Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Produção microbiológica de ácidos orgânicos e vitaminas Giuliana Rahmeier Bonassa Nathália Luana Cecchet Rafaela Alberton Favato Ácidos orgânicos Introdução O que se caracteriza como um ácido orgânico: Substâncias que contém um ou mais grupamentos carboxilas em sua molécula. Composto por um átomo de carbono ligado a um átomo de oxigênio por ligação dupla e a um grupo de hidroxila, por ligação simples. Introdução Relevância dos ácidos orgânicos Indústria Alimentícia Indústria Cosmética Saúde Conservantes e neutralizantes Rejuvenescedor facial Processos metabólicos do corpo Introdução Exemplos de Ácidos Orgânicos: Introdução Ácido cítrico: ➔ Responsável pela acidez de frutas cítricas. ➔ Na indústria, o ácido cítrico é fabricado pela fermentação aeróbica do açúcar bruto (sacarose) ou açúcar de milho (dextrose) por cepas de Aspergillus niger. Introdução Ácido cítrico: Introdução Ácido Acético: ➔ Compõe o vinagre; ➔ Seu processo de produção é antigo, como a oxidação aeróbica, por bactérias do gênero Acetobacter, do álcool a ácido acético diluído, (produz o vinagre, obtido pela fermentação do vinho, da cidra ou do malte, por exemplo); Introdução Ácido Acético: Indústria Uso Indústria Alimentícia Condimento e conservante de alimentos Indústria de Plástico Fabricação de PET (para garrafas de refrigerante) Indústria Farmacêutica alguns procedimentos de limpeza Indústria Têxtil Neutralizante e acidulante Indústria de Borracha Coagulante de látex Laboratórios Ácido acético glacial, matéria prima de acetato de etila e acetato de sódio Introdução Ácido Lático: ➔ Produzido por meio da fermentação bacteriana da lactose (açúcar do leite) principalmente por Streptococcus lactis, mas também por Pediococcus, Leuconostoc, e Lactobacillus; ➔ É produzido também no corpo humano; ➔ Industrialmente é fabricado através da fermentação controlada de hexoses de melaço, milho e leite; Introdução Ácido Lático: Indústria Uso Indústria Farmacêutica Comprimidos, suturas cirúrgicas , próteses Indústria de Curtume Curtimento do couro Indústria Quimica Mordentes, solventes, vernizes, tintas Indústria Alimentícia Acidulante, flavorizante, regulador de pH, conservante Indústria de Polímeros Polimerização em ácido polilático (polímero biodegradável), outros polímeros termoplásticos e transparentes Introdução Ácido Glicônico: ➔ Possui ação cáustica, sendo capaz de formar complexos solúveis com íons metálicos divalentes e trivalentes em soluções aquosas; ➔ Processo de obtenção passa pela oxidação de glicose. A principal desvantagem destes processos é o baixo rendimento, ocasionados pela formação inevitável de subprodutos indesejáveis; Introdução Ácido Glicônico: Indústria Uso Indústria Quimica Sal sódico de acido glicônico para remover óxidos de metais pesados, remover tintas e vernizes de superfícies, soluções para lavagens de vasilhames Indústria Alimentícia Previne formação de precipitados indesejáveis, realça o sabor e complexa traços de metais pesados Indústria Civíl Sal sódico de ácido glicônico como aditivo da produção de concreto Linha de produção Ácido cítrico ★ Processo utilizando Aspergillus niger; ★ Fermentação a partir da glicose ou sacarose; ★ Dois tipos: submerso e em superfície; ★ Produto de metabolismo primário -> ciclo de Krebs; Linha de produção Ácido cítrico ★ Baixos valores de pH -> entre 1,7 e 2; ★ Processo aeróbio; ★ Concentrações de Mn, Fe, Cu e Zn -> devem ser controladas; ★ Sais de amônio -> queda no pH -> pré-requisito para obtenção de um rendimento alto; ★ Suplementação do meio com pequenas quantidades de álcool e lipídeos; Linha de produção Ácido cítrico ★ Em meio sólido: ○ Processo Koji; Substrato esterilizado e com pH ajustado Farelo entre 30 e 36 graus -> inoculado com esporos de A. niger Farelo inoculado + preparado Koji -> biorreator (em bandejas) Ácido cítrico extraído com água 4 a 6 dias Linha de produção Ácido cítrico ★ Meio de cultura líquido: ○ Processo ocorre na superfície; ○ 4 a 5 dias -> ar úmido; ○ Depois: ar seco; ○ Cuidado para o micélio estar sempre na superfície; Inoculação do mosto com A. niger Distribuído em bandejas rasas Em 24h -> esporos começam a germinar Redução de açúcares: de 20 a 25% até 1 a 3% Mosto é drenado e substituído por outro 8 a 10 dias Linha de produção Ácido cítrico ★ Fermentação submersa: ○ Mais utilizado; ○ Fermentadores aerados do tipo torre ou STR; ○ Aeração contínua; ○ Agentes antiespumantes são adicionados; Meio esterilizado e imediatamente resfriado até 30 graus Inóculo com esporos de A. niger pH ajustado Extração: meio filtrado é submetido a uma segunda filtração Citrato é precipitado da solução (hidróxido de cálcio -> citrato de cálcio Citrato de cálcio é filtrado e tratado com ácido sulfúrico -> precipita sulfato de cálcio Sobrenadante = ácido cítrico Linha de produção Ácido acético ★ Produção de vinagre pela fermentação oxidativa de etanol; ★ Há pelo menos 10 mil anos -> fermentação espontânea do vinho quando em contato com o ar; ★ Cultivo submerso e fermentação semicontínua; Linha de produção Ácido acético ★ Microflora mista de Acetobacter (cepas da mesma espécie); ★ Gluconobacter e Frauteuria; ★ De maneira geral -> soluções hidroalcoólicas não destiladas não requerem adição de nutrientes; ★ Bactérias acéticas -> aeróbias estritas; ★ Exaustão de etanol -> perda de viabilidade celular; ★ Acetator Frings; Linha de produção Ácido lático ★ Cultivo anaeróbio de Lactobacillus; ★ Bactérias láticas -> melhores catalisadores; ★ Outras bactérias (gram+) -> Enterococcus, Lactococcus, Streptococcus, etc; ★ Como as bactérias são anaeróbias facultativas, exclusão de oxigênio não é requisito; Linha de produção Ácido lático FERMENTAÇÃO Homolática Heterolática Ácidos mistos Ácido lático CO2, etanol e acetato + ácido lático CO2, etanol, acetato e formato + ácido lático Linha de produção Ácido lático ★ Não conseguem sintetizar ATP pela respiração; ★ Bactérias obtêm energia através da fosforilação a nível de substrato; ★ O pH pode influenciar na produção, dependendo da espécie; ★ pH é o parâmetro mais importante; ★ A escolha do microrganismo depende do substrato; ★ Açúcar puro -> maior grau de pureza, menos etapas de purificação; Linha de produção Ácido lático ★ Tanques de aço inoxidável (lembrar que ácido lático é altamente corrosivo); ★ 42 horas de fermentação; ★ A cada 6 horas -> hidróxido de cálcio para controle do pH; ★ Mudança no pH -> inibição da fermentação; NA PURIFICAÇÃO Aquecimento para eliminação dos organismos Elevação do pH com lixivia de cálcio e aquecimento Precipitação do lactato de cálcio -> filtração Linha de produção Ácido glicônico ★ Oxidação da glicose; ★ Fermentação por fungos filamentosos e bactérias oxidativas; ★ Mais utilizado -> Aspergillus niger; Glicose ä-gliconolactona Ácido glicônico Glicose oxidase Lactonase Linha de produção Ácido glicônico ★ Controle de pH -> adição de álcalis no meio; ★ pH acima de 3,5 -> evita a inativação da glicose oxidase; ★ Meio de fermentação -> limitante em termos de oxigênio e fósforo; Vitaminas Introdução VITAMINA = VITA (vital) + AMINA (compostos orgânicos nitrogenados) Nutrientes essenciais para o metabolismo celular de organismos que atua em conjunto com enzimas, desempenham reações metabólicas antioxidantes e desintoxicantes. Introdução Qual a importância de se estudar e produzir vitaminas?