Buscar

A Educação Física Escolar e a Ludicidade

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 84 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 84 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 84 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E O UNIVERSO DA 
LUDICIDADE NA APRENDIZAGEM – AULA 9
PEDAGOGIA – PROF. JOSÉ VEIGA DE C. FILHO
Rio de Janeiro, 16 de Junho de 2011 
1
A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E O 
UNIVERSO DA LUDICIDADE NA 
APRENDIZAGEM – AULA 9
2
OBJETIVOS
3
1. Compreender a cultura lúdica como uma das
possibilidades de enfrentamento à lógica da
mecanização e da alienação humana.
2. Refletir sobre a prática da Educação Física
Escolar como tempo e espaço para as atividades
lúdicas.
3. Reconhecer a cultura lúdica como princípio
socioeducativo relevante para a construção criativa
dos conhecimentos através das brincadeiras e dos
jogos.
O conteúdo desta aula deverá proporcionar uma reflexão
crítica sobre a compreensão da atividade lúdica como uma
das expressões mais significativas do processo de
humanização. A partir da atividade lúdica, as pessoas
expressam suas emoções, suas concepções, seus
questionamentos e até recriam suas formas de enfrentar
situações de divergência, de angústia, de desprazer...
brincando.
4
Os pensadores Johan Huizinga, Joffre Dumazedier, Valter
Brach, entre outros, favorecem a reflexão desafiante sobre
a importância do tempo e do espaço para a prática das
atividades lúdicas que, de forma expressiva, contribuem
para o processo de construção do ser e do saber e para o
desenvolvimento de atividades didático-pedagógicas.
5
Huizinga
Dumazedier
Bracht
Oportunizar conhecimentos sobre a
ludicidade na prática da Educação
Física Escolar é dar sentido aos
conteúdos dessa prática enquanto
disciplina curricular comprometida com
um projeto político-pedagógico que
objetiva a transformação consciente
das relações sociais.
6
Em época mais otimista que a atual, nossa espécie recebeu
a designação de Homo sapiens. Com o passar do tempo,
acabamos por compreender que, afinal de contas, não
somos tão racionais quanto a ingenuidade e o culto da
razão do século XVIII, que nos fizeram supor, e passou a
ser de moda designar nossa espécie como Homo faber.
7
Embora faber não seja uma definição do ser humano tão
inadequada como sapiens, ela é, contudo, ainda menos
apropriada do que esta, visto que ela pode servir para
designar um grande número de animais. Mas existe uma
terceira função, que se verifica tanto na vida humana
como na animal, e é tão importante como o raciocínio e
o fabrico de objetos: o jogo. Creio que, depois de Homo
faber e talvez ao mesmo nível de Homo sapiens, a
expressão Homo ludens merece um lugar em nossa
nomenclatura. (HUIZINGA, 1938).
8
Pensar o lúdico dentro da cultura impõe a seguinte
pergunta:
Quais espaços para o desenvolvimento do lúdico estão
garantidos em nossa sociedade atual?
9
Como observamos em aulas anteriores,
as novas formas de desenvolvimento
da sociedade moderno-industrial, em
ascendência desde o final do século
XVIII, exerceram forte influência sobre o
processo de transformação dos
hábitos do cotidiano e das relações de
trabalho, ou seja, sobre a cultura de
toda a sociedade de um modo geral e,
especificamente, sobre a cultura da
classe trabalhadora.
10
Como não poderia ser diferente, tais mudanças também
interferiram nas experiências da cultura lúdica
desenvolvida naquele modelo de sociedade. Sobre isto,
vale ressaltar que a classe dominante tentava, de todas
as maneiras, reprimir as atividades populares, por
exemplo, a repressão sofrida pelos jogos:
11
Essas atividades eram vistas como uma ameaça à ordem
imposta pelo modo de produção capitalista. Para a elite
(econômica, política e intelectual), o jogo, além de
provocar 'desvio de atenção sobre a vida santificada', não
contribuía para o restabelecimento das forças
necessárias para a retomada do trabalho (SEED-PR,
2006, p. 61).
