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EDUCAÇÃO DO CAMPO A IMPORTANCIA DA VALORIZAQAO DA CULTURA NA ESCOLA. 1 CONHECIMENTOS: Compreender a relação histórica entre campo。e cidade no processo de desenvolvimento do Brasil. HABILIDADE: Identificar a dinâmica da industrialização mundial e nacional. ATITUDE: Posicionar-se criticamente frente qualquer situação de discriminação cultural. 13 A relação campo cidade Na passagem do século XX para o século XXI quase metade da população mundial! está vivendo em áreas urbanas, desde pequenas cidades até as grandes megalópoles. E uma das coisas mais marcantes do século XX e exatamente essa Revolução Urbana. De 1950 até o final do século, o número de pessoas que estão vivendo nas cidades triplicou, fato esse ocasionado pelo crescimento industrial e demográfico, esses dois elementos foram mudando os paz rose de vida das copulardes, este crescimento também resultou na divisão territorial do trabalho entre campo e cidade. O processo de industrialização transformou a agricultura e intensificou o processo de urbanização do mundo contemporâneo. A distribui 海 espacial da humanidade sempre possuiu um nítido contraste, por um lado, grandes espaços vazios ou de baixa densidade demográfica: as zonas polares, regiões de grandes atitudes ou as extensões quentes e secas. Como o crescimento econômico e demográfico sempre foram muito lentos, o habitat natural do homem era antigamente o seu lugar de residência e trabalho. Era neste espago bem delimitado que as pessoas desenvolviam a sua vida social, produziam o necessário para sua subsistência, organizavam suas crenças e visões de mundo. Dentro dos limites geográficos do seu tempo, as comunidades viviam integradas com o meio ambiente. E até o século XIX, os homens foram essencialmente agricultores, mas, a partir de então aconteceu uma revolução. Essa revolução foi o início de uma transforma 海 na área social, econômico, político e cultural e aprofundou, ainda mais o contraste de concentração da população, foi a chamada Relvou 乏。Industrial. Foi graças a Revolução Industrial que começou todo o processo de desenvolvimento tecnológico, afetando até a agricultura, as cidades se multiplicaram, ficaram cada vez mais importantes, fato que ocasionou a mudança dos povos que até então viviam no campo e a cidade era vista como sinônimo de progresso. A grande indústria cresceu de modo tão vertiginoso no mundo inteiro, que a população economicamente ativa estava empregada no setor secundário. Com a revolução industrial, o setor secundário obteve cada vez mais fora e importância na fora de trabalho mundial. Os três setores que compõem a economia são: 14 • Setor primário (agricultura e pecuária); • Setor secundário (Industria); • Setor terciário (comercio e servisses); Como a agricultura se transformou com a Revolução Industrial? O fato e que depois da Revolução Industrial a agricultura se transformou, passando de um caráter de subsistência para uma agricultura comercial. Mas e difícil falar de agricultura no singular, uma vez que as atividades agrícolas praticadas por povos diversos eram variadas, não apenas pelas técnicas empregadas, mas, também no que diz respeito a estrutura agraria. Nos países tropicais, o objetivo da agricultura comercial foi o de abastecer só países mais desenvolvidos, por isso, tomou a forma de grandes plantados coloniais, sendo que as maiores se encontram na América Latina, embora os produtos dessa agricultura possuíssem grande valor no mercado, as populares que nela trabalhavam eram muito pobres, já que pouco do que plantavam permaneciam em suas mãos, isso acabou gerando sistemas agrícolas extensos, de baixa produtividade, uma agricultura de grandes propriedades monocultoras. Se por um lado, a Revolução Industrial era sinônimo de progresso e caminho, por outro, ela vem resultando numa grande concentração populacional nas grandes cidades. A proporção da fora de trabalho envolvida na agricultura diminuiu desde 1950, esse declínio continua até os dias atuais. Quais as consequências com a mudança do povo do campo para os grandes centres urbanos? > A superpopulação, o crescimento desordenado, resultando na proliferação de assentamentos ilegais, de habitações precárias, aglomera?6es excessivas e mortalidade elevada, decorrente de um ambiente insalubre sem acesso a saneamento básico, escola e transporte; > Os desempregados são representados em sua maioria por minorias étnicas e raciais e vivem mergulhados em condições de profunda pobreza. Outro problemas causado pelo processo de industrialização e expansão física sem controle das grandes cidades e o impacto que esse movimento vem causando no meio ambiente, as cidades do mu na 。 industrializado são responsáveis por problemas globais como a poluíam em suas diversas formas e o autoconsumo de energia. 15 E no Brasil como aconteceu o processo de industrialização? É importante compreender que o processo de industrialização não pode ser visto ou compreendido apenas com a implementações pontuais de industrias em meados do século XVIII. No Brasil, no período imperial tivemos os primeiros ensaios de implantação de industrias no nordeste e sudeste. Mas, foi somente na década de 30 com o governo de Getúlio Vagas (Era Vagas) que ganhou impulse o processo de implantação de grandes indústrias. O Brasil rural começa a ser urbano e industrial, no início da Era Vagas, o capital era basicamente nacional e estatal, a figura de empresas como a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Vale do Rio Doce, a Petrobras foi uma das principal industrias brasileiras. Posteriormente a Era Vagas, o pais entrou no período de substituição de importações, que tinha como trago característico incentivar as indústrias nacionais a produzirem os bens de consumo, essa ação era a base necessária para o desenvolvimento econômico do pals. Adentrando o governo de Juscelino Kubitschek (JK) foi iniciado de maneira mais acelerada o desenvolvimento da indústria nacionais tendo como base o tripé: Capital estatal; Capital privado nacional e Capital privado internacional. Chegando o período da ditadura militar, o processo de industrialização chega ao território da zona rural, iniciando a pratica do agronegócio brasileiro. Já na década de 90, temos □ fim da substituição de importantes e o pais começa a adotar o modelo econômico/ideológico neoliberal com o governo de Fernando Collor de Melo. Em linhas gerais, podemos afirmar sob ré o processo de industrialização o seguinte: > A partir de 1930 começa um importante projeto de criação de infraestrutura para o desenvolvimento industrial do pais; > A partir de 1964 amplia-se o parque industrial para até na era a demanda da modernização da agricultura. Dimensões de Cultura Partimos da perspective que o povo do campo deve ter direito a uma educação voltada para os seus interesses, contemplando seus saberes, necessitando assim de uma sistematização de conteúdos e metodologias que considere as experiências vividas dos sujeitos envolvidos, para isso e fundamental ter um currículo diferenciado para o povo do campo, valorizando os saberes próprios que a comunidade tem a repassar aos mais jovens, buscando construir uma sociedade democratica com igualdade e justiça social, permitindo firmar suas 16 identidades definidas e reconhecimento da identidade cultural. A discussão sobre a educação escolar diferenciada para o povo do campo passa pela questão da cultura e sua necessidade de explicita 海,como forma de compreender as relates educacionais estabelecidas entre a escola e o campo. Todas as pessoas compartilham com as outras de caractensticas que podem ser universais da espécie, que as defina como membros de algum grupo, e as idiossincráticas, do seu temperamento, maneira de pensar, ver, agir e sentir de uma pessoa. Quando não falamos das universaisnem das idiossincráticas, fazemos uso do termo "cultura”, com o qual descrevemos o que seria o conjunto daquelas características, valores, comportamentos ou crenas. Em resumo, cada grupo tem a sua cultura especifica. A cultura e dinâmica, pois os homens tem a capacidade de questionar os seus próprios hábitos e modifica-los; ela está diretamente relacionada com a dinâmica da vida dos seres humanos. Ha que se destacar, porém, que as sociedades isoladas, como os indígenas, por exemplo, tem um ritmo de mudança menos acelerado do que o de uma sociedade complexa, pois esta última e atingida por sucessivas inova?6es tecnológicas. Esse ritmo menos acelerado da primeira, decorre do fato de que ele está satisfeito com muitas de suas respostas ao meio e que são resolvidas por suas soto-pões tradicionais. Mas, esta satisfação e relativa, visto que, se a sociedade isolada tiver a consciência da ineficácia de um objeto que está utilizando até aquele momento e um novo objeto surgir, ela passara a utilizar o novo, pois representa um grande item de atração (LAIARA, 2001). Aqui, para dar um exemplo maior, podemos citar a necessidade que o povo do campo brasileiro sento de introduzir em seu cotidiano as escolas diferenciadas: não estando contentes com as escolas tradicionais, pois não transmitiam a cultura do seu povo além de impor um modelo educacional que não lhes satisfazia. Nesse sentido, cultura e um termo que abrange uma gama de conotações e, por esse motive polemico, sendo alvo de grande discussão, muitos se arriscam a dizer que o termo não deveria ser utilizado no singular, pois constitui um conjunto de significados, atitudes e valores partilhados e as formas simbólicas em que são expresses ou encarnados, que variam de um grupo ou época para outro (a). CANEDO (2009) utiliza-se o termo como uma maneira de sintetizar as formas em que os grupos se distinguem de outros. Ele representa aquilo que e compartilhado dentro do conjunto de pessoas em questão e que não e fora do mesmo, não tem o mesmo efeito. O conceito de cultura também e usado para designar características dentro do grupo em oposição a outras existentes no mesmo. O termo se aplica aquilo que 17 e simbólico, em oposição ao que e material; o que e superior em oposição a pratica do dia a dia. Pode-se afirmar que anões possuem uma cultura geral; que as tribos ou grupos étnicos possuem determinada cultura. Estes tem um determinado padrão de socialização compartilhada, combinado com um sistema de reforço de seus valores ou do seu comportamento adquirido (FEATHERSTONE, 1999). Partindo da construção abstrata da cultura, os mecanismos culturais passam a existir apenas nas mentes dos indivíduos, essa construção cultural e carregada de símbolos que tem em seu cerne, par rose artísticos e mitos. No entanto, existe também a cultural material objetivada, essa materialização cultural e representada por obras de antes, escritos, ferramentas e outros. A distinga*。