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Prevenção e controle unid_1

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Autoras: Profa. Giane Elis de Carvalho Sanino
 Profa. Neisa Castells Fontes
Colaboradoras: Profa. Raquel Machado Coutinho 
 Profa. Renata Guzzo
 Profa. Laura Cristina da Cruz Dominciano
Prevenção e 
Controle de Infecção 
em Instituição de Saúde
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Professoras conteudistas: Giane Elis de Carvalho Sanino / Neisa Castells Fontes
Giane Elis de Carvalho Sanino
Doutora em Educação na linha de pesquisa Políticas em Educação. Possui graduação em Enfermagem pela 
Universidade de Mogi das Cruzes (1996) e mestrado em Educação pela Universidade Cidade de São Paulo (2003). 
Profissional com experiência na área clínica e educacional, com atividade clínica voltada para a nefrologia e atuação 
em clínicas e hospitais (particulares e públicos). Possui vivência acadêmica em escolas técnicas e universidades, atuando 
tanto na parte administrativa quanto na pedagógica. Professora adjunta da Universidade Paulista – UNIP nos cursos 
de Enfermagem, Educação Física, Fisioterapia e Nutrição, Políticas de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente e 
Prevenção e Controle das Infecções em Instituições de Saúde. Coordenadora auxiliar dos cursos de Especialização em 
Enfermagem da UNIP. Coordenadora pedagógica do curso de Especialização em Docência para Educação Profissional 
do Centro Universitário Senac. Docente convidada do curso de Especialização em Enfermagem Pediátrica e Neonatal 
da Faculdade de Enfermagem do Hospital Israelita Albert Einstein. Atualmente, estuda as temáticas juventude e 
formação, pedagogia da simulação e políticas públicas de educação e saúde.
Neisa Castells Fontes
Mestre em Enfermagem. Especialista em Enfermagem em Terapia Intensiva e em Enfermagem Cardiovascular. 
Graduou‑se enfermeira pela Universidade Federal de Santa Catarina em 1997. Atuou como enfermeira assistencial no 
Instituto do Coração do Hospital das Clínicas‑USP, onde realizou curso de suporte básico de vida da American Heart 
Association, devido ao grande interesse no atendimento a urgências e emergências. Atualmente, é professora adjunta 
da Universidade Paulista – UNIP, lecionando disciplinas de Saúde do Adulto, Gestão em Enfermagem, Atenção à Saúde 
da Família e Pessoa em Situação de Risco e Suporte Básico de Vida para os cursos da área da saúde.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
S227p Sanino, Giane Elis de Carvalho.
Prevenção e Controle de Infecção em Instituição de Saúde: 
Aspectos Pedagógicos e Aprofundamentos. / Giane Elis de Carvalho 
Sanino, Neisa Castells Fontes. – São Paulo: Editora Sol, 2017.
120 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXII, n. 2‑111/16, ISSN 1517‑9230.
1. Controle de infecções. 2. Medidas de prevenção. 3. Funções do 
enfermeiro. I. Fontes, Neisa Castells. II.Título.
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Carla Moro
 Vitor Andrade
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Sumário
Prevenção e Controle de Infecção em Instituição de 
Saúde
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 GENERALIDADES, CONCEITO E PANORAMA DAS INFECÇÕES EM INSTITUIÇÕES 
DE SAÚDE – IRAS ...................................................................................................................................................9
1.1 Conceito de Infecção Hospitalar, Infecção Relacionada à Assistência à 
Saúde e Aspectos Históricos das Iras ......................................................................................................9
1.2 Legislação e Aspectos Epidemiológicos das Iras ...................................................................... 11
2 AS FUNÇÕES DO ENFERMEIRO NA PREVENÇÃO, DIAGNÓSTICO E CONTROLE DAS IRAS ............. 16
2.1 Um pequeno histórico do início do controle de infecção pela enfermagem .............. 17
2.2 Formação de biofilmes e o uso indiscriminado de antibióticos ........................................ 17
2.3 O enfermeiro assistencial e suas funções no controle, diagnóstico e 
prevenção das Iras ....................................................................................................................................... 18
2.4 O enfermeiro da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) ......................... 19
2.5 Métodos de vigilância epidemiológica das Iras ....................................................................... 20
3 MICROBIOLOGIA DAS IRAS ......................................................................................................................... 23
3.1 Principais agentes etiológicos das Iras ........................................................................................ 26
3.1.1 Klebsiella pneumoniae .......................................................................................................................... 26
3.1.2 Staphylococcus ........................................................................................................................................ 26
3.1.3 Pseudomonas aeruginosa ................................................................................................................... 28
3.1.4 Enterococos ............................................................................................................................................... 29
3.1.5 Escherichia coli ........................................................................................................................................ 29
3.1.6 Acinetobacter ........................................................................................................................................... 30
3.1.7 Serratia marcescens ............................................................................................................................... 30
3.1.8 Candida ....................................................................................................................................................... 30
3.2 A resistência bacteriana ..................................................................................................................... 31
4 AS PRINCIPAIS MEDIDAS DE BARREIRA NA PREVENÇÃO DAS IRAS .........................................38
4.1 Higienização das mãos ....................................................................................................................... 39
4.1.1 Uso de luvas .............................................................................................................................................. 46
4.1.2 Cuidado com as acomodações dos pacientes ............................................................................. 46
4.1.3 Cuidado com o transporte dos pacientes ..................................................................................... 47
4.1.4 Uso de máscara, proteção ocular ou proteção facial ............................................................... 47
4.1.5 Uso de aventais, sapatos e propés ................................................................................................... 48
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4.1.6 Cuidados com equipamentos e artigos ......................................................................................... 49
4.1.7 Cuidados com roupas/lavanderia ..................................................................................................... 49
4.1.8 Cuidados com pratos, talheres e copos ......................................................................................... 49
4.1.9 Cuidados com a limpeza de rotina e terminal ............................................................................ 49
4.2 As precauções‑padrão ........................................................................................................................ 50
4.3 As precauções baseadas na forma de transmissão ................................................................ 52
4.3.1 Precauções por gotículas ..................................................................................................................... 53
4.3.2 Precauções por aerossóis ..................................................................................................................... 54
4.3.3 Precauções por contato ....................................................................................................................... 56
Unidade II
5 EPIDEMIOLOGIA E MEDIDAS PREVENTIVAS DAS IRAS ..................................................................... 62
5.1 Infecções no Trato Urinário (ITU) ................................................................................................... 63
5.2 Pneumonias Associadas à Ventilação Mecânica (PAVM) ..................................................... 69
5.2.1 Classificação .............................................................................................................................................. 70
5.2.2 Epidemiologia ........................................................................................................................................... 70
5.2.3 Fatores de risco ........................................................................................................................................ 70
5.2.4 Medidas preventivas das PAVM ........................................................................................................ 71
5.3 Infecções do Sítio Cirúrgico (ISC) .................................................................................................. 77
5.4 Infecções na Corrente Sanguínea (ICS) ....................................................................................... 83
6 PAPEL DO LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA NA PREVENÇÃO E CONTROLE DAS IRAS ............. 89
6.1 A relação entre a resistência bacteriana e a atuação dos laboratórios 
de microbiologia ........................................................................................................................................... 89
6.2 Principais ações dos laboratórios de microbiologia junto à CCIH .................................... 91
7 PAPEL DA COMISSÃO DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR (CCIH) NA 
GESTÃO DA QUALIDADE ................................................................................................................................... 93
7.1 A preocupação com a qualidade para a prevenção e controle das Iras ........................ 93
7.2 A gestão da qualidade na CCIH ...................................................................................................... 94
8 ATUALIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE, ORIENTAÇÕES FORNECIDAS 
AOS CLIENTES E FAMILIARES E PERSPECTIVAS DA BIOLOGIA MOLECULAR NO 
DIAGNÓSTICO DAS IRAS .................................................................................................................................. 99
8.1 Atualização dos conhecimentos dos profissionais de saúde – uma estratégia 
no combate das Iras .................................................................................................................................... 99
8.2 Usuários dos serviços de saúde como aliados da equipe multiprofissional 
de saúde na prevenção e controle das Iras .....................................................................................100
8.3 A biologia molecular no diagnóstico das Iras .........................................................................105
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APRESENTAÇÃO
Nesta disciplina pretende‑se estudar os aspectos relevantes das Infecções Relacionadas à Assistência 
à Saúde (Iras), antigamente denominadas infecções hospitalares, seu impacto quanto à morbimortalidade, 
aspectos econômicos, prevenção, diagnóstico e medidas de controle.
Dessa forma, a disciplina Prevenção e Controle de Infecções em Instituições de Saúde apresenta os 
seguintes objetivos: reconhecer os principais fatores de riscos para Iras em procedimentos invasivos; 
identificar clientes portadores de Iras por meio do raciocínio clínico para definição do agravo e pela 
interpretação de resultados de exames de cultura e seus respectivos antibiogramas; implementar as 
precauções‑padrão como medidas básicas de prevenção das Iras e como forma de prevenir infecções 
ocupacionais; prescrever o tipo de precauções baseadas na transmissão (aérea, gotículas e contato) 
frente ao mecanismo de transmissão específico de cada agravo; informar sobre resistência bacteriana.
