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DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PEA - MARCOS COTRIM SERPA

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Universidade Federal do Rio de Janeiro 
Escola Politécnica & Escola de Química 
Programa de Engenharia Ambiental 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DA UTILIZAÇÃO DE AGREGADOS RECICLADOS DE 
CONCRETO NA FABRICAÇÃO DE PEÇAS PRÉ-MOLDADAS DE 
CONCRETO PARA PAVIMENTAÇÃO 
 
 
Marcos Cotrim Serpa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
Agosto de 2013 
 
 
 
 
 UFRJ 
 
 
Marcos Cotrim Serpa 
 
 
 
AVALIAÇÃO DA UTILIZAÇÃO DE AGREGADOS RECICLADOS DE 
CONCRETO NA FABRICAÇÃO DE PEÇAS PRÉ-MOLDADAS DE 
CONCRETO PARA PAVIMENTAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Orientadora: Ana Catarina Jorge Evangelista 
 
 
 
Rio de Janeiro 
Agosto de 2013 
 
 
 
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Engenharia 
Ambiental, Escola Politécnica & Escola de Química, da Universidade 
Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à 
obtenção do título de Mestre em Engenharia Ambiental. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Serpa, Marcos Cotrim 
 
Avaliação da utilização de agregados reciclados de 
concreto na fabricação de peças pré-moldadas de concreto 
para pavimentação/Marcos Cotrim Serpa. – 2013. 
 
153 p.: 88 il. 30 cm 
 
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Rio de 
Janeiro, Escola Politécnica e Escola de Química, Programa de 
Engenharia Ambiental, Rio de Janeiro, 2013. 
 
Orientador: Ana Catarina Jorge Evangelista 
 
1. Agregado Reciclado. 2 Concreto Reciclado. 3. Peças 
Pré-Moldadas de Concreto. 4. Blocos de Concreto Para 
Pavimentação. I. Evangelista, Ana Catarina. II. Universidade 
Federal do Rio de Janeiro. Escola Politécnica e Escola de 
Química. III. Título. 
 
 
 
 
 
 UFRJ 
 
 
AVALIAÇÃO DA UTILIZAÇÃO DE AGREGADOS RECICLADOS DE 
CONCRETO NA FABRICAÇÃO DE PEÇAS PRÉ-MOLDADAS DE 
CONCRETO PARA PAVIMENTAÇÃO 
 
 Marcos Cotrim Serpa 
 
Orientadora: Ana Catarina Jorge Evangelista 
 
 
 
 
 
 
Aprovada pela Banca: 
 
______________________________________________ 
Profª. Ana Catarina Jorge Evangelista, DSc. - Universidade Federal do Rio de Janeiro 
 
______________________________________________ 
Prof. Assed Naked Haddad, DSc. – Universidade Federal do Rio de Janeiro 
 
______________________________________________ 
Profª. Elaine Garrido Vasqauez, DSc. – Universidade Federal do Rio de Janeiro 
 
______________________________________________ 
Profª. Maria Elizabeth da Nóbrega Tavares, DSc. – Universidade Estadual do Rio de Janeiro 
 
 
 
Rio de Janeiro 
Agosto de 2013 
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Engenharia 
Ambiental, Escola Politécnica & Escola de Química, da Universidade 
Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à 
obtenção do título de Mestre em Engenharia Ambiental. 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
Agradeço ao Prof. Luiz Edmundo Costa Leite, pela Orientação no meu Projeto Final 
de Graduação em Engenharia Civil na UFRJ, cujo tema desenvolvido foi sobre a 
Reciclagem de Plásticos e à Profa. Ana Catarina Jorge Evangelista pela Orientação 
desta Dissertação do Mestrado Profissional no Programa de Engenharia Ambiental da 
POLI/UFRJ cujo tema desenvolvido foi sobre a Reciclagem de Concreto na forma de 
Agregado Reciclado para confecção de peças pré-moldadas de concreto (PPC). 
Agradeço pelo apoio no desenvolvimento da presente pesquisa do aluno bolsista 
Daniel Bueno do curso de engenharia civil da UFRJ, ao Sr. Felipe Oliveira, Técnico 
em Edificações, Laboratorista da Fábrica Casalite (Selo de Qualidade ABCP) e ao Sr. 
Eduardo Braga, Técnico Químico, Laboratorista da Coppe/UFRJ. Agradeço também o 
Professor Marcelo Gomes Miguez pelas orientações prestadas no início desta 
pesquisa, ao Prof. Romildo Dias Toledo pela concessão do uso do Laboratório de 
Estruturas (LABEST), enquanto ocorriam as obras no LAMAC para a Construção do 
Núcleo de Materiais Sustentáveis (NUMATS) e ao Consultor da ABCP Sr. Idário 
Fernandes. Agradeço também a Profa. Elaine Garrido Vasquez pela colaboração na 
formatação final e melhoria significativa na apresentação final deste trabalho. 
Agradeço em especial aos companheiros da GIP/SMAC Engª Audrey Constant Bruno 
e a Arqtª Daniela Duarte Coelho que me apoiaram durante o desenvolvimento desta 
dissertação, lendo, fazendo correções, tecendo comentários e propondo melhorias. 
Agradeço também ao Subsecretário de Meio Ambiente da Cidade do Rio, Altamirando 
Fernandes Moraes por ter permitido o usufruto parcial do tempo de trabalho para o 
desenvolvimento desta pesquisa, sendo a mesma circunspecta às minhas atribuições 
profissionais e de interesse para o poder público. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
SERPA, Marcos Cotrim. Avaliação da utilização de agregados reciclados de 
concreto na fabricação de peças pré-moldadas de concreto para pavimentação. 
Rio de Janeiro, 2013. Dissertação (Mestrado) - Programa de Engenharia Ambiental, 
Escola Politécnica e Escola de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio 
de Janeiro, 2013. 
 
No Brasil, a tecnologia construtiva normalmente aplicada tem favorecido o 
desperdício na execução de novas edificações. Os resíduos de demolição e 
construção representam o maior montante de resíduos sólidos gerados no meio 
urbano. Para a reutilização em grande escala dos resíduos sólidos urbanos inertes 
gerados na Indústria da Construção Civil. Em análise a trabalhos anteriores, deve ser 
controlada a heterogeneidade e mensurada a absorção de água dos resíduos que 
serão utilizados como agregados na confecção do novo concreto. Com base nestas 
dificuldades, optou-se por utilizar nesta pesquisa, os agregados reciclados graúdos de 
concreto – ARC. O resíduo utilizado é originário da demolição do Hospital 
Universitário da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foram então realizados 
ensaios nos resíduos-agregados, conforme prescreve Norma Brasileira NBR 
15.116/2004 da ABNT e então, produzidos Corpos de Prova Cilíndricos de 10 cm x 20 
cm no traço para peças pré-moldadas de concreto (PPC) para revestimento de 
pavimentação, com 0%, 25%, 50%, 75% e 100% de substituição do agregado graúdo 
convencional pelo reciclado e realizados ensaio de resistência à compressão nos CPs 
produzidos. Os resultados apresentados mostraram que para o teor de 50% de 
substituição a média de resistência à compressão do CP obtida foi de 26,03 MPa e de 
39,46 MPa para as peças da composição RE04. Os resultados indicaram a 
possibilidade de utilização das PPC com até 50%de substituição dos agregados 
graúdos naturais pelos ARCs em vias de tráfego leve, ou seja, com solicitação de 
carga de até 35 MPa. 
 
Palavras-Chave: Agregado Reciclado, Reciclagem de Concreto, Concreto Reciclado, 
Peças Pré-Moldadas de Concreto, Blocos de Concreto Para Pavimentação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
SERPA, Marcos Cotrim. Avaliação da utilização de agregados reciclados de 
concreto na fabricação de peças pré-moldadas de concreto para pavimentação. 
Rio de Janeiro, 2013. Dissertação (Mestrado) - Programa de Engenharia Ambiental, 
Escola Politécnica e Escola de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio 
de Janeiro, 2013. 
 
In Brazil, the technological building development level has generated great 
amount of construction and demolition residues. These residues represent then 
biggest amount of the waste generated in the Brazilian cities. For the reuse of these 
residues on higher scale, looking after the backward researches, the heterogeneity 
must to be controlled and the water absorption has to be measured for the residues 
chosen to beused on the production of the new concrete. With base on these factors 
was decided to be used on this research the coarse concrete aggregate. The residue 
used originates from the demolition of the Federal University Hospital of Rio de 
Janeiro. They were then taken tests on the residues-coarse concrete aggregates as 
presented in the Brazilian Norm NBR 15.116/2004 of ABNT and then were produced 
specimens (cylinder -10cm x 20 cm) in the stroke used for concrete blocks for 
interlocking pavements, with 0%, 25%, 50%, 75% and 100% replacement of the 
recycled coarse conventional aggregate and the compression resistance of the 
specimens produced were taken. The results showed that for the amount of 50% of 
substitution, the average of the compressive strength of the SPC was 26.03 MPa and 
39.46 MPa for the pavement blocks RE04 produced. The results indicate the 
possibility of using the recycled blocks with 50% of substitution of recycled coarse 
aggregates for light weight roads with traffic request 
up to 35 MPa. 
 
