigos”, não aceitando quando é contrariado ou quando perde em alguma brincadeira. A professora também relata que A. vai frequentemente para a sala da coordenação pedagógica devido ao seu comportamento inadequado na escola. Em contrapartida, a professora também relata que A. é um aluno que apresenta notas “acima da média da turma”, apesar da dificuldade apresentada nas habilidades de leitura e escrita.
Histórico Escolar
		O educando A. iniciou sua vida escolar aos quatro anos de idade, em uma creche, onde permaneceu até o primeiro ano do ensino fundamental. Depois, foi para o Colégio Tietê, onde frequentou até o terceiro ano do ensino fundamental, e, recentemente, foi transferido para o Colégio da Polícia Militar, onde está atualmente.
Anamnese
		Em entrevista com o pai, o mesmo relata que a mãe de A. faleceu em dezembro de 2017 em decorrência de um câncer que ela já tratava durante alguns anos. Segundo o responsável, o câncer da mãe foi descoberto um ano antes da mesma ficar grávida dele. No entanto, a mãe passou por um procedimento cirúrgico para a retirada do tumor e não realizou os tratamentos de quimioterapia ou radioterapia. A gestação transcorreu de forma tranquila e a mãe fazia suas atividades normalmente. Aos 5 meses de gestação, a mãe sofreu uma queda, mas a mesma não provocou nenhum impacto no bebê. O parto foi feito através de uma cesariana e não teve nenhuma intercorrência, porém, após um dia de nascido, A. contraiu uma bactéria e ficou na UTI por sete dias, fazendo uso de antibióticos. Alimenta-se bem desde o nascimento e come sem o auxílio de adultos. Não apresentou problemas para dormir quando pequeno e dorme bem atualmente, apresentando apenas um pouco de agitação durante o sono. Em relação ao desenvolvimento físico-motor, o ganho de peso e altura sempre estiveram um pouco abaixo dos parâmetros médicos. O desenvolvimento da dentição e do andar foi dentro da normalidade e com aproximadamente dois anos e meio, não usava mais fraldas. O desenvolvimento cognitivo e da linguagem ocorreu dentro do esperado segundo o relato do pai. A. se relaciona bem com pessoas próximas de sua idade, parentes e amigos. Demonstra ter certo ciúme do pai e apresenta pouca iniciativa para realizar as atividades do dia-a-dia, necessitando sempre que alguém lembre A. sobre o que deve ser feito. Desde pequeno desenvolveu o hábito de chupar os dedos, hábito este que persiste até os dias atuais.
		O início da vida escolar de A. foi em uma creche aos quatro anos, permanecendo na mesma escola até o primeiro ano do Ensino Fundamental. Neste período, os pais de A. descobriram que ele apresentava pouca maturação das células aditivas, o que parecia prejudicar sua compreensão de escutar os outros. Após este período, A. foi para o Colégio Tietê, onde frequentou até o segundo ano do Ensino Fundamental, e recentemente foi transferido para o Colégio da Polícia Militar, onde estuda nos dias atuais. O responsável relata que A. apresentou dificuldades de adaptação ao grupo neste último processo. Também segundo ele, A. apresenta rejeição para realizar qualquer tarefa relacionada a texto. Demonstra independência, mas necessita de auxílio para realizar algumas tarefas escolares, aceitando a ajuda quando necessário. 
		É importante destacar que o problema de saúde da mãe voltou após o nascimento de A. e a mesma passou a fazer os tratamentos necessários, que duraram cerca de oito anos e ele teve que conviver com esta situação durante todo este tempo. Segundo o pai, A. gostava de cuidar e ajudar a mãe. Durante o período da primeira infância, ao invés de ser cuidado, A. teve que cuidar e olhar para alguém que precisava de mais atenção e cuidados do que ele. Também é importante considerar que todo este processo ocorreu paralelamente ao processo de alfabetização de A.
Observação Exploratória (Observação lúdica e EOCA)
		A EOCA – Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem, é um instrumento de avaliação desenvolvido por Visca (2010, p. 98) como forma de primeiro contato com o sujeito em avaliação, na perspectiva da epistemologia convergente. Consiste em uma entrevista em que se realizam atividades com materiais relacionados ao processo de aprendizagem escolar, (lápis grafite e de colorir, folhas de diversos tipos de papéis, borracha, canetinhas hidrográficas, tesoura, livros, cola, massa de modelar, giz de cera, jogos adequados para a faixa-etária, etc.), na qual há diálogo e produção, espontaneidade e direcionamento, configurando-se em uma atividade experimental riquíssima para coleta inicial de dados, podendo ser aplicada a pessoas de qualquer faixa etária: crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos. De acordo com Visca (1987, p. 73), durante a EOCA é interessante observar alguns aspectos do sujeito, como “seus conhecimentos, atitudes, destrezas, mecanismos de defesa, ansiedades, áreas de expressão da conduta, níveis de operatividade, mobilidade horizontal e vertical, etc.”.