INTRODUÇÃO
A Organização Mundial da Saúde (OMS), em outubro de 2004, criou a Aliança Mundial para a 
Segurança do Paciente, com o objetivo de dedicar atenção ao problema de segurança do paciente. 
Entre suas áreas de atuação, a Meta 5 é reduzir o risco de infecções associadas aos cuidados de saúde, 
pois a OMS estima que entre 5% e 10% dos pacientes admitidos em hospitais adquirem uma ou mais 
infecções. Segundo a Anvisa, os erros associados à assistência à saúde causam entre 44 mil e 98 mil 
disfunções a cada ano nos hospitais. Na Europa, estudos realizados mostraram que um a cada dez 
pacientes sofrem danos evitáveis e eventos adversos ocasionados durante a assistência, sendo que 50% 
a 60% dos eventos são evitáveis (BRASIL, 2011).
O estudo realizado pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CRM, 2010), 
entre outubro de 2007 a janeiro de 2008, por solicitação do Ministério Público Estadual, em uma 
amostra de 158 hospitais, demonstrou sérios problemas nos programas de prevenção e controle de 
infecção hospitalar. Mais de 90% dos hospitais públicos e privados não cumprem pelo menos uma das 
exigências da legislação específica sobre o assunto. Aproximadamente 92% dos Programas de Controle 
de Infecções Hospitalares não atendem a pelo menos um dos itens obrigatórios de organização 
e funcionamento. Em 35,4% das instituições não há normas ou protocolos sobre a utilização de 
antibióticos e 49,4% não divulgam internamente informações referentes ao controle desse tipo de 
infecção. Empelo menos 28,1% dos hospitais vistoriados não existia a pia para higienização das mãos 
e nem papel‑toalha para enxugá‑las.
Não existem dados registrados de vítimas resultantes desse descumprimento da lei. Todavia, a 
literatura científica informa que a existência de uma comissão de controle organizada e atuante reduz 
entre 30% a 43% o número de casos de infecção.
Prezado aluno, a partir das informações do texto destacado, chegamos à constatação de que as 
Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (Iras) constituem‑se em um sério problema de saúde pública, 
sobretudo se levarmos em consideração que a enfermagem realiza diversos procedimentos em suas ações 
diárias (tanto invasivos como não invasivos), que podem favorecer a propagação desse tipo de infecção.
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 Seguindo o princípio de Hipócrates: “primeiro, não cause dano”, e de Florence: “Parecerá, talvez, um 
estranho princípio enunciar que o primeiro requisito de um hospital consiste no dever de não prejudicar 
o paciente”.
O objetivo deste livro‑texto é subsidiar o aluno de informações científicas para o planejamento e a 
execução de medidas que tenham impacto positivo para evitar e diminuir esse cenário tão preocupante 
que envolve a assistência em saúde.
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PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÃO EM INSTITUIÇÃO DE SAÚDE
Unidade I
1 GENERALIDADES, CONCEITO E PANORAMA DAS INFECÇÕES EM 
INSTITUIÇÕES DE SAÚDE – IRAS
1.1 Conceito de Infecção Hospitalar, Infecção Relacionada à Assistência à 
Saúde e Aspectos Históricos das Iras
Segundo a Portaria nº 2.616, de 12 de maio de 1998 (BRASIL, 1998), a infecção hospitalar (IH) é 
aquela que é adquirida após a internação do paciente e que se manifesta durante ela ou após a alta, 
quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares e ambulatoriais ou com 
as manifestadas antes de 72 horas da internação, desde que possam ser associadas a procedimentos 
diagnósticos e/ou terapêuticos, realizados durante esse período.
Essa mesma portaria define a Infecção Comunitária (IC) como a infecção que foi constatada em 
incubação no ato de admissão do paciente, desde que não relacionada com internação anterior no 
mesmo hospital. Considera‑se também como IC a infecção que está associada à complicação ou à 
extensão da infecção já presente na admissão, a menos que haja troca de microrganismos com sinais ou 
sintomas fortemente sugestivos da aquisição de nova infecção; e, ainda, a infecção em recém‑nascido, 
cuja aquisição por via transplacentária é conhecida ou foi comprovada e que se tornou evidente logo 
após o nascimento (exemplo: herpes simples, toxoplasmose, rubéola, citomegalovirose, sífilis e Aids), e 
as infecções de recém‑nascidos associadas com bolsa rota superior a 24 horas.
Na década de 1990, o termo infecção hospitalar foi substituído por Infecção Relacionada à Assistência 
à Saúde (Iras). Isso ocrreu porque foi constatado que em outros locais que ocorrem a assistência em 
saúde, além de hospitais, possa ocorrer a disseminação de infeção. Essa definição é mais abrangente por 
incluir os procedimentos realizados em ambulatórios, os cuidados domiciliares e, também, a infecção 
ocupacional adquirida pela equipe multiprofissional de saúde ao executar a assistência.
Embora o conceito de Iras possa ser recente, sua incidência e prevalência remontam à história 
da assistência em saúde na humanidade, apresentando uma evolução desde a criação dos primeiros 
hospitais, na Idade Média. Contudo, suas manifestações e fatores de risco modificaram‑se com a 
evolução das concepções dominantes sobre o processo saúde‑doença e as formas de inserção e de 
intervenção nos serviços de saúde (SANTOS, 2006).
Quanto mais tecnológica a sociedade se apresenta, maiores são os procedimentos invasivos 
realizados e possibilitados com o avanço dessa tecnologia. Os métodos invasivos, como o cateterismo 
urinário, a inserção de cateter venoso central, a utilização de ventilação mecânica e a realização de 
cirurgias e/ou procedimentos cirúrgicos que comprometem a integridade da pele e mucosas, aumentam 
exponencialmente os riscos na aquisição das Iras.
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Unidade I
Outro fator impactante no desenvolvimento das Iras são as características individuais, entre elas 
podemos citar os extremos de idade (recém‑nascidos e idosos); a duração da internação (quanto 
maior tempo, maior será o risco); a presença de patologias associadas, como o diabetes melito, 
que compromete os processos de cicatrização tecidual; as doenças vasculares que comprometam a 
oxigenação adequada dos tecidos; alterações da consciência que interferem em mecanismos fisiológicos 
da deglutição e os estados de imunossupressão que propiciam a entrada e o desenvolvimento de 
microrganismos patogênicos.
A associação entre a assistência em saúde e as Iras teve início com as observações de James Simpson, 
em 1830. Por meio de seus estudos, ele demonstrou um acometimento quatro vezes maior de febre e 
gangrena nas amputações realizadas nos hospitais do que naquelas executadas nas residências. Contudo, 
foram as pesquisas de Oliver Wendell Holmes, nos Estados Unidos, e Ignez Philip Semmelweis, na Europa, 
que estabeleceram as bases para a compreensão da aquisição das Iras (SANTOS, 2006).
Holmes, em 1840, responsabilizou os obstetras pela disseminação das infecções entre puérperas, 
com base em observações clínicas. Semmelweis, em 1847, concluiu seu estudo epidemiológico sobre 
a correlação entre a assistência médica e o maior risco de contrair a febre puerperal. Ele comparou a 
ocorrência de óbitos entre as gestantes atendidas por obstetras e as gestantes atendidas por parteiras. 
Os obstetras apresentaram até três vezes mais óbitos e dez vezes mais infecções do que as parteiras 
(SANTOS, 2006).
Semmelweis desenvolveu a hipótese da transmissão da febre puerperal pelas mãos dos médicos 
e estudantes, que transmitiriam partículas cadavéricas das salas de autópsia para as gestantes. Essa 
hipótese foi comprovada pela redução na ocorrência das infecções puerperais, no Hospital Geral de 
Viena, de 18,3% em abril para 1,2% em dezembro de 1847, período em que os obstetras e os estudantes 
foram obrigados a lavar as mãos com solução clorada antes do atenderem as gestantes (SANTOS, 2006).
Em 1886 foi publicado o estudo de Semmelweis comprovando que a disseminação de material 
cadavérico por contato foi o fator desencadeante das infecções. Entretanto, mesmo com as evidências 
apresentadas, suas ideias não foram aceitas pela comunidade médica da época. Por ironia ele veio 
a falecer solitário, em um hospital para doentes psiquiátricos, apenas com 47 anos, com os mesmos 
sintomas sépticos das parturientes, decorrente de ferimentos (SANTOS, 2006).
 Saiba mais
Para saber maiores detalhes sobre o médico húngaro Ignazp Philip 
Semmelweis, que é considerado o pai da higienização das mãos, 
consulte o site:
FERNANDES, T. A. Semmelweis: uma história para reflexão. São Paulo, 
[s.d.]. Disponível em: <http://www.ccih.med.br/semmelweis.html>. Acesso 
em: 9 ago. 2016.