➔ Fortalece o sistema imunológico; ➔ Influencia em fatores de crescimento para animais, plantas e microorganismos; ➔ Colaboraram para a reparação de tecidos e a saúde de mucosas; ➔ Podem atuar como tratamento terapêutico e preventivo de doenças; Introdução Divididas em dois grandes grupos: LIPOSSOLÚVEIS HIDROSSOLÚVEIS Introdução Como são produzidas comercialmente? Desvantagens da síntese química e extração: alto custo, energia intensa e a produção de resíduos químicos que podem ser prejudiciais ao meio ambiente exigindo descarte adequado. Síntese química, extração de outros organismos como plantas, e produção biotecnológica por microorganismos Introdução Introdução O ácido Ascórbico - Vitamina C Grande parte do ácido L-ascórbico fabricado comercialmente é sintetizado através do processo de Reichstein utilizando D-glucose como material de partida. semi-síntese. Envolve 6 passos químicos e um passo de fermentação (Acetobacter) para a oxidação de D-sorbitol para L-sorbose. O rendimento global do processo é de aproximadamente 50%. Viabilidade? Introdução ➔ Participa de reações químicas importantes no funcionamento do organismo, como a produção de metionina; ➔ É bastante utilizada no tratamento de anemias, principalmente a anemia autoimune e alem disso a falta de B12 relaciona-se com problemas neurológicos; ➔ Essa substância é sintetizada exclusivamente por processos fermentativos, não estando presente, portanto, em alimentos de origem vegetal; Vitamina B12 - Cianocobalamina Introdução ➔ A sintese química é praticamente impossível pois envolveria 70 reações. Vitamina B12 - Cianocobalamina ➔ Micro-organismos utilizados na produção: Streptomyces (S. griseus, S. olivaceus), Bacillus (B. megatherium), Propionobacterium (P. freundereichii), Pseudomonas (P. denitrificans) Indústrias Linha de Produção ★ Biossíntese restrita a micro-organismos; ★ A maioria das etapas da biossíntese da vitamina B12 foi caracterizada em Pseudomonas denitrificans, Salmonella typhimurium e Propionibacterium freudenreichii; ★ 2 rotas: aeróbias (P. denitrificans) e anaeróbias ( P. shermanii, Salmonella typhimurium e Bacillus megaterium); VITAMINA B12 Linha de Produção ★ A biossíntese de todos os derivados de tetrapirróis começa no esqueleto C-5 do glutamato; ★ 1º o glutamato é reduzido ao glutamato-1-semialdeído pela glutamil-RNAt redutase; ★ O aldeído é convertido num segundo passo em ácido 5-aminolevulínico. ★ Duas moléculas de ácido 5-aminolevulínico são condensadas para gerar a molécula de porfobilinogênio. VITAMINA B12 Linha de Produção ★ 4 moléculas de porfobilinogênio são polimerizadas, rearranjadas e depois ciclizadas para formar o uroporfirinogênio III; ★ Descarboxilação do uroporfirinogênio -> hemes e clorofilas; metilação -> precorrina-2; ★ Na precorrina2, as duas vias para a biossíntese da cobalamina divergem. VITAMINA B12 Linha de Produção ★ Aeróbica: a precorrina-2 é metilada na C-20 por uma metiltransferase adicional para dar precorrina-3A; ★ Anaeróbica: precorrina-2 é quelatado com cobalto para dar precorrina-2 de cobalto; ★ Enquanto as vias biossintéticas da B12 divergem na precorrina-2, elas se unem novamente ao nível do ácido adenosilcobírico; VITAMINA B12 Linha de Produção ★ O ácido adenosilcobírico é convertido então em cobinamida; ★ A adenosilcobinamida ativada por GDP, libera GMP e origina a molécula de coenzima B12 completamente fabricada. VITAMINA B12 Linha de Produção ➔ Propionibacterium sp: ★ Propionibacterium shermanii e Propionibacterium freudenreichii; ★ Maior potencial para acumular vitamina B12 intracelularmente -> produz intra e excreta principalmente ácido propiônico e ácido acético extracelularmente. VITAMINA B12 Linha de Produção ➔ Propionibacterium sp: ★ Altos rendimentos apenas sob concentrações muito baixas de oxigênio; ★ Mas a síntese de 5,6-dimetilbenzimidazole requer O2, então o processo é feito em 2 etapas. ★ 3 primeiros dias as bactérias são cultivadas anaerobicamente para produzir a cobamida precursora da vitamina B12, um intermediário que não possui a porção DMBI. VITAMINA B12 Linha de Produção ➔ Propionibacterium sp: ★ Depois é necessário arejamento durante 1 a 3 dias para síntese dependente de