		Ao chegar a sessão, A. estava no colo do pai pois havia acabado de acordar. Inicialmente, agarrou nas pernas do pai, mas depois, se sentiu confiante para interagir. Em uma conversa inicial, falamos sobre algumas preferências de A., que disse gostar muito de jogar videogame, de comer arroz, feijão e batata frita e também das aulas de Inglês e Educação Física.
		Apresentei a caixa com o material da EOCA para A. com a consigna “Me mostre o que você sabe fazer com o material da caixa”. Ele respondeu dizendo que era bastante criativo e que iria fazer um desenho. A. então pegou da caixa uma folha de papel sulfite e lápis de cor, fez um desenho do planeta Marte e disse “Já fiz o Marte”. Em seguida, fez o Sol bem no meio da folha, pintando-o bem forte.
		Se mostrou muito falante durante a sessão e logo após desenhar, perguntou se eu conhecia os planetas e o universo. Pedi então, que ele escrevesse os nomes dos planetas e quantos anos ele achava que tinha cada planeta. A. então fez um desenho com o título de “Cachorro quente” e disse que “Esse é o planeta mais antigo e ele gira em volta do Sol”.
		Depois, A. pegou uma peça de um jogo que estava na caixa e falou que iria desenhar. Após terminar o desenho, ele deu o título de “doido” para a sua produção. A. disse que o desenho era de um bicho que morava em uma floresta cheia de animais e ele estava sozinho. Depois, ele procurou alguém para brincar, e continuou procurando até que achou alguém que estava sem os pais, pois eles tinham ido viajar. A. continuou relatando que o bicho estava sozinho em casa e, depois, começou a brincar com os outros animais. Ao ser questionado se o bicho não estava triste, ele respondeu “Não, os pais voltaram logo. O pai dele voltou logo com a mamãe”. Durante todo o período da sessão, A. realizou seus registros de maneira tranquila e sem se preocupar com o tempo. Após essas atividades, a sessão foi encerrada.
Elaboração do Primeiro Sistema de Hipóteses
		O educando A.S.A. chegou a clínica com uma suspeita de dislexia após ter feito algumas sessões de avaliação com outra psicopedagoga. Ele já havia realizado algumas sessões de intervenção, assim como também algumassondagens centradas nas capacidades de leitura e escrita. A partir dessas informações, foram realizadas novas intervenções a fim de confirmar ou descartar as hipóteses já levantadas.
Área Cognitiva
		O aluno se mostra comunicativo e criativo, gosta de contar sobre fatos do seu cotidiano e sobre suas preferências. Durante as sessões, apresentou boa compreensão oral e interesse por realizar desenhos e participar dos jogos propostos. No entanto, apresentou certa resistência ao realizar as propostas envolvendo leitura e escrita, onde apresenta baixa concentração e baixa atenção, também apresentou dificuldade relacionada ás capacidades de percepção visual e orientação espacial.
Área Emocional
	No decorrer das sessões, A.S.A inicialmente se mostrava inseguro, ficando por um tempo mais perto do pai. Durante as intervenções, o educando construiu uma relação de confiança e demonstrou interesse em participar das propostas. Muitas vezes, A. se mostra inseguro e com dificuldades de aceitar algumas regras, principalmente quando se sente contrariado por elas. O educando também demonstra ter baixa-autoestima, apesar de contar que tinha muitos amigos na escola, constantemente se sentia ofendido por brincadeiras feitas pelos seus amigos, o que causa situações de desentendimento constantes entre eles. Em algumas situações, A. demonstra ter certo ciúme do pai, requisitando uma maior atenção dele para si.
Área Funcional
		A.S.A. apresenta ser uma criança normal, porém, seu responsável apresentou um exame de PAC (Processamento Auditivo Central) onde foi diagnosticado que A. apresentava certas dificuldades em escutar e identificar alguns sons. O exame foi feito com a indicação de uma fonoaudióloga pela qual A. havia sido atendido, devido as queixas de dificuldade do educando no processo de aquisição da leitura e escrita. Durante as sessões, apresentou bom coordenação motora fina. No entanto, habilidades como seriação, sequenciação e cálculos mentais, ainda estão em construção. Diante dificuldades em realizar alguma atividade, logo se cansa e pede para que lhe digam a resposta para que ele finalize logo a proposta.
Habilidades Acadêmicas 
		As propostas de intervenção foram pensadas para confirmar o primeiro sistema de hipóteses, focando em trabalhar habilidades como leitura, escrita e habilidades matemáticas. Apresenta dificuldade na leitura de sílabas complexas, produzir e ler textos, mostrando resistência em realizar atividades que envolvam tais tipos de ações. Também demonstra certa dificuldade em resolver problemas de raciocínio lógico, porém, conseguiu concluir os jogos que envolviam atenção, memorização e concentração. O educando A. também demonstrou boa percepção visual nos testes aplicados.