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PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÃO EM INSTITUIÇÃO DE SAÚDE
Outros estudiosos também se destacaram no controle das Iras, como Florence Nightgale. Florence, 
em 1858, conseguiu, por meio da implantação de medidas de organização e higiene nos hospitais de 
campanha, reduzir significativamente a mortalidade de soldados ingleses durante a Guerra da Criméia.
Nightgale e WillianFarr utilizaram uma abordagem epidemiológica das doenças infecciosas e das 
Iras em uma era pré‑bacteriológica, ocasião em que o conceito que predominava para explicar as causas 
das doenças estava relacionado à transmissão pelo ar, água e solo (SANTOS, 2006).
Joseph Lister e seus colaboradores introduziram os conceitos de assepsia e antissepsia entre 1867 e 
1875, lançando as bases para a evolução da cirurgia. Pacientes, antes condenados à morte perante os 
sintomas da gangrena ou da febre traumática, recuperavam‑se com feridas livres de supuração. Nessa 
mesma época, desempenharam um papel importante para o conhecimento sobre as Iras: Robert Koch, 
atribuindo o estabelecimento das bactérias como agentes na etiologia das infecções (1876); Billroch e 
Rosenbach, que foram os primeiros a identificar estreptococos em supurações (1883); e Von Bergman e 
Shimmelbush, que introduziram a autoclavação no preparo de materiais cirúrgicos (1885) (SANTOS, 2006).
1.2 Legislação e Aspectos Epidemiológicos das Iras
A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece as Iras como um problema de saúde pública e 
preconiza que as autoridades em âmbito nacional e regional desenvolvam ações com vistas à redução do 
risco de sua aquisição. (BRASIL, 2013a). As Iras apresentam grande impacto sobre a letalidade hospitalar; 
a duração da internação e os custos.
De acordo com Padoveze e Fortaleza (2014), os países em desenvolvimento são os que mais sofrem 
com esses impactos, podendo ser até 20 vezes superior a prevalência e incidência das Iras em comparação 
com os países desenvolvidos. Fatores associados à escassez e à qualificação de recursos humanos, aliados 
à estrutura física inadequada dos serviços de saúde e ao desconhecimento de medidas de controle de 
Iras, contribuem para esse cenário.
As primeiras Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) foram instituídas no País na 
década de 1960. Contudo, apenas nos anos 1980 as ações governamentais, por meio de normativas 
do Ministério da Saúde (MS), no sentido de implantação das CCIH, foram iniciadas de fato. Na década 
de 1980, foram publicados guias técnicos nacionais que tratavam da avaliação sanitária de estrutura, 
sendo ainda pouco utilizados os métodos epidemiológicos.
A partir de 1985, com a repercussão da morte do ex‑presidente da república Tancredo Neves, em 
consequência de infecção hospitalar, essa questão assumiu uma maior relevância, o que resultou no 
Curso de Introdução ao Controle de Infecção Hospitalar, ministrado em todo o País. À época 14 mil 
profissionais foram capacitados nesse curso e, no mesmo ano, foi publicado o Manual de Controle de 
Infecção Hospitalar, que teve como objetivo preconizar medidas de prevenção e controle das infecções 
hospitalares, adaptadas e voltadas para a realidade nacional.
Após essa primeira iniciativa, apenas em 2004 foi realizado um novo treinamento em educação a 
distância direcionado aos profissionais das vigilâncias sanitárias (PADOVEZE; FORTALEZA, 2014).
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Unidade I
Em 1990, foi realizada a Conferência Regional sobre Prevenção e Controle de Infecções Hospitalares, 
na qual foi apontada novamente a necessidade de implementação de comissões nacionais de prevenção 
de controle de Iras, e também indicou as seguintes diretrizes: a vinculação da acreditação hospitalar à 
presença de programa de Iras; a inclusão do tema nos currículos das ciências da saúde e programas de 
educação continuada; a cooperação entre as instituições estatais e as universidades nas investigações 
epidemiológicas; a identificação de laboratórios de referência regional em microbiologia; a instituição 
de grupos de trabalho voltados ao uso de antimicrobianos e o diagnóstico microbiológico de Iras.
Em 1988, foi instituído o Programa Nacional de Controle de Infecção Hospitalar por meio da Portaria 
nº 232/98 pelo Ministério da Saúde, e foi criada a Divisão Nacional de Controle de Infecção Hospitalar 
(Portaria nº 666/90). Em 1983 e 1992, foram publicadas, respectivamente, as Portarias nº 196 e nº 930, 
visando normalizar as ações de prevenção e controle de Iras no País. Na atualidade, as legislações e 
normativas que determinam as diretrizes gerais para a prevenção e controle de Iras são a Lei nº 9.431 de 
1997, a Portaria nº 2.616, de 1998, e a RDC nº 48, de 2000.
 Saiba mais
Para maiores detalhes sobre a Portaria nº 2.616, leia:
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.616, de 12 de maio de 1998. 
Brasília, 1998. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/
gm/1998/prt2616_12_05_1998.html>. Acesso em: 16 ago. 2016.
Em 1999, foi constituída a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O Programa Nacional 
de Controle de Infecção Hospitalar foi transferido do Ministério da Saúde, por meio da Portaria nº 
1.241, de 13 de outubro de 1999, que repassou as atividades de controle de infecções hospitalares 
para a Gerência de Controle de Riscos à Saúde, da Diretoria de Serviços e Correlatos. A Anvisa assumiu 
as atribuições e interfaces com órgãos de vigilância sanitária estaduais e municipais. No ano de 2003, 
foi criada a Unidade de Controle de Infecção Hospitalar (Ucisa), que passou a ser denominada como 
Gerência de Investigação e Prevenção das Infecções e dos Eventos Adversos (Gipea). Em 2011 uma 
nova reformulação na estrutura organizacional da Anvisa ocorreu, passando o programa nacional a ser 
conduzido pela Gerência de Vigilância e Monitoramento em Serviços de Saúde (GVIMS) (BRASIL, 2013a).
Em 2011, a RDC/Anvisa nº 63 determinou o estabelecimento de estratégias e ações voltadas para 
a segurança do paciente, incluindo a prevenção de Iras. No ano de 2012, foi instituída a Comissão 
Nacional de Prevenção e Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (CNCIRAS) por meio 
da Portaria nº 158, com a finalidade de assessorar a Diretoria Colegiada da Anvisa na elaboração de 
diretrizes, normas e medidas para a prevenção e o controle das Iras. Em abril de 2013, foi publicada 
a Portaria MS/GM nº 529, instituindo o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), que 
contempla entre suas áreas de atuação a prevenção das Iras. Em julho de 2013, foi publicada a 
RDC/Anvisa nº 36, que instituiu as ações para a segurança do paciente em serviços de saúde, com 
medidas voltadas também para a prevenção e controle das Iras (BRASIL, 2013a).
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PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÃO EM INSTITUIÇÃO DE SAÚDE
Nos últimos anos, o País passou por alguns surtos epidêmicos, o que deixou alarmado todo o setor 
de saúde por evidenciar falhas importantes no reprocessamento de artigos: o surto de micobactérias 
de crescimento rápido em procedimentos invasivos; a detecção de resistência de micobactérias de 
crescimento rápido ao glutaraldeído; surtos de enterobactérias produtoras da Carbapenemase da 
Klebsiella pneumoniae e Enterococcus spp. resistentes à vancomicina, o que culminou com a proibição 
da compra de antibióticos sem receita médica; a obrigatoriedade do uso de preparação alcoólica nas 
instituições, e a formação de comitês assessores compostos de especialistas para a área de suporte de 
laboratório e resistência microbiana (PADOVEZE; FORTALEZA, 2014).
No ano de 2007, em consonância com o movimento mundial na prevenção de Iras, o MS aceitou 
oficialmente o engajamento no Desafio Global para Segurança do Paciente proposto pela OMS.
Em 1994, foi realizada a única avaliação de amplitude nacional sobre a magnitude das Iras no 
País, identificando a prevalência de 15% de taxas de Iras em 99 hospitais terciários. A partir de 2001, a 
Anvisa iniciou o diagnóstico do controle de Iras, que apontou questões de fragilidade estrutural para o 
controle: 1/3 doshospitais não possuía suporte de laboratório de microbiologia, sendo essa proporção 
mais acentuada na região Nordeste (46,0%) e menos na região Sudeste (24%). Requisitos essenciais não 
eram atendidos por todas as instituições, por exemplo, ter a CCIH nomeada (76,0%); fazer vigilância 
epidemiológica (77,0%); possuir um programa de controle de Iras (77%); realizar treinamentos específicos 
(44%) e aplicar medidas de contenção de surtos (33%) (PADOVEZE; FORTALEZA, 2014).
