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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE QUÍMICA História da Ciência e Epistemologia Aluno: Lincoln Fernandes de Araujo Rosa FICHA DE LEITURA ARTIGO: NASCIMENTO, Carolina Cavalcanti do. Reflexões sobre a Natureza da Ciência à luz das Epistemologias do Sul. In: XI ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS., Florianópolis, SC. 2017. PALAVRAS-CHAVE: natureza da ciência, epistemologias do sul, ensino de ciências. SINOPSE DO TEXTO: O texto explica brevemente o conceito de Epistemologias do Sul e ressalta como a construção da ciência se deu por conta de uma hegemonia do conhecimento científico europeu. Além disso, problematiza a Natureza da Ciência, tomando como base as Epistemologias do Sul e seus efeitos na construção da identidade científica contemporânea. IDEIAS-CHAVE DO TEXTO: Em um primeiro momento, a autora conceitua a Epistemologia de um modo geral, colocando-a como “noção ou ideia, refletida ou não, sobre as condições do que conta como conhecimento válido”. Em seguida ela adiciona que tal Epistemologia passa a validar apenas o conhecimento científico como único. Dentro deste âmbito, enumera-se que a Epistemologia em si passou por um processo definido como “colonialidade do poder”, onde os efeitos do período colonialista foram refletidos sobre os conhecimentos e técnicas das populações colonizadas. Diante disto, a autora ressalta a necessidade de “um movimento de decolonização do poder e do saber”, de modo a questionar o conhecimento científico dos ultimos séculos e seu monopólio sobre o pensamento crítico. É apresentado neste momento, então, o termo “Epistemologias do Sul”, que são práticas alternativas à das epistemologias dominantes, e que “denunciam a supressão e valorizam os saberes que resistiram com êxito à política de dominação”. Em seguida, em um novo foco, é trazido um olhar sobre Ciência, ressaltando que sua caracterização não pode ser traçada a partir de uma única perspectiva e que justamente esta pluralidade “permite realçar diferentes aspectos da prática científica”, mas que, para a sala de aula, é necessário um recorte simplificado do conhecimento. A autora ressalta também a natureza singular e universal da Ciência, conferido pela Epistemologia, sendo esta posição não questionada, permitindo a criação de aparatos institucionais que dificultaram o diálogo com outros saberes. Ela relaciona também a Ciência, em determinado momento da história, como forma de opressão contra grupos minoritários, e que seu desenvolvimento ao longo dos anos não rompeu com esta centralização européia que foi atribuída a ela, o que nos impede de compreender o mundo a partir do local onde vivemos e de nossas próprias epistemologias. COMENTÁRIOS: O texto se mostra inspirador e traz um debate muito importante sobre o domínio do conteúdo científico apresentado a todos nós. Fazendo uma breve análise de todo o material científico a que estamos expostos, podemos perceber elementos reais de dominação européia, como a falta de conteúdo histórico sobre as ciência, e a pouca menção de povos não-europeus em narrativas científicas. O movimento epistemológico europeu foi preciso e inteligente ao utilizar sua posição de “verdade universal” para gerar segregação e sentimento de inferioridade em diversos povos, marcas estas que se perpetuam e que necessitam um trabalho contínuo da comunidade científica para que se possa apagar.
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