 INFORME PSICOPEDAGÓGICO
DADOS DO AVALIANDO:
Nome: A. S. A.
Data de nascimento: 09/12/2009
Idade na avaliação: 9 anos e 1 mês.
Estabelecimento de Ensino: C. P. M
Ano: 3º ano do Ensino Fundamental
II. MOTIVO DA AVALIAÇÃO:
		O educando A. S. A. foi encaminhado para um diagnóstico psicopedagógico, com a seguinte queixa: “O aluno está no 3º ano, porém ainda apresenta dificuldades na leitura e na escrita. Não consegue acompanhar as aulas e se cansa facilmente, muitas vezes ficando muito irritado nos momentos em sala de aula. ”
		A família trouxe uma suspeita de dislexia (relatada pelo pai), pois o educando já havia realizado anteriormente algumas sessões com outra psicopedagoga, que havia levantado esta hipótese.
III. PERÍODO DE AVALIAÇÃO E NÚMERO DE SESSÕES:
O período de avaliação teve início em: 04 de março de 2019
Término em: 22 de abril de 2019, totalizando 12 sessões, assim descritas:
1ª sessão: 28/02/2019 – Conversa com a psicopedagoga;
2ª sessão: 04/03/2019 - Entrevista com a professora e registro da queixa;
3ª sessão: 08/03/2019 - Anamnese com a presença do pai;
4ª sessão: 11/03/2019 – EOCA;
5ª sessão: 15/03/2019 – Provas de Avaliação da Atenção;
6ª sessão: 18/03/2019 – Provas Operatórias;
7ª sessão: 22/03/2019 – Provas Projetivas; 
8ª sessão: 25/03/2019 – Prova de Compreensão Leitora;
9ª sessão: 01/04/2019 – Teste de Atenção por Cancelamento;
10ª sessão:05/04/2019 – Prova de Aritmética;
11ª sessão:12/04/2019 – Rastreamento Visual e Identificação Visual;
12ª sessão: 22/04/2019 – Jogos de atenção e concentração.
IV. INSTRUMENTOS UTILIZADOS:
- EOCA;
- Entrevista de Anamnese;
- Provas de Avaliação da Atenção: teste de atenção por cancelamento, teste de trilhas;
- Provas Projetivas: desenho livre, par educativo, par educativo familiar, Eu real (ideal);
- Provas Operatórias: conservação de pequenos conjuntos de elementos (conservação discreta de elementos), classificação (intersecção de classes);
- Prova de Linguagem: compreensão oral;
- Teste de Compreensão Leitora de Textos Expositivos;
- Prova de Aritmética;
- Rastreamento visual e identificação visual;
- Teste de compreensão leitora;
- Jogos de atenção e concentração.
V. ANÁLISE DOS RESULTADOS
Pedagógica: na Avaliação da Compreensão Leitora, logo ao olhar o tamanho do texto, disse que não sabia ler, foi solicitado então que ele localizasse no texto a palavra Girafa. A princípio, A. se recusou a ler, mas conseguiu encontrar todas as palavras (Girafa) no texto sem muitas dificuldades. Na sondagem de escrita escreveu da seguinte maneira as palavras ditadas:
ELENANTE (ELEFANTE)
FORNIGA (FORMIGA)
CACHORO (CACHORRO)
TIGA (TIGRE)
MENRE (RÃ)
O ELENANTE PIZI NA FORNIGA.
(O ELEFANTE PISOU NA FORMIGA.)
Quando solicitado para escrever o alfabeto na ordem que se lembrava, escreveu o mesmo corretamente, seguindo a ordem alfabética. Escreveu e contou os números corretamente. Conclui-se que A. apresenta nível silábico-alfabético. Na Prova de Aritmética, conseguiu, ainda que com erros ortográficos, escrever os números por extenso até as centenas, não conseguindo os números com milhares. Escreveu os números ditados, também com dificuldade em escrever os números com centena e milhar. Escreveu os números em ordem crescente de dois em dois. Já em ordem decrescente (de três em três), falou que não sabia e nem tentou. Tentou realizar novamente a contagem em ordem decrescente depois de um tempo com a ajuda de um calendário, mas sem êxito. Identificou facilmente o maior número em cada par de números apresentados. Resolveu contas de soma, mas apresentou dificuldade em realizar os cálculos de subtração e multiplicação. Nas situações problemas, conseguiu resolver com facilidade as que envolviam adição e subtração, mas não teve êxito para multiplicação e divisão.