Em 15 de maio de 1999, o Ministério da Saúde decretou o Dia Nacional do Controle de Infecção 
Hospitalar, visando à conscientização de toda classe de profissionais de saúde para diminuir a incidência 
de óbitos provocados pelas Iras. Essa data foi escolhida, pois foi a mesma data que, no ano de 1847, 
o médico‑obstetra Ignaz P. Semmelweiss defendeu e incorporou a prática da lavagem de mãos como 
atitude obrigatória pelos enfermeiros e médicos que entravam nas enfermarias. Uma simples e eficiente 
iniciativa que conseguiu reduzir a taxa de mortalidade de pacientes de 18% para 1,5% (BRASIL, 2004a).
Em 2002 foi desenvolvido um inquérito nacional sobre a adequação dos laboratórios de microbiologia 
do Brasil, apontando importantes fragilidades nesse campo. Em 2010, a Anvisa implantou o sistema de 
vigilância das infecções primárias da corrente sanguínea associadas ao cateter venoso. Os dados de 
2012, referentes a 1.128 hospitais, identificaram a incidência de 5,7 e 2,0 de infecções primárias da 
corrente sanguínea por 1.000 cateter venoso central‑dia, respectivamente de critério laboratorial e 
clínico, em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de adultos, com Staphylococcus coagulasse negativo 
como o principal agente etiológico (PADOVEZE; FORTALEZA, 2014).
Em 2005, a Anvisa publicou os resultados de uma pesquisa nacional intitulada Diagnóstico do 
Controle da Infecção Hospitalar no Brasil, que teve a participação de 4.148 hospitais, o que correspondeu 
a 70% do número de hospitais cadastrados no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) 
no ano de 2003. A pesquisa trouxe algumas informações importantes para nossa reflexão sobre o tema 
(SANTOS et al., 2005):
• a incorporação de ações de prevenção e controle de infecções hospitalares ocorreu de forma 
heterogênea, sendo as ações mais presentes a nomeação de CCIH (76% dos hospitais) e 
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Unidade I
o monitoramento das IHs (77%). Ações mais complexas foram menos presentes, como o 
desenvolvimento de programas de controle de infecções (49%); treinamentos específicos em 
controle de infecções (44%) e a adoção de medidas de contenção de surtos (33%), segundo 
indicações do gráfico a seguir:
CCIH nomeada
Total de hospitais (N = 4148) Hospitais com UTI (N = 1102) Hospitais sem UTI (N = 3046)
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100% 94%
70%
76% 77%
92%
71%
78%
72%
59%
23%
33%34%
49%
38%
44%
Monitoramento de IH Treinamento em CIH
Medidas
H
os
pi
ta
is
 (%
)
PCIH Contenção de surtos
Figura 1 ‑ Distribuição de hospitais, de acordo com a adoção de medidas de prevenção e controle de infecções, 
considerando a complexidade (existência de leitos de UTI)
• as principais topografias das infecções relatadas foram as do aparelho respiratório, urinário, 
sangue e pele, conforme dados da figura a seguir:
48%
12%
6%
14%
20%
Sistema respiratório Sistema urinário
Corrente sanquínea Pele e tecidos moles
Outras
Figura 2 ‑ Distribuição por topografia das infecções hospitalares em pacientes internados em UTIs de adulto de hospitais brasileiros
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• apenas 8% dos hospitais pesquisados indicaram a utilização dos critérios diagnósticos para 
infecções hospitalares do NNISS/CDC, adotados oficialmente no País desde 1995 e validados em 
diversos países, conforme dados da figura a seguir:
5%
8%
42%
37%
15%
9%
1 ‑ Critérios próprios
2 ‑ Citérios do NISS/CDC
3 ‑ Citérios da Portaria GM/MS 2.616/68
Citérios 1, 2 e 3 combinados
Sem citério definido
Perda de informação
Figura 3 ‑ Distribuição dos hospitais com os critérios diagnósticos utilizados no monitoramento das infecções hospitalares
Segundo dados da Anvisa, em 2011, 1.071 hospitais efetuaram notificações de Iras, o que correspondeu 
a um total de 10.639 notificações no ano.
A figura a seguir mostra a proporção de notificações segundo a região geográfica:
60
7
5 11
17
Centro‑Oeste
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
Figura 4 ‑ Proporção de notificações de Iras no ano de 2011, segundo região geográfica
A Anvisa propôs a criação do projeto denominado Pacientes pela Segurança do Paciente em Serviços 
de Saúde, que envolve a divulgação e a publicação de materiais educativos, como folder, cartazes, 
hotsite e vídeos, visando à melhoria da comunicação com os usuários dos serviços de saúde.
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Unidade I
Entre esses materiais está um panfleto com informações sobre as Iras e, também, sobre os momentos 
de higienização das mãos:
Figura 5 
2 AS FUNÇÕES DO ENFERMEIRO NA PREVENÇÃO, DIAGNÓSTICO E 
CONTROLE DAS IRAS
Até a Idade Média, acreditava‑se que as doenças eram provocadas por castigo divino ou pela podridão 
do ar e certas impurezas existentes (miasmas). Em meados do século XVI, um médico italiano chamado 
Francastorius declara que as doenças surgiam devido à presença de microrganismos, conforme estudos 
e observações dele e dos relatos colhidos de marinheiros que testemunharam a propagação de doenças 
nas expedições exploradoras, em que era possível observar a transmissão pessoa a pessoa.
Semmelweis, em 1847, publicou um estudo que corroborou com a hipótese de transmissão de 
doença no ambiente intra‑hospitalar, correlacionando‑a à elevada incidência de febre puerperal e 
consequente óbito das parturientes por microrganismos. O médico chegou a essa conclusão após alguns 
acontecimentos: a morte de um patologista com sintomas idênticos aos da paciente em que ele havia 
feito a autópsia; a taxa de óbito ser maior na clínica onde os estudantes de medicina aprendiam a 
fazer parto do que na clínica onde as parteiras ensinavam as obstetrizes; e a morte de um professor de 
medicina decorrente de um pequeno ferimento por um bisturi de dissecação. Após muitos experimentos, 
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PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÃO EM INSTITUIÇÃO DE SAÚDE
Semmelweis instituiu a lavagem das mãos com solução clorada para toda a equipe médica e de 
enfermagem e para os estudantes que fossem entrar em contato com pacientes.
2.1 Um pequeno histórico do início do controle de infecção pela enfermagem
Florence Nightingale, a precursora da enfermagem moderna, não conhecia o conceito de 
contato por microrganismos, uma vez que este ainda não tinha sido descoberto. Contudo, a partir de 
observações epidemiológicas realizadas por meio de controle estatístico das condições dos pacientes, 
ela concluiu que um meticuloso cuidado quanto à limpeza do ambiente e pessoal, ar fresco, iluminação 
e temperatura adequadas, boa nutrição, repouso e manutenção do vigor do paciente contribuíam para 
a cura desses pacientes. Cabia à enfermeira equilibrar o meio ambiente para poder conservar a energia 
vital do paciente, auxiliando na sua recuperação e reestabelecimento da sua saúde. O Hospital de Base 
de Scutari estava em péssimas condições de higienee estrutura e possuía uma taxa de mortalidade de 
42,7%. Florence Nightingale reestruturou o hospital abrindo cozinhas e lavanderias; reestabeleceu as 
condições sanitárias aos ambientes e realizou rondas noturnas e supervisão dos cuidados. Com essas 
mudanças, as taxas de mortalidade caíram para 2,2%. Hoje já sabemos da importância do controle de 
infecção provocado pelas alterações introduzidas por Florence.
2.2 Formação de biofilmes e o uso indiscriminado de antibióticos
Biofilmes podem ser definidos como uma forma assumida pelas bactérias ao invadirem um novo 
ecotipo, como a espécie humana. Elas inicialmente aderem a um substrato – próteses, paredes de vasos, 
cateteres – e posteriormente produzem uma matriz, denominada glicocálice, onde formam microcolônias 
(PASTERNAK, 2009).
As bactérias regulam sua densidade populacional e se comunicam por meio de um mecanismo 
chamado quorum sensing. Acredita‑se que por meio desse mecanismo as primeiras bactérias a se 
fixarem em um local ou superfície emitem sinais químicos (o quorum sensing) para que outras bactérias 
se juntem a elas. Simões, Simões e Vieira (2008) apud Pasternak (2009) referem que há evidências de que 
espécies diferentes possam se juntar nos microfilmes e levar a uma maior resistência a antimicrobianos, 
unindo, desse modo, uma espécie capaz de degradar ou inativar o antibiótico que se mostra eficiente 
contra outra espécie de bactéria que se encontra no local ou no foco de ação.
As bactérias sofrem mutações gênicas, pois podem trocar material genético entre linhagens da 
mesma espécie ou até entre espécies diferentes. Assim, podemos dizer que a resistência bacteriana a 
um antibiótico ocorre como resposta da bactéria frente ao amplo uso de antibióticos e sua presença no 
meio ambiente (GUIMARÃES; MOMESSO; PUPO, 2010).
Uma solução muito efetiva para o problema dos biofilmes em materiais 
prostéticos é ou não usá‑los – ou pelo menos restringir ao mínimo seu uso. 
