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atividade interdiciplinar EDUCAÇÃO FISICA - EDUCAÇÃO DO CAMPO: FORMAÇÃO DOCENTE E CURRICULO

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SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO.........................................................................................................3
2. DESENVOLVIMENTO............................................................................................4
2.1. Escolas do Campo:..............................................................................................5
2.1.1 História das Escolas do campo:.........................................................................6
2.2. Políticas Públicas:.................................................................................................9
2.2.1. Politicas Públicas nas Escolas de Campo:.......................................................11 
2.3. O papel dos educadores do campo na formação do sujeito rural;......................13
2.4. O papel dos educadores do campo na formação do sujeito rural;......................16
3. DIAGNOSTICO:.....................................................................................................17
3.1. Apresentação de Resultados:.............................................................................17
4. CONSIDERAÇOES FINAIS...................................................................................18
5. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS.......................................................................19
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INTRODUÇÃO:
 Na construção da História da educação brasileira, vemos a forte influência do sistema colonial enraizado na forma de se aplicar os métodos educativos, além da base cultural rural que existe em nosso país. Nessa perspectiva Antônio e Lunici (2007), falam: 
A constituição histórica das práticas educativas emerge das necessidades de diferentes grupos sociais em acessar a educação. A perpetuação de traços coloniais na estrutura social brasileira, na composição dos governos e na administração do público tem fortes raízes rurais e patriarcais (ANTONIO e LUCINI, 2007p.17)
Assim, baseados nos autores supracitados, ressalta-se a ideia do peso que o processo de colonização teve sobre como se formulou a educação no Brasil, com seus objetivos e metodologia baseados nas necessidades dos diferentes grupos sociais, mantendo-se sempre a preferência em praticamente sua totalidade para as classes dominantes do sistema econômico do país. Enfatizam-se também as características rurai se patriarcais nesse sistema, não sendo excluída das transformações no processo educacional a educação rural, que segue as mudanças nos âmbitos social, cultural e econômico. Junto a todo processo de transformação econômica que o Brasil passou em seus diversos “ciclos”, a e ducação se viu no dever de alterar sua metodologia. O que antes era um sistema “generalizado” baseado em uma educação advinda da antiga metrópole, trazida em seus moldes para a colônia e modificada posteriormente pelos governantes do país, chega a um patamar em que vê a necessidade de afixar os camponeses na zona rural, para conter “alguns problemas” gerados pelo êxodo para as zonas urbanas. A medida encontrada para tal objetivo foi um método educativo que se voltasse para a realidade do campo, valorizando-o. E o ponto de partida foi apontar aspectos para a construção de escolas do campo. Julgando que a compreensão dos processos formativos é baseada na vida familiar, interação humana, no trabalho, movimentos e organizações sociais, e nas manifestações culturais, Queiroz (2 011), baseado nos artigos 1°, 22 e 26 da LDBEN (lei de Diretrizes e Bases da Educação Naciona l) de 1996, enfatiza a necessidade de um sistema educativo voltado para o campo, ressaltando os valores dos camponeses. 
A identidade da escola do campo é definida pela sua vinculação às questões inerentes à sua realidade, ancorando-se na temporalidade e saberes próprios dos estudantes , na memória coletiva que sinaliza futuros , na rede de ciência e tecnologia disponível na sociedade e nos movimentos sociais em defesa de projetos que associem as soluções exigidas por essas questões à qualidade social da vida coletiva no país . (DIRETRIZES OPERACIONAIS, Art.2º, parágrafo único).
Seguindo essa linha de pensamento,se confirma a necessidade de um currículo voltado à identidade do campo e, mais do que isso escolas que atendam às necessidades do público-alvo . Além da elaboração de políticas públicas que promovam o melhor dese volvimento de tal modalidade e que, efetivamente sejam aplicada.
 Esse artigo visa trazer um breve resgate histórico da educação do campo no Brasil , no que diz respeito à origem da educação e das escolas do campo. 