12
Ao perceber o caráter insubordinado dos jogos, além de
suas potencialidades para explorar a criatividade de
seus praticantes, foi que “a classe dirigente procurou
dar destaque ao esporte e minimizar a importância
social do jogo” (Ibid., p. 62).
13
Foi assim que, grosso modo, deu-se a introdução do
esporte com suas regras rigorosas e padronizadas,
objetivando “disciplinar por meio da aceitação da ideia de
que regras rígidas devem ser seguidas por todos, para o
bem e a ordem social” (Ibid.).
14
Mesmo que a lógica do esporte tenha assumido sua
hegemonia na sociedade capitalista, ainda assim é
possível perceber que os jogos estão presentes nas
brincadeiras infantis tais como as rodas, brinquedos
cantados, atividades populares, etc. Essas atividades
permanecem provocando excitação, prazer e
criatividade àqueles que delas participam.
15
Os jogos, na atualidade, perderam as suas raízes fundadas no 
lúdico? 
Qual é o espaço do lúdico na cultura contemporânea? 
16
E sob quais aspectos o esporte se diferencia do jogo?
Pode-se dizer que o jogo se diferencia
do esporte quando ao primeiro
imprimimos um caráter lúdico, realizado
por meio de uma atividade voluntária
que pode ser modificada a qualquer
tempo, interrompida a qualquer instante
e transferida a qualquer hora. O jogo
não deve estar sujeito a ordens ou
regras rígidas, a não ser nos casos em
que represente uma atividade cultural
com a finalidade de perpetuação de
hábitos dos mais diversos povos. Ou
seja, o jogo tem como características
marcantes a liberdade e o prazer
(Ibid., p. 71).
17
Na busca de diferenciação entre o esporte e o jogo, entra
em cena o lúdico como elemento diferencial.
18
Então, o que é o lúdico?
Na tentativa de refletir sobre as questões citadas, esta
aula busca analisar o papel dos jogos e brincadeiras
escolares como espaço, por excelência, da expressão
da cultura lúdica. Sendo assim, o lazer, baseado na
elaboração e prática dos brinquedos, brincadeiras e
jogos (ou seja, baseado na cultura lúdica) é
apreendido como um elemento apropriado à superação
dos processos de mecanização humana, oriunda da
racionalização científica que rege a sociedade capitalista
(BRACTH, 2003, p. 162).
19
20
O Jogo, a Brincadeira e a Cultura Lúdica
A função do jogo, nas formas mais elevadas que aqui nos
interessam, pode de maneira geral ser definida pelos dois
aspectos fundamentais que nele encontramos: uma luta por
alguma coisa ou a representação de alguma coisa. Essas
duas funções podem também, por vezes, confundir-se de tal
modo que o jogo passe a "representar" uma luta, ou,
então, se torne uma luta para melhor representação de
alguma coisa. (HUIZINGA, 1939, p. 14) )
Johan Huizinga, em 1938, em seu livro “Homo Ludens”,
defendeu que o “jogo” deveria ser considerado como toda e
qualquer atividade humana. O autor foi categórico ao afirmar
que o seu maior objetivo, ao escrever aquela obra, era o de
“procurar integrar o conceito de jogo no de cultura”.
21
Se eu quisesse resumir meus
argumentos sob a forma de teses, uma
destas seria que a antropologia e as
ciências a ela ligadas têm, até hoje,
prestado pouca atenção ao conceito
de jogo e à importância fundamental
do fator lúdico para a civilização
(Ibid., p. 3).
22
Todas as perguntas levantadas pelo autor, ao mesmo tempo
em que estavam em perfeita harmonia com o seu tempo
(início do século XX), mantêm-se, de modo revelador, com a
mesma pertinência e atualidade.
23
Por que será?
