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ANTROPPOLOGIA DE MOCAMBIQUE

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A disciplina será leccionada por docentes da Faculdade de Ciências Sociais e Filosoficas.
.FUNDAMENTOS DAS CIENCIAS SOCIAIS:INTRODUCAO GERAL
Fundamentos das ciências sociais: introdução geral
As ciências sociais constituem um ramo da ciência que estuda os aspectos sociais do mundo humano, ou seja, a vida social dos indivíduos e grupos humanos. Trata-se de um conjunto de ciências que engloba a Antropologia, Sociologia, Economia, História, Psicologia, Ciênciaspolíticas, etc.
 As ciências sociais tiveram a sua origem na Europa ao longo do século XIX, graças aos trabalhos dos sociólogos August Comte, Karl Max, Emile Durkhein e Max Weber. As ciências sociais resultaram do desenvolvimento das sociedades industriais e das contradições sociais decorrentes do sistema capitalista.
 Para George Gurvictch (1963), as diversas ciências sociais representam “o estudo dos esforços colectivos e individuais, mediante os quais a sociedade e os homens que a compõe se criam ou produzem a eles mesmos”.
 Pluralidade, diversidade e interdisciplinaridade nas ciências sociais
 Uma ideia tradicionalmente aceite é que a cada uma das ciências sociais caberia investigar um distinto campo real. Neste contexto estaríamos perante um conjunto de fenómenos reais perfeitamente separados de qualquer outro. Deste modo:
·         A Economia ocupar-se-ia da realidade económica (ou dos fenómenos económicos);
·         A Demografia ocupar-se-ia dos fenómenos demográficos;
·         A Ciência Politica ocupar-se-ia dos fenómenos políticos, etc.
Nesta perspectiva, cada ciência social seria responsável pelo estudo de fenómenos sociais específicos. Contudo, não existiria a comunicação entre as diversas ciências sociais.
 A esta concepção opõe-se uma outra segundo a qual, no domínio do homem e do social, não existem campos da realidade e fenómenos que se distinguem uns dos outros. Os fenómenos sociais constituem fenómenos que, seja na sua estrutura própria, sejam nas suas relação, têm implicações simultaneamente em vários níveis e dimensões do real e do social, sendo portanto susceptíveis, de interessar a varias, quando não a todas ciências sociais.
 A Ruptura com o senso comum
O conhecimento científico pressupõe uma ruptura com o senso comum. O senso comum constitui uma forma de compreensão da realidade com base num saber adquirido das experiencias quotidianas, vivenciadas ou ouvidas: com base em costumes, hábitos, tradições, normas e praticas sociais. Trata-se de um saber informal, que tem a sua origem nas opiniões de um determinado indivíduo ou grupo e que é avaliado consoante o efeito que produz nas pessoas.
Embora se refiram ao mesmo objecto real, a ciência e o senso comum são de facto objectos conceptuais diferentes que pressupõe dois códigos de leitura do real estruturalmente diferente um do outro. A ciência constitui uma forma de conhecimento objectivo, sistematizado, criticável e verificável. A ciência pressupõe uma ruptura com as evidências do senso comum. 
 A interdisciplinaridade nas ciências sociais (Antropologia e outras Ciências Sociais) 
	Antropologia relaciona-se com
	outras Ciências Sociais
	 
·   A realidade social assenta numa realidade psicologia e biológica;
 
·   O humano não se reduz só ao psicológico (ex. atracção sexual entre duas pessoas);
 
·   Estuda como o cultural e o social modelam o psicológico, vice-versa.
	Psicologia
·   Identifica os traços psicológicos do indivíduo e explica os processos e mecanismos psíquicos;
·   Conceitos: impulso, repressão, reflexos, personalidade, motivação, etc.
 
 
·   A psicologia experimental tenta determinar as bases psicológicas da conduta individual.
	O objecto de estudo:
·         Estuda a cultura humana e a forma como esta é vivenciada em sociedade
 
·         Estuda culturais e etnias dentro da sociedade
·         Estuda culturas diferentes
	Sociologia
O objecto de estudo:
·   O comportamento social de um grupo humano de acordo com as variáveis: idade, sexo, profissão, classe, prestigio, etc.
·   A sociedade em si mesma
·   A sociedade em geral e as suas leis gerais
 
	 
·   Os mapas como representação de espaço e território são apoios logísticos fundamentais na investigação antropológica.
	Geografia
·   Uso e criação de mapas como representação de espaço e território
 
	História
·         Trabalho de campo antropológico e história oral
·         Actualmente os antropólogos também trabalham com documentos escritos
·         A Antropologia interpreta as representações do passado, as amnésias e os esquecimentos.