oxigênio do DMBI e ligação à cobamida. ★ IMPORTANTE: neutralizar o ácido propiônico acumulado para manter a cultura de produção em pH 7. VITAMINA B12 Linha de Produção ➔ Propionibacterium sp: ★ Estudos utilizaram resíduos lácteos para produção de B12; ★ Fermentação foi realizada a 30°C sob anaerobiose durante a primeira metade; ★ Seguida de aerobiose pela segunda metade da fermentação; ★ O metabólito começou a acumular-se no final da fase de crescimento máximo (4º dia) e durou até a curva atingir um patamar (7º dia). ★ Vantagem: reduzir o problema da poluição da água. VITAMINA B12 Linha de Produção ★ Etapa mais importante; ★ Várias etapas: extração, filtração por membranas e sorção. ★ Processos cromatográficos e químicos convencionais consomem capital e energia. RECUPERAÇÃO DO PRODUTO Linha de Produção ★ Biomassa centrifugada -> massa celular -> secagem. ★ Lise celular por aquecimento da massa celular em solução aquosa; ★ A solução de vitamina é clarificada por filtração, tratamento com cloreto de zinco e depois precipitada pela adição de ácido tânico ou cresol para dar o produto com uma pureza de 80% -> padrão para aditivo alimentar. RECUPERAÇÃO DO PRODUTO Linha de Produção ★ Para indústria farmacêutica: a solução clarificada é extraída com solventes orgânicos, como o tetracloreto de carbono, e depois com água e butanol, seguidos de novo por solventes orgânicos. RECUPERAÇÃO DO PRODUTO Linha de produção: ★ 6 processos de fermentação bacteriana para a produção do ácido 2-ceto-L-gulônico; ★ Vias nomeadas de acordo com o intermediário; ★ Via do sorbitol; via do ácido L-idônico; via do ácido L-gulônico; via do ácido 2-ceto-D-glucônico; via do ácido 2,5-diceto-D-glucônico; via do ácido 2-ceto-L-gulônico. ÁCIDO ASCÓRBICO Linha de produção: ➔ Via do sorbitol: ★ O sorbitol é transformado por fermentação em 2-KLG através da L-sorbosona intermediária; ★ Transformação por cepas de Pseudomonas e Acetobacter; ÁCIDO ASCÓRBICO catalisam a oxidação de sorbitol (e/ou D-sorbitol) a 2-KLG através de uma série de desidrogenases ligadas à membrana. L-sorbosona Linha de produção: ➔ Via do sorbitol: ★ A oxidação final do 2-KLG é catalisada por desidrogenases de sorbosona ligadas à membrana ou citosólicas; ★ Estudos: Glucanobacter oxydans produziu até 60 g/L de 2-KLG a partir de L-sorbose ou D-sorbitol, com 60% de conversão. ÁCIDO ASCÓRBICO Linha de produção: ➔ Via do ácido 2-ceto-D-glucônico: ÁCIDO ASCÓRBICO Linha de produção: ➔ Via do ácido 2-ceto-D-glucônico: ★ Problema na catalisação eficiente com apenas 1 microrganismo. ★ 3 etapas: ❏ transformação de D-glicose em ácido 2-ceto-D-glucônico por Acetobacter melanogenus e Pseudomonas albosesamae; ❏ oxidação do ácido 2-ceto-D-glucônico por Bacterium hoshigaki e Bacterium gluconicum -> 2,5-DKG; ❏ oxidação do ácido 2,5-DKG para 2-KLG por cepas Brevibacterium (+) e Pseudomonas; ÁCIDO ASCÓRBICO Como melhorar esses processos? Conclusões e perspectivas ➔ Automação e padronização de processos; ➔ Testes de novos meios e condições para os microrganismos utilizados, de modo a atingir um rendimento máximo; ➔ Engenharia Genética; Referências bibliográficas ★ Shrikant, A. S.; Ishwar, B. B.; Rekkah,S. S. “Biotechnological Production of Vitamins”. FTB Journal, Food and Fermentation Technology Department, Institute of Chemical Technology, University of Mumbai, India, 2006. ★ CARVALHO, Walter et al. Aditivos alimentares produzidos por via fermentativa parte I: ácidos orgânicos. Revista Analytica, v. 18, p. 70-76, 2005. ★ ALMEIDA, Carolina Paz de; et al. Biotecnologia na produção de alimentos. Dossiê técnico. BR - Serviço Brasileiro de Normas Técnicas. USP, dezembro/2011. ★ FIORUCCI, Antonio Rogério; SOARES, Márlon Herbert Flora Barbosa; CAVALHEIRO, Éder Tadeu Gomes. Ácidos orgânicos: dos primórdios da química experimental à sua presença em nosso cotidiano. 2002.
Compartilhar