entre ambas as culturas, e que a cultura materializada e passível de preservação no decorrer espago e tempo, já a cultura simbólica por sua vez apresenta fragilidade por estar na mente, no campo da estrago. Como a cultura e uma construção histórica que vai passando de geração em geração, esta ao longo dos tempos sofre mudanças, e o que chamamos de mecanismo adaptativo a principal característica da cultura e o cariado mecanismo adaptativo: A capacidade de responder ao meio de acordo mudança de hábitos, mais rápida do que uma possível evolução biologias. O há mem. não precisou, por exemplo, desenvolver longa pel. a pel. age m e grossas camadas de gordura sob a pelas para viver em ambientes mais frios; ele simplesmente adaptou-se com o uso de roupas, do fogo de habitações. A evolução cultural e mais rápida do que a biológica. No entanto, ao rejeitar a evolução biológica, o homem sorna-se dependentes da cultura, pois esta age em substituição a elementos (por exemplo, a supressão de um aspecto da cultura) causaria o mesmo efeito de um efeito físico, talvez ainda pior. (ALMEIDA, 2012, p.08) Além disso, a identidade cultural e também um mecanismo cumulativa: as modificações trazidas por uma geração passam para a geração seguinte, de modo que a cultura transforma-se perdendo e incorporando aspectos mais adequados a sobrevivência, reduzindo o sorgo das novas gerações (LARAIA, 2001). A cultura e dinâmica, mas como mecanismo adaptativo e cumulativo, ela sofre mudanças. Tragos se perdem, outros se adicionam, em velocidades distintas nas diferentes sociedades. Dois mecanismos básicos permitem a irudanga cultural: a invenção ou introdução de novos conceitos e a difusão de conceitos a partir de outras culturas. Ha também a descoberta, que e um tipo de mudança cultural originado pela revela 海 de algo desconhecido pela própria sociedade e que ela decide adotar. A mudança acarreta normalmente em resistência, visto que os aspectos da vida cultural estão ligados entre si, a altera 贓。mínima de somente um deles pode ocasionar efeitos em todos os outros. Modificações na maneira de produzir podem, por exemplo, interferir na escolha dos membros para o governo ou na aplicação 18 de! eis. A resistência a mudança representes uma vantagem, no sentido de que somente modificações realmente proveitosas e inevitáveis serão adotadas, evitando o esforço da sociedade em adotar e depois rejeitar um novo conceito. O ambiente exerce um papel fundamental sobre as mudanças culturais, embora não único: os homens mudam sua maneira de encarar o mundo tanto por ambientais quanto por transformardes da consciência social. Mas, uma vez que se dá esse contato, a tendência e rejeitar a outra cultura como inferior, como natural. E o chamado etnocentrismo, uma barreira que a despeito de prejudicar o entendimento e relação com outras culturas, serve justamente para preservar a identidade de uma costura frente a possível difusão de preceitos de outras culturas. Os estudiosos da cultura utilizam o chamado relativismo cultural contra o etnocentrismo: consideram cada aspecto cultural em relação a cultura estudada e não em relação a sua própria cultura, enquanto sujeitos form. ados dentro de outro sistema de valores. Cultura e educação: uma estreita relação Indo de encontro a todas as definições acima, podemos considerar qualquer indivíduo inserido em algum contexto 。, mesmo que em sociedades mais primitivas são portadores de alguma cultura especifica e que, portanto a cultura ^não e in ata nas pessoas, mas e adquirida na convivência em grupo" (THOMAZ, 2009, p.08). Dentro da cultura, recebemos, aprendemos, reproduzimos, transformamos e criamos o mundo e somos educados nessas praticas. Assim, a educação acontece em todos os lugares em que as pessoas estão se relacionando umas com as outras na escola, com a família etc. Em qualquer espaço alguém sempre estará educando alguém, com ou sem a intenção de educar. A isto a Lei de Diretrizes e Bases 9394/96, faz referência logo no seu artigo 1a: A educação abrange os aspectos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentas sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestardes culturais. E um dos lugares ideias para a aquisição, desenvolvimento e conscientização da importância da cultura e a escola, onde àquela e transmitida por ferramentas da educação. "Nela alunos e professores trocam experiências, vivencias e singularidades. Convivem diariamente com as diferenças e praticam a inclusão cultural” (THOMAZ, 2009, p.08). A educação e um processo de desenvolvimento do indivíduo, e através desta que a cultura pode ser transmitida, conservada e transformada. Deste modo, a escola se faz em um espaço de participação, de compartilharriento, de disputa e 19 de negociação de sentidos que implicam em transformardesna vida pessoal de cada um dos que a frequentam, o ambiente escolar e o lugar do encontro das mais variadas culturas/identidades. O processo pelo qual entramos em uma cultura e aprendemos a ser e viver e denominado de enculturação. Ela e diferente da aculturação, em que a cultura de um povo e negada pela cultura de outro povo, como acontecem inúmeras vezes pelos povos da cidade que negam a sabedoria e a cultura que vem de comunidades indígenas ou de pessoas oriundas do campo, ou ainda do urban.。 negando os conhecimentos do rural. A educação como enculturação e forma que possibilita a convivência social em que compartilhamos, disputamos e negociamos o mínimo de valores, crenças, saberes, normas e símbolos e ao mesmo tempo, um acontecimento pessoal e social, nos quais me educo com os outros e o sou pelos outros. E o modo como o ser humano se faz presente dentro dele mesmo e da comunidade na qual se insere. A escola foi criada como instituição educativa, ou seja7 para transmitir as novas gerações aqueles elementos culturais ou saberes específicos necessários para a participação na vida social "na escola, vivemos nosso mundo, o mundo dos outros e compartilhamos, pensamos, imaginamos, planejamos, projetamos, criamos outros mundos juntos" (BESSA, 2005 apud THOMAZ, 2009, p.12). A escola, mesmo sendo uma instituição criada para ensinar aqueles mínimos de cultura necessária a convivência das diferenças e ainda, como qualquer instituição social, um espago em que existem a produção, a transmissão e a criação de cultura. Esta instituição educa tanto para a obediência aos costumes - par rose de comportamento 一 da comunidade e da sociedade, como pode educar para um posicionamento crítico e autônomo em relação a esses par rose. Para tanto, e precise integrar a cultura a questão educacional, porque educa 負。e resultado das práticas culturais dos grupos sociais. O próprio processo de ensinar e aprender revela essas práticas. Canal (2008) afirma que não existe educação que aconteça fora da imersão dos processes culturais, ressalta que e impossível uma pratica pedagógica 'desculturalizada", ou seja, desvinculada das questões sociais da sociedade, há praticamente uma dissociabilidade entre educado e cultura, não podendo ser analisados de forma separada, a relação desses dois elementos no ambiente escolar propicia o cruzamento de culturas Conceber a dinâmica escolar nesta perspectiva supõe repensar seus diferentes componentes e romper com a tendência homogeneizadora e padronizadora que impregna suas práticas (CANDAU, 2008, p.16). 20 Impregna: Fazer penetrar uma substancia num corpo: impregnar de aromas o ambiente. A prevalência da tendência homogeneizadora no interior da escola tem acontecido principalmente pela ausência de uma educação que possibilite o questionamento critico frente a imposição de cultura tida como corretas em detrimento de outras consideradas inferiores, r. Em Sinhás gerais cabe a escola enquanto instituição de transmissão e assimilação de conhecimentos produzidos por diversos povos recriar a cultura na escola e a cultura que nos rodeia. No caso da educa 海 diferenciada para os sujeitos que vivem no campo, a escola deve ser aliada na transmissão e manutenção de cultura e gerações e abrir caminhos para novos conhecimentos. A escola, de um modo geral, tem refogado esta postura, tratando a questão dos sujeitos do campo, bem como dos povos indígenas e quilombolas de forma histórica, preconceituosa e estereotipada. Isto e contraditório ao que realmente a escola deveria ser, um Sugar de discussão e contribuição, junto a sociedade, para o conhecimento das próprias limitardes, do outro, do mundo, buscando equacionar, através do diálogo e das trocas Inter societárias, problemas de ordens variadas com os quais todos se defrontam. Neste aspecto a escola atua como silenciadora da cultura do educando em detrimento da padronização cultural, tai fato se deve a dificuldade que a escola tem em lidar com a pluralidade de sujeitos. Canal (2008), nos chama a atenção para o Daltonismo Cultural presente no sistema educacional brasileiro que consiste na solidificação do car.