Keywords: Recycled Aggregate, Concrete Recycling, Recycled Concrete, Preformed 
Concrete Pieces, Concrete Blocks for Pavement. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
Resumo...................................................................................................................... v 
Abstract..................................................................................................................... vi 
 
 
 CAPÍTULO 1 – Introdução............................................................................ 01 
 
CAPÍTULO 2 – Fontes de Geração de Resíduos da Construção e 
Demolição Civil – RCD ................................................................................ 07 
- Construção & Demolição: 
- Quantidade e Composição: Brasil e Mundo 
 
CAPÍTULO 3 - Gestão de Resíduos da Construção e Demolição Civil - 
RCD................................................................................................................ 38 
- Destinação de RSUs: Brasil e no Mundo. 
- Reutilização 
- Reciclagem 
- Logística Reversa 
 
CAPÍTULO 4 - Beneficiamento de Resíduos da Construção e Demolição 
Civil – RCD..................................................................................................... 71 
- Britagem de Resíduos de Concreto 
- Caracterização dos Agregados Reciclados de Concreto 
- Dosagem e Produção de Componentes de Concreto com a Utilização 
de Agregado Reciclado de Concreto – ARC 
- Produção de Blocos de Concreto Reciclado para Pavimentação 
 
CAPÍTULO 5 – Ensaios de Laboratório (Estudo de Caso)...................... 115 
 
CAPÍTULO 6 – Considerações Finais....................................................... 134 
 
CAPÍTULO 7 – Referências Bibliográficas............................................... 137 
 
 
 
8 
 
 
1. CAPÍTULO 1 
 
1.1 INTRODUÇÃO 
 
A indústria da construção civil é a que mais explora recursos naturais e é a 
indústria que mais gera resíduos sólidos urbanos. 
Os recursos minerais como a areia e a brita, extraídos de jazidas, areais ou 
pedreiras, são considerados recursos naturais não renováveis e após o término de 
sua extração em determinada fonte, deve-se buscar novos recursos em fontes cada 
vez mais distantes. Os explosivos utilizados em pedreiras (figuras 01 e 02) geram 
impacto ambiental por poluição sonora e emissão de particulados para a atmosfera 
e, tendo em vista a crescente valorização do metro quadrado urbano em ordem 
diretamente proporcional à proximidade dos centros urbanos e da orla marítima, não 
se torna ambientalmente e economicamente viável a extração de recursos minerais 
em areais ou pedreiras próximas aos centros residenciais e comerciais urbanos. 
 
 
Figura 01 - Fase de exploração de agregados. 
Fonte: DREW et al., 2004. 
 
9 
 
 
 
Figura 02 - Mina de Calcário. 
Fonte: BLASTER, 2008. 
 
Em 2010, com o advento do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, a 
preocupação com o reaproveitamento dos resíduos de demolição e construção 
(RCD) ganhou destaque e ampliou sobremaneira a discussão sobre o tema em 
diversos setores da sociedade. 
As fontes de recursos naturais minerais são consideradas fontes de recursos 
não renováveis. Na confecção de concreto plástico utilizado para as mais diversas 
configurações de obras, os agregados não-renováveis são utilizados 
indiscriminadamente por construtoras, incorporadoras, investidores imobiliários e por 
toda a sociedade usuária deste bem. Durante as construções das mais diversas 
obras civis, há perda considerável de material, durante a vida útil dessas estruturas, 
há reformas para modernização, ampliação ou qualquer modificação da sua 
configuração original, gerando resíduos e entulho de obras. Após a vida útil da 
construção, há a demolição parcial ou total de toda a construção, gerando 
quantidade significativa de entulho e de material residual inerte. Esse material inerte, 
chamado Resíduo Classe A, tem como destinação final adequada o 
encaminhamento a aterro de resíduos inertes e sua reservação para usos futuros e 
sua utilização na forma de agregados reciclados, conforme a Resolução Conama Nº 
448/2012, reproduzida a seguir: 
 
 Art. 10. Os resíduos da construção civil, após triagem, deverão ser destinados das 
seguintes formas: 
 
I - Classe A: deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados ou 
encaminhados a aterro de resíduos classe A de reservação de material para usos 
futuros. 
 
10 
 
 
No Brasil, a coleta de RCD apresentou um crescimento de 14% no ano de 
2009, relativamente ao ano anterior (ABRELPE, 2009). 
Outro fato que referenda a importância destinada ao tema é a publicação em 
2004 da norma ABNT NBR 15.116: Agregados reciclados de resíduos sólidos da 
construção civil – Utilização em Pavimentação e preparo de concreto sem função 
estrutural – Requisitos. 
Ao mesmo tempo, o valor do agregado reciclado foi colocado no Sistema de 
Custos de Obras - SCO do município do Rio de Janeiro por força da Resolução nº 
18 de 07.11.2003 pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente - CONSEMAC. 
Outra medida importante adotada foi a publicação do Decreto Municipal Nº 
33971 de 13 de Junho de 2011, que estabeleceu a obrigatoriedade de utilização de 
agregados reciclados de resíduos da construção civil nas obras da administração 
pública municipal, objetivando fortalecer a cadeia produtiva da reciclagem além dos 
benefícios elencados anteriormente. 
A Resolução SMAC Nº 479/2011, estabelece o licenciamento ambiental 
simplificado e prioritário para as atividades de beneficiamento de resíduos. 
A recente Resolução SMAC Nº 519/12 estabelece que os Planos de 
Gerenciamento de RCC – PGRCC deverão ser elaborados de forma a privilegiar as 
alternativas de reaproveitamento e de reciclagem de RCC na própria obra ou em 
unidades de beneficiamento devidamente licenciadas. 
Atualmente, conforme a ABNT NBR 15116 e como nota o Decreto Municipal 
nº 33.971, de 13.06.2011, os agregados reciclados somente estão sendo usados, 
como revestimento primário de vias (cascalhamento ou camadas de reforço de 
subleito, sub-base e base de pavimentos em estacionamentos e vias públicas). O 
mesmo decreto recomenda assim seu uso para a execução de artefatos de 
concreto, tais como: blocos de vedação, peças pré-moldadas para revestimento de 
pavimento, meio-fios, sarjetas, tentos, canaletas, tubos, mourões e placas de muro. 
Este decreto também indica a responsabilidade pelo desenvolvimento do estado da 
arte da criação e aplicação destes produtos que utilizam agregado reciclado em sua 
confecção: “Cabe ao Poder Público municipal acompanhar o estado da arte do 
desenvolvimento tecnológico do uso de agregados reciclados do RCC, com vistas à 
incorporação de novos itens no catálogo doSistema de Custo para Obras e Serviços 
de Engenharia – SCO – RIO”. 
11 
 
 
 
1.2 OBJETIVO 
 
Principal 
 
 O objetivo principal ou direto deste trabalho é a moldagem de peças ou blocos 
de concreto para o revestimento intertravado de pavimentação, utilizando-se na 
composição deste concreto, resíduos de entulho beneficiados na forma de agregado 
graúdo reciclado em substituição do agregados graúdo convencional e avaliar a 
qualidade e desempenho dos agregados reciclados, dos corpos de prova e das 
peças pré-moldadas de concreto produzidas. 
 
 Secundário 
 
 O objetivo secundário deste trabalho é o de promover a reciclagem do 
concreto através do beneficiamento dos resíduos de concreto das mais diversas 
fontes na forma de agregado reciclado de concreto. 
 
 1.3 JUSTIFICATIVA 
 
No estado do Rio de Janeiro (RJ) é gerada grande quantidade de resíduos 
sólidos urbanos, desta, 50% corresponde aos resíduos da construção e demolição, 
ou seja, de resíduos de entulho, coletados em cidades com mais de 500 mil 
habitantes. (RIBEIRO, 2009). 
Os resíduos de demolição e construção, portanto, representam o maior 
montante de resíduos sólidos gerados no meio urbano. 
Os resíduos da construção e demolição gerados têm origem em diferentes 
fontes de geração: perdas nas construções; nas etapas de estocagem, transporte, 
espessura da estrutura, dos enchimentos, revestimentos ou em demolições naturais, 
acidentais ou provocadas, tais como: catástrofes naturais, fim da vida útil da 
estrutura, reformas de ampliação ou modificação de uso, entre outras. 
12 
 
 
O volume de resíduos da construção e demolição-RCD gerados, portanto, é 
substancial, assim como a necessidade de materiais para a utilização na construção 
de novas edificações. 
Aqui se torna clara e válida a observação que estes resíduos poderiam 
favorecer a obtenção de insumos locais, evitando o transporte e a extração de novos 
recursos não renováveis, podendo ser usados para a construção de novas 
edificações visando o assentamento de populações atualmente residentes em áreas 
de risco, evitando ainda a deposição e ocupação de área considerável em aterros de 
inertes. Esse material deveria ficar depositado em locais adequados, aguardando a 
demanda para as possíveis aplicações futuras, normalizadas e definidas pelo poder 
público. 
 
 1.4 METODOLOGIA 
 
 Para que fosse possível promover a reciclagem parcial do concreto, foi 
coletada amostra da pilha dos resíduos de concreto da demolição do Hospital 
Universitário – HU da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ transformados 
em resíduos após a implosão da edificação do hospital, identificação visual entre os 
resíduos vermelhos (cerâmicos) e os cinzas (cimentícios), processo de separação 
pelas pás e coleta de máquina retro-escavadeira formando pilhas de resíduos 
cimentícios e cerâmicos, britagem das pilhas de resíduos cimentícios com britador 
móvel com sistema de separação automática de metais por eletroímã acoplado ao 
britador e transporte em caminhão basculante dos resíduos separados e britados na 
dimensão de agregado graúdo para o laboratório de análise e caracterização de 
agregados. 
O resíduo utilizado como agregado reciclado de concreto - ARC foi 
novamente analisado visualmente e foi extraído manualmente os contaminantes 
encontrados, tais como: metais, plásticos, impurezas orgânicas e torrões de argila. 
De acordo com os parâmetros da norma ABNT NBR 15.116/2004 - ANEXO A, 
os ARCs utilizados se mostraram adequados para o desenvolvimento da proposta 
de pesquisa. 
Foram então produzidos 20 corpos de prova – CPs (10 x 20 cm) no traço de 
1:4.3 (CRUZ, 2003) com 0%, 25%, 50%, 75% e 100% de substituição do agregado 
13 
 
 
graúdo convencional pelo reciclado, sendo 3 CPs para cada teor de substituição e 1 
CP de cada teor de substituição para a obtenção das: Massa Unitária Aparente, 
Absorção de Água e Massa Específica Real de cada composição. 
Com relação ao agregado miúdo, não houve qualquer substituição e utilizou-
se a mesma quantidade, em massa, de areia natural para todos os CPs. 
 
1.5 DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS 
 
Capítulo 1 – Este capítulo deverá situar o leitor na proposta de 
desenvolvimento do trabalho ora apresentado. Será exposta a questão, ainda não 
satisfeita, do elevado montante de geração de resíduos sólidos urbanos inertes e a 
necessidade de matéria-prima não renovável em forma de agregados para a 
composição do concreto, amplamente utilizado na Indústria da Construção Civil – IC. 
 