 Inicialmente será resgatada a história da educação no campo, enfatizando como se configurou no processo de evolução, posteriormente foi feita uma abordagem sobre as Constiuições, evidenciando a ausência de dispositivos que especificassem a educação campesina como prioridade, e por fim, versamos sobre os movimentos sociais que culminaram em um avanço mais efetivo. 
 Tendo por objetivo geral, relatar como se deu o processo histórico da educação no campo, e apresentando também os objetivos específicos tais como : caracterizar os fatos históricos, apontar os dispositivos legais ao longo da história e evidenciar os movimentos sociais que efetivaram os direitos educacionais desses sujeitos . 
 Para tanto foi utilizada pesquisa bibliográfica em várias fontes (artigos, revistas , publicações, livros e leis) com a finalidade de elaboração do mesmo, onde foi possível inferir informações e coletar dados importantes que fazem referencia a temática trabalhada . 
DESENVOLVIMENTO:
Durante o presente trabalho, será realizada a bordagens sobre as Escolas de Campo, sua história, e por fim a relação das mesmas com as políticas públicas.
 O estudo faz referência e caracteriza a educação oferecida nas Escolas do Campo, abordando questões a respeito de suas peculiaridades e por fim um enfoque sobre as políticas públicas que podem ser trabalhadas neste contexto.
2.1. Escolas do Campo:
 
A educação no campo nos remete à reflexão sobre o pensamento educacional, nas suas diversidades como processos políticos, sociais e culturais. Ao longo da história do Brasil, as observações a cerca de uma educação que estivesse em acordo com as especificidades do povo do campo, se constituem com um trabalho árduo e lento, que demandou, sobretudo de movimentos sociais, uma vez que a educação no campo sempre esteve subjugada a o modelo urbano de educação, que desvalorizava a vida no campo e supervalorizava o modelo de vida urbana. A implementação de uma educação especifica para os camponeses tem valor significativo, sobre tudo, para desmistificar o estereótipo criado há muito tempo e que ainda perdura, de que as pessoas que moram na zona rural são culturalmente arcaicas, além de possibilitar a afirmação da identidade sociocultural dos mesmos. Molina e Jesus (2004) caracterizam o campo como um espaço de peculiaridades ematizes culturais, de intensas possibilidades políticas, formação crítica, identidade e histórias. Competindo, portanto, na educação campestre, o papel de fomentar reflexões no sentido de contribuir para a desconstrução do imaginário coletivo acerca da visão de superioridade da zona urbana diante da oferecida no campo. 
“Deve fotalecer identidade e autonomia dessas populações e conduzir o povo do Brasil a compreender sobre o fato de haver uma não hierarquia, mas complementariedade: cidade não vive sem campo que nã o vive sem cidade.” (MOLINA E JESUS, 2004, p. 40. Grifo das autoras). 
2.1.1. História das Escolas do campo:
Para a construção de uma educação voltado aos sujeitos que moram na zona rural, é necessário desconstruir conceitose estigmas há muito tempo estabelecidos pelo senso comum, a fim de reverter a lacuna educacional historicamente construída entre campo e cidade. 
 Diante do estigma que perdura até hoje referente à população rural, faz-se necessário entender a educação do campo sob os aspectos históricos, visando compreender o presente com maior exatidão . 
Bavaresco e Rauber (2014), sobre o contexto histórico aludem:
O direito à educação para a população do campo sobre veio a todos aos poucos. Cada passo da história, desde o descobrimento do país, durante a colonização, depois a independência e os demais acontecimentos históricos, marcaram a trajetória d a educação do campo. Educação que esteve ligada às demandas agrícolas de cada época, conforme a necessidade e o processo de produção e industrialização do país. No início, a educação do campo fundamentava-se nas grandes propriedades de terra. Geralmente, existia uma escola na fazenda que servia para alfabetizar as crianças dos empregados. (BAVARESCO E RAUBER, 2014, p.86). 