Cognitiva: as provas Piagetianas (ou operatórias) são instrumentos de diagnóstico utilizados em avaliações psicopedagógicas, principalmente na área clínica. Tem grande importância para a psicopedagogia, pois são como um recurso epistemológico de investigação empírica da construção do conhecimento em crianças. Por meio delas, Piaget pôde demonstrar teoricamente que os conhecimentos não eram impostos a partir do meio ou inatos à criança, mas sim resultantes de uma construção gradativa (VISCA, 2008). Durante este processo de intervenção, A. realizou as provas de conservação de pequenos conjuntos de elementos (conservação discreta de elementos), e de classificação (intersecção de classes). Para a Prova de Conservação de Elementos (conservação discreta de elementos), foram divididas várias fichas feitas de papel colorido do mesmo tamanho. Pedi para que A. escolhesse as fichas dele e peguei as minhas na mesma quantidade. Solicitei que A. fizesse uma sequência com as fichas, e eu fiz o mesmo. Fizemos uma fila maior e outra menor, mais ou menos filas e, durante este processo, questionei A. sobre qual das filas era maior ou menor. Sua resposta era sempre a mesma, relatando que a maior fila seria aquela que fosse mais longa. A partir desta resposta, pedi a ele que organizasse as minhas e as suas fichas na mesma ordem, ação que A. executou sem apresentar nenhuma dificuldade. Percebe-se através da aplicação destaprova que A. já possui noção de conservação de elementos quantitativos. 
		Na realização da Prova de Classificação (Intersecção de Classes), foram utilizadas fichas em formato de círculos e de quadrados, sendo estas vermelhas e azuis. Também foi apresentado a A. uma folha na qual havia o desenho de dois círculos em intersecção. Após a apresentação do material, coloquei os círculos azuis e vermelhos e os quadrados vermelhos sobre dois círculos em intersecção. Na intersecção, coloquei os discos vermelhos. Questionei A. sobre a quantidade de elementos de cada uma das classes não relacionadas (fichas azuis e vermelhas e fichas quadradas e redondas), ele respondeu que os elementos vermelhos eram o de maior quantidade nos círculos. Após sua resposta, questionei A novamente sobre a quantidade de quadrados e círculos presentes nos círculos, sobre a qual A. respondeu que haviam mais círculos do que quadrados, mantendo sua resposta mediante as contra argumentações realizadas. Questionei A. novamente sobre as fichas da intersecção, perguntando se ele sabia me dizer o motivo delas estarem naquela posição. Neste momento, A. respondeu que elas estavam lá porque eram círculos e apenas estavam juntas com o restante dos círculos que já estavam lá. Ao perguntar para A. se os círculos vermelhos poderiam pertencer também ao conjunto de elementos presente no outro círculo (quadrados vermelhos), A. me respondeu que não, pois eles eram círculos e não quadrados. A partir da aplicação desta Prova, podemos perceber que o conceito de intersecção de A. ainda se encontra em processo de construção.
Linguagem: o educando A. consegue expressar informações e sentimentos de forma clara. Também consegue estabelecer diálogos e se faz entender com clareza. No consultório, A. realizou o teste CONFIAS (Consciência Fonológica – Instrumento de Avaliação Sequencial), um instrumento que tem por objetivo avaliar a consciência fonológica de forma abrangente e sequencial, possibilitando a investigação das capacidades fonológicas, considerando a relação com a hipótese da escrita (Moojen, 2008), onde A. não apresentou dificuldades para síntese de palavras, segmentação, identificação de sílaba inicial e final, exclusão e transposição de sílaba. Também não apresentou dificuldade para produzir palavras com o som inicial dado, identificação de fonema inicial e final. Apresentou dificuldade para exclusão de som na palavra e segmentação da palavra apresentada, na parte de transposição de sons, necessitou do apoio de fichas. 
Afetiva: nas Provas Projetivas, A. inicialmente mostrou resistência ao realizar a proposta, dizendo já ter feito aquela atividade. Mas, nota-se que questões de ordem emocional e de auto regulação (limite) interferem e prejudicam o bom desempenho das habilidades de leitura e escrita. O vínculo com a aprendizagem é representado na prova do Par Educativo, onde desenhou ele próprio bem pequeno e a professora bem maior. Limitou-se a dizer que “tá estudando e tá copiando da lousa”. Não quis contar nenhuma história e disse novamente que já havia feito esta atividade. Representou o par educativo familiar desenhando ele e o pai de braços abertos, um de frente ao outro. Falou sobre a morte da mãe e disse que ele a ajudava muito. Em seu relato sobre sua produção, diz que “estão na praia, o Sol está quente e estão curtindo o Sol e pegando um bronze”. Na projeção do autorretrato, foi solicitado que ele desenhasse como se vê. A. desenhou apenas a cabeça, e apesar dos olhos parecem estar arregalados, estava feliz. Quando solicitei para escrever sobre o que gostava ou não e o que era mais importante para ele, A. escreveu seu nome e disse que “gosta de futebol”, sua comida favorita é milho e que “não gosta de fazer lição”. 