Um cateter intravascular usado com o devido cuidado e retirado assim que 
possível, tem menor risco de colonização e formação de biofilme que um 
cateter deixado por conveniência ou até porque “podermos vir a precisar 
dele no futuro” e que fica, mesmo sem ser utilizado (PASTERNAK, 2009).
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2.3 O enfermeiro assistencial e suas funções no controle, diagnóstico e 
prevenção das Iras
O enfermeiro atua ativamente na prevenção, diagnóstico e controle das Iras, pois é o 
responsável pela equipe de enfermagem que está em contato direto com o paciente e visitantes 
24 horas por dia, além de avaliar e controlar o ambiente e equipamentos e participar das equipes 
multidisciplinares. Assim, o enfermeiro assistencial deve preocupar-se, conforme Cansian 
(1977), com seis aspectos fundamentais, com o intuito de minimizar os riscos dos pacientes em 
adquirir infecções relacionadas à assistência à saúde (Iras). Vejamos cada um deles.
• Paciente: o estado de imunidade do paciente é o primeiro aspecto a ser observado. Pacientes com 
comprometimento da imunidade estão mais propensos a adquirir Iras. Pacientes em extremos de 
idade comumente possuem sistema imunológico afetado fisiologicamente: os bebês possuem 
sistema imunológico imaturo e os idosos possuem diminuição da função imunológica. Algumas 
doenças, como leucemias e queimaduras extensas, e alguns tratamentos, como as quimioterapias, 
podem contribuir para a depressão da imunidade e, consequentemente, para o aumento do risco 
de o paciente adquirir Iras.
• Visitantes: os visitantes tanto podem ser veículo de transmissão de microrganismo como podem ser 
o contraente de uma infecção ao entrar em contato com o ambiente hospitalar. Por esses motivos, 
crianças menores de 12 anos possuem acesso restrito às visitas e é solicitado que os visitantes lavem 
as mãos antes de se aproximar do paciente, preferencialmente ao adentrar a unidade.
• Equipe de saúde: a principal medida de prevenção e controle de infecção é a higienização das 
mãos antes e depois de entrar em contato com o paciente e seus pertences e equipamentos, 
utilizando técnica específica que será descrita mais adiante.
• Equipamentos: todos os dispositivos que entrarem em contato com o paciente devem ser 
higienizados conforme protocolo ou instruções do fabricante.
• Técnicas de trabalho: é importante que a equipe respeite as normas de precauções (padrão, 
por gotículas, por contatos e por aerossóis), que não reencape agulhas, que dê o destino correto 
para materiais perfurocortantes, que use os equipamentos de proteção individual (EPI) e os 
equipamentos de proteção coletiva (EPC). As boas práticas de biossegurança devem ser entendidas 
como forma de controle e prevenção de Iras.
• Planta física: é essencial que o enfermeiro fique atento aos pacientes que foram diagnosticados 
com infecção e os mantenha distantes de pacientes com comprometimento do sistema 
imunológico. Pias distribuídas pela unidade e frascos de álcool gel próximos a entrada de cada 
leito também são medidas importantes.
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PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÃO EM INSTITUIÇÃO DE SAÚDE
2.4 O enfermeiro da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH)
A Portaria nº 2.616/1998 define as ações de prevenção para as Iras. Esse documento dispõe que 
a CCIH tem como função elaborar, implementar, manter e avaliar o Serviço de Controle de Infecção 
Hospitalar adequado às características e necessidades da instituição e deve ser formado por membros 
consultores e membros executores.
Os membros consultores devem ser profissionais representantes da medicina, da enfermagem, da 
farmácia, do laboratório de microbiologia e da administração. Além deles, são relevantes os serviços de 
nutrição e dietética, a lavanderia, o serviço de higiene e limpeza, os setores de diagnóstico e imagem, a 
manutenção e os recursos humanos.
Já os membros que devem executar as ações de controle de infecção precisam ser técnicos de nível 
superior, em número mínimo de dois, contando eles obrigatoriamente com a presença do médico e do 
enfermeiro. Esses profissionais representam o Serviço de Controle de Infecção Hospitalar, que tem a 
função de executar o Programa de Controle de Infecção Hospitalar. Essa portaria cita que o enfermeiro 
deverá preferencialmente ser o membro executor do programa.
Baseado nas funções da Portaria 2.616/1998, considera‑se uma CCIH ativa aquela que realiza a busca 
ativa das Iras; produz taxas associadas das Iras; faz a investigação de casos e surtos implantando medidas 
de controle; padroniza o uso de antimicrobianos; elabora, aplica treinamentos e supervisiona normas 
e rotinas referentes ao controle e prevenção das Iras; produz e publica relatórios com os indicadores e 
taxas das Iras, e conta com serviço do laboratório de microbiologia.
Nessa perspectiva, as seguintes atividades devem ser realizadas pelos enfermeiros da CCIH: 
diagnosticar e notificar os casos de Iras; identificar os riscos do desenvolvimento de Iras; inspecionar 
a aplicação de técnicas assépticas; avaliar e orientar a implantação de medidas de isolamento e 
introduzir medidas de prevenção da disseminação de microrganismos; ser um elo entre todos os setores 
do hospital como disseminador das ações de prevenção e controle de infecções; executar ações de 
vigilância sanitária nos setores da instituição objetivando a identificação de problemas relacionados às 
Iras, bem como a elaboração de medidas preventivas ou corretivas; realizar a notificação de doenças 
compulsórias; colaborar com os serviços de saúde ocupacional; informar outras instituições sobre casos 
de Iras transferidos; realizar ou participar de atividades de ensino sobre o controle de Iraspara todos os 
profissionais da instituição (BARBOSA, 2007).
Para que a CCIH possa atuar, ela deve ter livre acesso aos setores do hospital e prontuários; 
ter contato com o paciente e seu médico quando necessário; solicitar exames complementares 
que não tenham sido pedidos, a fim de esclarecimento de diagnóstico e da cadeia epidemiológica 
das Iras após comunicação com o médico responsável pelo paciente; solicitar outros exames 
especializados para detectar disseminadores, avaliar procedimentos, produtos e artigos. (CARDOSO; 
SILVA, 2004).
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 Lembrete
CCIH é um órgão de assessoria institucional que objetiva o controle das 
Iras. Deverá ser composta de profissionais de nível superior. O coordenador 
deverá ser designado pela direção da instituição. 
2.5 Métodos de vigilância epidemiológica das Iras
Especial atenção deve ter o enfermeiro de CCIH no uso de suas atribuições diárias na vigilância 
epidemiológicas das Iras. Segundo a Portaria nº 2.616, a vigilância epidemiológica das Iras não deve ser 
um método passivo que consista apenas na notificação pelo médico ou enfermeira da unidade, pois 
isso pode levar facilmente à falta de adoção de critérios uniformes de diagnóstico de Iras; à provável 
relutância de alguns médicos em admitir a IRA; à dificuldade na detecção de surtos e à necessidade da 
revisão de prontuários na alta e/ou óbito. As ações de vigilância devem consistir em um método ativo de 
busca, realizado por meio de uma observação ativa, sistemática e contínua de sua ocorrência e de sua 
distribuição entre pacientes, hospitalizados ou não, e dos eventos e condições que afetam o risco de sua 
ocorrência, com vistas à execução oportuna das ações de prevenção e controle.
Essa portaria recomendou o uso da metodologia National Nosocomial Infections Surveillance System 
(NNISS) para efetuar a vigilância epidemiológica das Iras.
O NNISS foi estabelecido em 1970 pelo Centro para Controle de Doenças (CDC) nos Estados Unidos. 
Ele consiste em um método de busca ativa, sistemática e contínua da ocorrência e distribuição dos 
agravos à saúde e dos fatores determinantes das Iras. Entre seus objetivos citamos: obter taxas que 
permitam conhecer a realidade epidemiológica e a determinação de parâmetros aceitáveis; detectar 
surtos antes de uma propagação mais prejudicial; avaliar a eficácia das medidas de prevenção aplicadas; 
determinar áreas, situações e serviços prioritários (HINRICHEN, 2013).
Com o uso desse método, é possível realizar a comparação de taxas entre diferentes serviços de 
saúde; estabelecer parâmetros para cada tipo de UTI; fazer a racionalização do tempo e avaliar todos 
os pacientes críticos quanto ao risco de adquirirem uma IRA, em todas as diferentes topografias 
(HINRICHEN, 2013).
 Observação
O Centro de Doenças Contagiosas CDC foi inaugurado em 1º de julho de 
1946 em Atlanta. Sua principal missão era a prevenção da malária. 
Os componentes, ou protocolos de vigilância, possíveis pelo NNISS são:
• Global – todos os pacientes são monitorizados em todos os sítios.