Capítulo 2 – Neste capítulo serão apresentadas diversas fontes, naturais ou 
antrópicas, de geração de resíduos sólidos urbanos inertes em termos quantitativos 
e qualitativos em diversas partes do Brasil e em outros países e regiões. 
 
Capítulo 3 - Neste capítulo serão apresentadas as destinações atuais dadas 
aos resíduos inertes e serão abordados os conceitos de reutilização e reciclagem e 
serão apresentados modelos de gestão de RCDs empregadas em diversos países 
do mundo em termos técnicos e legais. Será apresentada a questão da logística 
reversa na IC e feitas considerações sobre a reciclagem de resíduos sólidos urbanos 
inertes. 
 
Capítulo 4 – Neste capítulo serão apresentadas: a questão da variabilidade e 
da homogeneidade dos RCDs, considerações sobre a reutilização de RCDs, 
técnicas de separação de resíduos miúdos e graúdos, equipamentos e técnicas de 
reciclagem de resíduos e possíveis aplicações para os ARCs, e de modo particular a 
utilização como peças pré-moldadas de concreto PPCs para o revestimento de 
pavimentação para vias de tráfego leve. Neste capítulo serão apresentados ainda 
resultados de ensaios feitos em laboratório e a metodologia de aplicação das PPCs 
como revestimento em uma via experimental. 
 
14 
 
 
Capítulo 5 – Neste Capítulo são descritos os ensaios de laboratório realizados 
nos agregados, nos corpos de prova e nas peças produzidas e apresentados os 
resultados dos mesmos. 
 
Capítulo 6 – Neste Capítulo são apresentadas as conclusões dos resultados 
dos ensaios realizados nos agregados, corpos de prova e nas PPCs produzidas e 
serão apresentadas sugestões para trabalhos futuros e as considerações finais com 
relação ao tema da reciclagem do concreto 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
 
2. FONTES DE GERAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO 
CIVIL - RCD 
 
Dentro da cadeia produtiva de construção, o resíduo pode ter várias origens, 
que de acordo com Levy (1997) podem ser: Catástrofes naturais ou artificiais 
(terremotos, bombardeios, incêndios ou desabamentos); deficiências inerentes aos 
processos e sistemas construtivos empregados na atualidade; demolição de 
estruturas ou pavimentos rodoviários de concretos ou obras que atingiram a vida útil 
para as quais foram projetadas, tornando-se obsoletas. 
 2.1 - RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO 
No Brasil, a tecnologia construtiva normalmente aplicada tem favorecido o 
desperdício na execução de novas edificações. 
A construção artesanal, predominante na construção civil brasileira, contribui 
para a existência de perdas consideráveis de materiais e mão-de-obra. Impera o 
princípio da baixa produtividade, mau gerenciamento e grande desperdício 
(ZORDAN, 1997; PINTO, 1986). 
Para Campos (1990), é fundamental que as empresas de construção atuem 
sobre os fatores internos à sua realidade, controlando a produtividade e a qualidade 
dos seus processos e produtos, como forma de se manterem atuantes no mercado. 
Pois, o mercado não se encontra disposto a absorver as ineficiências das empresas. 
Deste modo, Bornia (1995) considera a busca pela maior eficiência como uma das 
principais preocupações da empresa moderna. 
 A obtenção de maior eficiência por parteda empresa, refletida na melhoria de 
sua produtividade, no entanto, demanda uma etapa anterior relativa ao 
conhecimento do desempenho vigente, bem como dos fatores atuantes sobre o 
processo, que possam induzir a falhas no mesmo. 
 Nesse contexto, confirma-se a necessidade de se primar pela redução dos 
desperdícios existentes, já que uma indústria eficiente se caracteriza por um 
reduzido volume de desperdício dos recursos, localmente disponíveis, de toda 
ordem: materiais, humanos, energético, financeiros e temporais (SABBATINI, 1989). 
 A preocupação com a detecção do desperdício de recursos físicos (materiais, 
mão-de-obra, equipamentos) de um modo global, tem sido motivada pela influência 
16 
 
 
direta destes recursos sobre o custo do empreendimento. No caso dos materiais, a 
sua influência sobre o custo total da obra pode alcançar o patamar de 65% (PINTO, 
1995); deste modo, controlar o real consumo dos mesmos é plenamente justificável. 
 Além disso, o desconhecimento, por parte das empresas, quanto às perdas 
de materiais, torna plenamente justificável a preocupação com esses insumos. 
Contudo, mais do que saber quanto perdeu, a empresa precisa avaliar maneiras de 
reduzir o seu desperdício frente ao consumo real detectado, buscando sempre 
atingir melhores níveis de desempenho (ANDRADE; SOUZA, 1998). 
 Soilbelman (1993) reforça essa idéia ao afirmar que as empresas precisam 
desenvolver e implementar formas de controle de materiais em obra. A essa 
afirmação acrescenta-se o fato de que, através de dados provenientes de tal 
controle, a empresa poderá intervir sobre o processo buscando a melhoria do 
mesmo. 
 Para Andrade (1999), ter um método de quantificação de perdas, possibilita 
às empresas avaliarem maneiras de reduzir o seu índice de perdas, através do 
controle do consumo dos materiais, deixando de considerar a perda como algo 
inerente à fase da obra. 
 A mais recente pesquisa, desenvolvida no Brasil, foi a pesquisa da 
FINEP/ITQC/PCC intitulada “Alternativas para a redução de desperdício de materiais 
em canteiros de obra”. A pesquisa envolveu 16 universidades do país, distribuídas 
em 12 estados brasileiros, cujos objetivos podem ser resumidos no: levantamento de 
indicadores de perdas de materiais nos canteiros de obras e identificação das 
causas da ocorrência destas perdas, possibilitando assim, o subsídio para a geração 
de alternativas para a redução das mesmas. 
 Em se tendo classificado as perdas de materiais existentes nos canteiros de 
obras e analisado os vários trabalhos desenvolvidos quanto a este assunto 
[SKOYLES (1976; 1977; 1979); SKOYLES (1987); PINTO (1989); SOIBELMAN 
(1993). PICCHI (1993) e BOGADO (1998)], detectou-se que inexistia, em todos os 
trabalhos, uma preocupação em desenvolver uma metodologia com procedimentos 
detalhados e que avaliassem as perdas de maneira analítica. 
 Para atingir tais objetivos foi desenvolvida uma metodologia minuciosa, 
contendo um número considerável de parâmetros, porém de difícil adequação à 
realidade do cotidiano dos canteiros de obra. Em face destas dificuldades, tornou-se 
17 
 
 
necessária a adaptação/simplificação da referida metodologia de modo a torna-la 
prática, e com isso possibilitar a intervenção rápida no processo construtivo e o 
saneamento dos problemas detectados. 
 Foi então desenvolvida e proposta uma metodologia por Andrade e Souza 
(2000) que tivesse como requisito a utilização de procedimentos facilmente 
aplicáveis, e a obtenção de indicadores confiáveis e concisos, além da busca de 
agilidade no processamento dos dados coletados. 
 
Figura 03 -– Guia de Boas Práticas na Gestão de RCD. 
Fonte: COSTA, 2010 
 
 A quantificação das perdas de materiais em obra (figura 03), constitui-se em 
ferramenta de controle útil à gestão do canteiro, uma vez que possibilita obter, em 
curtos intervalos de tempo, um diagnóstico da produtividade do serviço quanto ao 
material utilizado. 
 Embora se busque rapidez quanto ao processamento dos dados, propõe-se 
indicadores que possibilitem detectar as parcelas “perdidas” nas diversas etapas 
percorridas pelos materiais, uma vez que a intenção dos indicadores é detectar as 
etapas e os fatores responsáveis pelas perdas. 
 O Programa ENTULHO-LIMPO organizado pelo Sinduscon, MMA – DF, UNB, 
sugere de forma qualitativa a geração de resíduos produzidos durante as diversas 
etapas de uma obra convencional: 
 Paliari (1999) realizou uma revisão nas pesquisas sobre perdas de materiais no 
país e no exterior. O autor cita que as primeiras informações sobre perdas foram 
18 
 
 
obtidas na Inglaterra, através do Building Research Establishment (BRE), pela 
publicação de SKOYLES (1976), embora os primeiros estudos datem de 1963. No 
Brasil, o autor cita estudos de perdas por alguns autores como PINTO (1989), 
PICCHI (1993); SOIBELMAN (1993) e LIRA (1997). 
 A pesquisa nacional “Alternativas para a redução do desperdício de materiais 
nos canteiros de obras”, realizada pelo ITOC (Instituto Brasileiro de Tecnologia e 
Qualidade da Construção Civil), com recursos da FINEP, obteve dados recentes de 
perdas aplicando uma metodologia própria, conforme mostra a Tabela (PALIARI, 
1999; PINTO, 1999; SOUZA et al., 1999). 
 Nas atividades de construção, os resíduos de novas construções são 
originados das perdas físicas oriundas de canteiros de obra. Há também uma 
parcela das perdas que permanece incorporada na forma de espessuras, além das 
perdas usuais. 
 Andrade (1999) define como desperdício a fração das perdas que excede o 
limite mínimo característico da tecnologia, considerada inevitável para determinado 
nível tecnológico. Souza et al. (1999) definem perdas de materiais como um 
consumo de materiais além do necessário à produção ou manutenção de um bem. 
 No Brasil, resíduos provenientes das atividades da construção são 
responsáveis por aproximadamente 50% do RCD da massa total de material 
desperdiçado (PINTO, 1999). 
 A perda física em massa pode não ter o mesmo significado quando analisada 
em termos financeiros, introduzindo-se, então, o conceito de perda financeira. Picchi 
(1993) considera que o entulho gerado pode representar 5% de perda financeira no 
custo de uma obra. 
 
2.2 – RESÍDUOS DE DEMOLIÇÃO: (NBR 5682 – CONTRATAÇÃO DE 
DEMOLIÇÕES) 
 
2.2.1 – Demolição provocada em Guerras Civis: 
 
Leite (2001) afirma que a primeira utilização significativa de resíduos de 
construção e demolição data da época do fim da Segunda Grande Guerra (figuras 
04 e 05). Naquele período, milhares de escombros ficavam espalhados pelas 
19 
 
 
cidades. A necessidade de matéria-prima para reconstrução dos centros urbanos e a 
falta de local de destino do imenso volume de resíduos fizeram com que eles fossem 
reaproveitados. 
 