薄 era monocultura da cultura escolar que tem contribuído negativamente para a pratica educativa, conforme salienta Canal (2008, p. 27), Para os/as alunos/as, principalmente aqueles/as oriundos de contextos culturais habitualmente não valorizados pela sociedade e pela escola, são: a excessiva distância entre as experiências socioculturais e a escola, o que favorece o desenvolvimento de uma baixa autoestima, elevados índices de fracasso escolar e a multiplicação de manifestações de desconforto, mal-estar e agressividade em relação h escola. O Daltonismo Cultural tem fortalecido para a negação da identidade e da cultura dos diferentes sujeitos do campo que vivem na escola, sejam elas diferenças étnicas, de gênero, regional, ocasionada pela dificuldade e falta de prepare para lidar com essas questões, o considerar que a maneira mais adequada de agir e centrar no grupo 'padrão' (MOREIRA; CANDAU, 2008, p.28). Portanto, e importante© que a formação de professores, a seleção dos conteúdos para os povos que vivem no campo sejam pensados a partir do 21 inventario da realidade do público atendido seja na cidade, no quilombo e nos diversos espaços escolas e não escolares considerando o universo sócio cultural de cada a povo. EDUCAQAO DO CAMPO: RETROSPECTIVA HISTORICA 2 CONHECIMENTOS Conhecer o processo histórico da educação do campo no Brasil. Habilidades Identificar o marco legal que sustentam a educação do campo. ATITUDES Posicionar-se criticamente sobre a concepção da educação como direitos de todos. Educação do Campo no Brasil: um breve histórico Por varies anos o modelo educacional destinado aos educandos que vivem no campo, foi simplesmente copiado e executado da zona urbana para rural, colocando os indivíduos do campo numa posição de inferioridade em relação aos da cidade, uma vez que seus valores, costumes, cultura e identidade não foram considerados como importante no processo de ensino-aprendizagem. Cabe salientar que além do exposto, esses povos são estigmatizados, são vistos pelas populares dos grandes centros urbanos como pobres, ignorantes, atrasados. Estigmatizado: Qualificado de modo negative, rotulado. As características dos povos que vivem no campo praticamente não tinham espaços dentro da agenda da política educacional brasileira nos anos 90, a situação de submissão e inferioridade era ainda mais agudizada pela falta de representatividade nos material didáticos que expressavam uma imagem 23 distorcida da verdadeira realidade do campo. Esses elementos são apresentados nos escritos de Leite (2002, p.14): A educação rural no Brasil, por motivos sócios culturais, sempre foi relegada a pianos inferiores e teve por retaguarda ideologizes o elitismo, acentuado no processo educacional aqui instalado pelos jesuítas e a interpretação político-ideológica da oligarquia agraria, conhecida popularmente na expressão: "gente da roga não carece de estudos". Isso e coisa de gente da cidade. A educação do campo vem sendo historicamente marginalizada com relação a construção de políticas públicas Claras para a educação camponesa, aonde os governantes vem optando pela saída mais fácil, ao invés de propiciar estrutura física e condições de ensino, passam a fechar escolas rurais e transportar os alunos para as cidades, onde entre 2005 e 2007 foram fechadas 8 mil escolas rurais no Brasil, medida essa justificada pelo pequeno número de alunos. A educação básica, com vista a valorização da diversidade cultural do pais sejam eles indivíduos do campo indígena e quilombolas foi mantida por décadas no esquecimento. As conquistas de uma educação DO campo NO campo e uma realidade atual no Brasil, mas e importante ressaltar que aindatemos muito a conquistar para que a mesma se consolide na perspectiva para a que! foi conquistada, nesse contexto a educação do campo em parceria com os movimentos sociais, vem lutando para o reconhecimento dos direitos das pessoas que vivem na zona rural, no sentido de terem uma educação diferenciada de acordo coma realidade vivenciada. Concordamos com Fernandes; Cerol; Caldar (2004), ao apresentar o modelo, ou pelos menos o que desejamos que seja a educação do campo, Dessa forma a educação passa a ser vista, cada vez mais, como um direito fundamental e uma responsabilidade social que os governantes brasileiros devem assumir junto a sua população do campo, pois a escola básica, pública e gratuita continua sendo o espago privilegiado para a aquisição de competências e habilidades Fundamentals ao exercício da cidadania. Assim, o direito de cidadania não pode estar desvinculado。das questões educativas, como acesso aos bens costurais adequados a construção da dignidade humana. O povo que vive no campo e visto por muitos como atrasados, esse fato resulta na migração dessa população para a cidade, sob a falsa ilusão de conquistar melhores condições de vida. Muitos deles terminam conseguindo moradias em favelas e acabam vivendo sob o mesmo aspecto de marginalização e exclusão antes vivido no campo, 24 Neste contexto entendemos a educação como mecanismo de inclusão e como principal ferramenta possível de mostrar ao povo do campo, o valor de sua cultura e seus conhecimentos. Cabe indagar qual a educação está sendo oferecida no meio rural e que concepção de educação está presente nesta oferta. E necessário fazer a distinção entre Educação do Campo e Educação no Campo. De acordo com Arroyo, (2000, p. 14): Quando discutimos a educação do campo estamos tratando da educação que se volta ao conjunto dos trabalhadores e das trabalhadoras do campo, sejam os camponeses, incluindo os quilombolas, sejam os de versos tipos de assalariados vinculados a vida e o trabalho no meio rural (ARROYO, 2000, p.14). Outro diferencial e que o currículo das Escolas do Campo ele e pensado a partir do inventario da realidade, que e construído por professores e alunos, e deve servir de norte para o piano de trabalho a ser desenvolvido pela escola, pois e a partir desse inventario que a escola vai de fato agir de acordo com a necessidade e anseio dos sujeitos que a compõem. Aspectos legais da educação do campo Trataremos em linhas gerais o papel do Estado em ofertar a educação para todos os indivíduos de forma a contemplar os aspectos e características de cada clientela, considerando pluralidade cultural de cada região. Na tentativa de considerar as diversas culturas que permeiam o campo escolar, a LDB 9394/96 firma uma base comum para todo o pais, sendo essa base passível de complementação, adaptação pelas esferas federais, estaduais e municipais de ensino, estes devem adequar a oferta da educação e do período letivo com vista a respeitar as características de cada região. Objetivando。a promoção do processo de escolarização dos indivíduos que residem no campo, no ano e 1998, surge a "Articulara。Nacional por uma Educação do Campo", com a responsabilidade de se fazer atingir tai objetivo. Dentre as várias ades realizadas por esse movimento destacamos as seguintes: > A realização de duas Conferencias Nacionais por uma educação básica do Campo - em 1998-2004; > A implantação via Conselho Nacional de Educação (CNE) das principal Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo em 2002; > E a criação do Grupo Permanente de Trabalho de Educação do Campo (GPT), em 2003. 25 É importante ressaltar que na década de 60, mais especificamente no período final do regime militar, tínhamos a frente da formulação das políticas públicas para a Educação do Campo as elites brasileiras, com a intenção de exploração, dominação desses povos, tais políticas buscavam ações de assistencialismo e principalmente a prepare de mão-de-obra agrícola. Em 1980 foi elaborado pelo MEC o II Plano Setorial! de Educação, Cultura e Desporto, que resultou no surgimento de programas como: Programas Nacional de Agomes Socioeducativas e Culturais para o meio rural (Proasse); Programa de Extensão e Melhoria para o Meio Rural do Nordeste (Edurural-NE). As ações destinadas ao povo do campo continuam ganhando espago nas a§6es do Estado, não como benevolência, mas por necessidade para esses sujeitos. O antigo Ministério Extraordinário da Política Fundiária, hoje, transformado em Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), criou em 1998, o Programa Nacional de Educação da Reformas Agraria (Procera). O Procera foi umas das ações estratégicas do governo federal que contava com parceiras das Universidades e movimentos sociais do campo que juntos trabalhavam para aumentar o grau de escolarização de jovens e adultos que moravam em áreas de reforma agraria e formar professores aptos a desenvolverem o processo de ensino- aprendizagem nas escolas localizadas em assentamentos. Os movimentos sociais que se faziam presentes nos espaços deliberativos ilutavam não apenas pela formulação de políticas públicas, mas que estas fossem efetivadas, portanto, as políticas criadas na década de 90 ganharam além do apoio da própria LDB 9394/96, apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável para Agricultura Familiar (Condira) e do Grupo Permanente de Trabalho de Educação do Campo (GPT), instituído pela Portaria nfi 1.374, de 3 de junho de 2003 por intermédio do MEC. Todas essas medidas de maneira conjunta almejavam junto ao governo federal a solidificação das políticas sociais para a Educação do Campo, entre outras. As conquistas para a valorização da identidade do povo do campo não pararam de crescer, em 2004 e criada a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do MEC ligada a Coordenação Geral de Educação do Campo, a criação dessa secretaria e considerada pelos movimentos sociais do campo uma grande conquista que vem possibilitando a materialização da Educação do campo no Campo. A (CF 88) ao garantir em seu texto。