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• Vigilância em UTI adulta e pediátrica, a vigilância é ativa e diária, em que são controlados todos 
os pacientes internados. Em impresso próprio são registrados o número de pacientes internados, 
o número de cateteres vesicais e centrais e o uso de ventilação mecânica. A ficha de infecção é 
preenchida sempre que a IRA for diagnosticada, independentemente da localização topográfica. 
O impresso para o controle de pacientes e procedimentos deve ser preenchido diariamente. O 
enfermeiro da CCIH é o responsável pelo diagnóstico e coleta de dados.
• Vigilância cirúrgica: todos os pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos são monitorados 
em todas as localizações topográficas corporais ou apenas para infecção da ferida cirúrgica.
Além do NNISS, como método ativo de vigilância, a Portaria 2.616 também indicou a vigilância por 
meio de:
• Métodos prospectivos que monitoram a ocorrência de infecção enquanto o paciente ainda está 
internado e avaliam o grau de risco no momento da sua admissão. Esse tipo de vigilância fornece 
uma visão periódica das IRA; devem ser analisados nas visitas diárias a presença de febre, o uso de 
antimicrobianos, o resultado de culturas positivas e os resultados de exames laboratoriais e radiológicos.
• Retrospectivos, que consistem na revisão de prontuários após a alta do paciente. Esse método tem 
como limitações: qualidade das informações; identificação dos pacientes infectados; leva tempo 
revisar todos os prontuários; não detecta o aparecimento de surtos; promove uma distância entre 
a equipe da CCHI e os profissionais que estão na assistência aos pacientes.
• Transversais, que consistem na avaliação de todos os pacientes internados no hospital ou em uma 
unidade em um determinado período de tempo. Esse tipo de vigilância tem baixa eficácia, pois 
não fornece índices endêmicos e é difícil para identificar surtos.
No anexo da Portaria nº 2.616, são especificadas as taxas mais importantes de serem obtidas e 
analisadas e as que são obrigatórias:
• infecção hospitalar/IRA – o numerador é o número de episódios de infecção hospitalar/IRA no 
período considerado e, como denominador, o total de saídas altas, óbitos e transferências ou 
entradas no mesmo período:
 Número de episódios de infecção hospitalar/IRA no período 
 Total de saídas altas, óbitos e transferências ou entradas no mesmo período
• pacientes com IRA – o numerador é o número de doentes que apresentam infecção hospitalar/
IRA no período considerado e, como denominador, o total de saídas (altas óbitos e transferências 
ou entradas) no período:
 Número de doentes que apresentam infecção hospitalar/ IRA no período 
Total de altas, óbitos e transferências ou entradas no período
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Unidade I
• distribuição das infecções hospitalares/IRA por localização topográfica no paciente – calculada 
tendo como numerador o número de episódios de infecção hospitalar/IRA em cada topografia no 
período considerado e, como denominador, o número total de episódios de infecção hospitalar/
IRA ocorridos no período:
 Número de episódios de infecção hospitalar/IRA em cada topografia no período 
Número total de episódios de infecção hospitalar/IRA no período
• taxa de letalidade associada à infecção hospitalar/IRA é calculada tendo como numerador o 
número de óbitos ocorridos de pacientes com infecção hospitalar/IRA no período considerado e, 
como denominador, o número de pacientes que desenvolveram IRA no período:
 Número de óbitos ocorridos de pacientes com infecção hospitalar/IRA no período 
Número de pacientes que desenvolveram IRA no período
• taxa de infecções hospitalares por procedimentos/IRA é calculada tendo como numerador 
o número de pacientes submetidos a um procedimento de risco que desenvolveram infecção 
hospitalar e, como denominador, o total de pacientes submetidos a esse tipo de procedimento. 
Entre essas taxas temos:
— taxa de infecção do sítio cirúrgico de acordo com o potencial de contaminação:
 Número de pacientes submetidos a cirurgia que desenvolveram infecção de sítio cirúrgico 
Total de pacientes submetidos a cirurgia
— taxa de infecção após cateterismo vesical:
Número de pacientes que realizaram cateterismo vesical e desenvolveram Infecção do Trato Urinário (ITU)
Total de pacientes submetidos a cateterismo vesical
— a taxa de pneumonia após usode ventilação mecânica:
Número de pacientes que utilizaram ventilação mecânica 
 e desenvolveram PAV (Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica) 
Total de pacientes submetidos à Ventilação Mecânica
 Lembrete
Nos documentos legais, o termo encontrado é infecção hospitalar. Desde 
a década de 1990, é utilizado o termo Infecção Relacionada à Assistência à 
Saúde – Iras por ser um conceito mais amplo. 
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3 MICROBIOLOGIA DAS IRAS
Vários e diferentes microrganismos, como bactérias, fungos e vírus, podem ser responsáveis pelas Iras. 
As bacterías acabam ganhando destaque no cenário institucional, seguida pelos fungos, principalmente 
em indivíduos imunodeprimidos.
O quadro a seguir apresenta os agentes etiológicos mais comuns das Iras, que são também conhecidos 
como infecções nosocomiais:
Quadro 1 – Agentes mais comuns das infecções nosocomiais
Patógenos Sítios comuns de isolamento dos patógenos
Bactérias gram-negativas
Eschericia coli Trato urinário, feridas cirúrgicas, sangue
Pseudomonas sp Trato urinário, trato respirtatório, queimaduras 
Klebsiella sp Trato urinário, trato respirtatório, feridas cirúrgicas
Proteus sp Trato urinário e feridas cirúrgicas
Enterobacter sp Trato urinário, trato respirtatório, feridas cirúrgicas
Serratia sp Trato urinário, trato respirtatório, feridas cirúrgicas
Bactérias gram-positivas
Streptococcus sp Trato urinário, trato respirtatório, feridas cirúrgicas
Staphylococcus aureus Pele, feridas cirúrgicas, sangue
Staphylococcus epidermidis Pele, feridas cirúrgicas, sangue
Fungos 
Candidas albicans Pele, sangue
Outros Trato urinário, trato respirtatório, sangue
Fonte: Brasil (2004b, p. 7).
 Observação
As Iras também são conhecidas como infecções nosocomiais, pois 
nosocômio significa hospital, do grego nosokomeion, palavra formada por 
nosos, doença, e komein, curar. 
Os agentes etiológicos das Iras podem ser disseminados por via endógena, que é constituída pela 
própria flora do paciente, e também pela via exógena, por meio da transmissão pelas mãos; secreção 
salivar; fluidos corpóreos; ar; materiais contaminados; equipamentos e instrumentos utilizados em 
procedimentos invasivos (são os que passam as barreiras de proteção corpóreas).
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A figura a seguir apresenta os microrganismos mais comums da microbitota humana, que em 
situações especiais como a imunossupressão podem ser causadores de infecções.
Quadro 2 
Pele Olhos Cavidade oral
Staphylococcus Staphylococcus Lactobacillus
Micrococcus Streptococcus Streptococcus
Propionibacterium Neisseria Neisseria
Streptococcus Fusobacterium
Malassezia Actinomyces
Treponema
Bacteróides
Trato respirtatório Trato digestório Trato urogenital
Staphylococcus Bacteróides Streptococcus
Streptococcus Lactobacillus Bacteróides
Neisseria Enterococcus Mycobacterium
Corynebacterium Eschericia coli Neisseria
Hemophilus Proteus Enterobacter
Branhamella Klebsiella Lactobacillus
Enterobacter Clostridium
Ouvido Bifidobacterium Candida
Staphylococcus Citrobacter Trichomonas
Corynebacterium Fusobacterium
Spirochetes
Fonte: Brasil (2004b, p. 8).
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Pele
Boca
Nariz
Intestino 
delgado
Pulmões
Estômago
Cólon
RetoTrato 
urogenital
Figura 6 
As instituições de saúde constituem‑se em um importante reservatório de agentes etiológicos virulentos 
e oportunistas. Aliam‑se a essa condição os principais fatores de risco para se contrair Iras, como:
• a imunodepressão;
• os extremos de idade (recém‑nascidos e idosos são mais vuneráveis);
• o uso indiscriminado de antibióticos.
Diante do exposto, deve‑se instituir medidas profiláticas na realização de procedimentos invasivos.
O quadro a seguir apresenta alguns procedimentos invasivos e os agentes etiológicos envolvidos na 
transmissão das Iras:
Quadro 3 
Procedimento Doença Patógeno
Cateterização urinária Cistite Bacilos gram‑negativos, Enterococos
Cirurgia Feridas, septicemia Staphylococcus, bacilos gram‑negativos, bacteroides
Terapia intravenosa Infecção no local de injeção, septicemia
Staphylococcus, Klebsiella, Serratia, 
Enterobacter, Candida
Intubação orotraqueal Pneumonia Pseudomonas, Klebsiella, Serratia
Procedimentos dialíticos Sepse, reação pirogênica Vírus da hepatite B, Staphylococcus aureus, Pseudomonas
Fonte: Brasil (2004b, p. 9).
