Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Cálculo II APLICAÇÃO DE TEOREMAS E PROPRIEDADES DE CONVERGÊNCIA COM RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIOS 1 Sumário Introdução .................................................................................................................................... 2 Objetivos ....................................................................................................................................... 2 1. A Regra de L’Hôpital para Sequências Numéricas ................................................................. 2 2. Limites que Comparecem Frequentemente ........................................................................... 7 3. Outros Exemplos Resolvidos de Limites de Sequências ...................................................... 12 Exercícios .................................................................................................................................... 15 Gabarito ...................................................................................................................................... 15 Resumo ....................................................................................................................................... 16 2 Introdução Na apostila sobre propriedades de convergência de sequências numéricas, trabalhamos essencialmente com a relação envolvendo as terminologias de sequências monótonas, crescentes ou decrescentes, ou ainda, não crescentes ou não decrescentes, com as sequências limitadas e sequências convergentes. Aqui, temos alguns resultados importantes para que possamos ter novos mecanismos para a descrição do cálculo de limites de sequências numéricas em situações específicas. É importante salientarmos que tais denominações e resultados peculiares propiciam procedimentos base para a caracterização da convergência de sequências que envolvam essas nomenclaturas. Desta forma, nessa apostila será de nosso interesse trabalhar com a resolução de outros problemas, usando já as diversas técnicas que apresentadas anteriormente, bem como os resultados discutidos a posteriori. Além disso, estaremos interessados na apresentação de outra regra específica para a caracterização de limites de sequências numéricas, que é a regra de L’Hôpital. Tal aparato é importante para que possamos analisar a convergência de sequências numéricas em alguns casos bastante específicos. Objetivos • Estar plenamente familiarizado com a regra de L’Hôpital para a caracterização do limite de sequências numéricas. • Resolver mais alguns exemplos com base nas regras e resultados discutidos nas apostilas anteriores. 1. A Regra de L’Hôpital para Sequências Numéricas Em um curso introdutório de cálculo diferencial e integral, quando é discutido a parte sobre as derivadas, são alicerçadas as conceituações, regras operatórias e algumas ferramentas particulares, como é o caso da Regra de L’Hôpital; essa regra que serve diretamente para contornarmos indeterminações no cálculo de limites de funções reais y = f(x). Como por exemplo, expressões do tipo 0/0, 0. / , etc. Não diferente para o caso das sequências numéricas e o estudo de convergência, em alguns casos podemos trabalhar com a utilização de uma espécie 3 de generalização da Regra de L’Hôpital, que é um facilitar para a caracterização de limites de sequências numéricas específicas. Neste sentido, apresentaremos o resultado fundamental para a Regra de L’Hôpital para o contexto das sequências numéricas (teorema), bem como ilustraremos a sua utilização em algumas situações. Em verdade, mais uma vez, estaremos mesclando o aparato envolvendo funções do tipo y = f(x) com as sequências numéricas. Vamos lá? Teorema 1 (Regra de L’Hôpital para Sequências Numéricas) (Adaptado de Thomas 2003) Suponhamos que f(x) seja uma função definida para 0 x n e que ( )nx seja uma sequência de números reais tais que xn = f(n) para todo n ≥ n0. Desta forma, temos que: ( )lim n f x L → = então lim n n x L → = . Vejamos alguns exemplos que ilustram a aplicação de tal regra na caracterização de limites de sequências numéricas. 