 
A ANTROPOLOGIA CULTURAL NO DOMÍNIO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
 Definição
A Antropologia – do grego, anthropos (humanidade) e logos (estudo) e, significa literalmente “estudo da humanidade” ou do homem e da humanidade, abrangendo todas as suas dimensões. 
Objecto de estudo
Os modos de vida de outras partes do mundo costumam fascinar, estranhar ou gerar uma visão exótica. A Antropologia oferece um conhecimento humano e comparativo do mundo e da sua diversidade cultural. Podemos estabelecer, relativamente ao seu objecto de estudo:
	 
 
Uma pessoa que estuda outras pessoas (um sujeito que estuda outros sujeitos humanos)
	SUJEITO OBJECTO
HUMANO HUMANO
	
 A Antropologia é uma ciência que estuda:
·         A cultura inserida num contexto social;
·         A conduta humana e o seu pensamento, no seu contexto social e cultural;
·         As semelhanças e diferenças entre as culturas;
·         As formas de pensar, perceber e lidar com os outros;
·         Estuda os produtos e as acções dos seres humanos: comportamento social, costumes, cultura, rituais, parentesco, vida quotidiana, etc.
 Em síntese, a Antropologia cultural estuda e descreve os seres humanos na sua relação com a natureza, e nas suas especificidades culturais, o universo psíquico dos indivíduos, os seus costumes e tradições, mitos e rituais, as suas histórias, a linguagem, valores, crenças, relação de parentesco, etc.
Campos de abordagens
A.    Antropologia Filosófica: o seu objecto de estudo é a pessoa humana como ser genérico, aquilo que as pessoas têm em comum. O seu método é geralmente introspectivo: dedica-se ao interior da pessoa humana.
B.     Antropologia Física: estuda a evolução biológica humana, isto é, a relação entre a evolução biológica e cultural.
C.     Antropologia Sociocultural: estuda as diferenças entre humanos e animais.
C1. Antropologia Cultural: estuda as obras materiais e espirituais humanas.
C2. Antropologia Social: se queremos estudar os seres humanos, não podemos limitar-mo-nos exclusivamente, nos seus produtos, porque os produtos são determinados pela sociedade em que esses produtos são criados. Portanto, não e possível estudar os produtos humanos sem estudar a sociedade que os gera.
D.    Antropologia Aplicada: a contribuição da Antropologia para as culturas que estuda, tem sido muito importante. O reconhecimento do seu serviço público motivou a origem de uma subdisciplina, a Antropologia Aplicada que trata de aplicação de dados, teorias, perspectivas e métodos antropológicos para identificar, avaliar, e resolver problemas sociais contemporâneos. Neste sentido, a Antropologia Aplicada estuda a cultura, para depois elaborar projectos de acção, intervenção e mudança cultural.
 Métodos e técnicas de investigação em Antropologia
 ·         Método Etnográfico: é um conjunto de procedimentos e regras para produzir e organizar o conhecimento, e que integra:
·         Uma situação metodológica que implica “ estranhar-se, ter curiosidade, descrever densamente, traduzir e interpretar” a realidade sociocultural com a qual lidamos,
·         Um processo de conhecimento com base numa estadia no terreno, através do qual estuda os significados socioculturais no seu contexto.
 ·         Trabalho de Campo: o antropólogo converte-se noprincipal instrumento de recolha de dados.
 ·         Observação participante: a pesquisa realiza-se no próprio ambiente em que se da o fenómeno ou os acontecimentos de estudo. O antropólogo deve integrar-se de alguma maneira na sociedade da cultura em estudo, participando discretamente, procurará colocar-se no lugar dos seus pesquisados e entender a população a partir dos valores e o sentir local.FUNDAMENTOS DAS CIENCIAS SOCIAIS:INTRODUCAO GERALChat
PRÁTICAS ETNOGRÁFICAS NO MOÇAMBIQUE COLONIAL E PÓS-COLONIAL
 Antropologia em África e em Moçambique
A Antropologia em África e em Moçambique, tal como vimos nas aulas anteriores, tem as suas origens nas práticas do colonialismo. Para o caso de Moçambique, podemos situar as origens da Antropologia no quadro da colonização portuguesa. Assim, para entendermos a evolução da Antropologia em Moçambique, teremos que revisitar parte da história da antropologia colonial portuguesa.
A Antropología colonial
Desde a subida ao poder da burguesia, na 1ª metade do s. XIX, o estudo dos "costumes populares" foi considerado uma questão de interesse fundamental.
 No s. XIX e 1ª metade do s. XX, a etnografia associa-se à procura de uma identidade nacional. A identidade nacional deve ser encontrada entre "o povo" e não entre as classes urbanas no poder (que não conformam o autenticamente português, por não serem rurais, apesar de poderem ter uma existência muito antiga).