A resposta pode ser encontrada no fato de que o avanço e a
supervalorização da racionalidade técnica, vistas à época por
Huizinga, e que criavam regras que levariam à
produtividade incessante do indivíduo, ainda
permanecem, até os dias atuais, sob um grau muito mais
elevado, ao levar-se em consideraçãoo grau de avanço
tecnológico.
24
Atento a estas e outras questões, Valter Bracht (op. cit.,
2003) chama a atenção para a realidade da escola na
atualidade. Desse modo, questiona sobre o fato de haver
ou não uma disciplina específica a qual deveria atribuir-se
o trato da cultura como lazer. Nesta perspectiva o autor
pergunta: “De quais disciplinas isso seria atribuição?”.
25
(…) na atual forma de organização dos
saberes e práticas escolares, são a
Educação Física e a Educação Artística
aquelas que possuem uma relação mais
direta com o lazer, que educam para ele
também com práticas, ou seja, transmitindo
práticas a serem vivenciadas como lazer –
com maior engajamento corporal ou a partir
de linguagens que não apenas a conceitual,
como no caso da literatura. De fato, na
Educação Física, as crianças aprendem a
jogar. E aprender a jogar é importante,
principalmente se considerarmos que
existem muitas formas de jogar, muitos
'modos de jogar' (Ibid., 164).
26
Segundo o autor, as diferentes disciplinas, levando-se em
consideração as suas especificidades, devem participar do
processo de educação para o lazer. Porém:
27
Não se trata, no entanto, de responsabilizar “uma ou
outra disciplina escolar pela educação para o lazer (a
Educação Física e a Educação Artísitica, por
exemplo), mas que a escola como um todo assuma
a educação para o lazer como tarefa nobre e
importante, o que implica em colocar em questão as
próprias finalidades sociais da instituição escolar”
(Ibid).
28
Observa-se em toda a exposição descrita a preocupação de
que o lazer e a recreação não se tornem mera
reproduções de atividades práticas, cópias irrefletidas de
manuais de jogos. Para que isso não ocorra, faz-se
necessária, isto sim, uma busca constante do significado
dessas práticas por meio da análise de seus aspectos
sociais, pedagógicos e culturais. Assim, tal como alerta
Bracht, “o desafio parece-nos ser: nem jogo sem
pensamento, nem jogo, e pensamento e, sim,
'jogopensamento'”.
29
Brinquedo é o objeto
destinado a divertir uma
criança. Segundo Kishimoto
(1994), “o brinquedo é
entendido como um objeto,
suporte da brincadeira.”
30
Brinquedo, Brincadeiras e Jogos: Elementos do 
Lúdico
Brinquedos
Vygotsky (1984) diz que “o
brinquedo tem um papel importante,
aquele de preencher uma atividade
básica da criança, ou seja, ele é um
motivo para ação.”
31
Para Walter Benjamim (1984),
“o brinquedo sempre foi um
objeto criado pelo adulto para
criança.” Mesmo os
brinquedos antigos como a
bola, a pipa, desenvolveram
as fantasias infantis.
32
Nesta perspectiva, entende-se a escola também como
um espaço responsável pela produção desta cultura e,
portanto, também dar vida à cultura da ludicidade.
33
Acredita-se que o conteúdo imaginário
do brinquedo é que determinava as
brincadeiras, quando, na verdade,
quem faz isso é a criança. Através do
brinquedo, a criança instiga a sua
imaginação, adquire sociabilidade,
experimenta novas sensações,
começa a conhecer o mundo, trava
desafios e busca satisfazer sua
curiosidade de tudo conhecer.
34
O brinquedo envolve regras que, embora não sendo
definidas, se originam da imaginação da criança. Se a
imaginação precisa ter regras de comportamento (ainda
que escondida), então toda brincadeira com regras
contém, de forma oculta, uma situação imaginária.
35
Os brinquedos podem contar a história do próprio homem
e sua evolução social, cultural e até política. Política
porque os soldadinhos de chumbo, por exemplo, nasceram
com os jogos de guerra. Muitos reis, como o francês Luis IX
(1214-1270), divertiam–se articulando batalhas com seus
pequenos soldados.