4 EXEMPLO IMPORTANTE! Exemplo 1: (Adaptado de Boulos 2003) Por intermédio da regra de L’Hôpital, vamos computar o limite da sequência (xn) cujo e-nésimo termo é ( )ln n n . Solução: Inicialmente, devemos observar que a função definida por ( ) ln x f x x = tem como conjunto domínio (condição de existência), o conjunto dos pontos reais x, tais que x ≥ 1. Além disso, notemos que a função em questão coincide com a sequência dada para os números inteiros positivos. Desta maneira, com base no teorema da regra de L’Hôpital, temos a equivalência entre os limites ln lim x x x→ e ln(n) lim x n→ , obviamente se o último limite comentado existir. Então, utilizando da regra de L’Hôpital, vem que: 0 1 ln 0 lim = lim = 0 1 1x x x x x→ → = Portanto, concluímos que ( ) lim 0 n lm n n→ = É interessante mencionarmos que quando utilizamos da regra de L’Hôpital para a descrição de limites de sequências numéricas, rotineiramente tratamos o parâmetro n como sendo uma variável real contínua e derivável em relação a n. 5 EXEMPLO Exemplo 2: (Adaptado de Anton 2000) A sequência ( )nx cujo e-nésimo termo é 2 5 n é convergente ou divergente? Por quê? Solução: Vamos utilizar da regra de L’Hôpital para sequências numéricas, ou seja, vamos utilizar o teorema anterior. Assim sendo, podemos escrever que: lim 𝑥→∞ 2𝑛 5𝑛 = lim 𝑥→∞ 2𝑛. 𝑙𝑛2 5 = ∞ 2 2 .ln 2 lim lim 5 5 n n x xn→ → = = Portanto, concluímos que a sequência ( ) 2 5 n n n x = é divergente. 6 EXEMPLO Exemplo 3: (Adaptado de Guidorizzi 2003) A sequência (xn) cujo e-nésimo termo é 1 1 n n n + − é convergente ou divergente? Caso, sua resposta seja sim, qual seria o valor de 1 lim 1 n n n n→ + − ? Solução: Nesse caso específico, primeiramente observemos que a substitução de n por ∞ nos leva diretamente a uma forma indeterminada com a tipologia 1∞. Desta forma, mais uma vez através da regra de l’Hôpital se em um primeiro momento modificarmos a forma de indeterminação para ∞ . 0, alicerçando no logaritmo natural de xn. Logo, escrevemos: 1 1 ln ln .ln 1 1 n n n n x n n n + + = = − − Daí, com base na propriedade do logaritmo, segue que: ) 1 ln 1 1 1 limln( ) limln lim .ln lim 11 1 n n n n x n n n n x n n n n → → → → + + + − = = = − − Ou seja, 22 ) 2 2 2 2.n1lim ln( ) lim ln lim 2 1 1 n n n n n nx n n → → → − −= = = − − Assim sendo, como ( )limln 2n n x → = e se tomarmos ( ) xf x e= que é uma função continua, vem pelo teorema da função continua que ( ) ln nxnx e= nverge para ²e e, portanto, concluímos que 21lim 1 n n n e n→ + = − 7 2. Limites que Comparecem Frequentemente É interessante notarmos que temos alguns limites de sequências numéricas que aparecem com maior frequência na caracterização de outros limites. No Quadro 1 a seguir enumeramos exatamente tais limites e depois apresentamos algumas ilustrações envolvendo os mesmos. Vamos averiguar quais são esses limites? Vamos lá? Limite Valor ln( ) lim n n n→ 0 lim n n → 1 1 lim( )n n x → 1 (x > 0) lim n n x → 0 ( | x | < 1) lim 1 n n x n→ + x e (para todo x) lim ! n n x n→ 0 (para todo x) Elaborado pelo autor (2019). Utilizemos os mesmos agora para o cálcuo de outros limites de sequências numéricas como segue. 