 Acontece que o popular de hoje é rejeitado como má cultura e o popular de ontem é definido como "tradicional". Curiosamente o que antes era só hegemónico e burguês é agora considerado como "popular".
Estes processos sociais relacionam-se com a constante redefinição e com a necessidade de perpetuação da burguesia. Há uma constante necessidade de redefinição, de procura dessa autenticidade fugida, que a sociedade burguesa não encontra em si mesma. Isto não significa uma subvalorização de si própria, mas uma relação de amor-ódio perante as camadas sociais no seio das quais a sociedade burguesa procura autenticidade.
 Os ciclos de renovação da antropologia foram sempre impulsionados por uma importação de modelos analíticos desenvolvidos no estrangeiro:
	Anos 20 do s. XIX
(OS ROMÂNTICOS)
	Almeida Garret e Alexandre Herculano (Exilados políticos na Inglaterra, durante as lutas liberais)
	Fascínio romântico pelas "antiguidades populares" para uma definição de uma nova nacionalidade.
	Recolheram contos e canções populares.
 
Intensa criatividade científica de uma geração que acompanhou a gestação da República: Oliveira Martins, Adolfo Coelho, Teófilo Braga, Rocha Peixoto, Leite de Vasconcelos. Desenvolveram, de forma académica, pela primeira vez, o estudo da cultura e das artes. Para eles, a cultura popular era uma sobrevivência de crenças antigas.
 A burguesia procurava, na história e na cultura popular, uma grandeza nacional perdida (o império de ultramar). Nunca se chegou realmente a desenvolver uma tradição colonial da antropologia.
	1875
	SOCIEDADE DE GEOGRAFIA DE LISBOA (Serpa Pinto: 1881, sobre as suas explorações na África) (Lopes Mendes: 1886, sobre as posses portuguesas na Índia) (Manuel Ferreira Ribeiro:1877, sobre Santo Tomé e Príncipe).
	Anos 1920
	ESCOLA DE ESTUDOS COLONIAIS (associada á Sociedade de Geografia de Lisboa)
 
Nesta época, apenas se escreveu uma monografia sobre as colónias. JUNOD, Henri (1898): The Life of A South African Tribe. Sobre os Thonga de Moçambique, um dos clássicos do africanismo. O seu autor foi um missionário metodista suíço.
 A partir de 1935, o regime ditatorial instituiu o estudo das colónias, com o objectivo de elaborar mapas etnológicos. Isto foi bem definido no Primeiro Congresso Nacional de Antropologia Colonial (Porto, 1934). Um dos seus autores foi Mendes Correia que utilizou um método antropométrico de campo. Foram enviadas missões para todas as colónias portuguesas, nomeadamente para África. Entre os impulsores destas missões destaca-se Joaquim do Santos Júnior (Pereira, 1988). Esta antropologia representava as tendências mais conservadoras das ideologias coloniais do regime.
 A partir de finais de 1950 produz-se uma nova antropologia colonial, protagonizada por Jorge Dias, que se distancia, cada vez mais, do grupo de Mendes Correia (Porto). 
	1952
	Jorge Dias mudou-se para Coimbra, onde leccionou Etnologia e História da Geografia
	1956
	Integrou-se na Escola de Administração Colonial. Fez uma viagem à Guiné, Moçambique e Angola
	1957
	Jorge Dias foi convidado para dirigir as Missões de Estudo das Minorias Étnicas do Ultramar Português. Os seus assistentes foram: Margot Dias (esposa dele) e Manuel Viegas Guerreiro. O objectivo era realizar descrições etnográficas, mas também relatórios confidenciais sobre as condições sociais e políticas das colónias.
	1961
	A Escola de Administração Colonial passou a denominar-se Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina. Aqui leccionou Antropologia Cultural, Etnologia Regional e Instituições Nativas
 
Jorge Dias estudou os chopes do Sul de Moçambique, os Bóeres e Bosquímanes do Sul de Angola, mas o seu trabalho central foi dedicado aos macondes do Norte de Moçambique, escolha influenciada pelo facto do seu professor, o alemão Richard Thurnwald, ter estudado, nos anos 30, os macondes de Tanganica (Tanzânia tornou-se independente em 1964). A tensão política era intensa e, em 1964, começa o movimento pela independência de Moçambique.
 Marvin Harris também trabalhou em Moçambique com os thongas (1959), mas foi expulso, nesse ano. Em 1960, Charles Wagley (também da Columbia University) foi convidado, pelo Ministério, para substituir Harris, como acto de relações públicas e de reduzir a má impressão da expulsão de Harris. Jorge Dias acompanhou a Wagley por Angola e Moçambique.