36
Devido à emancipação do
processo de industrialização,
os brinquedos tornaram-se
sofisticados, diversificados e
foram perdendo o vínculo com
a simplicidade e com o
primitivo.
O brinquedo é um meio de demonstrar as emoções e
criações da criança. No brinquedo, o modo de pensar e
agir de uma criança é diferente do modo de pensar e
agir de um adulto.
37
O brinquedo não é apenas um objeto que as crianças
usam para se divertirem e ocuparem o seu tempo, é
também um objeto capaz de ensiná-las e torná-las
felizes ao mesmo tempo. Na classificação psicológica,
os brinquedos são selecionados para o desenvolvimento
corporal, intelectual, afetivo, criativo e social.
38
39
Sua função é:
❑ Aumentar a integração com outras crianças;
40
❑ Exercitar a imaginação e a criatividade;
41
❑ Estimular a sensibilidade visual e auditiva;
42
❑ Desenvolver a coordenação motora;
43
❑ Aumentar a independência;
44
❑ Diminuir a agressividade;
45
❑ Ajudar a resgatar a cultura.
Na classificação por famílias, os brinquedos são
selecionados em sete categorias:
46
1- Para primeira idade
(bebês - atividade
sensório-motora):
brinquedos para o berço ou
para brincar na hora do
banho, como chocalhos,
bichinhos de borracha,
móbiles, caixas de encaixe.
47
2- Para atividades físicas:
bicicleta, patins, pingue-
pongue, bola, corda.
48
3- Atividades intelectuais:
quebra-cabeça, jogos de
perguntas e respostas,
caixas de experiências,
jogos por computador,
robôs.
49
4- Os que reproduzem o
mundo técnico: telefone,
fogão, caminhões, autoramas.
50
5- Desenvolvimento afetivo
(fazem vários desenhos
relacionados com a
afetividade): bonecas,
bichinhos de pelúcia,
miniaturas de animais.
51
6- Atividades criativas
(constroem fantoches e
outros brinquedos):
dobraduras, massa de
modelar, caixa de pintura.
52
7- Relações sociais (fazem
vários desenhos e brincam
com outras crianças):
xadrez, videogame, jogos
diversos.
53
Brincadeiras
A brincadeira provoca a socialização e realiza contatos
humanos, por isso é muito importante no desenvolvimento
das crianças. Geralmente, a brincadeira requer no mínimo
duas ou três crianças.
Vencedor:
A brincadeira é a principal e fundamental diferença. Não
há como se vencer uma brincadeira. Ela simplesmente
acontece e se desenvolve enquanto houver motivação e
interesse.
54
Formalidades:
As brincadeiras nem sempre apresentam evolução
regular, ou seja, nem sempre há maneiras formais de
proceder a seu desenvolvimento.
55
Regras:
As brincadeiras são mais livres, podem ter regras, mas
podem também não tê-las. As brincadeiras sem regras
são individuais. O grupo, só por existir, sugere regras.
56
Final:
A brincadeira não tem final predeterminado. Como já
dissemos, ela prossegue enquanto houver motivação e
interesse por parte dos participantes. Talvez uma
brincadeira termine, também, por ocorrência de fatores
externos a ela, como o término do tempo livre disponível,
ou a chuva, etc.
57
Ápice:
As brincadeiras podem ter um ponto alto a ser atingido,
mas, muitas vezes, não têm.
58
Modificação:
A brincadeira pode sofrer modificações durante seu
desenrolar, de acordo com os interesses do momento
dos participantes.
59
Consequências:
As brincadeiras, por serem muito mais desvinculadas de
padrões, têm consequências imprevisíveis.
60
As brincadeiras podem ser de diferentes tipos como:
61
Brincadeiras solitárias
Brincadeiras solitárias - são aquelas que prendem
a atenção da criança, cuja presença de outra não
oferece interesse para quem está brincando. Elas
testam diferentes experiências, ficam em silêncio
ou, às vezes, falam consigo mesmas.