 
A educação destinada aos sujeitos do campo esteve por década vinculada ao modelo da educação urbana, relacionando certo descaso e subordina ção dos valores intrínsecos ao meio rural, marcando assim uma inferioridade quando comparado ao espaço urbano. Os estereótipos perduram até os dias atuais, dado que o campo ainda é estigmatizado na sociedade brasileira. 
“A educação do campo no Brasil por motivos socioculturais sempre foi ligada a planos inferiores e teve por retaguarda ideológica o elitismo, acentuado no processo educacional aqui instalado p los jesuítas e a interpretação político pedagógica da oligarquia agrária.” (LEITE, 1999, p.14) Por muito tempo as escolas do campo ficaram ligadas ao esquecimento, em detrimento de uma educação prioritariamente urbana como bem explica Pinheiro; Silva e Burity (2013) :
Os grupos escolares, primeiramente instalados nos maiores centros urbanos de cada unidade da federação, nos primeiros anos da República, foram idealizados , como um significativo elemento de organização escolar brasileira, tomados pela racionalização e higienização geográfica, social e cultural. Enquanto isso o campo, ainda liga do à forma organizacional social patriarcal dos latifúndios, permaneceu quase que intocado pelo Estado até o advento da ditadura getulista. (PINHEIRO; SILVA E BURITY, 2013, p. 137) 
A partir das leituras de alguns artigos e livros foi possível perceber que em se tratando do problema das escolas rurais no Brasil com ênfase principalmente na Paraíba ocorreu devido ao crescimento industrial urbano na década de trinta que exercia influência na migração do camponês para a zona urbana, como também a necessidade de uma efetivação na reforma agrária, que também contribuía para o abandono do campo. 
Preocupado com esta situação conforme mostra Pinheiro, vários estados precisaram tomar algumas providências no setor educacional. 
Nos espaços urbanos, a partir do final dos anos 1920, o crescimento populacional desordenado levou o Estado a tomar medidas no campo educacional, visando a limpar a cidade de “menores abandonados e delinquentes”. [...] Em meados dos anos de 1930, o Governador Argemiro de Figueiredo destacou a necessidade de fixaras crianças no campo por meio da escola, com o objetivo de minimizar o número de “desocupados” nas ruas dos centros urbanos. (PINHEIRO, 2006, s/p) 
É notório perceber que havia distintas percepções entre os meios urbanos e rurais, embora ambos relacionavam-se intimamente economicamente e socialmente, diante disso a educação serviria como ligação intermediária entre os meios com o intuito de diminuir as distinções geradas pelo sistema capitalista e as conturbações geradas. Diante disso Argemiro de Figueiredo vislumbrou a ideia de fixar o homem do campo, objetivando a criação de escolas rurais como também métodos de ensino envolve ndo o contexto histórico rural nas escolas urbanas prioritariamente o conhecimento “agropastoril” . 
Nesse contexto, Argemiro de Figueiredo, tendo em vista radicar o jovem no campo, defendia a necessidade de criação de escolas rurais, ao mesmo tempo em que criava atividades escolares voltadas para as questões agropastoris, a serem desenvolvidas nos grupos escolares localizados nas zonas urbanas. (PINHEIRO, 2006, s/p.)
Através da influência do professor e político Sizenando Costa, pela construção de uma escola modelo rural que atendesse as necessidades do estado, nos setores econômicos e sociais nesse período, cogitava o interesse em um novo método de ensino tanto para as mulheres quanto para os homens. 
Dessa forma, as escolas rurais deixariam de serem“escolas de reabilitação” de jovens delinquentes e passariam a qualificar o trabalhador rural, as sim contribuindo para o desenvolvimento econômico brasileiro, particularmente o paraibano, e para a “fixação” de homens/ mulheres no campo. (PINHEIRO, 2006, s/p). 