Em 1960, inicia-se, no planalto maconde, o levantamento de Mueda. Nestas circunstâncias, o trabalho etnográfico tornou-se inviável. Viegas Guerreiro continuou, contudo, a estudar o sul de Angola, nos verões europeus de 1962-63 e 64.
 Segundo João de Pina Cabral (1991: 35-36), Jorge Dias nunca conseguiu ultrapassar as limitações teóricas de base e não compreendia a teoria sociológica nem a antropológica.
 A ANTROPOLOGIA NO PÓS-INDEPENDÊNCIA, EM MOÇAMBIQUE
 A história de que dispomos da Antropologia em Moçambique é recente. A produção do conhecimento não se reveste ainda de um carácter sistemático e esta, mesmo no âmbito institucional, fortemente marcada pela iniciativa individual ou pela imposição de instituições que financiam os estudos neste domínio.
 Partindo desta constatação, o que gostaríamos de propor é um esboço da prática científica em Moçambique no contexto da Antropologia e as razões da sua evolução. A elaboração deste verbete, que conterá também uma periodização, remete-nos para um objectivo bem concreto: a explicação do contexto institucional, ideológico, teórico e prático dos estudos hoje em dia, e os problemas que esse contexto impõe a todos os investigadores.
 Tomando particularmente como exemplo os estudos no contexto da Antropologia, a nossa análise situa-se no período pós-independência onde as referências ideológicas ligadas numa primeira fase à «transição socialista» e mais tarde ao «liberalismo» influenciaram o desenvolvimento das ciências sociais em geral e da Antropologia em particular.
 A experiência da Luta Armada e o trabalho intelectual
Como toda a produção intelectual, a produção científica em Moçambique corresponde as condições históricas do seu desenvolvimento, ou seja, aos meios teóricos e práticos do seu funcionamento.
 Ao alcançarmos a independência não encontramos uma tradição de pesquisa antropológica que pudesse fornecer orientações metodológicas válidas para uma abordagem sistemática e organizada da realidade social. Os estudos etnográficos moçambicanos foram realizados no âmbito da administração colonial, e tinham como objectivo conhecer a realidade social, a fim de «bem administrar», e, algumas vezes, concomitantemente, fins folclóricos.A emergência das ciências sociais bem como os seus pressupostos epistemológicos aparecem assim, ligados, por um lado, ao contexto histórico (social e ideológico) do processo científico, mas também a relação entre a teoria e a prática e entre a ciência e a ideologia.
 O período histórico que corresponde às três últimas décadas em Moçambique foi marcado por duas grandes viragens: o desencadeamento da luta armada contra o sistema colonial português e a sua derrota por uma luta articulada em torno de uma ideologia revolucionária visando criar uma sociedade socialista.
 Alcançada a independência, tornava-se necessário explicar a luta de libertação nacional, o subdesenvolvimento e a luta de classes neste país descolonizado. Um novo campo teórico se impunha, pois a experiência histórica actual colocava um certo número de problemas de ordem teórica e prática que só uma nova prática de investigação poderia abordar e resolver. A procura social, ou seja, o mercado do saber solicitava com certa precisão respostas científicas.
 As características da nova situação levam assim a investigar as raízes económicas da exploração, as soluções políticas e revolucionárias da sua eliminação. A experiência da luta armada (os seus ensinamentos teóricos e metodológicas) é considerada como uma das fontes de inspiração do trabalho intelectual que se deseja inovador, revolucionário e popular. Nas antigas zonas libertadas concretizaram-se os primeiros passos do processo de transformação revolucionária da sociedade moçambicana que sempre foi o objectivo central da luta de libertação.
 Emerge uma visão da luta armada idealizada que a vê como uma experiência que enfrentou e ultrapassou, sem grandes problemas, todos os conflitos. O estudo das diversas formas de opressão far-se-ia através do processo de libertação com o objectivo da eliminação das formas de «opressão do homem pelo homem».
 Há um esforço constante de estudar a luta armada porque só através dela se poderá constituir uma tradição de pesquisa e de luta enraizada nas realidades moçambicanas.
 A FRELIMO preconiza a defesa da posição de que a génese da teoria social não se processa apenas nas salas de aula, no estudo dos textos, mas também numa prática e numa luta social.
 Mas mais marcante é a teorização a partir da prática visando a mudança social onde o marxismo detém um lugar de eleição. Assim se referia o Presidente Samora Machel a um jornalista em Março de 1980:
«No nosso país, o marxismo é produto da luta de libertação nacional. Nós não proclamamos o marxismo depois da independência. A própria guerra transformou-se, no seu processo de desenvolvimento, numa guerra revolucionária popular. Foi isto que permitiu à Frente de Libertação transformar-se num partido marxista-leninista.»