62
Brincadeiras em paralelo
Brincadeiras em paralelo- brincar na
presença do outro: nessa brincadeira, a
criança brinca ao lado de algum colega,
porém sem fazer esforço para estabelecer
contato. No máximo, o que fazem é defender
seu próprio brinquedo e ficam, às vezes, em
silêncio.
63
Brincadeiras com outras crianças
Brincadeiras com outras crianças - as
brincadeiras podem ser tranquilas ou agitadas,
isso vai depender do grupo. Nesse tipo de
brincadeira, as crianças brincam da mesma
forma, para não serem diferentes. Às vezes,
conversam muito sobre a atividade que está
sendo desenvolvida.
64
Brincadeiras cooperativas
Brincadeiras cooperativas - são as brincadeiras
em que todas as crianças brincam juntas, cada
uma com uma função predefinida. A brincadeira
cooperativa pode constituir, simplesmente, a
atividade conjunta de montar objetos com peças
de encaixe ou fazer castelos de areia. A criança
toma parte das atividades compartilhadas fazendo
a mesma coisa; divide brinquedos, trabalha com
os outros, a conversa é principalmente em torno
da atividade, os jogos são simples.
65
Brincadeiras cooperativas complexas
Brincadeiras cooperativas complexas - nesse tipo
de brincadeira, as crianças assumem papéis,
esperam sua vez, e toda atividade depende mais
do desempenho conjunto do grupo. As
brincadeiras sociais vão se desenvolvendo à
proporção que a criança descobre como se
comunicar com as outras usando a palavra. A
criança brinca de faz de conta, assume papéis,
representam, participam de jogos com regras
complexas, as brincadeiras de papai e mamãe
duram vários dias e as conversas giram em torno
das brincadeiras.
66
Jogos
Segundo Vygotsky, o jogo aproxima-se da arte, tendo em
vista a necessidade de a criança criar para si o mundo às
avessas para melhor compreendê-lo.
Piaget (1975) dedicou-se a
estudar os jogos e chegou a
estabelecer uma classificação
deles de acordo com a evolução
das estruturas mentais:
67
- Jogos de exercício (0 a 2 anos) - sensório-motor;
68
A principal característica da ação exercida pela criança no
período sensório-motor é a satisfação de suas
necessidades. Ela passa a agir por prazer, e é este prazer
que traz significado à ação. Por isso, o ato de sugar é tão
significativo. O bebê mama não apenas para sobreviver,
mas porque descobre prazer ao mamar, à medida que
satisfaz sua fome.
- Jogos simbólicos (2 a 7 anos) – pré-operatório;
69
Esse tipo de jogo é predominante na idade de 2 a 7 anos,
ou seja, no período pré-operatório do pensamento descrito
por Piaget. No jogo simbólico, a criança já é capaz de
encontrar o mesmo prazer que tinha anteriormente no jogo
de exercício, lidando agora com símbolos.
Os jogos simbólicos têm as seguintes características:
70
- Liberdade total de regras;
- Desenvolvimento da imaginação e da fantasia;
- Ausência de objetivos (brincar pelo prazer de brincar);
- Ausência de uma lógica da realidade;
- Assimilação da realidade ao eu (a criança adapta a
realidade a seus desejos).
- Jogos de regras (a partir de 7 anos).
71
Neles existe o prazer do exercício, o lúdico do simbolismo,
a alegria do domínio de categorias espaciais e temporais,
os limites que as regras determinam, a sociabilização de
condutas que caracterizam a vida adulta.
Os jogos de regras pressupõem uma situação-problema,
uma competição por sua resolução e uma premiação
advinda dessa resolução. As regras orientam as ações
dos competidores, estabelecem seus limites de ação,
dispõem sobre as penalidades e recompensas. As
regras são as leis do jogo.