que "o acesso ao ensino obrigatório e gratuito e direito público subjetivo" (Art. 208), abriu caminhos para que todo e qualquer cidadão possa reivindicar o acesso à educação escolar, a garantia desse direito foi o que impulsionou a construção de legislação e políticos educacional para todos os sujeitos que dela necessitarem seja na cidade, quilombo, Educação de Jovens e adultos, educação especial e educação do campo. A LDB n9 4.024/61 apresentava um enorme cuidado na promoção da educação nas zonas rurais, na tentativa de diminuir o êxodo rural que tem resultado num crescente aumento de pessoas nos grandes centros urbanos em busca de melhores condições de vida, o resultado dessa mudança tem sede, uma vida precária, mão-de-obra explorada e moradia nas periferias. A Lei n2 9.394/96 em seus artigos 3e, 23, 27 e 61, garante a diversidade sociocultural, elencando também a importância do direito a igualdade e a diferença, sendo assim, isso tem resultado na formulação de diretrizes operacionais para a educação do campo. Nesse contexto, a educação na perspectiva de adaptação perde espaço para o novo viés, agora votado para a adequação, portanto, passou a considerar as finalidades, os conteúdos e as metodologias especificas para os diversos sujeitos nos seus diversos ambientes, ou seja, para o povo do campo, deve ser ofertada não somente a base comum a todo o pais (matemática, português etc.), mas junto a essa base inserir disciplinas que proporcionem a visão da importância do campo no desenvolvimento econômico brasileiro, mostrar que a cultura do campo não e menos importante do que a dos indivíduos que vivem na cidade, portanto, o viés da adequação abriu caminhos para uma organização escolar com vista a possibilitaros educandos o acesso e permanência no processo de escolarização, umas das mediadas adotadas e a organização e adequação dos dias letivos tendo 。como referenda as etapas do ciclo agrícola e as condições climaticas. O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) criado através da emenda constitucional na 14 e da atual LDB. O Fundef agilizou。procedimento de democratização do acesso à escola, realocando recursos financeiros para o ensino fundamental em todo o Brasil. Os recursos desse fundo sofrem alterardes dependendo do número de alunos Matriculados nos diversos sistemas de ensino, isso refletiu positivamente nos estabelecimentos de ensino localizados em zonas rurais. Com a criação do Plano Nacional de Educação (Lei n.b. 10.172/2001), para a educação no meio rural e recomendado um olhar especial. De outro modo, a inexistência da universalização (acesso e permanência) da educação básicos do campo, a falta de transporte© para o translado (transferência) 27 dos educandos e professores, feita de maneira desorientada, sem seguir critérios, normas, resultou em serias deformidades, tais como: > O fechamento de escolas localizadas nas áreas rurais; > A transferência dos educandos para a cidade; > O translado dos educandos em veículos sem as mínimas condições de funcionamento. No ano de 2011 foram aprovadas as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica das Escolas do Campo pelo Conselho Nacional de Educação, essa conquista refletiu como uma vitória das diversas batalhas que a educação do campo vem enfrentando, essas diretrizes engloba o apanhado de reivindicações do sujeito da zona rural em luta conjunta com os movimentos sociais, que buscam materializar aspectos conceituais e estruturais na valorização da identidade e cultura presente historicamente nas suas reinvindicações. Dentre elas, o reconhecimento e valorização da diversidade dos povos do campo, a formação diferenciada de professores, a possibilidade de diferentes formas de organização da escola, a adequação dos conteúdos, as peculiaridades locais, o uso de práticas diferenciadas, através da escola, do desenvolvimento sustentável e do acesso aos bens econômicos, sociais e culturais. Contudo, diversas pesquisas realizadas pelo Instituto Nacional Anísio Teixeira (Inep) nos últimos anos ter apontado como principais dificuldades em relação a educa 握。do campo. Segundo Henriques tal (2017 p.18), o Inep detectou as seguintes problemáticas: a) Insuficiência e precariedade das instalações físicas da maioria das escolas, dificuldades de acesso dos professores e alunos as escolas, em razão da falta de um sistema adequado de transporte escolar; b) Falta de professores habilitados e efetivados, o que provoca Constant© rotatividade; c) Falta de conhecimento especializado sobre políticas de educação básica para o meio rural, com currículos inadequados que privilegiam uma visão urbana de educação e desenvolvimento, ausência de assistência pedagógicas e supervisão escolar nas escolas rurais; d) Predomínio de classes multisseriadas com educação de baixa qualidade; falta de atualização das propostas pedagógicas das escolas rurais; e) Baixo desempenho escolar dos alunos e elevadas taxas de distorção idade-série; f) Baixos salaries e sobrecarga de trabalho dos professores, quando comparados com os que atuam na zona urbana; 28 g) Necessidade de reavaliação das políticas de nucleação das escolas e implementação de um calendário escolar adequado as necessidades do meio rural. Dentre as várias problemáticas, merece maior destaque as escolas multisseriadas, essas tem representado um grande desafio diante das políticas públicas voltadas ao campo, isso e resultado de um processo histórico que e marcado pela ausência do Estado na área rural e por uso inadequado dos recursos financeiros no campo, o reflexo dessa carência estatal tem severos desdobramentos na ínfima qualidade do ensino: [...]o problema das turmas multisseriadas está na ausência de uma capacitação especifica dos professores envolvidos, na falta de material pedagógico adequado e, principalmente, a ausência de infraestrutura básica 一 material e de recursos humanos 一 que favoreça a atividade docente e garanta a efetividade do processo de ensino-aprendizagem (INEP, 2006, p.19 apud HENRIQUES et al, 2007, p.22) Chamamos a atenção aqui também para as condições de trabalho dos professores da zona rural, esses vem sofrendo serias situações de precarização que vão desde a locomoção e formação conforme apresentamos a seguir: Os professores da área rural enfrentam as consequências da sobrecarga de trabalho, da rotatividade e das dificuldades de acesso a locomoção. Além disso, recebem saltérios inferiores aos da zona urbana e estão entre os que tem menor nível de escolaridade. A proporão de professores leigos, embora tenha declinado de 2002 a 2005, de 8,3% para 3,4%, ainda e elevada, 債 que 6.913% dos docentes são exercidas por professores com até o ensino fundamental e apenas 21,6% dos docentes das series iniciais do ensino fundamental cursarei nível superior. Nas series finais do ensino fundamental, o percentual de docentes com apenas ensino médio corresponde a 46,7% e, com formação superior, 53,1%. Já no ensino médio, 11,3% do professorado está atuando no mesmo nível de sua formação. Este percentual 6 significativo devido ao reduzido número de estabelecimentos de escolar deste nível de ensino na zona rural (HENRIQUES, 2007, p.22). Segundo o (JNPE/MEC), na I e II Conferência Nacional por uma Educação do Campo, realizadas em 1997 e em 2004, respectivamente. Segundo o Ministério da Educa 海(MEC), o documento final da II Conferência da Educação do Campo apresentou as seguintes demandas: Universaliza 媚。do acesso à Educação Básica de qualidade para a população brasileira que trabalha e vive no e do campo。,por meio de uma política pública permanente que inclua como aos básicas: o fim do fechamento arbitrário de escolas do campo; a construa 白。de escolas no campo que sejam do campo; a construção de alternativas pedag6gicas que viabilizem, com qualidade, a existência de escolas de educa 負。 Fundamental e de ensino médio no próprio campo; a oferta de Educação de Jovens e Adustos (EJA) adequada a realidade do campo; políticas para a elaboração de currículos e para escolha e distribui (? ao de materiais didático- pedagógico, que levem em conta a identidade cultural dos povos do campo e o acesso as atividades de esporte, arte e lazer. 2. Ampliação do acesso e permanência da população do campo a Educa (? ao Superior, por meio de políticas públicas estáveis. 3. Valorização e formação específica de educadores e educadoras do campo por meio de uma política pública permanente. 4. Respeito 立 especificidade da Educação do Campo e 为 diversidade de sins sujeitos (HENRIQUES, 2007, p.23). 29 Entretanto, a Educação do Campo segundo Colin; Nery e Molina (1999, p.57) precisa ser uma educação que considere as especificidades das populações do campo ou "[...] uma educação no sentido amplo de processo de formação humana, que constrói referências culturais e políticas para a intervenção das pessoas e dos sujeitos social da realidade Ainda segundo teóricos, a educação do campo no cenário brasileiro tem enfrentado diversos tipos de problemas e um desses problemas e: [...]a ausência de políticas públicas que garantam seu desenvolvimento erro formato adequado 径 melhoria da qualidade de vida das pessoas que ali vivem e trabalham [...j precisa-se de políticas especificas para romper com o processo de discriminação para fortalecer a identidacfe cultural negada aos diversos grupos que vivem no campo [...] (KOLLING: NERY e MOLINA, 1999, p.58). Essa realidade demonstra um retrocesso em meio as conquistas de direitos conseguidos através das lutas dos povos do campo, sem deixar de entender, poroutro lado, que esses direitos são oficialmente definidos e legitimados pela legislação educacional brasileira, refogados pelas organizações e movimentos sociais. Organização e movimentos sociais que marcaram a poética educacional do campo Ao mapear as organizações públicas que vem se manifestando ao longe。 