 O estudo formal do marxismo e a sua utilização constante como instrumento e método para analisar as condições da realidade social e imposta ao cientista social.
 Esta imposição ideológica condicionará o desenvolvimento da pesquisa e de aplicação de um quadro conceptual mais consentâneo com a realidade interna.
 Mas estaria a Antropologia e outras ciências sociais em condições de facultar os instrumentos para estudo de certas dimensões do passado ainda que numa perspectiva marxista? A partir da independência (e cremos que, mesmo, antes) os quadros políticos e intelectuais do Partido desconfiam da Antropologia. 
Para o discurso antropológico tal como se constitui historicamente, a racionalidade das culturas do Terceiro Mundo, racionalidade construída por uma interpretação instrumental, e de algum modo fictícia e passiva, correlação teórica da passividade e da não responsabilidade do indígena no regime colonial. O facto de a Antropologia ter tido necessidade desta visão objectivante e redutora leva-os a pôr em causa esta disciplina assim como este tipo de visão, por vezes, menos por causa das suas teses, do que pelo seu estatuto etnocêntrico.
Não vendo no colonialismo mais do que a aculturação ou a mudança social, a Antropologia é acusada de justificar o colonialismo, visto que, oculta o aspecto político da realidade colonial - a suposta modernização baseada na dominação. A violência é esquecida ou justificada em nome do processo de modernização. Em consequência disso e por razões explicitamente políticas e ideológicas, a desconfiança estende-se também à Sociologia.
 Moçambique é caracterizado por um mosaico cultural e linguístico e outras especificidades que necessitam de um novo enfoque e carecem de uma re - conceptualização e de uma contestação de certas ortodoxias e paradigmas científicos.
 O conceito de relações sociais de género tem estado a ganhar, na prática das reflexões da Sociologia e da Antropologia, estatuto de paradigma, ao informar sabre as relações sociais entre homens e mulheres. Neste sentido, esta postura teórica anuncia uma profunda mudança na delimitação do objecto. Se, até há pouco, o objecto de estudo era a construção social e subordinada do feminino, hoje, remodelado, é a construção das relações sociais entre homens e mulheres, isto é, as relações de género.
 Este enfoque dinâmico significa uma alteração na era dos estudos sabre a mulher - mulher e educação, mulher e politica, mulher e família -, descortinando novas horizontes. Não basta indicar o lugar onde estão as mulheres, o que fazem, ou que não fazem. É preciso apreender o cerne das relações sociais que são também constitutivas das relações de género e vice-versa.
 As análises de género, os estudos sabre a mulher envolvem necessariamente críticas e desafios aos paradigmas dominantes bem como as abordagens praticadas nas ciências sociais, como parte de um processo de desenvolvimento de novos paradigmas. O androcentrismo prevalecente no campo do conhecimento das ciências sociais continua a ignorar e a marginalizar a contribuição da mulher para a sociedade, ajudando a subordinar a mulher ao gerar um conhecimento sexista que legitima uma ordem social dominada por homens.
 A pesquisa sabre a família e as formas de família em Moçambique desenvolvida pelo Centro de Estudos Africanos e pela Faculdade de Letras da UEM fornece-nos igualmente uma ilustração deste desafio da re - conceptualização. O debate entre os investigadores tem levantado algumas questões relativamente à caracterização clássica do conceito de família e sua «operacionalidade», nomeadamente no que respeita às suas funções.
 No seio de alguns grupos populacionais em Moçambique, as funções consideradas unívocas têm significações diferentes, o pai social não coincide com o pai biológico e não ocupam o mesmo espaço físico. Neste contexto, as funções têm de ser entendidas conjuntamente com a estrutura em termos de composição/alteração da família e como as relações familiares que se estabelecem evoluem, consoante o sexo e a idade, dependentes de fenómenos sociais, económicos e políticos.
 Alguns aspectos do contexto sócio - institucional do ensino
A criação de um novo espaço institucional para o ensino/investigação em ciências sociais de Antropologia processa-se na Unidade de Formação e Investigação em Ciências Sociais (UFICS). Este tipo de ensino permite que as diversas disciplinas apareçam na sua interdependência que a diversidade de perspectivas enriquece. Dá ao conjunto das referidas ciências uma nova legitimidade e impulsiona a formação de cientistas no referido campo.
 Esta forma integrada de formação e investigação baseia-se na reflexão e na experiência internacional cada vez mais contrária a compartimentações - quer entre disciplinas académicas historicamente constituídas, quer entre ensino, formação de docentes e investigação - que se afiguram cientificamente estéreis, pedagogicamente disfuncionais e onerosas do ponto de vista dos recursos exigidos.