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3.1 Principais agentes etiológicos das Iras
Os tipos mais comuns de agentes etiológicos das Iras são:
• a Acinetobacter;
• a Escherichia coli;
• o Enterobacter, o Enterococcus faecalis;
• a Pseudomonas, a Klebsiella;
• o Staphylococcus aureus;
• a Serratia spp.;
• a Candida albicans.
Estudaremos a seguir as características principais desses microrganismos.
3.1.1 Klebsiella pneumoniae
É uma enterobactéria causadora de pneumonias comunitárias. Pode ser encontrada no trato 
respiratório superior, trato gastrintestinal e urinário, causando pneumonia, infecção urinária e septicemia, 
principalmente em pacientes imunocomprometidos (SAMPAIO et al., 2013).
O nome Klebsiella teve sua origem com o bacteriologista alemão Edwin Klebs (1834‑1913). A 
Klebsiella spp. causa infecções importantes em crianças prematuras. Algumas cepas estão carreando 
plasmídios, que codificam enzimas conhecidas como betalactamases; isso causa resistência às 
drogas betalactâmicas de amplo espectro e outros antimicrobianos como os aminoglicosídeos, o 
que tem gerado expressivos surtos epidêmicos. Nos últimos anos, no contexto mundial, a Klebsiella 
pneumoniae carbapenemase (KPC) tem se sobressaído por sua resistência aos antibióticos, com surtos 
epidemiológicos relevantes devido à alta letalidade (SAMPAIO et al., 2013).
3.1.2 Staphylococcus
Existem mais de 30 espécies do gênero. Contudo, somente algumas causam doenças significativas. 
Os Staphylococcus MRSA são resistentes à meticilina e oxacilina e ocorrem com mais frequência em 
ambientes hospitalares.
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Staphylococcus aureus ‑ gram‑positiva Staphylococcus aureus
Figura 7
O Staphylococcus aureus é uma bactéria do grupo dos cocos gram‑positiva e catalase‑positivos, 
sua forma é esférica, imóvel, não esporulada e, geralmente, não encapsulada. Pode provocar doenças 
que se diferenciam em infecções simples, como espinhas, furúnculos e celulites, e infecções graves, que 
são as meningites, pneumonias, endocardites e síndrome do choque tóxico.
Seu principal reservatório é o ser humano, sendo o patógeno comum de infecções piogênicas 
localizadas na pele ou em regiões mais profundas como furúnculos, foliculites, osteomielites, endocardites, 
pneumonias e septicemias fatais. Costuma colonizar facilmente em narinas, laringe, faringe, intestino 
e pele. As mãos são o principal meio de transmissão no ambiente hospitalar de um paciente infectado 
para outro suscetível e de um paciente infectado para os profissionais de saúde.
Está relacionada a, aproximadamente, 30% dos casos de Iras. Sua virulência está no fato de 
sua produção de coagulase e beta hemólise, originada pela aquisição de genesde resistência de 
outras bactérias da mesma espécie ou, eventualmente, de outras espécies e/ou por mutações 
em seus genes. A resistência por mutação ocorre devido a uma alteração no sítio de ação do 
antibiótico, enquanto a resistência por obtenção de genes de resistência frequentemente envolve 
a inativação ou destruição dos antibióticos. A resistência à penicilina é conferida pela produção 
de enzimas betalactamases, que são capazes de inativá‑la; a resistência à meticilina é concedida 
pela presença do gene Mec A, que codifica uma proteína que se liga à penicilina com baixa 
afinidade pelo antimicrobiano (SAMPAIO et al., 2013).
O Staphylococcus epidermidis é uma bactéria encontrada na pele e pode se introduzir no ambiente 
hospitalar pelos profissionais da saúde ou por pacientes, causando infecções oportunistas durante os 
procedimentos invasivos. Os pacientes com baixa resistência podem sofrer septicemia e endocardite 
relacionada a implantes, próteses e cateteres. Possui resistência muito parecida com a do Staphylococcus 
aureus, sugerida devido a uma provável transferência de genes de resistência de uma espécie para outra 
ou por sua capacidade da formação de biofilme.
As bactérias produtoras de biofilme são altamente resistentes aos antibióticos devido ao 
ambiente proporcionado pelos biofilmes, que representam uma barreira mecânica contra os 
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antibióticos. A formação de biofilmes é o principal fator de virulência resultante da biossíntese do 
polissacarídeo de adesão intercelular, promovendo a agregação celular e o acúmulo de biofilme, 
o que oferece um escudo protetor contra o sistema imunológico e contra a antibioticoterapia 
(SAMPAIO et al., 2013).
3.1.3 Pseudomonas aeruginosa
É um bacilo gram‑negativo, aeróbio facultativo, que tolera grandes variações de temperatura, tem 
mínimas exigências nutricionais, está presente no solo, plantas, frutas e vegetais e tem preferência por 
locais úmidos.
É uma bactéria específica do ambiente hospitalar e que causa infecções em diversas regiões do 
corpo, como no aparelho respiratório e no aparelho urinário, em queimaduras e na corrente sanguínea.
Essa bactéria tem a capacidade de permanecer em diversos áreas por muito tempo, além de desenvolver 
resistência contra os antimicrobianos, mas pode também conseguir resistência aos antibióticos após 
exposição prévia. O que agrava a situação de sua resistência é que costuma apresentar baixos níveis de 
sensibilidades, além de possuir vários mecanismos de resistência, como a produção de betalactamases, a 
hiperexpressão de bombas de efluxo e a perda ou expressão reduzida de proteínas de membrana externa 
(SAMPAIO et al., 2013).
A partir de 1991 surgiram as primeiras Iras por cepas multirresistentes sensíveis apenas à colistina. 
Sua elevada prevalência no ambiente hospitalar pode ser explicada pela resistência a antibióticos e 
antissépticos. Um crescente número de estudos alerta para a relação entre o uso de desinfetantes e o 
surgimento de bactérias resistentes.
Ela possui a capacidade de formação de biofilmes, principalmente em encanamentos. A água a ser 
consumida poderá ser contaminada pela bactéria. Quando isso ocorre em hospitais, existe o agravamento 
pelo risco da ingestão da bactéria por pessoas debilitadas.
Pessoas com fibrose cística, câncer e portadores de doenças imunossupressoras são altamente suscetíveis 
ao agravamento do quadro pela infecção por Pseudomonas aeruginosa. Nessas situações, o índice de 
óbitos pode chegar a 50%. Infelizmente, poucos antibióticos atuais são eficazes no seu tratamento.
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3.1.4 Enterococos
Figura 8 
São bactérias gram‑positivas na forma de cocos, habitantes do intestino humano, agentes causadoras 
eventuais de endocardite bacteriana, infecções intestinais e urinárias.
Dividem‑se em várias espécies, mas os Enterococcus faecalis e Enterococcus faecium são os que 
possuem a maior relevância nas Iras, pois estão apresentando genes com resistência à vancomicina; 
nesse caso, são chamados de Enterococos Resistentes à Vancomicina – VRE. As mãos representam uma 
importante via de transmissão.
3.1.5 Escherichia coli
E. coli ‑ Gram‑negativo Bactéria Escherichia coli
Figura 9 
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Representa um gênero de bactérias bacilares gram‑negativas, não formadoras de esporos, anaeróbicas 
facultativas, e são da família Enterobacteriaceae. Habitam o trato gastrointestinal e são os principais 
agentes etiológicos das Iras do trato urinário, meningites e sepse.
3.1.6 Acinetobacter
É uma bactéria gram‑negativa pertencente ao grupo de microrganismos comensais, de baixa 
virulência, que existem no homem e no ambiente. No homem geralmente coloniza a pele e o intestino. 
São encontradas frequentemente no solo, na água, em superfícies secas e, possivelmente, em mãos 
contaminadas de profissionais de saúde.
A Acinetobacter baumannii desenvolve resistência aos aminoglicosídeos, beta‑lactâmicos e 
fluorquinolonas, e costuma ser sensível apenas aos carbapenêmicos por sua grande aptidão em 
sobreviver e se adaptar a condições adversas.
Seus sítios de infecção mais comuns são o trato respiratório, o sangue e a urina. Embora tenha baixa 
virulência, está envolvida nas Iras em UTI em pacientes grandes queimados e em uso de ventilação 
mecânica. Especial atenção à limpeza do ambiente deve ser tomada, pois ela pode sobreviver em 
superfícies secas por 25 dias.
Muitos artigos reportam surtos causados por essa bactéria nos hospitais de todo o mundo. Esses 
surtos têm sido associados à contaminação de equipamentos de ventilação mecânica, colchões, 
umidificadores e uso indiscriminado de antibióticos.
3.1.7 Serratia marcescens
É uma bactéria gram‑negativa da família Enterobacteriaceae, que coloniza a pele e o trato 
gastrointestinal de indivíduos adultos e neonatos.
Tem sido a causa de infecções e isolada em várias fontes do meio ambiente hospitalar, entre elas 
estão as soluções desinfetantes e os antissépticos. Ela pode apresentar resistência a essas soluções e aos 
antibióticos.