Em se tratando da criação da escola rural modelo , cria da através do governo estadual sob Decreto nº1.042, de 13 de maio de 1938 , a mesma foi inspirada na Escola Rural Modelo de Tejipió, localizada em um dos arrabaldes de Recife, que objetivava valorar a terra como o berço da economia nacional, como também oferecer melhores condições de vida para o homem campesino e mantê-lo em seu devido lugar, no entanto, é possível perceber ações antagônicas no ideal do decreto. Outro problema que merece destaque no processo da educação rural em foi à dificuldade em manter professores nas regiões mais distantes dos grandes centros urbanos, razões como dificuldade de adaptação ao meio, como também a falta de boas condições para os mesmos. 
Na verdade, uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos gestores da educação pública na Paraíba foi o de fixar no interior do Estado principalmente, na região sertaneja os professores. Muitos dos quais, a o atingir em melhor nível de qualificação, com frequência solicitavam transferência para cidades maiores do Agreste ou da região do Brejo (Campina Grande, Areia, etc.) e, principalmente, para a capital, João Pessoa. (PINHEIRO, 2006, S/P). 
Por fim, devemos nos a tentar para saber como as instituições de ensino dessa modalidade funcionam e como atingem seu público alvo, se é voltada para a utilização de políticas públicas para atender a sua demanda , e isso será visto no decorrer do próximo tópico deste trabalho. 
2.2. Políticas Públicas:
 Discutir como a educação no campo foi tra tada nas Constituições brasileiras nos possibilita entender como as políticas públicas nesse âmbito se moldaram e como se constituem nos dias atuais. Na Constituição de 1934, o artigo 121, § 4º, respalda os trabalhadores rurais, com o intuito de permanecerem no campo, garantir os interesses econômicos do país e evitar a migração dessa população. Mesmo muito limitada à referida lei trouxe concepções de responsabilidade do poder público com o atendimento à educação no campo, citada no parágrafo único do artigo 156, que trata da família, cultura e educação, no que diz respeito ao seu financiamento. 
 Art. 121. A lei promoverá o amparo da produção e estabelecerá as condições de trabalho, nas cidades e nos campos, tendo em vista a proteção social do trabalhador e os interesses econômicos do país. [...] § 4º - O trabalho agrícola será objeto de regulamentação especial, em que se atenderá, quando disposto neste artigo. Procurar-se-á fixar o homem no campo, cuidar da sua educação rural, e assegurar ao trabalhador nacional a preferência na colonização e aproveitamento das terras públicas. Art. 156 [...] Parágrafo único - para a realização do ensino nas zonas rurais, a União reservará no mínimo, vinte por cento das cotas destinadas à educação no respectivo orçamento anual. (BRASIL, 1934). 
 
 Ao analisarmos a referida Constituição, pode mos ver marcos das ideias do Movimento Reformador,culminados pelos Manifestos dos Pioneiros, que tinham por objetivo reconstruir o modelo educacional para a formação do cidadão brasileiro, proporcionando a todos o acesso à educação em prol do progresso. Visto que os artigos supracitados equivalem aos objetivos almejados pelos Pioneiros, ou seja, um ensino público, laico, gratuito, obrigatório e assegurado pelo Estado. A Escola Nova nesse percurso de influências tinha significados múltiplos constituídos de três direções: a pedagógica, a ideológica e a política. (VIDAL, 2013, p. 5 81). Na Constituição de 1937, os princípios ideológicos democráticos da Constituição passada foram suprimidos. O Estado retirou sua obrigação de promoção de ensino, priorizando a formação técnica, abrindo precedentes para a iniciativa privada. Como consta no Art.129, sendo uma modalidade de ensino ofertada às classes menos favorecidas, inicialmente sendo um dever do Estado, legitimando as desigualdades sociais. Embora no Art.132, e videncie-se a importância do trabalho no campo e as oficinas para educação da juventude. 
Art. 129 [...] - O ensino pré- vocacional profissional destinado às classes me nos favorecidas é em matéria de educação o primeiro de ver de Estado. Cumpre-lhe dar execução a esse dever, fundando institutos de ensino profissional e subsidiando os de iniciativa dos Estados, dos Municípios e dos indivíduos ou associações particulares e profissionais. - É de ver das indústrias e dos sindicatos da sua especialidade, escolas de aprendizes, destinadas aos filhos de seus operários ou de seus associados. A lei regulará o cumprimento de esse dever e os poderes que caberão ao Estado, sobre essas escolas, bem como os auxílios , facilidades e subsídios a lhes s e rem concedidos pelo Poder Público. 