 Mas a ensino das disciplinas das ciências sociais, designadamente da Antropologia, não se cinge apenas a UEM. Outras instituições de ensino tal como a Universidade Pedagógica, o Instituto Superior de/Tecnologia de Moçambique (ISCTEM), o Instituto Superior Politécnico e Universitário(ISPU) detém no seu currículo cadeiras de Antropologia.
 Apesar deste progresso no domínio do ensino e da investigação em ciências sociais, permanecem em aberto algumas questões que em certa medida condicionam as propostas e os quadros institucionais de investigação. Trata-se pois, no caso das ciências sociais, de delinear estruturas estruturantes dos hábitos de investigação científica.
 Esta criação progressiva e que se insere num tempo longo pressupõe a inovação e a criatividade, isto é, a emergência de novos conhecimentos. Pressupõe ainda colaboração com diferentes instituições a nível regional e internacional visando o intercâmbio científico (trocas de informação bibliográfica, desenvolvimento de redes de investigadores, criação de banco de dados).
 Contudo, Os desafios que se colocam à sociedade moçambicana, considerando as implicações sociais das mudanças ocorridas no sistema económico, as perspectivas abertas pela consolidação da paz e as transformações políticas ligadas a introdução de um sistema de democracia multipartidária exigem a produção de um conhecimento sistemático da sua realidade social.
  O antropólogo equipado com o conhecimento do contexto sociocultural do país poderá, porventura, mais facilmente estabelecer a base epistemológica sabre a qual se constroem significados mais exactos das intervenções sociais. Contudo, a diversidade de sistemas ecológicos e simbólicos, diversidade de condições económicas e de sentimentos, torna necessária na apreensão do conhecimento uma grande flexibilidade de espírito e sensibilidade, exige dialéctica da teoria e das práticas, a procura de conceitos e métodos, progressivamente mais adaptados ao conteúdo a analisar.
 Afirma-se, assim, a necessidade da interdisciplinaridade das diferentes ciências promovendo a maior capacidade possível de compreender e transformar o real diverso, mais o importante que o secundário, empiricamente sempre que necessário, mas cientificamente sempre que possível.
Estamos em crer que o sucesso das intervenções sociais, quer se trate de políticas públicas ou de iniciativas privadas, depende em parte desse conhecimento. Trata-se de fazer da investigação social alga de aceitável e útil na formulação e implementação das políticas.ANTROPOLOGIA EM AFRICA E EM MOCAMBIQUEChat
AS CORRENTES TEÓRICAS DA ANTROPOLOGIA
TODOS ESTUDANTES DEVEM REALIZAR ESTA ACTIVIDADE DE CARACTER INDEPENDENTE. CADA ESTUDANTE DEVERA DESENVOLVER UMA PESQUISA RELACIONADA COM AS CORRENTES TEORICAS DA ANTROPOLOGIA.
O TRABALHO DEVE ENCADERNANDO E ENTREGUE EM FISICO NA PRIMEIRA TUTORIAL PRESENCIAL.
COMUNIQUEM AOS DEMAIS COLEGAS. ESTE EXERCICIO E DE CARACTER AVALIATIVO.
CORDIAIS SAUDACOES.
·    Evolucionismo;
·    Difusionismo e Culturalismo;
·    Funcionalismo ;
·    Estruturalismo .
O CONCEITO ANTROPOLÓGICO DE CULTURA
O CONCEITO ANTROPOLÓGICO DE CULTURA
 O Conceito antropológico de cultura (pluralidade e diversidade de definições e abordagens)
 Cultura: modo de vida, pensar, dizer, fazer fabricar, etc.
 Etimologicamente, o vocábulo cultura provém do particípio passivo do verbo latino colo, colis, colere, colui, cultum, que significa: cultivar, cuidar, ter cuidado, prestar atenção. Expressa a relação dinâmica e estável a um lugar.
 A cultura é um dos conceitos mais difíceis de definir no vocabulário antropológico. Segundo o antropólogo E.B. Taylor (1975) a cultura é “ esse todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, lei, costumes e toda a serie de capacidades e hábitos que o homem adquire em tanto que membro de uma sociedade dada”. 
 Para L.R. BINFORD (1968), “ cultura é todo aquele modelo, com formas que não estão sob o controle genético directo (…) que serve para ajustar aos indivíduos e os grupos nas suas comunidades ecológicas”. 
Sobre a origem e o desenvolvimento da cultura
 Segundo antropólogos, como Richard Leakey, Roger Lewin, David Pilbean e Kenneth P. Oakley, a cultura surge com a evoluçao do homem. Tal evolução se deu através da vida arborícola que
instigou os seres a terem a sua percepção alterada de acordo com as suas necessidades de sobrevivência, fazendo com que se adaptassem ao meio em que viviam. Tais adaptações como o aumento do campo de visão ao ficar erecto, descoberta da sensibilidade tátil - que atribuiu significados aos objetos, até então, sem utilidade - fizeram com que sua capacidade cerebral se tornasse mais complexa e evoluída permitindo o desenvolvimento da inteligência humana e início da cultura.          