Figura 04 -– Operários removem o entulho de um edifício completamente 
destruído por um bombardeamento da aviação alemã. 
Fonte: CORREIO PRIORITARIO, 2011. 
 
Afirma ainda que a quantidade de entulho nas cidades alemães era de 
aproximadamente 400 a 600 milhões de metros cúbicos. As estações de reciclagem 
produziram cerca de 11,5 milhões de metros cúbicos de agregado reciclado de 
alvenaria e 175000 unidades foram construídas (HELLER, apud. SCHULZ e 
HENDRICKS, 1992). Também as cidades da Inglaterra fizeram uso dos escombros 
deixados pela guerra, porém em menor escala que a Alemanha. A partir de então 
vários trabalhos e pesquisas vêm sendo desenvolvidos para aumentar o potencial de 
reutilização dos resíduos de construção. Com base neste fato Levy e Helene (2000) 
afirmam que 1946 marca o início do desenvolvimento da reciclagem de resíduos da 
construção e demolição na construção. 
20 
 
 
 
 Figura 05 – Mulheres separando tijolos dos escombros (Trummerfrauen). 
Fonte: FILFORN, 2012. 
 
2.2.2 - Demolição por Catástrofes NaturaisNo Brasil, os principais fenômenos relacionados a desastres naturais (figura 
06) são derivados da dinâmica externa da Terra, tais como, inundações e 
enchentes, escorregamentos de solos e/ou rochas e tempestades. Estes fenômenos 
ocorrem normalmente associados a eventos pluviométricos intensos e prolongados, 
nos períodos chuvosos que correspondem ao verão na região sul e sudeste e ao 
inverno na região nordeste (CEMADEN, 2012). 
 
 
 
a) Tsunami no Japão. b) Terremoto no Haiti. 
21 
 
 
 
 
c) Deslizamento em Angra dos Reis/RJ – f1. d) Deslizamento em Angra dos Reis/RJ – f2. 
 
Figura 06 – Desastres Naturais. 
Fontes: ESSAS et al, 2011; ESTADÃO, 2010; AGÊNCIA ESTADO, 2010; CORDEIRO, 2010. 
 
De acordo com EM-DAT, o Brasil encontra-se entre os países do mundo mais 
atingidos por inundações e enchentes, tendo registrado 94 desastres cadastrados 
(segundo os critérios já comentados) no período de 1960 a 2008, com 5.720 mortes 
e mais de 15 milhões de pessoas afetadas (desabrigados/desalojados). 
Considerando somente os desastres hidrológicos que englobam inundações, 
enchentes e movimentos de massa, em 2008 o Brasil esteve em 10º lugar entre os 
países do mundo em número de vítimas de desastres naturais, com 1,8 milhões de 
pessoas afetadas (OFDA/CRED, 2009). 
Quanto aos fenômenos da dinâmica interna, o Brasil caracteriza-se por uma 
fraca atividade na ocorrência de tremores, que em sua maioria, são de baixa 
magnitude variando entre 2° e 4° na escala Richter. No entanto, já foram registrados 
no país, tremores de magnitudes maiores, como em 1955 no Estado do Mato 
Grosso, de 6,6° (escala Richter) e 6,3° no mesmo ano no litoral do Estado do 
Espírito Santo. Como ocorreram em regiões desabitadas não provocaram danos. 
Em geral, no Brasil são pouco frequentes os danos associados a tremores. 
Porém, em 2007, no município de Itacarambi (MG), ocorreu um terremoto (4,9° 
na escala Richter) que provocou, provavelmente por falta de preparo para o 
enfrentamento destas situações no Brasil, uma morte e pelo menos 6 feridos, além 
de derrubar 5 casas e danificar outras 60. Outro exemplo, sem danos, foi o abalo 
sísmico que atingiu a cidade de São Paulo no dia 22 de Abril de 2008, cujo epicentro 
(local de projeção na superfície de origem) ocorreu no Oceano Atlântico a 215 km do 
22 
 
 
município de São Vicente, e foi sentido também nos estados do Paraná, Santa 
Catarina e Rio de Janeiro. Dos estados brasileiros, o Ceará é o que tem registrado 
maior número de ocorrências de sismos (Hansen et al. 2008). 
Portanto, no Brasil, os fenômenos naturais geradores de resíduos causados 
por fenômenos naturais que podemos e devemos ter preocupação, são os 
provocados por chuvas intensas que em regiões com sub-dimensionamento do 
sistema de drenagem e/ou com urbanização em áreas não previstas e, portanto, 
ilegais, pode haver o fenômeno de deslocamento de grandes volumes de água 
transcorrendo superficialmente em direção à jusante conhecido como tromba 
d´água, o fenômeno da cheia com inundação das várzeas e talvegues e fenômenos 
de deslizamento de camadas do subsolo da terra com arraste de substratos 
rochosos, tornando possível o impacto do grande volume de água, de terra ou 
rochas com vidas humanas, animais, residências, edificações e as diversas obras 
civis que pela fragilidade de sua construção, em termos de fundação, estrutura, 
materiais de construção empregados e tipologia de execução das obras civis, 
tornem as mesmas frágeis ou hipostáticas em relação à magnitude do impacto 
recebido, provocando assim a destruição ou descaracterização parcial ou completa 
das mesmas, gerando apenas os resíduos das obras civis, após toda a catástrofe 
natural mencionada. 
 
2.2.3 - Demolição por explosivos 
 
São usados tipos e quantidades diferentes de explosivos para cada material e, 
também em relação à sua espessura. Para pilares de concreto é usada a dinamite 
tradicional ou um material explosivo similar. 
 A dinamite é uma substância absorvente com produto químico ou mistura de 
produtos químicos altamente combustíveis. Quando ocorre a ignição do produto 
químico, este é queimado rapidamente, produzindo uma grande quantidade de gás 
quente que se expande num rápido tempo, aplicando uma enorme pressão 
expansiva (de até 95 toneladas por centímetro quadrado) no que estiver ao seu 
redor. 
 A dinamite é introduzida em cavidades estreitas, perfuradas nos pilares de 
concreto e quando ocorre a ignição dos explosivos, a súbita pressão expansiva, 
23 
 
 
envia uma poderosa onda de choque que é absorvido pelo pilar, destruindo-o (figura 
07). 
Hoje em dia, são utilizados detonadores elétricos para dar início ao processo de 
demolição. Estes detonadores consistem numa vasta extensão de fio elétrico cuja 
extremidade está rodeada pelo material explosivo. O detonador é fixado diretamente 
à carga presa aos explosivos principais, de maneira que quando se envia corrente 
elétrica através do fio, por uma bateria, por exemplo, a resistência elétrica causa o 
aquecimento do fio, levando à ignição da substância inflamável na extremidade do 
detonador, o que explode a carga primária e dispara os explosivos principais. 
 
 
a) Hospital Universitário - HU b) Hospital Universitário - HU 
 
 
c) Hospital Universitário - HU 
 
d) Hospital Universitário - HU 
. 
Figura 07 - Implosão da Ala Sul do Edifício do Hospital Universitário da UFRJ 
Fontes: Claro et al., 2009, Serpa, 2012. 
 
São planejados diferentes tempos para a demolição ocorrer, para que tenha o 
controle da sequência das explosões. Por exemplo, ao usar um comprimento maior 
ou menor de um material que retarda o ocorrer da explosão, ajusta-se o tempo que 
cada explosivo levará para atuar. 
 
 
 
24 
 
 
2.2.4 - Demolição por impacto 
 
A demolição por impacto (figura 08) é uma técnica de controle reduzido 
relativamente comum nas demolições tradicionais. É realizada com grandes 
máquinas, um exemplo de fácil reconhecimento são aquelas bolas de grande massa 
penduradas em uma haste que por movimentos pendulares, verticais ou de rotação 
são impelidas contra o prédio provocando seu desmonte. A capacidade e o tamanho 
da máquina são proporcionais ao peso da bola, que varia entre 500 e 5000Kg e 
pode atingir até uns 30 metros de altura. Essa técnica possui algumas 
desvantagens: a forma do colapso da estrutura é pouco previsível, 
conseqüentemente é pouco recomendada para demolições parciais; demanda maior 
esforço no tratamento dos escombros; é lenta; a máquina só pode atuar a partir da 
zona exterior do edifício e precisa de um raio de ação de cerca de 6 metros livres; 
alta produção de ruídos, vibrações e poeiras. 
 
 
a) Detalhe – bolas de aço 
 
b) Utilização da bola de aço. 
 
 
 
c) Tesoura para corte de aço. 
 
d) Detalhe - garra mecânica da 
tesoura. 
 
25 
 
 
 
 
e) Escavadeira. f) Escavadeira. 
Figura 08 – Equipamentos de demolição de alto impacto. 
Fontes: Wikipedia, 2013; Mnoequpamentos, 2013; Maluconstrução, 2013; Gréguio, 2012. 
 
2.2.5 - Demolição por processo Simples 
 
É o tipo mais simples e rudimentar de demolição, usado desde tempos 
remotos, onde exigia certo esforço muscular do trabalhador (figura 09). É usada, 
hoje em dia, apenas em pequenas demolições, tendo um baixo rendimento e 
quantidade de mão de obra. 
Iniciam-se os preparativos para a demolição, assim que se conhece a forma de 
como a estrutura irá cair. Retiram-se os entulhos do prédio, para que em seguida, 
sejam retiradas as paredes que não sustentam o edifício, proporcionando a queda 
mais rápida e menos agressiva de cada andar. 
Podem ser utilizadas como ferramentas para a demolição simples: marretas, 
alavancas, martelos de demolição elétricos ou pneumáticos, cinzel e disco de corte.As marretas podem ser utilizadas para enfraquecer os pilares de sustentação para 
que a estrutura ceda mais facilmente. 
 
 
a) Martelo “sexta-feira”. b) Rompedor hidráulico. 
Figura 09 – Equipamentos para Demolição de baixo Impacto. 
Fontes: Cuiket, 2013; R7, 2011. 
26 
 
 
As alavancas são usadas aplicando uma força na extremidade de uma barra de 
aço, que apoiada entre os pontos de aplicação das forças, consegue erguer e 
deslocar cargas com um peso superior ao esforço despendido. 
 