[...] 
Art.132- O Estado fundar á instituições ou dará o seu auxílio e proteção às fundadas por associações civis , tendo umas ; e outras por fim organizar para a juventude períodos de trabalho anual nos campos e oficinas, as sim como promover-lhe a disciplina moral e o adestramento físico, de maneira a prepará-la a o cumprimento, dos seus deveres para com a economia e a defesa da Nação. (BRASIL,1937). 
Uma constituição em que o Estado se voltou para aqueles que não conseguissem se manter em uma instituição privada, onde a e ducação obrigatória, gratuita e laica foi preterida e a educação rural não foi sequer mencionada. “A Constituição de 1946 remonta às diretrizes da Carta de 1934, enriqueci da pelas demandas que atualizavam naquele momento, as grandes aspirações sociais” (BRASIL, 2002, p.18). 
No inciso III do Artigo 168, é fixa da uma pequena menção à população das pessoas do campo, a inda assim, limitando a sua importância, quando delega às empresas privadas a responsabilidadede subsidiar a educação . 
“Art.168 [...] III - as empresas industriais, comerciais e agrícolas, em que trabalhem mais de cem pessoas, são obrigadas a manter ensino primário gratuito para os seus servidores e os filhos destes” (BRASIL, 1946) . A Constituição vigente que data de 1988 instaura um novo período na história brasileira, no que se refere à democracia, uma vez que pôs fim a o regime ditatorial, q ue perd uro u por muitos anos, tal disposto afirmou o compromisso de implantar o Estado Democrático de Direito. Embora não expresse especificamente sobre a educação no campo, em seus artigos, quanto à educação como princípio fundamental de acesso a todos, elenca durante os art. 205 e 206, com ênfase no inciso 1 do art. 106
Art.205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. 
Art.206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola, (BRASIL,1988). 
Portanto, percebe-se que a educação é um direito de todos, e isso está estabelecido em lei, conforme citado anteriormente, e o ensino aprendizagem deve ser baseado nos princípios de igualdade para que assim os discentes possam estar nas Escolas e se desenvolvendo através da inserção de políticas públicas. 
2.2.1. Politicas Públicas nas Escolas de Campo:
 A gênese da escola rural de acordo com Caldart (2007 ) deu-se através das lutas, como também do pressionamento dos movimentos sociais, uma articulação entre o MST e a reforma agrária, porém, no que se refere a uma atenção por parte dos responsáveis m proporcionar melhorias para este setor, há certo descuido, não se apresenta prioridades, embora se a presente na Constituição de 1988 que a educação é um direito de todos, no que se refere à educação do campo , é possível observar que a mesma ainda é tratada comparticularidades . De acordo com Munarim (apud TURELLA E PAGLIA, 2015, p.9 ) “o MEC depois de 70 anos de existência, somente posteriormente dispôs-se a criar um espaço formal para a colher e coordenar discussões em torno de uma política nacional de Educação do Campo” . O fato é que estamos circundados de leis antidemocráticas e supressoras, embora aparentemente não se revelem com clareza. Também é interessante destacar que os movimentos exigem que se cumpra o que é de direito do cidadão, essa luta podemos caracteriza - la como um apoio igualitário por parte do estado para todos, como também , de maneira particular um modelo pedagógico que atenda às necessidades do homem do campo, não apenas no que se refere à área produtiva, no entanto , de um modo geral, um modelo pedagógico que valorize sua cultura, e lhes prepare para uma formação intelectual e crítica como indivíduos presentes na sociedade como os demais. É de grande valia ressaltar que com o intuito de reparar certos danos causa dos a comunidade rural no que se refere à correção da falta de atenção a educação do campo, foi criado o PRONERA , Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária, que através dos vínculos com os governos estaduais e municipais propicia aos assentados o ingresso nos vários níveis de escolaridade. 