 A partir do momento em que o primata torna-se homem, começam a surgir teorias contemporâneas, como a de Claude Lévi-Strauss, que considera que o surgimento da cultura se deu com a criação da 1º regra: a proibição do incesto. Neste momento, o homem começa a distinguir o certo do errado, ditando comportamentos e construindo símbolos.          
 Teorias Modernas sobre cultura
Existem diversos antropólogos fundamentando teorias modernas sobre cultura, e nessa soma, surge uma ideia em comum, a ideia de que a cultura é formada para que possamos nos adaptar ao modo que fomos feitos, é um conjunto de regras para a convivência no meio em que nos situamos.
 O termo cultura segundo o Novo Dicionário da língua portuguesa significa “acto, efeito ou modo de cultivar. Complexo dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições e de outros valores espirituais e materiais transmitidos colectivamente e característica de uma sociedade" (p.508).
 Porém no final do século XVIII e no princípio do século XIX, o termo germânico Kultur era utilizado para simbolizar todos os aspectos espirituais de uma comunidade, enquanto a palavra francesa Civilization referia-se principalmente às realizações materiais de um povo.
 Mais tarde Edward Tylor (1832-1917) sintetizou os dois termos no vocábulo inglês Culture, que
"tomado em seu amplo sentido etnográfico é este todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade.
Segundo Leibniz apud (Laraia, 1986) a natureza nunca age por saltos, analogamente conclui-se que, a cultura também não age por saltos, ela é resultado do acúmulo das acções dos homens, que inclusive altera a própria natureza, pois é necessário compreender a época em que se viveu e consequentemente o background intelectual de quem ou do que está se analisando.
 De acordo com Kluckhohn apud Geertz (1989: 14) cultura pode ser vista como:
“...o modo de vida global de um povo; 2) legado social que o indivíduo adquire do seu grupo; 3) uma forma de pensar, sentir e acreditar; 4) uma abstracção do comportamento; 5)Uma teoria, elaborada pelo antropólogo, sobre a forma pela qual o grupo de pessoas se comporta realmente; 6) um celeiro de aprendizagem em comum; 7) um conjunto de orientações padronizadas para os problemas recorrentes; 8) comportamento aprendido; 9) um mecanismo para regulamentação normativa do comportamento e 10) um conjunto de técnicas para se ajustar tanto ao ambiente externo como em relação aos outros homens.
Factores da cultura
No campo da tecnologia, por exemplo, a inovação leva, em geral, a uma maior eficiência no uso da energia e do tempo humano, a uma melhoria no padrão de vida e amplia as possibilidades em diversas áreas. Da mesma forma podem ser grandes os benefícios com as mudanças no campo das organizações sociais. Nenhuma sociedade é perfeita ou adquiriu uma forma acabada e definitiva para a vida em comum. Especialmente no mundo moderno e contemporâneo, após a Revolução Industrial e o desenvolvimento da ciência moderna, a mudança sociocultural tornou-se permanente e intensa.
 São vários os factores que contribuem para a mudança de uma cultura: factores internos à própria sociedade ou factores externos do ambiente que a cerca. Em nossos dias, tornou-se muito clara a extrema importância da relação entre a sociedade e o seu ambiente. O meio ambiente não é somente uma fonte crucial para o sustento da sociedade com suas características climáticas e geográficasem geral, suas riquezas naturais, suas fontes de energia, sua flora e fauna, tudo isso funcionando como um conjunto de condições em relação ao qual a sociedade deve se adaptar. Nesse processo, a sociedade pode interagir com o seu ambiente em diferentes formas e direcções: seja contribuindo para melhorar ou para piorar e prejudicar suas condições de vida. As mudanças no ambiente acabam por forçar mudanças na sociedade. As sociedades, ao longo da história, tiveram necessidade de ajustar-se às mudanças no ambiente. Esse é um processo de adaptação inquestionável.
Mas há outras fontes de mudanças. A dinâmica das forças no interior das sociedades, que fazem parte da própria condição do ser humano, impede que a sociedade permaneça estável permanentemente. Em primeiro lugar, na transmissão da herança cultural de uma geração para outra ocorrem alterações de vários tipos. Como vimos anteriormente, os indivíduos não são passivos na formação dos hábitos, na aprendizagem dos costumes e na recepção das informações ao longo de seu crescimento e desenvolvimento. Os seres humanos aparentemente, por sua própria natureza, são motivados a tentar novos padrões de acção. Muitas vezes, a motivação é a simples curiosidade que pode ser intensificada pelo mundo cultural ou, então, a motivação pode ser o simples auto-interesse material. Os homens buscam maximizar suas recompensas, isto é, ganhar mais e melhor como resultado de suas acções. Dessa forma, a experimentação e as inovações são inevitáveis.