2.2.6 - Demolição seletiva – DS 
 
2.2.6.1 – Introdução 
 
A demolição de edifícios pode ser feita através da demolição tradicional ou 
seletiva. A demolição tradicional é a destruição de todo o edifício, aplicando 
preferencialmente um método eficiente como, por exemplo, explosivos. Este método 
tem a vantagem de ser rápido e barato, pois se utiliza de equipamentos de grande 
porte é empregada menos mão-de-obra, e a desvantagem de produzir RCD mistos, 
sendo praticamente impossível separar as embalagens recicláveis e componentes 
perigosos de forma eficiente (BALDASSO, 2005). 
A demolição seletiva efetua-se através da desconstrução cuidadosa do 
edifício, possibilitando a recuperação dos materiais da construção, promovendo uma 
possível reutilização e reciclagem dos mesmos. A elevada taxa de recuperação de 
materiais reutilizáveis e recicláveis é a grande vantagem deste processo, tal como a 
produção de RCD que podem ser transformados em material secundário. No 
entanto, este processo é mais caro do que a demolição total, consome-se mais 
tempo, exige procedimentos bem organizados e controlados e exige uma maior 
variedade de equipamento técnico (BALDASSO, 2005). 
O novo sistema de demolição e reciclagem é designado por Demolição 
seletiva e ambientalmente favorável. Neste processo os resíduos resultantes da 
demolição são reutilizados, reciclados ou levados para aterro autorizados de forma 
adequada e em condições ambientalmente protegidas. 
Ao aumentar a reutilização e reciclagem dos resíduos de construção e 
demolição, a necessidade de aterros próprios é reduzida, reduz-se a procura de 
materiais primários e é levada em consideração a demanda social por tecnologias 
mais “limpas”. 
Antes do início de uma demolição seletiva é necessário um planejamento 
cuidadoso (figura 10), onde é definido que parte das construções deve se fazer a 
27 
 
 
coleta seletiva e a separação dos materiais, e quais os destinos finais para os 
resíduos – considerando a maior reutilização e menor área de aterro de resíduos 
possível. 
 
a) Legenda C&D. 
 
 
b) C&D dasparedes. 
 
c) C&D – Pisos e lajes 
 
Figura 10 – Planejamento Construção e Demolição – C&D 
FONTE: Chiq da Silva, 2010. 
28 
 
 
 Todos os materiais e elementos recuperados, são separados na origem, ou 
seja, no local de demolição. Os centros de recepção dos resíduos têm capacidade 
para separar os resíduos, mas é um processo caro. 
Assim, a solução para uma demolição econômica e ambientalmente favorável 
é favorecer uma demolição seletiva cuidadosa no local de demolição. 
Durante a demolição, todos os materiais separados são registrados, 
documentados e pesados, e são notificados: a data da geração, o local de origem, 
quantidade por tipo e forma de transporte. Nos destinos, os responsáveis verificam 
essas informações, para que nada se perca ou, seja desperdiçado. 
As técnicas de demolição seletiva ou desconstrução vêm ganhando 
importância pela maximização da reciclagem e reutilização dos RCD e minimização 
da destinação dos resíduos em aterros na Europa (HENDRIKS, 2000; FREIRE; 
BRITO, 2001). 
A demolição seletiva consiste na remoção ou desmontagem de diversos tipos 
de componentes para a reutilização (por exemplo, telhas, vidros, caixilhos, etc.), 
seguida da demolição de fases não desmontáveis separadamente. Por exemplo, 
deve ser feita a remoção inicial da alvenaria, segregação desta fase (transporte), 
para, a seguir demolir e transportar para a reciclagem a estrutura de concreto. 
Este processo, por ser controlado, reduz a quantidade de contaminantes 
presentes no resíduo e contribui para a melhoria de qualidade do RCD reciclado. 
Como desvantagens, pode-se citar morosidade na execução, uso de equipamento 
especializado e custo, particularmente devido ao uso de mão-de-obra intensiva 
(HENDRIKS, 2000; FREIRE; BRITO, 2001). 
Uma versão simplificada deste tipo de procedimento já é praticado 
limitadamente no Brasil pelas demolidoras que alimentam as lojas de materiais de 
construção usados com a demolição principalmente de residências e imóveis mais 
antigos. 
Numa demolição grande parte dos trabalhos e custos devem-se à gestão dos 
resíduos, e com a crescente valorização das práticas sustentáveis ela ganha papel 
relevante. Aí está o principal diferencial da Demolição Seletiva, ela utiliza as 
mesmas técnicas da demolição tradicional, mas prevê a retirada de diversos 
materiais presentes no edifício, antes de sua demolição, por isso utiliza mais as 
técnicas de desmonte preciso e trabalhos manuais. A separação dos materiais é 
29 
 
 
feita de acordo com suas características, visando diminuir ruídos, poeira, vibrações, 
contaminações e possibilitar seu reuso. Como um resultado geral, diminui-se assim, 
a necessidade de novas extrações de matéria prima, menos resíduos serão 
descartados em aterros, emitem-se menos gases e consome-se menos energia. 
Comparada às outras atividades de proteção ambiental que geram lucro 
(reciclagem de papel, geração de energia a partir do lixo, etc.) a Demolição Seletiva 
é uma das mais rentáveis se comparando proveitos e ganhos em face dos 
investimentos e custos. 
A demolição propriamente dita ocorre basicamente nas seguintes fases: 
retirada de materiais com risco de contaminação, materiais a se segregar, materiais 
passíveis de valorização, demolição da estrutura, selagem de fossas e modelagem 
do terreno. Os materiais recuperados variam entre outros, em metais para 
reciclagem, entulho para enchimentos, ferragens e guarnições para revenda, 
madeira para reutilização e pequenas quantidades de tijolo. A composição destes 
resíduos é resultado do tipo de estrutura a ser demolida, da época em que foi 
construída – o que dita as técnicas e os materiais utilizados – e do método que se 
usa para a sua demolição (BRITO, 2006). Pode ainda variar significativamente 
consoante o empreiteiro que a realiza a obra devido, ao seu nível de perícia e à 
qualidade de formação da sua mão-de-obra [DOLAN et. al. (1999) apud FRANÇA F.; 
CRUZ R.; DOLNY M. A., (2009)]. 
Deverão ser separados por materiais para reutilização, materiais para 
reciclagem e materiais para eliminação, sendo que a separação destes últimos deve 
ainda ser feita consoante o destino, a deposição em aterro ou a incineração (Projeto 
“WAMBUCO” - Vol.III, 2002). 
Por ser mais demorada, exigir mão de obra mais especializada e custar mais 
caro (o orçamento de uma demolição é constituído pelos encargos devidos ao 
estaleiro, à mão-de-obra direta, à mão-de-obra indireta, ao equipamento utilizado na 
demolição, ao transporte e à deposição dos resíduos), a Demolição Seletiva 
geralmente é preterida em face à demolição tradicional, quando ocorre é devido 
mais a constrangimentos legais que à consciência ambiental, sendo que poucos 
lugares já contam com legislação específica. 
30 
 
 
A demolição é, contudo a última etapa da vida de um edifício, que começa na 
sua concepção, e desde aí pode ser pensado de forma a melhor se relacionar com o 
meio ambiente, melhor se adaptar a mudança de funções, etc. 
A fase de demolição é constituída por duas fases: o desmantelamento dos 
materiais de revestimento da construção e em seguida, a demolição do seu corpo 
estrutural. As várias etapas que constituem a fase de desconstrução são 
apresentadasnos Quadros 01 e 02, sendo que a ordem de trabalhos adotada não é 
necessariamente aquela que deverá ser cumprida. 
 
Quadro 01: Etapas da Fase de Desconstrução. 
 
Fonte: VEIGA E RUIVO, 2004. 
 
Uma vez que cada demolição é única, a ordem de trabalhos deverá ser 
adaptada à especificidade de cada caso, nomeadamente no que toca a resíduos 
perigosos. A fase da demolição da estrutura do edifício deve ser realizada com o 
recurso a métodos e técnicas que facilitem a seleção “in situ” dos materiais para 
potenciar uma maior valorização posterior (“Manual de desconstrucció”, 1995) e é 
constituída pelas seguintes etapas (BRITO, 1999): 
31 
 
 
Quadro 02: Etapas sugeridas para o processo de Demolição Seletiva – DS 
1 demolição de corpos salientes da cobertura (chaminés e todos os 
adornos, inclusive metálicos, das chaminés e clarabóias existentes); 
2 demolição do material de revestimento na cobertura; 
3 demolição da estrutura de cobertura (madres, varas e ripas); 
4 demolição dos apoio de alvenaria da cobertura; 
5 demolição do material de enchimento para formação na cobertura; 
6 demolição de cabos, tirantes e escoras em coberturas; 
7 demolição da laje de esteira; inicia-se a demolição do último piso 
habitado; 
8 escoramento de arcos, abóbadas, assim como de todos os 
elementos que ameacem colapsar ou estejam degradados; 
9 demolição de revestimentos em paredes, pisos, tetos e escadas, 
incluindo tetos falsos e elementos de carpintaria e serralharia; 
10 demolição de tabiques e/ou paredes divisórias; 
11 demolição da laje do piso e das abóbadas (se existirem); 
12 demolição dos elementos de suporte vertical (paredes resistentes 
em estruturas tradicionais, pilares e núcleos em estruturas de betão 
armado); 
13 demolição do último degrau da escada; 
14 repetição dos pontos 9 a 15 para os restantes pisos; 
15 demolição de muros de suporte de terras; 
16 demolição de fundações 
Fonte: BRITO, 1999. 
 