Em 2009, foi aprovada a Lei 11.497 que vinculou definitivamente o Pronera ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, sob a execução do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra); em 2010, foi e ditado o decreto 7.352, que representa avanço para a consolidação do programa, pois transforma o Pronera em política pública permanente, integrante da política de educação do campo (a rt.11). Além disso, o art. 13 desse 
Decreto amplia o rol dos beneficiários do programa, que anteriormente se restringia aos assentados e filhos de assentados da reforma agrária: Art. 13. São beneficiários do PRONERA: I - população jovem e adulta das famílias beneficiárias dos projetos de assentamento criados ou reconhecidos pelo INCRA e do Programa Nacional de Crédito Fundiário - PNFC, de que trata o §1o do art. 1o do Decreto no 6.672, de dois de dezembro de 2008; II - alunos de cursos de especialização promovidos pelo INCRA; III - professores e educadores que exerçam atividades educacionais volta das às famílias beneficiárias ; e IV - demais famílias cadastradas pelo INCRA. (GONÇALVE S, 2016, p.372 ). 
Considerar que, teoricamente os modelos e práticas educativas possuem documentos que se apresentam com uma competência aparentemente trabalhada dentro das perspectivas propostas, e que, seriam de fato diferentes se fosse executado. No entanto, consciente que somos sobre a real situação que se apresenta entre as duas realidades teoria e prática, sem dúvida precisamos talvez lutar para que a prática se ja exercida, e não apenas se debruce sobre a mera importância de sua elaboração. 
2.3. O papel dos educadores do campo na formação do sujeito rural;
 A grande maioria desses educadores e educadoras não estão habituados ao cotidiano do campo, acabando por não se integrar a comunidade escolar a fim de conhecê-la,contribuindo no processo de construção de um currículo diferenciado. 
Além da escola em si o movimento também é um espaço educativo no qual como cita CALDART (2001), há a formação de valores e a educação da sensibilidade; o cultivo da memória e o aprendizado da história; a produção de conhecimentos humanamente significativos; a formação para o trabalho; a formação organizativa; a formação econômica e a formação política. No que se refere às práticas educativas, CALDART (2004) ainda destaca as aulas; as oficinas; o trabalho e a produção; a gestão coletiva; as atividades artísticas e lúdicas; a participação em ações do Movimento fora da escola e a sistematização das práticas. Devemos ressaltar que apesar do movimento não ter uma pedagogia específica, sua metodologia está baseada na educação popular, por meio de uma concepção criada por Paulo Freire, ou seja, a de que o ser humano é inconcluso e sempre está se formando, portanto na possibilidade que este tem a capacidade de ser mais que está na obra intitulada Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire, compreendendo a natureza humana num processo dinâmico em que o sujeito constitui-se social e historicamente. Para que verdadeiramente haja uma relação de ensino e aprendizagem é de suma importância a relação de confiança entre educadores e educandos, gestores e comunidade interessada, enfim, entre todos os interessados na escola, para que seja possível estabelecer o que FREIRE (2005) chamava de uma educação problematizadora. 
A partir desse pressuposto, os educadores do MST entendem que poderá se construir um conteúdo que realmente faça sentido na vida do educando. Para tanto, é preciso levar em conta a realidade dos alunos, fazendo a leitura de mundo, investigação que seja conscientizadora, fazendo com que cada indivíduo possa se dar conta de sua posição no mundo. Essa perspectiva tem como finalidade possibilitar as pessoas aperceberem-se de sua condição por meio da reflexão crítica em torno das relações homens-homens, homens-mundo, a fim de superá-la (FREIRE, P., 2001, p.29-30).
Nesse sentido devemos entender que o campo traz intimamente ligado a si, uma ampla gama de culturas, política, valores, significações, lutas e ideologias e assim consequentemente práticas pedagógicas havendo então uma relação de ensino e aprendizagem, uma experiência educativa e a cada experiência um novo aprendizado, que deve fazer parte das políticas públicas implementadas pelo governo e no projeto político pedagógico das escolas do campo. 