Social: A. consegue transmitir informações pessoais como nome, idade, nomes de familiares e amigos próximos e da professora. Também fala sobre suas preferências como, por exemplo, comidas e brincadeiras favoritas, atividades de sua rotina e também sobre o que não gosta de fazer. Devido a morte da mãe, A. é cuidado pelos avós paternos na maior parte do tempo. Fala pouco sobre a mãe falecida.
Psicomotora: neste aspecto, percebe-se que A. ainda está em construção em relação à sua coordenação motora grossa. Porém, nas sessões, apresentou uma boa coordenação motora fina. Em sua coordenação motora global, não apresenta dificuldades, consegue se equilibrar, caminhar em linha reta, pular, correr e jogar bola. Reconhece as partes do corpo, porém, demonstra algumas dificuldades relacionadas à orientação espacial.
VI. PARECER DIAGNÓSTICO CLÍNICO
		A partir do desenvolvimento do presente trabalho e subsidiado pelos dados obtidos nas entrevistas com a professora, observações do educando e da aplicação dos instrumentos investigativos, concluímos que A. é uma criança muito inteligente, que aceita fazer somente aquilo que quer, caso contrário, reclama tentando fazer com que sua vontade prevaleça. Na área cognitiva, principalmente na realização de atividades ligadas a leitura e escrita, nota-se certa resistência, pois quando são apresentados textos um pouco mais longos ou alguma situação onde ele tenha que dedicar um tempo maior para a realização da mesma, A. logo diz não saber ou se mostra desinteressado, se dispersa, faz outras coisas ou fala sobre outros assuntos. Nos testes aplicados, não foi constatado nenhum prejuízo que pudesse comprometer sua aprendizagem e os processos de leitura, tampouco foi confirmada a hipótese de suspeita de Dislexia. No entanto, A. ainda apresenta dificuldades para realizar leitura de sílabas complexas e fluência da leitura. Em relação a produção textual, também apresenta pouca habilidade, escrevendo apenas uma frase para expressar um texto. Necessitando de estimulação específica para o desenvolvimento de tais habilidades, além de um acompanhamento psicopedagógico constante para a realização de intervenções específicas nesta área do conhecimento.
		Em relação à área afetiva, não se pode esquecer que A. passou por uma infância onde precisou cuidar de outras pessoas, e talvez, por isso agora esteja “exigindo” uma atenção que não teve em outro tempo. Obviamente isso ocorre de forma inconsciente, e também por ter perdido a mãe recentemente. Também foi observado momentos de oscilação de humor, principalmente quando contrariado. Quanto à área funcional, não foram encontradas dificuldades significativas. 
VII. PROGNÓSTICO
		O educando A. apresenta um bom nível cognitivo e funcional, porém, necessita de uma estimulação específica para as atividades que envolvam leitura e escrita, pois ainda não apresenta as habilidades necessárias para a alfabetização que são esperadas para a sua faixa-etária. Na área afetiva, A. passou recentemente pela perda da mãe, figura de extrema importância para seu desenvolvimento social e emocional, além de ter presenciado o difícil processo de tratamento pela qual a mesma passou, tendo que cuidar da mãe ao invés de receber os cuidados necessários no período da infância. Constatou-se que, atualmente, influenciam em seu desempenho obstáculos de ordem cognitiva e afetiva.
São Paulo, 02 de maio de 2019.
VIII. RECOMENDAÇÔES E INDICAÇÕES
1 - À FAMÍLIA
Acompanhamento psicopedagógico, em duas sessões por semana;
Avaliação e acompanhamento psicológico, de acordo com a conduta do profissional.
Encaminhamento para os profissionais responsáveis para as intervenções.
2 - À ESCOLA
O educando necessita de um olhar diferenciado em sala de aula, cabendo aos professores e demais componentes do âmbito escolar, oferecerem-lhe um suporte necessário para que o aluno possa ter oportunidade de resgatar sua autoestima e melhorar o seu desempenho no processo de ensino-aprendizagem.
Proposta de Intervenção
		Os estudos sobre o processo de aprendizagem humana e sobre as dificuldades oriundas deste são desenvolvidos considerando a realidade de cada indivíduo, através do uso dos vários campos do conhecimento, integrando-os e sintetizando-os. Através deles, procura-se compreenderde forma global e integrada os processos, pedagógicos, sociais, familiares, orgânicos, emocionais e cognitivos que determinam a condição do sujeito e interferem em seu processo de aprendizagem e também se busca o desenvolvimento de situações que possibilitem o resgate da aprendizagem em sua totalidade e de maneira prazerosa.