 2.2.6.1 Critérios prioritários de execução da demolição seletiva – DS 
 
 Em qualquer projeto de DS, devem ser estabelecidos critérios de âmbito geral 
com o objetivo de que a atividade desenvolvida por um interveniente da demolição 
não torne perigosa a atividade desenvolvida por outro. 
 O primeiro critério prioritário de execução da DS é o de que o processo de 
desconstrução e demolição do edifício deve ser realizado no sentido inverso ao da 
sua construção lógica (figura 11). 
 Desta forma, todo o processo terá que ser feito por pavimento, no sentido 
descendente, começando por se retirar os equipamentos industriais e por fazer a 
demolição da cobertura e terminando no primeiro piso construído ou nas fundações. 
 Outro critério de extrema importância é o de que a ordem de desconstrução 
dos elementos deverá evitar que, durante a demolição, se deixe para trás algum 
32 
 
 
elemento em desequilíbrio em situação hipostática que, ao se retirar um, provoque a 
queda do outro. 
 É necessário também que, antes de se iniciar a demolição, se reduza tanto 
quanto possível o carregamento suportado pelos elementos construtivos, pelo que 
se deve seguir uma ordem que facilite o alívio das lajes de forma simétrica. 
 
 
Ordem de desmontagem de um edifício. A ordem de desmontagem deve ser tal que não 
sejam deixados para trás elementos em 
desequilíbrio 
 
Esvaziamento do interior do edifício para reduzir 
ao mínimo a ação de cargas 
Ordem de desmontagem de revestimentos dos 
elementos construtivos 
 
 
Escoramento de vãos antes da demolição dos 
elementos estruturais do piso superior 
Ordem de desmontagem de arcos e abóbadas 
para evitar o seu colapso repentino 
 
33 
 
 
 
 
Ordem de desmontagem de lajes e vigas 
Figura 11 – Diferentes fases da desconstrução de uma edificação 
Fonte: MANUAL DE DESCONSTRUCCIÓ, 1995. 
 
 O processo de desmontagem deve começar pelo topo, desenvolvendo-se no 
sentido descendente, de maneira simétrica. 
 A desmontagem dos elementos construtivos compostos por diversos materiais 
deve começar pelos materiais de revestimento e acabar nos elementos de suporte e 
os elementos que trabalhem à flexão ou à compressão devem ser escorados antes 
da sua desmontagem de maneira a que, na ausência desses elementos, seja 
mantida a estabilidade e resistência do conjunto restante. 
 Os arcos e as abóbadas devem ser descarregados previamente das suas 
solicitações verticais, devendo-se equilibrar as componentes horizontais do 
carregamento a que estão sujeitos e proceder ao seu escoramento. 
 Nas estruturas isostáticas, deve-se manter a estabilidade do conjunto, inclusive 
introduzindo sistemas de travamento necessários para garanti-la. 
 Nas estruturas hiperestáticas, deve-se organizar o processo de forma que se 
produzam deslocamentos, rotações ou deformações mínimas, que não alterem o 
estado de tensão instalado até então (“Manual de Desconstrucció”, 1995). 
 
2.3 - QUANTIDADE DE ENTULHO GERADO 
 
2.3.1 - Introdução 
 
A quantidade total de resíduos gerados pode ser estimada pelo PESO e/ou 
VOLUME medidos nas diferentes etapas do processo logístico de geração-
transporte-destino final adequado. A quantidade pode ser estimada ou medida por 
34 
 
 
equipamentos como balanças industriais ou volumes conhecidos de recipientes 
condicionadores como caminhões e caçambas. 
É possível saber a quantidade de resíduos gerados pelas perdas nos canteiros 
de obras, através da movimentação de caçambas por período de estudo ou fase de 
construção. É possível também monitorar a quantidade de resíduos gerados pela 
pesagem de caminhões na entrada e saída dos aterros de transbordo e triagem ou 
aterros de destinação final ou pela anotação de volume conhecido e composição 
gravimétrica por tipo de resíduo transportado. 
 
2.3.2 – Panorama Brasil 
 
Algumas dessas quantidades de resíduos sólidos urbanos gerados (Tabela 01), 
coletados (figuras 12 e 13) e destinados (figura 14 e tabela 02), são apresentadas 
em seguida, através de tabelas e gráficos organizados pela Associação Brasileira de 
Empresas de Limpeza Pública – ABRELPE e divulgados periodicamente. 
 
Tabela 01: Quantidade de RSU gerado por Região do Brasil. 
 
 Fontes: Pesquisa ABRELPE 2010 e 2011, PNAD (2001 e 2011) e IBGE 2011. 
35 
 
 
 
Figura 12 – Coleta de Resíduos Sólidos Urbanos RSU 
Fontes: Pesquisa ABRELPE 2010 e 2011 e IBGE 2010 e 2011. 
 
 
 
Figura 13 - Total de RCD Coletados por Região do Brasil. 
Fontes: Pesquisa ABRELPE 2010 e 2011. 
 
 
 
Figura 14 – Tipo de Destinação Final de RSU (t/dia). 
Fontes: Pesquisa ABRELPE 2010 e 2011. 
 
 
 
 
 
36 
 
 
Tabela 02: Tipos de Destinação por Região. 
 
Fontes: Pesquisa ABRELPE 2011. 
 
Segundo Blumenschein (2001), cerca de 50% do peso total dos resíduos 
sólidos urbanos produzidos diariamente em grandes cidades brasileiras, com mais 
de 500 mil habitantes, correspondem aos resíduos das atividades da IC. 
 Analisando as pesquisas de Pinto (1989) e de Picchi (1993), pode-se estimar 
que o entulho gerado nas obras brasileiras que utilizam sistemas de construção 
convencionais, com estrutura independente, situa-se entre 10% e 20% da massa 
total do edifício, com variações em função do elemento de alvenaria utilizado e do 
grau de organização e controle da obra. Estes resultados, porém, devem ser 
tomados com ressalvas, visto o reduzido número de obras analisadas e a 
concentração da pesquisa numa única região, no caso, a cidade de São Paulo. 
 Vale lembrar que, tanto os dados de Pinto como os de Picchi, foram levantados 
em construtoras que, apesar de utilizarem o processo convencional de construção, 
mantêm processos de controle de produção de resíduos, que geralmente não são 
adotados pela grande maioriade empresas existentes no setor. 
 No caso dos tijolos ocos de cerâmica vermelha, os resíduos surgem quando se 
abrem veios na alvenaria para introduzir as instalações eletroeletrônicas, hidráulicas, 
de gás, entre outras, e claro, nos cortes de ajuste das peças à geometria das 
paredes. Logo, a prevenção dos resíduos pode ser feita recorrendo-se ao melhor 
planejamento das instalações, utilizando-se para isso, meios tijolos, evitando assim 
cortes desnecessários na alvenaria. 
A geração nacional de RCD per capita pode ser estimada [IBAM (2001); 
PINTO, (1999)] pela mediana como 500 kg/hab. ano de algumas cidades brasileiras 
(TABELAS 02 e 03). 
37 
 
 
Levantamentos apontam que apenas 20% a 25% dos resíduos sólidos das 
cidades são gerados por construtoras, sendo o restante originado em obras de 
construções independentes e reformas. 
Segundo dados do IBGE, a população brasileira em JULHO de 2012 chegou 
ao patamar de 193.946.886 de habitantes. 
Considerando que a população urbana, segundo os dados da Pesquisa 
Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), corresponde à 85% do total da 
população, teríamos um montante de resíduos por estimativa na ordem de 82,5 x 
106 t/ano. Conforme mencionado, em torno de 50% destes resíduos, 
aproximadamente 42,0 x 106 t/ano são de natureza mineral inorgânica e, portanto, 
de interesse para a reciclagem. 
Segundo Agopyan (1998), cidades com 50 mil habitantes já teriam resíduos 
sólidos suficientes para viabilizar uma central de reciclagem, contudo é necessário 
observar a demanda para uma produção mínima, a fim de que torne 
economicamente viável. 
O montante total da geração de resíduos em qualquer região (Quadros 02 e 
03) depende da época em que é feita a pesquisa, a metodologia (canteiro de obras, 
caçambas – CTRs ou aterros de inertes), as tecnologias de construção e demolição 
empregadas na região considerada e do período político-econômico em que a 
mesma está passando. 
 
Quadro 03 – Percentagem de entulho gerado por Região do Brasil. 
 População 
(milhões de 
habitantes) 
Geração de 
entulho (t/dia) 
% de entulho em 
relação ao 
resíduo sólido 
urbano 
São Paulo 15,0 5000 - 
Porto Alegre 1,20 350 - 
Salvador 2,20 1700 37 
Ribeirão Preto 0,46 1043 67 
São José do Rio 
Preto 
0,32 687 - 
Jundiaí 0,29 712 - 
Santo André 0,63 1013 58 
38 
 
 
Belo Horizonte 2,01 1200 51 
Vitória da 
Conquista 
0,24 310 - 
São José dos 
Campos 
0,50 733 65 
Fontes: (1) CONSTRUÇÃO (1996); (2) COSTA (1998); (3) VIEIRA et al. (1998); (4) LIMA e TAMAI (1998); (5) PINTO 
(2000); (6) CARNEIRO et al. 
 
 
Quadro 04 – Percentagem de entulho gerado por Região do Brasil. 
 Local Gerador 
Geração Estimada 
(t/mês) 
Brasil 
São Paulo 372000 
Rio de Janeiro 27000 
Porto Alegre 58000 
Belo Horizonte 102000 
Salvador 44000 
Recife 18000 
Curitiba 74000 
Fortaleza 50000 
Florianópolis 33000 
Brasília 160000 
Europa 20000 
Reino Unido 6000 
Japão 7000 
(1) Pinto (1987) 
(2) Pera (1996) 
(3) Cib (1998) 
(4) Floriano (2005) 
Fonte: (SILVA, 2006, p.6) 
 
2.3.3 - Panorama: Europa e Outros Países 
 
 Segundo Pera (1996), a produção anual de resíduos de construção e 
demolição na Europa Ocidental está entre 0,7 e 1,0 tonelada por habitante, o que 
representa o dobro dos resíduos sólidos municipais gerados naquela região. 
39 
 
 
 Existem, no entanto, grandes variações entre os valores obtidos na Espanha, 
por exemplo, o setor comercial apresentou valores de geração de resíduos na ordem 
dos 760 kg/hab. ano em algumas capitais regionais; valores estes que diferem dos 
apontados anteriormente. Por este motivo, é aconselhável que sejam feitas 
estimativas com valores médios, de modo a refletir o peso dos resíduos na 
economia espanhola para que haja uma ligação entre a produção de RCD e os 
ciclos econômicos. Ao mesmo tempo, é importante ter em mente que os novos 
padrões estabelecidos pelo Ministério das Obras Públicas, prestes a entrar em vigor, 
irão provavelmente aumentar os níveis de RCD. 
Tendo estas questões como base, pode-se considerar como média provável 
de geração de resíduos os valores entre os 520 kg/hab.ano e os 760 kg/hab.ano. 
Este será um valor médio para efeitos de cálculo. Isto poderá ser igualmente 
aplicado, utilizando outros valores extremos (450 e 1.000 kg/hab. ano) como forma 
de medir os requisitos máximos e mínimos das infraestruturas. 
Nos Estados Unidos, os dados sobre a geração de resíduos de C & D, 
também não são precisos, pois os dados existentes se baseiam em estudos que 
podem estar ultrapassados. Segundo A. Blakey, do Environmental Industry 
Associations (EIA), uma agência de proteção ambiental dos EUA, dados do 
congresso norte americano de 1988, indicava que 31,5 milhões de toneladas de 
resíduos de C&D, eram gerados a cada ano, o que representava 22% do total de 
resíduos sólidos depositados no ano de 1986 (WORLD WASTES, 1994). 
 