Faz-se necessário que ressaltemos que o urbano também possui cultura, valores, significações, lutas, ideologias e crenças e por a educação não ser neutra há em cada prática pedagógica uma prática política também, mas na presente pesquisa iremos nos limitar a falar sobre a educação do e no campo, nunca esquecendo a importância da luta pela qualidade da educação, seja essa no campo ou no meio urbano. 
De acordo com CALDART (2004) com seus dirigentes, o MST entra nessa luta como um movimento popular que reivindica a necessidade que seus militantes sentem de verem seus filhos na escola que eles não tiveram e muito mais que estes possam ter uma educação que faça sentido no cotidiano de cada um deles, na vida que eles têm e dentro da luta que eles vivem, fazendo com que estes tenham uma consciência crítica e se formem como sujeitos com uma identidade, identidade de serem sem-terra, ou seja, um sujeito constituído pelas lutas do MST. 
Nesse sentido o MST acaba até por ser uma utopia ao pensar que o mais natural é que aqueles que queiram trabalhar na terra e produzir deveriam tê-la já que esta é um bem natural, mas no sistema capitalista a terra se torna apenas um produto. O que o movimento faz é entendido como algo libertador, pois seus militantes que antes eram apenas trabalhadores rurais desintegrados de sua terra acabam por se apropriar de uma identidade coletiva de pessoas que querem a mesma coisa, terra para viver, plantar e criar seus filhos, como cita CALDART (2004): 
(...) produz uma identidade que primeiro é política, mas que se torna também cultural á medida que recupera raízes, recria relações tradições, cultiva valores, inventa e retrabalha símbolos que demonstram os novos laços sociais e assim faz história (CALDART, 2004, p. 32). 
A educação escolar tem servido, particularmente para manutenção do status quo, dado que esta não tem conseguido atender as necessidades do sujeito do meio rural e algumas dessas escolas só servem como formação de mão-de-obra para o mercado de trabalho capitalista. Ela continua trabalhando com conceitos desvinculados da realidade, domeio rural em que as disciplinas estão separadas, compartimentadas, que em muito contribuem para a má qualidade do ensino e para a exclusão, já que poucos conseguem concluir o Ensino Médio e menos ainda o ensino superior. De acordo com CALDART (2004): 
Não se pode confundir educação com escola. Escola não é o único espaço de formação humana, mas é um lugar fundamental de educação do povo porque constitui em um tempo e espaço de processos socioculturais que interferem significativamente na formação e no fortalecimento dos sujeitos sociais que dela participam (CALDART, 2004, p. 90). 
A pesquisa também procurou analisar a metodologia da educação e dos educadores do campo, sendo bastante importante para que pudesse refletir sobre uma proposta de educação muito mais ampla do que aquela que formalmente conhecemos e somos levados a internalizá-la como única no decorrer de nossas vidas.Nesse sentido, é interessante analisar a passagem do livro introdutório que apresenta os Parâmetros Curriculares Nacionais do MEC, revelando a forma como é tratada a escola rural: 
(...) as escolas de maior porte, que atend em em média 669,7 alunos estão localizadas majoritariamente nas áreas urbanas, o que resulta do intenso processo de urbanização experimentado pelo país nas últimas décadas (...) Na verdade, essas escolas concentram-se na região Nordeste (50%), não só em função de suas características sócio-econômicas, mas também devido à ausência de planejamento no processo de expansão da rede física (BRASIL, 1999, p.18). 
Assim percebemos como a escola do campo tem sido ignorada e deixada fora de grande parte das políticas públicas realizadas nos âmbitos educacionais, por isso que têm resultados pedagógicos insuficientes, altos índices de evasão, grandes números de crianças, jovens e adultos não alfabetizados. 