da história para as populações do campo pode-se perceber movimentos e programas voltados para a luta em defesa de uma educação que enfatize o contexto social e cultura do campo. Foi a luta em defesa de uma educação que enfatize o contexto social e cultural do campo. Foi assim que, por exemplo, como o Pro ramo a Nacional de Educação e Reform. a Agraria (PRONERA), criado em 1998 junto ao Ministério Extraordinário da Política Fundiária (MEPF), hoje Ministério de Desenvolvimento Agrário. O (Procera) e dirigido aos trabalhadores das áreas de reforma agraria como o objetivo de: Fortalecer a educação nas áreas de reforma agraria estimulando, propondo, criando, desenvolvendo e coordenando projetos educacionais, utilizando metodologias voltadas para a especificidade do campo, tendo em vista contribuir para a pomo (? ao do desenvolvimento sustentável (MANUAL DE OPERAQOES PRONERA, 2016). Desse modo, o campo necessita de políticas públicas a fim de romper com processo de discriminação e, consequentemente, fortalecer a identidade cultural negada as mi no rias e garantir o atendimento diferenciado. A efetivação e a construção de políticas públicas para a educação do campo devem estar 30 direcionadas com a finalidade de contemplar as problemáticas existentes há décadas no meio rural brasileiro e nas escolas do campo. Assim, os movimentos sociais e as organizações vem tentando dialogar com o Estado, buscando construir políticas que solucionem as dificuldades na educação do campo. Apesar das lutas dos movimentos sociais e sindicais de trabalhadores rurais por mais políticas educacionais do campo, percebe-se pouca mudança, mesmo com a LDB 9.394/96, em que não trouxe muitos avanços para a educação rural. Pelo contrário, reduziu a obrigação do Estado com a universalização do ensino e suas modalidades. Entretanto, urna dos traces Fundamentals de luta por uma educação do campo foi assumida pela I conferência Nacional por uma educação básica do campo no qual reuniu várias organizações e movimentos a favor de políticas educacionais que levassem em conta nos seus conteúdos, o especifico da identidade do campo. Sobre isso Arroyo e Fernandes (1999) afirma que essa Conferencia não foi uma crítica as políticas (não) existentes nem denuncia a situação precária da educação rural foi a afirmação de um processo rico e promissor da construção de uma educação básica do campo" (ARROYO e FERNANDES, 1999a, p.07). De acordo com esse autor, deve ser organizada uma proposta autônoma de educação voltada a realidade de vida dos alunos do campo no âmbito cultural e social. As organizações e movimentos a favor de políticas educacionais que levem em conta nos seus conteúdos e metodologias, valorizando o saber do povo que vive no campo, conformes advogam Arroyo e Fernandes (1999b, p.13): Quando situamos a escola no horizonte dos direitos, temos que lembrar que os direitos representam sujeitos. Sujeitos de direitos, não são direitos abstratos. Que a escola, a educa 海 básica tem de se propor tratar o homem, a mulher, a criança, o jovem do campo como sujeitos de direitos. Como sujeitos de hist6ria, de lutas, como sujeitos de intervenção, como algum que concordar que está participando de um projeto social, por isso que a escola tem que levar em conta a história de casa educando e das lutas do campo Desse modo, a Educação do Campo se identifica pelos seus sujeitos- E precise compreender que, parte do povo brasileiro vive das relações sociais especificas que compôs a vida no e do campo, em suas diferentes identidades. São pessoas de diferentes idades, famílias, comunidades e organizardes que vivem e contribuem com as cidades através de seu trabalho, do que produzem. A perspective da educação do campo deve ser exatamente a de educar pessoas que trabalham no campo, para que se encontrem se organizem e assumam a condição de sujeitos na direção de seus destinos. Por isso, a preocupação de diversos estudiosos no que diz respeito ao 31 fechamento das escolas do campo, isso tem refletido na dificuldade que as populações do campo encontram no que diz respeito ao acesso aos bens culturais da humanidade, como enfatiza Molina (2006, p.144): E uma realidade que enfraquece a escola do campo, são os traces vínculos que tem o corpo de profissionais do campo com as escolas do campo. Não e um corpo nem do campo, nem para o campo, nem construído por profissionais do campo. E um corpo que está de passagem no campo e quando pode se liberar sai das escolas do campo. Por ai não haver rd nunca um sistema de Educação do Campo [...] Isso sínfise dar prioridade a poéticas de irmão de educadores. Por outro lado, a educação do campo merece uma atenção diferenciada por parte dos gestores públicos, bem como dos educadores, uma educação que trabalhe a diversidade e realidade do homem do campo, que resgate suas heranças culturais, seus valores, respeitando os direitos dos cidadãos. Direitos esses que abram novas possibilidades para a construção de saberes e os poderes que circulam tacitamente (obscuramente) nos espaços pedagógicos e são legitimados pelos currículos e pelos procedimentos do exercício docente. Assim, torna-se possível a composição curricular como possibilidade de cumprimento da função social da escola na superação das desigualdades sociais CARACTERIZANDO A ESCOLA DO CAMPO 3 CONHECIMENTOS Compreender a importância da valorização da cultura, identidade e saberes no currículo escolar destinado ao campo. HABILIDADES Identificar a concepção de educação que permite a formação crítica e libertaria da educação do campo e a importância dos movimentos sociais nesse processo. ATITUDES Posicionar-se criticamente frente a rela$9o das disciplinares da base nacional comum com a parte diversificada do campo. A valorização da Educação do Campo A realidade da educação pública brasileira como já e conhecida por nós e marcada pela péssima qualidade de infraestrutura, material didático descontextualizado e dentre outros. A educação do campo sofre desses mesmos problemas, apesar da formulação de políticas públicas especificas para estes povos, elas tem se mostrado ineficiente por mu Hás vezes não compreenderem a distinga o entre Educação NO Campo x Educação DO Campo. A educação do campo está marcada por muitas discussões no interior dos movimentos sociais, das entidades, representações civis, sociais e dos sujeitos do campo. As lutas estão na adequação das escolas a realidade da população, assim como deve ser para a educação indígena e quilombola. Pode-se dizer que o campo tem suas particularidades. Cabe, portanto, a educação do campo, o papel de fomentar reflexões que acumulem forças e produção de saberes, no sentido de contribuir para a negação e/ou desconstrução do imaginário coletivo acerca da visão hierárquica que há entre o campo e a cidade. Essas são aq6as que podem ajudar na superação da visão tradicional do imaginário social do jeca-tatu e do campo como espago atrasado e pouco desenvolvido (SANTOS, 2014, p.03). Vale ressaltar, que e de significativa importância desmistificar a ideia de que a educação do campo e menos relevante que a educação da cidade, quando a diferenciação entre campo e cidade se dá, sobretudo por causa das características próprias de seus sujeitos. Além disso, tanto。campo, como a cidade, ambos desempenham necessárias fungos sociais, econômicas, políticas, culturais, visando a sustentabilidade de suas populares, cujas especificidades precisam ser compreendidas e levadas em consideração nos processes de ensino e aprendizagemde seus educandos. As ideias equivocadas acerca da educação das populares rurais que defendem ser desnecessárias e que os sujeitos do campo não necessitam de escolarização, pois as atividades da agricultura não exigem saberes sistematizados. Esses equívocos perduraram e ainda continua na mente e postura de pessoas conservadoras, preconceituosas e centralizadoras de poder. Daí a importância de ampliação dos conhecimentos sob ré a educação do campo para todas as pessoas do próprio campo e cidade, afim de que essas populações compreendam que os direitos e a justiça social são para todos indistintamente e a educação ofertada as comunidades rurais devem ser de qualidade socialmente referenciada, proporcionando assim, a elevação intelectual de seus habitantes e capacitação para melhor desenvolver uma cultura agrícola de melhor qualidade. As populações do campo tem direito a diferença e atendimento as suas especificidades, pois a igualdade enquanto direitos não devem nos descaracterizar, nem tampouco a diferença deve nos inferiorizar (SANTOS, 2003 apud MOLINA, 2006). Desse modo, e precise desconstruir paradigmas, preconceitos e injustiças, a fim de reverter as desigualdades educacionais historicamente construídas, entre campo e cidade. E indispensável percebermos, que a educação do campo vai além de ensinar a ler e escrever os filhos dos trabalhadores rurais, mas formar pessoas céticas e conhecedoras da sua cultura e de sua identidade como pessoa do campo (VIE 旧 A, 2010, p.04). Sobre isso, Molina afirma que: A desvalorização dos conhecimentos pratico-teóricos que trazem os sujeitos do campo, construídos a partir de experiência, realidades sociais, de tradi?6es históricas e principalmente, de visões de