2.4 - COMPOSIÇÃO DO ENTULHO GERADO 
 
2.4.1 - Introdução 
 
 De acordo com John (2000), os RCD têm constituição variável, dependendo 
da fonte geradora – período da construção, fase da construção ou 
reforma/demolição, fase da obra, tecnologia construtiva, natureza da obra, etc. 
A variação da composição do RCD (em massa) é estimada, em geral, em 
termos de seus materiais. No entanto, a partir dos mesmos dados, pode-se realizar 
a estimativa da composição dos resíduos, em função dos insumos presentes como 
cimento, areia, cal e outros. 
40 
 
 
Na composição destes resíduos (Quadro 05), existem componentes 
inorgânicos e minerais, como concretos, argamassas e cerâmicas, e componentes 
orgânicos como plásticos, materiais betuminosos, etc. 
 
Quadro 05: Exemplos de Resíduos por Classe 
 
Fonte: CONAMA Nº 448, 2012. 
 
 
Possuem uma larga extensão de materiais, mas incluem substâncias tóxicas 
em sua composição, tais como fenóis, sulfatos, metais pesados, que não devem 
passar, no entanto, de 1% da massa (MULDER et al, 1997). 
Nos resíduos presentes no entulho, é possível encontrar diferentes tipos de 
materiais dependendo da sua origem ou da fase de geração. Na etapa da 
construção, é gerada ou desperdiçada, grande quantidade de argamassa, para o 
assentamento de tijolos e revestimentos cerâmicos. Dependendo do processo de 
preparo e aplicação do concreto em obra, também há variação da quantidade 
passível de perda/desperdício em obra. O processo de preparo e transporte do 
concreto em obra gera mais resíduos que o concreto usinado e injetado diretamente 
através de mangotes dos caminhões-betoneira nas estruturas conformadas por 
formas de madeira. Na etapa de demolição será gerada maior quantidade de 
resíduos cerâmicos de tijolos que na etapa de construção ou de pequenas reformas 
de uma casa, apartamento ou qualquer edificação. 
 
 
 
41 
 
 
2.4.2 - Panorama: Brasil 
No Brasil, alguns estudos foram feitos por pesquisadores de diferentes 
regiões do país, através de diferentes metodologias de levantamento de dados. 
Alguns resultados da composição dos resíduos gerados nas fases de construção 
(figuras 15 e 16) e de demolição (figuras 17 e 18), são observados à seguir: 
 
 
Figura 15 - Distribuição da composição média de resíduos de construção coletadas em São 
Carlos 
Fonte: PINTO, 1986. 
 
 
 
 
Figura 16 - Porcentagem média dos constituintes do resíduo de construção coletados na Usina 
de Ribeirão preto em diferentes períodos. 
Fonte: ZORDAN, 1997; LATTERZA, 1998. 
 
 
42 
 
 
 
Figura 17 - Composição do resíduo de construção e demolição da cidade de Salvador/BA. 
Fonte: CARNEIRO et al., 2000. 
 
 
Figura 18 - Composição média dos resíduos de construção e demolição coletados no Aterro de 
Inertes da Zona Sul de Porto Alegre. 
Fonte: PINTO, 1999.2.4.3 - Panorama: Internacional 
 
Em países do mediterrâneo como a Espanha, Portugal, Itália ou Grécia, a 
maioria dos elementos arquitetônicos usados geralmente incluem elementos 
cerâmicos como telhas, revestimentos de piso, parede e alvenaria de vedação 
combinados com argamassas e concretos. Algumas incluem forros de gesso. 
Assim, não é raro encontrar uma grande quantidade de resíduos cerâmicos 
misturados aos resíduos de concreto, normalmente chamado de agregado reciclado 
misto - ARM (Conforme também designou a ABNT NBR 15116). 
43 
 
 
Os dois maiores constituintes dos agregados reciclados são concreto e tijolo, 
assim como juntos formam entre 82,7% à 99,6% de todo o material gerado (figura 
23). 
Além de resíduos de argamassa, de concreto e cerâmicos, aos agregados 
reciclados mistos, também incluem-se outras quantidades de materiais, como gesso 
e partículas de asfalto. Esses últimos considerados como impurezas devido aos 
efeitos negativos que podem trazer à algumas propriedades do concreto. O 
conteúdo dessas impurezas depende da origem dos resíduos e nos diferentes 
processos de beneficiamento existentes nas usinas de reciclagem, e essas 
percentagens podem variar entre 0% - 35% para partículas de asfalto, e 0-5% para o 
gesso. 
Harder (1997) e Freeman (1997) afirmam ser surpreendente a quantidade de 
madeira presente em aterros no sul da Inglaterra. O gesso, por sua vez, é muito 
utilizado na Europa e Estados Unidos. 
No Japão, a reciclagem de RCD representa 57% do volume total produzido, 
sendo que aproximadamente 73% desse volume são constituídos por RC 
provenientes da demolição de estruturas e pavimentos de concreto (NOGUCHI e 
TAMURA, 2001). 
Observou-se que os resíduos de construção, gerados em canteiros na 
Holanda, decorrem de algumas etapas construtivas, tais como fundações, alvenaria, 
forros e telhados e que representam 67% dos custos totais com resíduos de 
construção. Foram empregados em tais etapas, concretos, argamassas, tijolos de 
cal e areia e cerâmica. 
Os RCD representam 1/3 dos resíduos produzidos na Europa (Quadro 06), 
sendo a taxa média de reciclagem de 47% (SONIGO et al., 2010). Já na Dinamarca, 
a taxa de reciclagem de resíduos é de cerca de 90%, muito por força das taxas de 
deposição e de extração de recursos não renováveis (TORGAL e JALALI, 2008). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 
 
Quadro 06: Composição dos Resíduos de Construção e Demolição na Europa. 
 
Fonte: UEST, 2006. 
 
Pinto (1987) analisa que a madeira é muito presente nos RCD nas 
construções americanas e japonesas, sendo menos significativa no Brasil. 
Mesmo na Europa, este resíduo é variável, contaminado e misto (HENDRIKS, 
2000). No Brasil, espera-se o mesmo de todo o RCD uma vez que a mistura das 
fases minerais ocorre também em demolições, transbordos ou em centrais de 
reciclagem (ANGULO et. al., 2002). 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
 
3. GESTÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÂO CIVIL - RCD 
 
3.1 – INTRODUÇÃO 
 
A solução mais comum para a problemática gerada pelos RCD no meio 
urbano era a deposição em aterros. Surgiram, porém, problemas como escassez de 
novos aterros em grandes cidades, além de tornarem-se cada vez mais distantes. 
(GAVILAN; BERNOLD, 1994; ZORDAN, 1997, citados por ÂNGULO, 2000). 
O Aterro de Resíduos, após as opções de redução, aproveitamento e 
reciclagem, é a última opção como destino final adequado a ser dado para os 
resíduos sólidos. A Resolução CONAMA 448 de 2012, recomenda que os Resíduos 
Sólidos da CLASSE A, devam ser encaminhados a aterros de resíduos classe A 
para o armazenamento do material para usos futuros. 
A Área de transbordo e triagem de resíduos da construção civil e resíduos 
volumosos (ATT) é a área destinada ao recebimento de resíduos da construção civil 
e resíduos volumosos, para triagem, armazenamento temporário dos materiais 
segregados, eventual transformação e posterior remoção para destinação 
adequada, sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente. 
O Aterro de resíduos da construção civil e de resíduos inertes é a área onde 
são empregadas técnicas de disposição de resíduos da construção civil classe A, 
conforme classificação da Resolução CONAMA Nº 307, e resíduos inertes no solo, 
visando a reservação de materiais segregados, de forma a possibilitar o uso futuro 
dos materiais e/ou futura utilização da área, conforme princípios de engenharia para 
confiná-los ao menor volume possível, sem causar danos à saúde pública e ao meio 
ambiente. 
É possível perceber, conforme foto aérea abaixo, a devastação causada pelo 
desmatamento da flora e a imensa área necessária para a implantação do Aterro 
Sanitário Santa Isabel, implantado em São Paulo, em 1998 (figura 19). Tais áreas, 
com a ampliação da reciclagem de resíduos, poderiam ser utilizadas para o 
reassentamento de parte da população que atualmente vive em áreas de risco ou 
ilegais. 
46 
 
 
 
Figura 19 – Aterro Sanitário de Santa Isabel / SP. 
Fonte: RMA AMBIENTAL 2013. 
 