		Apesar da hipótese de Dislexia não ter sido confirmada, o educando A. demonstra ter dificuldades significativas no processo de aquisição da leitura e escrita, apresentando pouca atenção e motivação para realizar as atividades que exigem tais habilidades. Também é perceptível que A. apresenta baixa autoestima, demonstrando pouca confiança em suas ações e, consequentemente, se frustrando com facilidade diante dos desafios diários, o que leva A. a estabelecer vínculos negativos com a aprendizagem. O educando também demonstra dificuldade em lidar com limites e regras, mostrando irritabilidade ao se sentir contrariado. Devido a estas questões, sua aprendizagem torna-se desafiadora e requer uma intervenção psicopedagógica. 
	A partir disso e também a partir da análise das observações e dados coletados, proposta de intervenção apresentada neste relatório se baseia na visão de Macedo (2000), que apresenta uma perspectiva construtivista da intervenção psicopedagógica, fundamentando-se na epistemologia genética de Jean Piaget. O objetivo desta intervenção é desenvolver propostas que criem condições para que o sujeito estabeleça relações com o meio e com o conhecimento, de modo operatório formal.
	Castillo (1999) destaca que para que a criança faça uso da leitura e escrita é necessário que se desenvolva certas habilidades, como por exemplo: discriminação visual e auditiva; memória visual e auditiva; coordenação motora; coordenação motora fina; conhecimento do esquema corporal; orientação espacial; atenção seletiva; domínio da linguagem oral; diferenciação entre letras e outros símbolos, etc. 
	Ferreiro e Teberosky (1986), que se fundamentam na história da escrita, afirmam que, para a construção da escrita, o sujeito passa por níveis denominados de pré-silábico, silábico, silábico-alfabético e alfabético. O primeiro nível é marcado pela utilização de garatujas ao uso de letras aleatórias, onde não estabelece uma quantidade mínima ou máxima e não diferencia de uma palavra para outra. No nível silábico, o sujeito ao escrever coloca uma letra para cada sílaba ao invés de uma letra para cada fonema. Na fase silábico-alfabética, ele passa a escrever ora silabicamente, ora alfabeticamente. Na fase alfabética, as letras pertencentes as sílabas passam a corresponder à base alfabética dos sistemas fonológico e gráfico da língua, na qual o indivíduo se alfabetiza. Mediante os dados coletados durante o desenvolvimento das sessões, percebe-se que A. ainda não se encontra no nível alfabético da escrita, que é o estágio esperado para a sua faixa-etária. A partir desta situação, são necessárias propostas de intervenção que auxiliem A. a avançar dentro de suas hipóteses de conhecimento e que sejam, ao mesmo tempo, desenvolvidas de maneira lúdica e prazerosa, fazendo com que ele se sinta envolvido e motivado a participar das mesmas. 
	Nesta intervenção psicopedagógica, é favorável o uso de jogos e brincadeiras, por serem elementos de ação e de caráter objetivo, podendo ser utilizado tanto no âmbito individual quanto grupal, atingindo assim, o objetivo principal de aprendizagem do educando. Piaget mostra que por meio do jogo a criança se desenvolve e aprende: orienta seu pensamento buscando satisfazer suas necessidades afetivas e intelectivas.
 	No caso de A., é recomendada a utilização jogos específicos sobre alfabetização, especialmente aqueles que envolvam a leitura de palavras, frases e pequenos textos, associação de sons e letras e propostas diversificadas de escrita. Dentro desses aspectos, destaca-se o uso de jogos como bingo de letras, sílabas ou palavras, dominós e quebra-cabeças onde seja feita a associação de imagens a palavras, além de atividades que permitam que ele identifique as diferentes sílabas que compõem diferentes palavras e faça associações de outras palavras que tenham a mesma silaba em sua composição, fazendo assim com que A. avance em sua hipótese de desenvolvimento da escrita. Também é importante o uso de cartazes de apoio para o educando em sala de aula com diversos tipos de gêneros textuais e escritas diversificadas para que ele utilize os mesmos como suporte durante a realização de atividades que envolvam leitura e escrita, proporcionando a A. o contato com um ambiente alfabetizador, além de serem estratégias que ajudam o educando a desenvolver maior autonomia e confiança na realização de suas atividades.
	Além do aspecto pedagógico, através dos jogos podemos vivenciar sentimentos variados como: alegria, medo, ansiedade, frustração e prazer. Segundo Piaget (1994, p. 60), durante o processo de desenvolvimento, a criança vai lidar com as regras de maneiras diferentes, de acordo com o estágio em que se encontra. Também durante o desenvolvimento de um jogo, podemos observar como o sujeito joga, suas estratégias, hipóteses, erros, dificuldades, aprendizagens, processos de pensamento e evolução. Também é possível mediar, realizando intervenções, além de dialogar com o sujeito, provocando análise, reflexão, tomada de consciência, compreensão e superação de suas dificuldades. Tais ações também podem ajudar A. na superação dos obstáculos encontrados em seu processo de aprendizagem.