72
Para ser enquadrada como um jogo de regras, é
necessário, portanto, que:
73
- Haja um objetivo claro a ser alcançado;
- Existam regras dispondo sobre esse objetivo;
- Existam intenções opostas dos competidores;
- Haja a possibilidade de cada competidor levantar
estratégias de ação.
Os jogos podem se dividir em pequenos, médios e
grandes jogos. Eles são diferenciados a partir da
organização de regras específicas, da dimensão da
área/ambiente onde ocorre a sua realização e da forma
como se estrutura a dinâmica de cada um deles.
Podemos observar nos jogos os seguintes indicadores.
74
Vencedor: Se uma atividade recreativa permite alcançar
vitórias, ou seja, haver um vencedor, estamos tratando de um
jogo. O jogo busca um vencedor.
Formalidades: Todo jogo apresenta uma evolução regular, ele
tem começo, meio e fim. Consequentemente, existem
maneiras formais de se proceder.
Regras: O jogo sempre terá regras. Não existe jogo sem, pelo
menos, uma regra que seja.
Final: O jogo sempre tem seu final previsto, quer seja por
pontos, por tempo, por número de repetições ou por tarefas
cumpridas.
75
Ápice: O jogo sempre terá um ponto alto a ser atingido,
como exemplo marcar o ponto ou cumprir uma tarefa.
Modificações: Se pretendemos fazer uma manifestação
em um jogo, devemos interrompê-lo, inserir a modificação
como nova regra e depois reiniciá-lo.
Consequências: Podemos tentar prever algumas
consequências dos jogos.
76
Por fim, trazendo a esta reflexão as contribuições de
Gilles Brougère (1998), vale dizer que a cultura lúdica
deve ser entendida como “um conjunto de
procedimentos que permitem tornar o jogo possível”.
77
O autor destaca o fato de que ter acesso a uma cultura
lúdica significa dispor de um certo número de referências
que permitem interpretar como jogo, atividades que
poderiam não ser vistas como tais por outras pessoas.
Nesse sentido diz que:
78
[...] são raras as crianças que se enganam quando se trata de
discriminar no recreio uma briga de verdade e uma briga de
brincadeira. Isso não é fácil para os adultos, sobretudo para
aqueles que, em suas atividades quotidianas, se encontram
mais afastados das crianças. Não dispor dessas referências é
não poder brincar. Seria, por exemplo, reagir com socos de
verdade a um convite para uma briga lúdica. Se o jogo é
questão de interpretação, a cultura lúdica fornece referências
intersubjetivas a essa interpretação, o que não impede
evidentemente os erros de interpretação. (Ibid.)
79
A cultura lúdica compreende para Brougère o que se poderia
chamar de esquemas de brincadeiras para distingui-los das
regras stricto sensu. Trata-se para o autor “de regras vagas,
de estruturas gerais e imprecisas que permitem organizar
jogos de imitação ou de ficção”.
80
Finalmente, a cultura lúdica compreende
conteúdos mais precisos, que vêm revestir
essas estruturas gerais sob a forma de um
personagem (Superman ou qualquer outro) e
produzem jogos particulares em função dos
interesses das crianças, das modas, da
atualidade. A cultura lúdica, afirma Brougère ,
“se apodera de elementos da cultura do meio
ambiente da criança para aclimatá-la ao jogo”.
81
82
Nesta aula, você:
1. Compreendeu que a cultura lúdica é base
fundamental ao desenvolvimento do lazer e
da recreação na escola.
SÍNTESE DA AULA:
83
2. Analisou que o lúdico perde o seu
sentido emancipatório se for apenas
assimilado, de modo irrefletido. Ao
contrário, a cultura lúdica deverá ser
criada por todos que pensam, que
participam e que produzem os saberes da
escola.
SÍNTESE DA AULA:
84
3. Identificou que a cultura lúdica pode
constituir-se em um espaço pedagógico
propício à criação e emancipação humanas
através das brincadeiras e dos jogos.
SÍNTESE DA AULA:

Continue navegando