8 EXEMPLO EXEMPLO Exemplo 3: (Adaptado de Leithold 2006) A sequência ( )nx cujo e-nésimo termo é 3ln( )n n é convergente ou divergente? Por quê? Solução: Para solucionarmos tal exemplo, vamos tomar como referência o limite descrito anteriormente por ln( ) lim 0 n n n→ = . Desta maneira, escrevemos: 3ln( ) 3ln( ) ln( ) lim lim 3lim 3.0 0 n n n n n n n n n→ → → = = = = Portanto, a sequência ( ) 3ln( ) n n x n = é convergente e, converge para L = 0. Exemplo 4: (Adaptado de Boulos 2006) A sequência ( )nx cujo e-nésimo termo é 2( )n n é convergente ou divergente? Por quê? Solução: Para solucionarmos tal exemplo, vamos tomar como referência o limite descrito anteriormente por lim 1n n n → = . Desta maneira, escrevemos: 2 2 1 2 2lim( ) lim lim 1 1n n n x x x n n n → → → = = = = Portanto, a sequência ( ) 2( )nnx n= é convergente e, converge para L = 1. 9 EXEMPLO Exemplo 5: (Adaptado de Guidorizzi 2003) Caracterizar caso exista o limite da sequência ( )nx cujo e-nésimo termo é ( 3 )n n . Solução: Neste caso, para caracterizarmos a existência ou não de tal limite, vamos tomar como referência o limite descrito anteriormente por ( ) 1 lim 1n n x → = , para x > 0. Assim sendo, podemos escrever que: 1 1 lim 3 lim3 . 1.1 1n n n n x n n → → = = = Portanto, a sequência ( ) ( 3 )nnx n= é convergente e, converge para L = 1. 10 EXEMPLO Exemplo 6: (Adaptado de Boulos 2006) Caracterizar caso exista o limite da sequência (xn) cujo e-nésimo termo é 1 3 n − . Solução: Neste caso, para caracterizarmos a existência ou não de tal limite, vamos tomar como referência o limite descrito anteriormente por lim 0n n x → = , para | x | < 1. Desta maneira, podemos escrever que: 1 lim 0 3n→ − = , considerando 1 3 n x − = e observando que 1 1 1 3 3 − = , em lim 0n m x → = , para 1x . Portanto, a sequência ( ) 1 3 n nx − = é convergente e, converge para L = 0. 11 EXEMPLO Exemplo 7: (Adaptado de Leithold 2006) A sequência (xn) cujo e-nésimo termo é 4 nn n − é convergente ou divergente? Por quê? Solução: Neste caso, para caracterizarmos a convergência ou não de tal sequência, vamos tomar como referência o limite descrito anteriormente por lim 1 n x n x e n→ + = , para todo x. Assim sendo, podemos escrever que: 44 4lim lim 1 n n n n n e n n − → → − − = + = considerando x = −4 e lim 1 n x n x e n→ + = . Portanto, a sequência (xn) = (( 𝑛−4 𝑛 ) 𝑛 ) é convergente e, converge para L = 𝑒− 4. 12 EXEMPLO 3. Outros Exemplos Resolvidos de Limites de Sequências Vejamos mais alguns exemplos envolvendo a caracterização de limites de sequências numéricas como segue, com base nos resultados e propriedades difundidas anteriormente. Exemplo 8: (Adaptado de Anton 2000) A sequência ( )nx cujo e- nésimo termo é 100 ! n n é convergente ou divergente? Por quê? Solução: Neste caso, para caracterizarmos a convergência ou não de tal sequência, vamos tomar como referência o limite descrito anteriormente por lim 0 ! n n x n→ = , para todo x. Logo, podemos escrever que: lim 0 ! n n x n→ = considerando x = 100 em lim 0 ! n n x n→ = . Portanto, a sequência ( ) 100 ! n nx n = é convergente e, converge para L = 0. 13 EXEMPLO EXEMPLO Exemplo 9: (Adaptado de Boulos 2006) A sequência ( ) 1 5nz n = + é convergente ou divergente? Solução: Neste caso, podemos considerar a sequência ( ) ( ) ( )n n nz x y= + , onde ( ) 25nx = e ( ) 1 ny n = . Desta forma, pela regra da soma, podemos escrever que: ( ) ( ) 1 lim lim lim(5) lim 5 0 5n n n n n n n z x y n→ → → → = + = + = + = . Desta forma, concluímos que a sequência ( ) 1 5nz n = + é convergente para o limite L = 5. Exemplo 10: (Adaptado de Anton 2000) A sequência ( ) 1 9nz n = − é convergente ou divergente? Solução: Neste caso, podemos considerar a sequência, ( ) ( ) ( )n n nz x y= − onde ( ) 9nx = e ( ) 1 ny n = . Desta forma, pela regra da diferença, podemos escrever que: ( ) ( ) 1 lim lim lim(9) lim 9 9 0n n n n n n n z x y n→ → → → = − = − = − = . Desta forma, concluímos que a sequência ( ) 1 9nz n = − é convergente e, converge para o limite L = 9. 