Podemos destacar também o uso de jogos de regras durante o processo de intervenção, como, por exemplo, damas, xadrez e jogos de tabuleiro. Tais jogos podem ser utilizados para trabalhar as questões relacionadas as dificuldades em seguir regras aceitar limites, uma vez que o trabalho com estes faz com que o sujeito internalize a utilização de regras e limites também em aspectos de sua vida pessoal, auxiliando o mesmo a superar as dificuldades relacionadas a estes aspectos.
	Outro aspecto de extrema importância a ser trabalhado com A. neste processo de intervenção está relacionado a baixa autoestima apresentada pelo educando durante as sessões. Fator este que tem gerado um impacto direto em A. tanto em seu desenvolvimento pedagógico quanto com seu relacionamento com seus amigos e professores. 
	Em relação ao conceito de autoestima, podemos dizer que está é a opinião e o sentimento que cada indivíduo traz dentro de si próprio, tendo consciência de seu valor pessoal, confiar e acreditar em si. Ela tem a ver com a própria crença na capacidade de pensar, de confiar em sua habilidade em dar conta daquilo que a vida apresenta em suas exigências básicas”. A autoestima inicia a ser formada na infância, sendo construída a partir do modo que outras pessoas nos tratam, sendo que tais experiências influenciam significativamente em nossa autoestima enquanto adultos. Perdemos a autoestima ao passarmos por muitas decepções, frustrações, situações de perda, ou quando não se é reconhecido por nada que faz. Segundo
	Em suas pesquisas sobre o autoconceito de crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem, Stevanato et al. (2003) afirma que tais crianças tem uma imagem de si mesmas muito mais negativa do que as crianças que não apresentam dificuldades de aprendizagem. Quando, associados as dificuldades de aprendizagem, também observamos problemas de conduta como, dificuldades em aceitar regras e limites, obtemos um prejuízo ainda maior, já que além de receber respostas negativas em relação a sua aprendizagem, o sujeito também recebe o mesmo tipo de resposta em relação à sua conduta. 
	Assim, podemos concluir que as consequências dessas ações podem ser ainda mais devastadoras, já que, ao receber um grande número de críticas e punições, a criança pode acabar se rebelando contra elas, passando a demonstrar comportamentos antissociais e agressivos, e irá acabar sendo alvo de ainda mais críticas e punições. Sendo assim, o comportamento da criança pode piorar ainda mais e entrar em um ciclo vicioso, que, na adolescência,pode terminar com a falta de controle do comportamento do sujeito pela parte de seus pais, além de afetar todo o funcionamento psicológico do mesmo, já que este se sente incapaz de superar suas dificuldades. De acordo com Oliveira (2006, p.79), “a raiva, a agressividade, o medo, a timidez excessiva, a ansiedade e a insegurança revelada pela baixa autoestima são alguns desses sentimentos transmitidos pela criança que prejudicam a aprendizagem na escola[...]”.
	Portanto, trabalhar com a valorização e elevação da autoestima é condição essencial para a aprendizagem, sendo a sala de aula um local privilegiado para que a criança possa construir sua identidade, assim como também é um local para que ela possa socializar, reconhecendo seu lugar no grupo de alunos, se sentir motivada e capaz, superando os possíveis obstáculos encontrados neste processo.
	Para o processo de intervenção de A., é importante que professores e escola, juntamente a um acompanhamento psicopedagógico, realizem intervenções que resgatem a motivação do aprender. Os avanços conquistados pelo educando devem ser elogiados e servir como estimulo para alcançar outros progressos e vencer dificuldades. Nesse contexto, percebe-se a importância da ação interventiva da psicopedagogia junto aos docentes e alunos de modo a complementar o processo de aprendizagem. 
	
	
Devolutiva aos Pais
	Ao concluir o estágio, juntamente com a psicopedagoga supervisora do mesmo, expliquei para o responsável de A. sobre o trabalho desenvolvido diante a queixa apresentada por ele e pela escola, também foi realizada a leitura do informe psicopedagógico, com todas as intervenções realizadas durante o desenvolvimento do estágio, explicando as recomendações e indicações para favorecer o desempenho escolar do aluno. Pode se concluir que A.S.A. é uma criança saudável e inteligente, que precisa de intervenções específicas em suas áreas afetivas e cognitivas, dedicando-se, especialmente nas dificuldades relacionadas a aquisição da leitura e escrita. No entanto, para que tal intervenção seja de fato eficiente, é necessário a ajuda familiar.