3.2 – LEGISLAÇÃO PERTINENTE 
 
A Lei Municipal Nº 529 de 16.04.1984, proíbe a existência de aterros 
sanitários e depósitos de lixo à céu aberto, que não se situem a uma distância de 01 
(hum) quilômetro de áreas consideradas como residenciais e informa que os 
existentes em condições contrárias serão imediatamente desativados pelo orgão 
competente do Município. 
A Resolução CONAMA Nº 307 (2002) em seu Artigo 13º estabelece que no 
prazo máximo de dezoito meses os Municípios e o Distrito Federal deverão cessar a 
disposição de resíduos de construção civil em aterros de resíduos domiciliares e em 
áreas de "bota fora". 
A Norma Técnica Brasileira (NBR) 15.515 (ABNT, 2004) fornece subsídios 
para a investigação de passivos ambientais no solo e na água do sub-solo que 
devem ser usada caso haja a possibilidade de contaminação devido ao 
armazenamento/depósito de entulho. 
A política europeia tem evoluído no sentido de promover a seguinte hierarquia 
na gestão e processamento de resíduos: prevenção da geração, reutilização, 
valorização, tratamento e depósito de RSU; e de envolver a população nestes 
processos. Apesar disso, e como se pode ver na figura 21, até 2003, a UE era 
bastante heterogénea em relação aos destinos dados aos RSU. O caso português, 
em 2009, está sistematizado na figura 22. 
47 
 
 
 
Figura 21 – Destinação dos RSU – Países Europeus. 
Fonte: BEIJOCO, A.F.P., 2011. 
 
 
Figura 22 – Destinação RSU - Portugal. 
Fonte: BEIJOCO, A.F.P., 2011 
 
 
 
48 
 
 
A política de gestão de resíduos em todo o mundo se baseia no conceito dos 
3 R´s – Reduzir, Reutilizar e Reciclar. 
Reutilizar significa tratar, separar e limpar os materiais e elementos, de forma 
que estes possam ser utilizados novamente, na mesma ou em função semelhante; 
por exemplo, um tijolo, uma viga de madeira, uma porta ou uma janela. 
Reciclar significa tratar, separar e limpar os materiais, de forma que estes 
possam ser utilizados como matérias-primas novamente. Por exemplo, através de 
britagem e triagem do concreto, resultando em britas e areias; o metal e plástico 
podem ser fundidos e serem utilizados como substitutos ou acessórios aos materiais 
primários. 
A quantidade de materiais e energia necessários ao processo de reciclagem 
pode representar um grande impacto ao meio ambiente. Todo processo de 
reciclagem necessita de energia para transformar o produto ou tratá-lo de forma a 
torná-lo apropriado a ingressar novamente na cadeia produtiva. Além disso, muitas 
vezes, apenas a energia não é suficiente para a transformação do resíduo. São 
necessárias também matérias primas para modificá-las física e/ou quimicamente. 
Dependendo da periculosidade e complexidade dos rejeitos, estes podem 
causar novosproblemas, como a impossibilidade de serem reciclados, falta de 
tecnologia para o seu tratamento, a falta de locais para dispô-los e todo o custo que 
isto ocasionaria. É preciso também considerar os resíduos gerados pelos materiais 
reciclados no final de sua vida útil e na possibilidade de serem novamente 
reciclados, fechando assim o ciclo. 
A quantidade de materiais e energia necessários ao processo de reciclagem 
pode representar um grande impacto ao meio ambiente. Todo processo de 
reciclagem necessita de energia para transformar o produto ou tratá-lo de forma a 
torná-lo apropriado a ingressar novamente na cadeia produtiva. Além disso, muitas 
vezes, apenas a energia não é suficiente para transformação do resíduo. São 
necessárias também matérias primas para modificá-las física e/ou quimicamente. 
Beiriz (2010) atenta que um parâmetro que geralmente é desprezado na 
avaliação de produtos reciclados é o risco à saúde dos usuários do novo material, e 
dos próprios trabalhadores na indústria recicladora, devido à lixiviação de frações 
solúveis ou até mesmo pela evaporação de frações voláteis. Os resíduos muitas 
vezes são constituídos por elementos perigosos, como metais pesados (Cd, Pb) e 
49 
 
 
componentes orgânicos voláteis. Estes materiais, mesmo quando inertes, após a 
reciclagem, podem representar riscos, pois nem sempre os processos de reciclagem 
garantem a imobilização destes componentes. Dessa forma, é preciso que a escolha 
da reciclagem de um resíduo seja criteriosa e pondere todas as alternativas 
possíveis com relação ao consumo de energia e matéria-prima. 
A eficiência do processo de reciclagem está fortemente ligada à qualidade do 
produto final, que depende do produto inicial recolhido. A chave desta questão é 
conseguir características e composição homogêneas dos resíduos, o que é difícil de 
ser conseguida. Isto só vai acontecer em obras que tenham implementado um 
sistema bem organizado de gestão dos resíduos baseado numa coleta separada dos 
resíduos em obra. Esta otimização da coleta pode ser alcançada através de técnicas 
de coleta seletiva no interior da obra com recurso a diferentes contentores. 
 A gestão de resíduos deve ser devidamente integrada em cada nível da 
cadeia de agentes envolvidos: dono de obra, supervisor do projeto e empresas de 
construção, de modo a poderem encontrar juntos as soluções mais adequadas. 
O volume de resíduos pode ser reduzido em um terço utilizando britadeiras 
móveis nos locais de geração. Quando os entulhos são reduzidos a pequenos 
pedaços a sua reutilização e reciclagem em obra é mais viável. Isto significa que 
menores quantidades de resíduos têm que ser encaminhados para o aterro, 
reduzindo os custos de gestão dos resíduos. 
O fluxo de resíduos tem que ser, cuidadosamente documentado e, devido a 
exigências legais, a reutilização e a reciclagem de resíduos deve ser preferida à sua 
eliminação. 
A responsabilidade de tratamento de resíduos recai sobre os produtores de 
resíduos (dono de obra e construtores) e transmite-se para as empresas de coleta e 
de tratamento. Os RCD são, tipicamente, geridos ou diretamente pelas empresas de 
construção ou recolhidos por empresas especializadas que, também, lidam com 
resíduos industriais. Estas empresas de coleta oferecem, normalmente, serviços de 
aluguel de contentores, recolhendo-os periodicamente ou, quando estão cheios, 
levando-os para o seu destino final. Existem também outros tipos de serviços como 
o apoio ambiental ou a gestão global de resíduos, mas normalmente, são prestados 
por empresas de maior dimensão e mais qualificadas. 
50 
 
 
O mais usual, em termos de contratação (Construtora e Fornecedores), é que 
cada especialidade seja a responsável pelo ciclo de vida dos seus produtos 
fornecidos ou pelo encaminhamento dos resíduos gerados com seus serviços. 
As propostas e os contratos poderiam prever formas alternativas de separar 
os resíduos, mas estas são utilizadas com pouca frequência. Uma maneira de 
melhorar a situação seria colocar toda a responsabilidade de tratamento e 
separação de resíduos sob a área de jurisdição de uma das diferentes 
especialidades ou subempreiteiros ou de uma empresa de coleta que prestasse 
serviços à obra como um todo, o que otimizaria os aspectos logísticos da coleta. 
A falta de conscientização da população, o reduzido investimento público-
privado em novas instalações de reciclagem, a relativa abundância de recursos 
naturais e a falta de conhecimento sobre o comportamento do material reciclado 
podem justificar as baixas taxas de reciclagem comparativamente a outros países. 
Segundo Valverde (2003), a disponibilidade de matérias primas naturais 
dentro ou em torno dos grandes aglomerados urbanos do país vem declinando em 
virtude do inadequado planejamento logístico e dos impactos ambientais 
associados, tais como: Poluição Sonora, Poluição por particulados, escoamento de 
lixiviados, abalos sísmicos gerados pela detonação de explosivos gerando recalques 
nas fundações e rupturas nas estruturas das construções circunvizinhas, 
zoneamento restritivo e usos competitivos do solo. A possibilidade de exploração 
desses recursos está tornando-se relativamente limitada, tornando-se incertas, as 
perspectivas de suprimento futuro dos insumos de fontes de recursos não-
renováveis. 
Até o presente momento, o preço relativamente baixo destes insumos deve-
se ao fácil acesso às reservas e as pequenas distâncias de transporte; mas as 
restrições estão progressivamente maiores, tanto para a obtenção de novas licenças 
para garantir a continuação das atividades de extração de minérios existentes. A 
perspectiva mundial também é preocupante; de acordo com Mattos e Wagner 
(1999), entre 1970 e 1995, o consumo de matérias primas cresceu de 5,7 bilhões de 
toneladas para 9,5 bilhões de toneladas. A conseqüência do crescimento do 
consumo, como tem sido feito, é a diminuição da reserva de muitos recursos 
naturais, especialmente nas grandes cidades aonde é necessária a extração desses 
51 
 
 
recursos, a distâncias cada vez maiores, encarecendo o custo final para o 
consumidor, devido ao transporte. 
A deterioração ambiental provocada pela deposição incorreta dos resíduos e 
pela exploração desenfreada dos recursos naturais também merece destaque. 
Cavalcanti (2004) cita que a deposição dos resíduos de construção, de maneira 
descontrolada, acarreta uma série de custos ambientais. Além desses custos, 
segundo a pesquisadora, podem ser incluídos os custos referentes ao 
gerenciamento da deposição clandestina, e o não aproveitamento desses resíduos 
que poderiam ser reciclados e utilizados em obras públicas. 
Os valores cobrados para o recebimento de resíduos misturados é maior que 
o valor cobrado para o recebimento dos resíduos previamente segregados, de forma 
a facilitar a sua homogeneização, conhecimento, destinação e reuso. Desta forma, 
em aterros que cobram, pelo volume, não segregação e contaminação, para a 
deposição e espera de resíduos inertes para usos futuros, torna-se economicamente 
interessante para os geradores separarem os resíduos na fonte com a menor 
quantidade de contaminantes possível, antes de serem destinados para qualquer 
finalidade. 
Alguns locais de aterro não aceitam resíduos de construção misturados 
(entulhos); outros exigem pagamentos mais elevados para os resíduos misturados 
com grandes quantidades de materiais valorizáveis, do que para os com 
quantidades menores de tais materiais. 
O objetivo é prevenir uma eventual reciclagem de material poluído ou 
perigoso. De uma forma geral, é necessária a apresentação de documentação 
comprobatória da eliminação e reciclagem dos resíduos controlados. 
Os resíduos de construção minerais, a madeira, os metais, o vidro, os detritos 
de escavações, os plásticos, e o material de embalagem podem ser,

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