14 EXEMPLO EXEMPLO Exemplo 11: (Adaptado de Guidorizzi 2003) A sequência ( ) 3 1 nz n = é convergente ou divergente? Solução: Neste caso, podemos considerar a sequência ( ) 2 1 1 .nz n n = , onde ( ) 1 nx n = e ( ) 2 1 ny n = . Desta forma, pela regra do produto, podemos escrever que: ( ) ( ) 2 1 1 lim lim . lim .lim 0.0 0n n n n n n n z x y n n→ → → → = = = = . Desta forma, concluímos que a sequência ( ) 3 1 nz n = é convergente e, converge para o limite L = 0. Exemplo 12: (Adaptado de Leithold2006) A sequência ( ) 2 8 nz n = é convergente ou divergente? Solução: Neste caso, podemos considerar a sequência ( ) ( )2 8 8.n nz x n = = = onde k = 8 e ( ) 2 1 nx n = . Desta forma, pela regra da multiplicação por escalar, podemos escrever que: ( ) ( ) 2 2 1 1 lim lim .z lim8. 38.lim. 8.0 0n n n n n n z k n n→ → → → = = = − = . Desta forma, concluímos que a sequência ( ) 2 8 nz n = é convergente e, converge para o limite L = 0. 15 Exercícios 1 – (Autor, 2019) Caracterizar caso exista o limite da sequência (xn) cujo e- nésimo termo é dado por 3 4 n n . 2 – (Autor, 2019) A sequência ( )nx cujo e-nésimo termo é 50 ! n n (é convergente ou divergente? Por quê? 3 – (Autor, 2019) Caracterizar caso exista o limite da sequência ( ) 3 3 nz n = . Gabarito 1 – Para solucionarmos tal problema, vamos utilizar diretamente a regra de L’Hôpital para sequências numéricas. Assim sendo, podemos escrever que 3 3 .ln3 lim lim 4 4 n n x xn→ → = = e, portanto, concluímos que a sequência ( ) 3 4 n nx n = é divergente, ou seja, não possui limite. 2 – Para solucionarmos tal problema, a fim de descrevermos a convergência ou não de tal sequência, vamos tomar como referência o limite descrito anteriormente por lim 0 ! n n x n→ = , para todo x. Logo, escrevemos 50 lim 0 n! n n→ = , considerando x = 50 em lim 0 ! n n x n→ = = 0.Portanto, a sequência ( ) 100 ! n nx n − é convergente e, converge para L = 0. 3 – Neste caso, consideremos a sequência ( ) ( )3 8 8.n nz x n = = = , onde k = 8 e ( ) 3 1 nx n = . Desta forma, pela regra da multiplicação por escalar, podemos escrever 16 que: ( ) ( ) 3 3 1 1 lim lim . lim 3.lim 3.0 0n n n n n n z k x n n→ → → → = = = = = . Desta forma, concluímos que a sequência ( ) 3 2 nz n = é convergente e, converge para o limite L = 0. Resumo Nesta apostila trabalhamos com a resolução de alguns exemplos adicionais, quando falamos com relação a dterminadas regras específicas ou propriedades operatórias envolvendo o cálculo do limite de sequências numéricas. Desta forma, apresentamos a regra de L’Hôpital que tambem é uma importante regra para a descrição do limite de sequências numéricas com base em algumas situações peculiares. Em um primeiro momento, podemos pensar na generalização da regra de L´Hôpital para a determinação do limite de funções reais, sendo que a ideia básica é o de fugirmos de algum tipo de indeterminação, como por exemplo, 0 / 0. , / e, assim por diante. Por outro lado, apresentamos mais alguns problemas que podem ser resolvidos com base em alguns tipos de limites de sequências que aparecem frequentemente em outros cálculos. 17 Referências bibliográficas GUIDORIZZI, H. L. Um Curso de Cálculo. 5ª Ed. Volume 2. Rio de Janeiro: LTC, 2003. LEITHOLD, L. O Cálculo com Geometria Analítica. 3ª Ed. Volume 2. São Paulo: Harbra, 2006. THOMAS, G. B. Cálculo. Volume 2. São Paulo: Addison Wesley, 2003. ANTON, H. Cálculo: Um novo horizonte. 6ª Ed. Volume 2. São Paulo: Bookman, 2000. BOULOS, P. Cálculo Diferencial e Integral. Volume 2. SP: Makron Books, 2006 18 19
Compartilhar