Devolutiva ao Aluno
		Durante o decorrer das sessões, conversei com A. sobre o motivo dele comparecer às mesmas e porque ele estava realizando as atividades. Através dessas conversas, de maneira informal, aos poucos fomos criando um laço afetivo e um vóinculo de confiança mútua. Antes de cada sessão, A. falava sobre como estava sua relação com a escola, os amigos, professora e também como se sentia em relação aos estudos. Em todos os momentos, me coloquei como uma pessoa que estava disposta a ajudá-lo a superar as suas dificuldades e resgatar suas habilidades, assim como também realizar um resgate de sua autoestima.
Devolutiva à Escola
			Após o término do estágio, também acompanhada pela psicopedagoga que o supervisionou, apresentei o informe psicopedagógico para equipe escolar, partindo da exposição da queixa realizada por ela. Foram relatadas as observações de A. realizadas em ambiente escolar, a proposta de intervenção desenvolvida e também as estratégias que podem ajudar A. em seu desenvolvimento escolar, mediante as dificuldades apresentadas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
"O aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e põe em movimento vários processos de desenvolvimento que, de outra forma, seriam impossíveis de acontecer."  (VYGOTSKY, 1991, p. 101).
		O presente estágio supervisionado foi de extrema importância para a expansão dos conhecimentos sobre a função da psicopedagogia no processo de ensino-aprendizagem escolar, principalmente em relação a dificuldades de aprendizagem. Uma vez que, ao ver a aprendizagem como um todo, é necessário também incluir as dificuldades presentes neste processo.
		Através deste estágio, também foi possível conhecer mais sobre e vivenciar a atuação de um psicopedagogo em uma clínica, além de compreender seu papel e importância social em meio a uma sociedade rica em fatores que podem interferir diretamente na aprendizagem de um sujeito. A atuação psicopedagógica é abrangente, interferindo de maneira direta e indireta em todos os ambientes que influenciam a aprendizagem do aluno: escola, família, individual, social, etc.
		Pode-se dizer que um dos objetivos da Psicopedagogia é a intervenção como forma de se “colocar no meio”, fazendo uma mediação entre o aprendiz e seus objetos de conhecimento, assim como sugere Lev Vygotsky em sua teoria sobre aprendizagem mediada (Vygotsky, 1991), fazendo o uso de alguns meios para utilizar o método. Para entender as dificuldades de aprendizagem, é necessário realizar intervenções e diagnósticos, considerando fatores internos e externos ao indivíduo, para que, a partir daí, possamos levantar um possível diagnóstico e realizar as intervenções cabíveis. 
		Conclui-se, então, que a intervenção psicopedagógica clínica é essencial para a busca da superação dos problemas de aprendizagem, auxiliando o desempenho dos educandos no processo de ensino-aprendizagem escolar, de forma a encontrar meios para ajuda-los em suas dificuldades.
REFERÊNCIAS
BOSSA, N. A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. RS, Artmed, 2007.
CAPELLINI, S. A; da SILVA, C; SMYTHE, I. Protocolo de Avaliação de Habilidades Cognitivo – Linguísticas: Livro do profissional e do professor. Ribeirão Preto: Booktoy, 2017.
CASTILLO, H.V. A leitura de textos literários vs textos científicos por leitores incipientes. In: WITTER, G. P. (Org) Leitura: textos e pesquisas. Campinas: Alínea, 1999.
FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas,1986.
MACEDO, L de. Aprender com jogos e situações-problema. Porto Alegre: Artmed, 2000.
MOOJEN, S. CONFIAS – Consciência Fonológica: Instrumento de Avaliação Sequencial. Belo Horizonte: Casa do Psicólogo, 2008.
OLIVEIRA, G. de. Afetividade e Dificuldades de Aprendizagem: Uma Abordagem Psicopedagógica. São Paulo: Vetor, 2006.
PIAGET, J. O juízo moral da criança. São Paulo: Summus, 1994.
STEVANATO, Indira Siqueira et al. Autoconceito de crianças com dificuldades de aprendizagem e problemas de comportamento. Psicologia em Estudo, Maringá, 2003.
VISCA, J. Clínica psicopedagógica: epistemologia convergente. São José dos Campos: Pulso, 2010.
VISCA, J. O Diagnóstico Operatório na Prática Psicopedagógica. São José dos Campos: Pulso, 2008.
VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991
ANEXOS
CARTA DE ACEITE
AUTORIZAÇÃO DOS RESPONSÁVEIS
FICHA DE FREQUÊNCIA
	
ATIVIDADE DA EOCA
PROVA PROJETIVA: PAR EDUCATIVO
	
PROVA PROJETIVA: PAR EDUCATIVO FAMILIAR
 
	PROVA PEDAGÓGICA: SONDAGEM ESCRITA

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