Entretanto, uma nova realidade está surgindo, provenientes das lutas dos movimentos, de seus militantes e de pessoas que acreditam em uma educação no e do campo. O que o MST pretende é influir nas políticas públicas, melhorando assim as estruturas das escolas de assentamentos e acampamentos, aumentando o número de escolas no mesmo. Assim afirmando sua identidade e dignidade ao descobrir, redescobrir e potencializar seus conhecimentos e culturas por meio da luta pela escola pública e de modalidades inovadoras na educação em suas próprias áreas, desafiando os educadores para a promoção de currículos específicos, ou seja, de uma educação específica. Nestas condições de existência, estas devem possibilitar às crianças e jovens a continuar na luta pelos seus direitos de cidadania, o que implica o direito à propriedade, ou seja, terra para viver e a escola que dê condições para assumir desafios cada vez mais amplos na sociedade. 
Para tal há a necessidade de uma estrutura de ensinonas escolas do campo: 
O ensino deve sempre partir da realidade vivida pela criança na escola, no assentamento, no mundo a fora. A teoria, os conteúdos já elaborados servem para ajudar a refletir sobre essa realidade. O r esultado da reflexão deve ajudar a transformar a realidade e a nossa vida. Deve levar a uma prática concreta. (DOSSIÊ MST ESCOLA, p.35). 
Nesse sentido os educadores do campo devem ter uma formação especifica para atuar no campo e atender a necessidades dos educandos do campo e não ter uma mentalidade da educação urbana, esses educadores devem ter currículosespecíficos, calendários que atendam a disponibilidades dos educandos, projeto político pedagógico que seja adequado aos integrantes do campo. 
Entretanto foi fundamental para minha formação acadêmica pesquisar sobre aeducação do e no campo, pois pude refletir em como nem sempre paramos para pensar no “outro”, e em que medida como formadores que futuramente seremos vamos fazer este exercício, não só de pensar em nossos educandos, mas sim pensar em como trazer a aprendizagem até ele, respeitando sua identidade, seu contexto, seu cotidiano e suas ideologias. 
2.4. Metodologia:
 O presente estudo veio realizar uma analise sobre a realidade das Escolas de Campo, como também verificar sua História: políticas públicas, perspectivas e desdobramentos. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de caráter bibliográfica e o enfoque da pesquisa realizado é dialetico. 
Os materiais serão selecionados a partir de busca feita na ferramenta Google Acadêmico, utilizando se as palavras-chave: Escolas do C ampo; Políticas Públicas. A estrutura do trabalho e os dados coletados durante a pesquisa foram devidamente organizados através de subdivisões de tópicos, onde em cada um deles, constam dados e informações condizentes com a temática abordada no decorrer do estudo. 
DIAGNOSTICO:
Durante este tópico serão apresentados os resultados das pesquisas que foram realizadas no decorrer do presente estudo, destacando a relevância das políticas públicas e projetos sociais no âmbito das Escolas de Campo.
3.1. Apresentação de Resultados:
 Ao finalizarmos o trabalho sobre a escola do campo , foi possível compreender que no decorrer do período histórico , através das exigências, princi palmente econômica, culminaram certas mudanças no processo de educação voltada para a área rural, como também a preocupação com um grande número de pessoas migrando para os centros urbanos, a partir da inserção da indústria nos meios de produção.
CONSIDERAÇÔES FINAIS:
Sem dúvida a educação, principalmente a rural, nunca foi considerada como principal importância para o desenvolvimento da nação, o que se percebe claramente é que há de terminadas adaptações da educação para atender determinados interesses particulares, como também favorecer o capital financeiro, desse modo, após a indústria substituir os meios agrícolas à situação do campo vai distanciando-se mais ainda dos olhos dos que visam o lucro como o mais importante. Positivamente, quem ganha destaque nesse processo são os movimentos sociais que estão sempre cobrando o que lhes são por direito como bem mostra a Constituição. Dentre eles enfatizamos o MST e o Pronera, como também as políticas públicas que visam um modelo pedagógico voltado para o contexto em que o homem do campo encontra-se inserido. 
 
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS;
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