mundo, tem sido ação recorrente das escolas e das várias instituíeis que atuam nestes territórios (MOLINA, 2006, p.13). Nessa compreensão, os movimentos sociais tem seu papel importante nas lutas por adequação das escolas do campo as realidades existentes. Faz-se necessário construir melhores formas de aprendizados como novas práticas pedagógicas contextualizadas, diferenciadas, formação de professores e adequando os conteúdos as peculiaridades locais. Para Arroyo (2000), a educação rural ignorada e marginalizada está mostrando seu verdadeiro rosto, não a caricatura tão repetida: reduzir a educação a escolinha rural, a professor desqualificada, as massas analfabetas. Uma visão preconceituosa que os educadores rurais vão desconstruindo ao longo de suas experiências e vivencias com as comunidades rurais. Esses educadores rurais constroem seus próprios entendimentos acerca da educação do campo, identificando no cotidiano e suas práticas docentes, as principal dificuldades enfrentadas pela escola, sobretudo, com relação a falta de políticas públicas e investimentos em projetos que promovam o desenvolvimento local dessas populações. No Brasil, há tendência predominante marcada por exclusão e desigualdades, que consideram que a população rural não almeja projetos de modernidade. De acordo com o modelo de desenvolvimento do Brasil, onde o urbano se torna a cada vez mais importante, os camponeses são vistos como espécie em extinção, e as políticas públicas destinadas aos mesmos, estão, cada vez mais do tipo compensatório. A ausência de políticas públicas eficazes para o povo do campo tem se tornado bastante visível, assim como as negligencias do poder público, cujo desinteresse contribui para ampliar os reais problemas enfrentados por essas populações, além da elevação do índice de analfabetismo. Na verdade, precisa-se de políticas públicas especificas para romper com o processo de discriminação, fortalecer a identidade cultural negada aos diversos grupos que vivem no campo e garantir o atendimento diferenciado ao que e diferente, mas não deve ser diferente" (KOLL1NG, 1999, p.35). A educação do campo deve ser uma perspective libertadora, proporcionando o crescimento completo do indivíduo. A partir de princípios humanistas, que contribuam para o desenvolvimento integral do ser humano, favoreça ao educando a descoberta e a conquista de suas próprias identidades. Nesse processo, o educador deve formar cidadãos autônomos, capazes de decidir por si mesmo, sem opressão ou qualquer tipo de preconceito, assumindo seus próprios destines, seus projetos de vida. No momento atual, Freire (1987) defende a ideia de que e necessário que os deu cada ores tenham cuidado na hora de transmitir conhecimentos, para que não reforce uma educação bancaria, onde o professor sabe tudo e o aluno não sabe de nada. E importante um educador cântico-reflexivo, que além de transmitir seus conhecimentos, valorize o que o educando traz de conhecimentos prévios. Essa pratica, no entanto, implica segundo afirma Freire: Numa espécie de anestesia, inibindo o poder criador dos educandos, uma educação problematizada a, de caráter autenticamente reflexiva, implica num constantes ato de desvelamento da realidade. A primeira pretende manter a imersão; a segunda, pelo contrário, busca a emersão das consciências, de que resulta sua inserção crítica na realidade (FREIRE, 1987, p.40). O verdadeiro processo educativo de ser humano se dá, também, por meio do qual está inserido, partindo dos conhecimentos prévios, seus tragos culturais, suas crenças e costumes, não de forma mecanizada. O educando somente se interessa em aprender quando o ensinado tem a ver com suas necessidades. Quando se pensa em educação voltada para o campo e importante que haja por parte dos educadores, escolas, gestores educacionais e governantes, a preocupação com a realidade dos educandos/cidadãos, pois muitos deles não chegam a concluir o ensino médio. O que implica dizer que os mesmos se dedicarão ao trabalho rural, vendo como o único meio de sobrevivência. Os habitantes do campo precisam ser estimulados a se reconhecer com。sujeitos de direitos, direitos ao saber, direito ao conhecimento, direito a cultura produzida socialmente (ARROYO, 2000, p.11). A escola pública precisa ser feita para e com o povo, na defesa de seus direitos e saberes. Isso significa dizer, que a defesa dos saberes do povo deve ser o ponto de partida para o diálogo da educação com a comunidade. O educador do campo tem que procure conhecer a realidade daquela comunidade na qual a escola está inserida, pois só assim conseguira os resultados no processo educativo. Faz-se necessário a valorização dos conhecimentos que os educandos trazem consigo. E importante que a escola em seu todo integrado procure organizar parcerias com a comunidade, para a construção de seu projeto político pedagógico. Nele, deve center os anseios e as necessidades dos educandos, sujeitos da educação do e no campo. Ainda segundo Arroyo (2000) a escola tem que interpretar os processes educativos que acontecem fora da estrutura, fazendo uma síntese, organizando os conhecimentos construídos, socializados com a comunidade a que presta sérvio especializado. Um saber advindo da cultura historicamente produzida e cientificamente qualificada para interpretar e intervir na realidade. Cultura local e sua inclusão no ambiente escolar Na construção do conhecimento. A importância da cultura no ambiente escolar está fundamentada na historicidade de sua produção e que e passada para diversas gerações, sendo assim, e notório a construção e reconstrua o cultural dos povos nos diversos tipos de sociedade. A escola enquanto instituição considerada pela sociedade, como um espaço de sistematiza 海 e socialização de conhecimentos científicos, visa alterar o comportamento e as atitudes dos alunos para que eles possam se encontrar n 。 mundo cultural, se reconheça nas transformações desta cultura como fenômenos importantes na sua formação, melhorando a sua situação por meio do desenvolvimento da consciência social. Acreditando no potencial daescola enquanto form. ado rã de opiniões, para se trabalhar a temática cultura, e necessário primeiro que a ela se reconheça enquanto instituição social e cultural esteja ela aberta a reconhecer seu território, a chama de a 海 para uma revolução na elaboração da proposta pedagógicas que venha a valorizar a diversidade, pluralidade da cultura local. Os desafios, contudo, são muitos e continuam no caminho e cabe a nós educadores e a sociedade transformar e fazer novas aproximações possíveis. Portanto, e preciso compreender que a educação ter por finalidade a firmarão humana do indivíduo, sujeitos ativos. O papel da educação e assegurar a sobrevivência da formação e valorização cultural dos indivíduos, entender que a educação acontece nos diversos espaços, não ficando restrito ao espago escolar. Para tan. too, os recortes de Brandao (2007) destaca que a educação está em todos os lugares e no ensino de todos os saberes. Assim, não existe modelo de educação correto, a escola não e o único lugar onde ela ocorre e nem o professor e seu único agente. Existem inúmeras educações e cada um atende a sociedade em que ocorre, pois e a forma de reproduz 富。dos saberes que compõem uma cultura, portanto, a educação de uma sociedade tem identidade própria. Gohan (1997, p.74) afirma que: [...]A cidadania se cria com uma presença ativa, critica, decidida de todos nós com rela? Ao a coisa pública. Isso e dificilíssimo, mas e possível. A educação não e a chave para a transformação, mas e indispensável. A educação sozinha não faz, mas sem ela também não e feita a cidadania. A educação transmitida pelos pais e família, no convém com amigos, clubes, leituras de jornais, livros, revistas etc. São considerados temas da educação informal. O que diferencia a educação não formal da informal e que na primeira existe a intencionalidade de dados sujeito em criar ou buscar determinadas qualidades e/ou objetos. A educa 賦。 informal decorre de processes espontâneos ou naturais, ainda que seja carregada de valores e representações como e o caso da educa 福。familiar [. •.]■ A escola traz em sua história uma responsabilidade desafiadora, que a。 longe。 Dos tempos passou ainda mais a cobrança por uma educação de qualidade em que os seus alunos sejam realmente capazes de transformar o meio em que vivem a troca de "saberes plural" toma-se necessária a mudança de novos paradigmas da escola, da fam. iliba, da sociedade ao mundo contemporâneo. Gohan (1997) faz menção a uma definia o de cultura e cultura política como entraram definidamente em uma agenda de conceitos fundamentais na sociedade política neste século. Assim por consequência, a diversidade cultural ressurge no século XX, por isso, valorizar a cultura de um povo e ampliar o conhecimento dos símbolos compartilhados pelos membros de um grupo onde ela se manifesta. Junto a tudo isso tem surgido varies campos de estudo dela, originários da sociologia, história, filosofia, psicologia social, linguística, politica, etc. A cultura escolar Integra, sob tai perspectiva, a figão e o exercício da sala de aula; a exposição do professor sobre a matéria. A cultura escolar e a divisão das matérias, mas também a aceitação das diversas culturas presentes nos mais variados sujeitos que fazem o ambiente escolar. Dessa forma, os movimentos sociais que representam os povos do campo, em especial o (MST) começaram a defender a ideia de criar escolas voltadas para uma formação direcionada especificamente para os povos do campo。