3.1.8 Candida
É uma levedura, habitante comensal de diversas partes do corpo, que coloniza o trato gastrointestinal 
em 80% da população adulta saudável e a vagina em 20% a 30% das mulheres (ALTHAUS et al., 2015).
Nos hospitais correspondem a cerca de 80% das infecções fúngicas. Os fatores que a tornam o 
agente etiológico das Iras estão relacionados ao aumento do número de procedimentos invasivos, 
que quebram as barreiras de proteção natural, ao uso intensivo de antimicrobianos de amplo 
espectro e ao maior número de pessoas debilitadas e suscetíveis a microrganismos oportunistas 
(ALTHAUS et al., 2015).
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Dessa forma, as infecções fúngicas passaram a apresentar grande importância pelo seu aumento 
progressivo e por suas elevadas taxas de morbidade e mortalidade.
A Candida albicans é a espécie mais frequentemente descrita em casos de Iras em diversos países e 
tem aumentado a sua resistência aos agentes antifúngicos (ALTHAUS et al., 2015).
3.2 A resistência bacteriana
História dos medicamentos
2000 a.C. – Agora, coma esta raiz.
1000 d.C. – Aquela raiz é pagã. Agora, diga esta oração.
1850 d.C. – Aquela oração é superstição. Agora, beba esta poção.
1920 d.C. – Aquela poção é óleo de serpente.Agora, tome esta pílula.
1945 d.C. – Aquela pílula é ineficaz. Agora, leve esta penicilina.
1955 d.C. – “Oops”... os micróbios mudaram. Agora, leve este tetraciclina.
1960‑1999 – 39 mais “oops” ... Agora, leve este antibiótico mais poderoso.
2000 d.C. – Os bichos ganharam! Agora, coma esta raiz...
Anônimo
O texto anônimo indicado serve para nos alertar sobre o grave problema que enfrentamos na realidade: 
a resistência bacteriana, que será discutida a seguir. Os antibióticos exercem pressão seletiva diretamente 
por eliminar germes sensíveis, e as bactérias resistentes rapidamente multiplicam‑se, colonizando os 
espaços deixados pelos microrganismos eliminados, uma vez que não enfrentam mais a sua competição. 
Nesse sentido, colocamos para você, prezado(a) aluno(a), algumas questões para reflexão:
• Até que ponto é necessário o uso de antibióticos?
• Será que a nossa sociedade atual está utilizando esse medicamento da forma correta?
A era dos antibióticos começou em 1910, quando o químico germânico Paul Ehrlich descobriu 
o primeiro agente antibacteriano: um composto efetivo contra a bactéria causadora da sífilis, o 
Treponema pallidum.
Em 1929, houve a descoberta da penicilina por Alexander Fleming. Em 1935, Gerhard Domhk 
descobriu a sulfanilamida; e, em 1943, Selman Walksman descobriu a estreptomicina (SANTOS, 2012).
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O desenvolvimento dos antibióticos foi um marco para a área da saúde e revolucionou completamente 
os tratamentos que eram instituídos até a sua descoberta.
Os antibióticos são substâncias químicas que inibem o crescimento bacteriano e matam as bactérias. 
Em geral, eles possuem alvos específicos, como os ribossomos ou o a fonte de replicação das bactérias. 
Servem para o tratamento de doenças infecciosas, mas também são utilizados como profilaxia para as 
infecções cirúrgicas, quimioterapia de câncer e de transplantes.
Paradoxalmente, desde a descoberta dos antibióticos, as bactérias já começaram a desenvolver formas 
de resistência. Uma consequência natural da bactéria é a habilidade de se adaptar, o que é facilitado 
pelo uso indiscriminado de antibióticos, aumentando a pressão seletiva e, ainda, a oportunidade de a 
bactéria ser exposta aos mesmos antibióticos, favorecendo a oportunidade da aquisição de mecanismos 
de resistência.
Erhlich observou que os treponemas poderiam ficar resistentes às tinturas de arsênico e que os 
microrganismos resistentes não ficavam de novo sensíveis. Fleming identificou bactérias que não eram 
sensíveis ao filtrado de Penicillium, como os Staphylococcus aureus resistentes à penicilina através de 
uma beta‑lactamase (SANTOS, 2012).
A resistência também foi observada em outras situações, como no caso da resistência das Neisseria 
gonorrhoeae às sulfonamidas. Contudo, nessa época, a resistência não se constituía em um grande 
problema, pois novas drogas que poderiam facilmente substituir os antibióticos estavam sendo 
descobertas, como o cloranfenicol, as tetraciclinas, a eritromicina, as cefalosporinas e os aminoglicosídeos 
(SANTOS, 2012).
No início da resistência bacteriana, a indústria farmacêutica estava apta a solucionar o problema 
da beta‑lactamase com a modificação química do núcleo amido‑penicilina, levando a uma nova gama 
de penicilinas semissintéticas, incluindo a meticilina, a flucloxacilina e a ampicilina. Nos anos que se 
seguiram, os bacilos gram‑negativos também desenvolveram resistência.
Os microrganismos estão desenvolvendo resistência a múltiplas drogas, como é o caso da Salmonella 
typhi, do Mycobacterium tuberculosis, do Streptococcus pneumoniae e os Estafilococos de média 
resistência aos glicopeptídeos, principalmente à vancomicina. Essa resistência se expandiu rapidamente 
e mundialmente, com o agravante da queda da descoberta de novos antibióticos.
A resistência antimicrobiana tornou‑se um grande problema de saúde pública mundial e tem afetado 
os países desenvolvidos e os subdesenvolvidos. Na Europa e na América do Norte, têm surgido cepas 
de Staphylococcus aureus resistentes à meticilina (MRSA); Streptococcus pneumonia não susceptível 
à penicilina (PNSSP); Enterococos resistente à vancomicina (VRE); e Enterobacteriaceae produtoras de 
beta‑lactamase de espectro ampliado (ESBL).
A figura a seguir mostra a descoberta dos antibióticos comparada com o surgimento de cepas 
bacterianas resistentes:
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1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010
Surgimento 
da penicilina
Surgimento 
da meticilina
Beta‑lactamase
Surgimento 
da VRGA
Uso clínico da 
vancomicina
Surgimento 
da VRGA nos 
EUA
Surgimento do 
CA‑MRSA
Surgimento 
da VRGA no 
Brasil
Surgimento 
da VRGA no 
Japão
Figura 10 – Surgimento de alguns antibióticos e cepas resistentes do S. aureus nos séculos XX e XXI
Vamos destacar os principais mecanismos de resistência bacteriana aos antimicrobianos.
• alteração de permeabilidade
As bactérias gram‑negativas possuem uma permeabilidade limitada da membrana celular externa 
de lipopolissacarídeo, que reside na presença de proteínas especiais – as porinas.
Essa permeabilidade limitada é responsável pela resistência das bactérias gram‑negativas à penicilina, 
à eritromicina, à clindamicina e à vancomicina e, também, pela resistência da Pseudomonas aeruginosa 
ao trimetoprim.
A figura a seguir ilustra a alteração da permeabilidade da membrana celular das bactérias 
gram‑negativas, o que impede os antimicrobianos da penetração em seu interior:
Figura 11
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• alteração do sítio de ação do antimicrobiano
A alteração do local onde atuam os antimicrobianos impedindo a sua ação constitui um dos mais 
importantes mecanismos de resistência bacteriana. As bactérias adquirem um gene que codifica um 
novo produto resistente ao antibiótico, substituindo o alvo original.
A bactéria Staphylococcus aureus resistente à oxacilina e o estafilococos coagulase‑negativos 
adquiriram o gene cromossômico Mec A e produzem uma proteína de ligação da penicilina resistente 
aos β‑lactâmicos.
A figura a seguir ilustra como ocorre a transferência do gene de resistência.
Morte da bactéria
Célula doadora de 
plasmídeo
Bacteriófago
Gene de 
resistência
Gene de 
resistência
Gene de 
resistência
Plamídeo
Bactéria infectada por vírus
Bactéria recebendo os 
genes de resistência
Figura 12 ‑ Tranferência de genes de resistência
Alternativamente, um gene recém‑adquirido pode atuar para modificar um alvo, tornando‑o 
menos vulnerável a determinado antibiótico. Dessa forma, um gene transportado por plasmídeo ou 
por transpóson codifica uma enzima que inativa os alvos ou altera a ligação dos antimicrobianos, como 
ocorre com a eritromicina e a clindamicina.
A figura a seguir destaca a alteração do sítio de ação que as bactérias podem fazer, impedindo a 
ação dos antibióticos.
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Figura 13
• bomba de efluxo
A bomba de efluxo constitui‑se do bombeamento ativo dos antibióticos do meio intracelular para o 
extracelular, o que produz a resistência bacteriana a determinados antimicrobianos.
A resistência às tetraciclinas, codificada por plasmídeos em Escherichia coli, resulta da ação dessa 
bomba.
A figura a seguir evidencia a ação da bomba de efluxo.
Figura 14
• mecanismo

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