,que fosse mais do que uma escola 11 no" campo, que iria ainda reproduzir um currículo que não condiz com a realidade daquele povo, mas de fato uma escola "do" campo, feita para trabalhar a valorização da cultura do campo, com o currículo direcionado aos interesses e necessidades daquela região e dos sujeitos que ali vivem. Nesse sentido a concepção de currículo como um instrumento utilizado para estreitar os vínculos entre o mundo educativo, a sociedade e o trabalho, requerendo que o aluno construa significados, atitudes, valores e habilidades mediante um complexo jogo entre o intelecto, os instrumentos educativos e a interação social. A educação do campo precisa considerar as caractensticas e necessidades dos estudantes do campo, dentre os múltiplos elementos, está o currículo como elemento fundamental da educação para um público diferenciado. A organização escolar do campo deve ter em sua organização curricular, disciplinas que contemplem as necessidades do povo do campo, o currículo selecionado ter por funga-o possibilitar o processo forma tive com base nos conhecimentos e saberes do público especifico, para isso e precise conhecer a realidade em que o educando está inserido e a partir desse conhecimento prévio do contexto social e que se poderá ter a base dos conhecimentos e saberes que serão desenvolvidos pelos educandos, Portanto, não trata de utilizar a realidade como ilustra (? ao para os conteúdos predeterminados em uma lista ou nos livros didáticos, mas sim partindo dela, numa perspectiva de totalidade, compreender as contradições que atravessam e como e possível transforma a-1 a (CALDART, 2010, p_32). Caldar (2010) chama a atenção para dois elementos que são de fundamental importância para a construção do currículo do ensino médio do campo: a ciência e a cultura. Para autora a ciência e compreendida aqui como o conjunto de conhecimentos produzidos e legitimados socialmente ao longo da história (CALDART, 2010, p.32). No que concerne à cultura, Caldar (2010) aponta sendo aquela construída historicamente que resulta na construção de identidades, no entanto, a cultura deve percorrer o conjunto do currículo em dois sentidos principal: O primeiro articulado 立 pesquisa da realidade, de identificação das matrizes culturais e dos processes de aculturação e de criação de valores impostos, especialmente pelos meios de comunica (? ao, aos educandos e suas comunidades. O segundo deve constituir espaços/tempos para a valorização das expressões populares, do desenvolvimento dos talentos dos educandos e da afirma (? ao da identidade camponesa das diferentes formas de expressão artística e cultural (CALDART, 2010, p.33). Entende-se que a busca de um currículo que garanta a identidade do povo do campo e que se desmistifique a visão negativa construída historicamente e uma das ferramentas necessárias para acabar com o estigma do grupo que compõe a sociedade brasileira. Para que sejam reconhecidas essas especificidades do povo do campo, a educação precisa ter sua própria concepção de ensino, tendo como função inserir nos currículos escolares conteúdos significativos para os educandos que vivem no campo, esses conteúdos devem ser contextualizados, incluir experiências educativas culturais e perspectivas do campo, uma vez que algumas escolas do campo tem seus currículos construídos a partir da realidade da cidade. Em alguns cases, a falta de escolas no campo faz com que os educandos tenham que estudar em escolas da cidade, absorvendo conteúdo de um contexto que não faz parte da sua realidade, isso tem contribuído para perca da identidade desse grupo social. Neste caso, contiguar-se uma educação rural que existe no âmbito de instrumentalizar os filhos do campo para o trabalho nas grandes cidades. A educação do campo surge com o objetivo de valorizar a cultura e as potencialidades da comunidade, contribuindo para o desenvolvimento local, além de propiciar a permanência da população do campo. A partir do exposto defendemos uma educação que abra espago para a troca de saberes, ao mesmo tempo em que o estudante aprende conteúdos significativos para a vida no campo, aplicáveis no seu cotidiano e no espaga。familiar, para que essas experiências fora do espaga。 Escolar sirvam de norte para o trabalho pedagógico dos educadores. Entrando numa visão marxista, compreendemos a necessidade do homemencontrar sua essência, e se apropriar do humano, encontrar sentido e significado na realização do seu trabalho. Essas questões referem-se a educação por estar intrinsecamente relacionada ao próprio homem, mas não se referem somente a educação e sim a própria organização da sociedade burguesa, que precisa ser negada para que a emancipação humana aconteça. Ao discutir a educação do homem faz-se necessário examinar atentamente as suas condi9oes reais de vida, pois do contrário cai-se no mecanismo que a própria Divisão do trabalho impõe sobre os homens na sociedade burguesa, ao afirmar a possibilidade da consciência ser algo diferente do real. Dessa forma, pode-se situar a educação, que segundo Saviani (2002a), tem a ver com as ideias, conceitos e valores. Assim, entende-se que tais elementos não estão separados dos homens. No entanto, fazem parte da própria essência do homem. Nas relações parece pertencer apenas parte dos homens e não a todos. Saviani (2002b) assevera que a transformação das consciências por meio de uma pratica modificada. E isso só e possível por meio de uma pratica transformadora cujo eixo e o conhecimento. Percebe-se, contudo, que a escola na sociedade atual e marcadamente subordinada aos interesses do mercado, a troca financeira por avaliardes atua como parte de uma sociedade excludente e desigual, reflete em seu cotidiano tais mecanismos ao não alcançar a aprendizagem de todos. Acredita-se, no entanto, na possibilidade de uma busca Constant© de mudança da realidade em unir esforços contínuos de reflexões e ação, não negação das novas práticas e orientações. Diretrizes Operacionais para a Educação Básica do Campo e Princípios Pedagógicos da Valorização dos diferentes saberes A qualidade de uma escola, com vistas a emancipação humana, pode ser avaliada por inúmeros elementos, seu Projeto Político Pedagógico, sua grade curricular, a perspectiva teórica adotada por seu corpo docente, entre outros. Mas, e preciso não perder de vista que a emancipação humana se vincula ao caráter do homem. Nesse sentido, a educação do campo vem lutando com compromisso e objetivando a formação do educando para a conquista da cidadania e emancipação dos indivíduos, atuando por meio da construção coletiva de conhecimentos associada ao essencial papel de trabalhar com as culturas locais, os usos e costumes de seus povos. Portanto, uma educação verdadeiramente destinada aos sujeitos do campo e que até na a os anseios deste povo com um currículo com os seguintes objetivos: • Contribuir para o pleno desenvolvimento do aluno, promovendo sua formação humanística, cientifica e tecnológica; ♦ Preparar para o exercício da cidadania, capacitando o discente para intervir criticamente na realidade; • Proporcionar-lhe conhecimentos inerentes a vida no campo, bem como a sustentabilidade sócio/ambiental; ・ Contribuir para inseri-lo nas formas de organização e sistemas produtivos; ♦ Preparar o discente para enfrentar de forma compartilhada os desafios de um mundo em constante transforma 海. Uma escola será do povo do campo quando essa estiver disposta a formar cidadãos com a valorização da identidade na agricultura familiar, competência ética autônoma, ativo participa tive e política, com elevado grau de responsabilidade socioambiental e, que contemple um novo perfil para o saber, saber ser, fazer e compreender. Que possibilite atividades produtivas inerentes a vida camponesa no semiárido, estruturadas e aplicadas de forma sistemática para atender as necessidades de organização social e de produção dos diversos seguimentos da cadeia produtiva, visando a qualidade e a sustentabilidade econômica, ambiental e social e consiga: • Proporcionar aos estudantes o domo o da língua pátria, dos conhecimentos históricos, assim dos fundamentos científicos necessários para a aprendizagem em todos os níveis educacionais; ♦ Trabalhar a cultura camponesa na perspective da valorização do ser, da vida, da natureza, do trabalho e do empreendedorismo rural; • Trabalhar cientificamente a problemática relativa a vida camponesa no semiárido, a realidade das comunidades, suas potencialidades, provocar mudanças e inovações tecnológicas; , Manter a sustentabilidade ambiental, aplicando estratégias de melhorias de vida; • Disseminar métodos que estimulem o empreendimento produtivo em agropecuária nas diversas formas organizacionais; ♦ Aplicar as técnicas do sistema produtivo, buscando a experimentação invocativa e as adaptações as necessidades do mercado; •Selecionar espécies e variedades vegetais adequadas aos diversos ecossistemas, aplicando-as na conserva? Ao e preservação da biodiversidade e dos condicionamentos culturais do mundo rural semiárido. •Utilizar estratégias para a valorização do trabalho rural, do associativismo e das diversas formas de empreendedorismo rural; •Conduzir a pratica de criação de animais de pequeno, médio e grande porte, compatíveis com as condirdes ambientais da região. •Dominar as técnicas e procedimentos de manejo, nutri espaço e reproduz animal. •Disseminar o ensino angola e estimular pesquisas nas diversas culturas propicias no semiárido. •Disseminar estudos e elaborar projetos socioambientais propícios ao semiárido; •Conhecer, trabalhar e acompanhar programas de medidas profiláticas (preventivas) em defesa dos rebanhos da região. E qual seria o modelo de currículo que contemplasse esses aspectos? A organização curricular da Escola do Campo deve levar em consideras 海 os Referenciais Curriculares Nacionais da Educação no Campo. Uma escola que a estruturação da matriz curricular contemple: Um núcleo comum que Integra disciplinas das quatro áreas de conhecimentos do ensino médio (Linguagens e Códigos e suas Tecnologias; Ciências Humanas e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Matemática e suas Tecnologias); Uma parte diversificada, que Integra as disciplinas, Projetos e estudos de pesquisa, Práticas Sociais e Comunitárias e Técnicas Produtivas e Organização do Trabalho, voltadas para uma maior compreensão das relações existentes na vida camponesa e o mundo do trabalho. Além disso, e importante a integração da teoria a pratica desenvolvida no campo experimental ou em outro local além dos espaços escolares, ocorrendo preferencialmente sob os princípios da interdisciplinaridade, contemplando a aplicação dos conhecimentos adquiridos, tendo em vista a intervém 握。no mundo do trabalho e na realidade social de forma a contribuir para a solução de problemas. É importante ressaltar que a escola que assegure a identidade e cultura dos povos que vivem no campo, não abandona os conteúdos historicamente ensinados nas escolas da cidade, busca-se um equilíbrio desses dois tipos de educação. Para melhor compreensão vejamos como seria a matriz curricular que agregasse os saberes universais e específicos do campo, com espaços para a base nacional comum e momentos para a parte diversificada: Língua Portuguesa Educação Física Língua Estrangeira (Inglesas) Química Física Biologia Matemática História Geografia Sociologia Filosofia Formação cidadã Tempo de Estudo Letramento Cooperativismo e Associativismo Organização Familiar, Comunidade e Sustentabilidade Desenho e Topografia Educ. Ambiental e Sustentabilidade. 0 Trabalho e a Produção Animal 0 Trabalho e a Produz 如 Angola Protagonismo e Empreendedorismo Rural Para o bom êxito de uma educação do campo não basta apenas um currículo diferenciado, mas também uma metodologia que motive os sujeitos a se fazerem ativos e participantes do processo de ensino-aprendizagem, 52 E quais os critérios a serem considerados no processo de avaliação da aprendizagem da Escola do Campo? A proposta pedagógicas de uma escola comprometida com a valorização do campodeve-se pautar numa avaliação que contemple uma reflexão crítica e pratica no sentido de captar avanços, resistências e dificuldades e possibilitar uma tomada de decisão sobre o que fazer para superação dos obstáculos e o aprimoramento e qualidade do processo ensino-aprendizagem. Ela deve ser, portanto, comprometida com a aprendizagem significativa, continua e cumulativa, assumindo, de forma integrada no processo ensino- aprendizagem, as fundões diagnostica, formativa e som ativa, devendo ser utilizadas como princípios para a tomada de consciência das dificuldades, conquistas e possibilidades e que funcione como instrumento colaborador na verificação da aprendizagem, levando em consideração os aspectos qualitativos sobre os quantitativos. Diretrizes operacionais para a educação básica do campo e princípios pedagógicos da valorização dos diferentes saberes. De acordo com a Resolução do CNE/CEB de 2002, são objetivos da Educação Básica do campo: > Contribuir na construção de um projeto de sustentabilidade local; > Construam da memória coletiva das comunidades; > Democratizar a cultura na busca da humanização; > Compreender a diversidade do cotidiano escolar do campo, sem perder a unidade, a partir das diretrizes gerais. Além disso, são considerados fundamentalmente importantes, a definição e caracterização dos princípios da identidade da escola do campo. Além desses objetivos, a educação do campo precisa considerar o princípio Político-Pedagógico da construa o do conhecimento e da organização escolar com referência ao mundo do trabalho, das relações sociais e da cultura vivida pela população do campo. Por isso, e um princípio que valoriza os diferentes saberes, respeita e fortalece a identidade étnica e racial dos diferentes povos do campo em todo o território nacional brasileiro. Neste sentido, a organização da educação básica do campo no Brasil e constituída conforme a LDB 9.394/96, abrangendo as seguintes modalidades educativas: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. A concepção político pedagógicas da Educação do Campo está voltada para dinamizar a ligação dos seres humanos com as condições da existência social: relação com a terra, o meio ambiente, os de versos saberes, a memória coletiva, os movimentos social, (Art. 2° § Único). Ainda segundo as diretrizes da educação básica do campo, a construação de um ambiente coletivo e de extrema importância. Para tanto, devem ser considerados os seguintes aspectos: > A heterogeneidade dos grupos humanos; > A valorização dos conhecimentos dos diferentes sujeitos da aprendizagem e que estes contribuam para melhorar a vida das pessoas; > O respeito a heterogeneidade da refarão desses sujeitos com a terra, com o mundo do trabalho e da cultura. Nesta perspectiva, o art. 2Q das Diretrizes Operacionais da Educação do campo trata dos seguintes princípios básicos: a constituição de um conjunto de princípios e procedimentos que visam adequar o projeto institucional das escolas do campo as Diretrizes Curriculares Nacionais e ser da responsabilidade do Poder Público. De acordo com os artigos: 39 e 6fi dessa mesma Diretriz, o Poder Público deverá garantir a universalização do acesso da população do campo a educação básica e a educação profissional de nível técnico, proporcionando educação infantil e ensino fundamental nas comunidades rurais, cabendo em especial ao Estado garantir as condições necessárias para o acesso ao ensino médio e educação profissional de nível técnico. Enquanto o art. 4e defende que o projeto institucional das escolas do campo, devera constituir um espago público de investigação e 54 Articulação de experiências e estudos direcionados para o mundo do trabalho e o desenvolvimento social, economicamente justo e ecologicamente sustentável. Sobre a organização do sistema de ensino nas escolas básicas do campo, o art. 7s da atual LDB, afirma que: Art.7Q Responsabilidade dos respectivos sistemas de ensino em regulamentar as estratégias para o atendimento escolar do campo e flexibilização da organização do calendário escolar - este calendário poderá se estruturar independente do ano civil (§ 1fi). E as atividades poderão ser desenvolvidas em diferentes espaços pedagógicos (§ 2®). Ainda conformes a LDB 9.394/96, mais especificamente nos artigos 8fi e 9®, as parcerias estabelecidas visando o desenvolve cimento de experiências de escolarização, deverão observar se: > Ha articulação entre a proposta pedagógica da instituição e as Diretrizes Curriculares Nacionais; > Tem clareza nas atividades pede agogô iças e curriculares para urna projeto de desenvolvimento sustentável; > Existe uma efetiva pratica da avaliação institucional sobre a qualidade da vida individual e coletiva; > Controle social com a participa 捶。da comunidade. De acordo com as Diretrizes Operacionais de 2002, no tocante ao sistema de gestão, há exigência para que este contribua para o efetivo exercício da gestão democrática nas escolas do campo, conformes os artigos 10a e 113 assim descritos: Art. 10° e 11。Os sistemas de gestão democrática, contribuirão para a consolidação da autonomia das escolas e o fortalecimento dos Conselhos que promulgam um projeto de desenvolvimento, uma abordagem solidaria e coletiva dos problemas do campo, estimulando a autogestão no p raches só de elaboração, desenvolvimento e avalia 賦。das propostas pedagógica das instituições e construindo mecanismos de relacionamento。entre escola, a comunidade, os m/s órgãos normativos dos sistemas de ensino e os demais setores da sociedade, (BRASIL, 2002, p.03) Os artigos 12s e 13° referem-se aos professores das escolas do campo, os quais deverão fazer parte de um processo de formação de professores para o exercício da docência nas escolas do campo, incluindo estudos a respeito da diversidade e protagonismo com propostas pedagógicas de valorização da diversidade cultural e transformação do campo. Sobre o financiamento da Educação do campo, estre e abordado nos artigos 14s e 15® das diretrizes operacionais para a educação básica do campo, os quais 55 defendem que cera___2 assegurado mediante o cumprimento da legislação a respeito do financiamento da educação escolar no Brasil. A LDB atual, determina a diferenciação do custo aluno com vistas ao financiamento da educação escolar das escolas do campo. Apesar da LDB assegurar estes direitos e considerarmos a educação do campo de grande importância para o desenvolvimento do pais e a sustentabilidade das populares em geral, o que percebemos a cada dia, e uma situação de descaso, deixando as populares do campo a margem de seus direitos. Desse modo, podemos constatar, um baixo rendimento na educação do campo que se estende cada vez mais prejudicando muitos jovens, e que a cada ano o número de evasão nas escolas está crescendo além dos milhões de analfabetos absolutos, que no dizer de Alerta, (2003, p.131), “mais de 40 milhões de brasileiros continuam analfabetos funcionais, pois não sabem mais do que desenhar o próprio nome o que, numa sociedade tecnológica, não passa de analfabetismo1'. Enquanto informa 海 s são evidenciadas e que os governantes ter deixado a margem toda e qualquer ação voltada para o campo, sobretudo nos municípios, embora o Ministério da Educação tenha afirmado diversas ades, programas e projetos voltados para as populares do campo, dentre as proposições do MEC está o Programa Nacional de Educação do Campo (PRONACAMPO)
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