 Cultura e Sociedade
 Na linguagem popular, cultura e sociedade são sinónimos: “pertencemos a sociedade moçambicana”, “vivemos dentro da cultura moçambicana”. Mas os cientistas sociais procuram definir de uma maneira mais exacta, porque é preciso ter conceitos afinados para analisar correctamente os fenómenos sociais e culturais. Na realidade não são sinónimos, pois dentro de uma sociedade podem coexistir diversas culturas.
 Sociedade
Há um consenso a hora de considerar a sociedade como “um grupo de pessoas que interligam entre si, que estão organizados e integrados numa totalidade” para tingir um objectivo comum.
No interior de uma sociedade podem coexistir e existem varias culturas e subculturas. A diversidade cultural é cada vez mais inerente a todas as sociedades devido ao aumento dos contactos interculturais.
Cultura
 Segundo o antropólogo E.B. Taylor (1975) a cultura é “ esse todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, lei, costumes e toda a serie de capacidades e hábitos que o homem adquire em tanto que membro de uma sociedade dada”.  Esta definição trata das qualidades dos humanos enquanto membros de uma sociedade:
·         Cultura não material (ideofacto): crenças, normas e valores – são os princípios acordados de convivência.
·         Cultura material (artefacto): tecnologia – são as técnicas de sobrevivência.
 Estas qualidades não são inatas, porem, são adquiridas como parte do crescimento e desenvolvimento de uma determinada cultura.
 Na actualidade é próprio dos antropólogos tentar explicar cada elemento da cultura pela sua relação com os outros. Esta perspectiva é denominada por holística, pois intenta ligar os aspectos culturais e os aspectos sociais, uns são incompletos sem os outros, vice-versa.
 Conteúdos do conceito de cultura (crenças e ideias, valores, normas e símbolos)
 Crenças e ideias
Em primeiro lugar, qual é a diferença entre crença e ideia? As crenças são definições sociais sobre o mundo e a vida.
 As crenças não podem ser submetidas a prova de verificação com os factos, pois é uma verdade indiscutível e sem duvidas para quem a defende. No momento em que uma crença se considera susceptível de se confrontar com os factos passa a converter-se em uma ideia.
 As ideias são formas de sabedoria susceptíveis de contrastar-se praticamente com os factos observáveis, podemos comprovar a sua verdade ou falsidade.
 Tanto as ideias como as crenças são modos cognitivos de apreendermos a realidade, de conhece-la.
 Os valores
Para a Antropologia, os valores são juízos de desejabilidade e aceitabilidade, isto é, aquilo que as pessoas aceitam como as mais importantes. São princípios ou critérios que definem o que é bom e  o que é mau. A partir destes princípios básicos ou valores geram-se um conjunto ideativo e normativo pelo qual se guia a conduta dos indivíduos.
 Normas
São regras para comporta-se de um modo determinado, e indicam o que especificamente devem ou não devem fazer as pessoas em situação social. Estas normas sociais são diferentes das leis jurídicas, ainda que estas leis são parte integrantes destas normas socais. As normas sociais estão inspiradas em valores. Não estão formalizadas juridicamente, ainda assim tem um poder coercivo.
Os símbolos
A cultura, entendida como comunicação, conforma-se através da criação e utilização de símbolos culturais. Estes incluem sinais, signos e simbolos.
 Sinais – (sinais de transito), são símbolos que incitam, convidam ou obrigam a uma acção (STOP). Os indicadores são: (o fumo, que indica a existência de lume) não obrigam a uma resposta imediata como os sinais.
 Signos – são aqueles simbolos com um significante que representa um significado por uma associação ou analogia consciente e arbitraria (ex. cadeira=cadeira)
 Símbolo – apresentam uma relação metafórica entre o significado e o significante. O símbolo é uma coisa que esta no lugar de outra ou uma coisa que evoca e substitui a outra.
 Um símbolo requer 3 coisas:
1.      Um significante
2.      Um significado
3.      A significação
 Precisa também de 3 elementos:
1.      Emissor (com um código de emissão baseado em simbolos)
2.      Mensagem (com um código de descodificação)
3.      Destinatário (ser humano)
Exemplo: o vestido
 Significados:
1.      Protecção do clima
2.      Hábito, adaptação as normas e costumes pautadas num grupo humano (vestido de homens, mulheres)
3.      Adorno e sentido decorativo.
 Características do conceito antropológico da cultura
 A cultura é apreendida
A definição da Taylor incide na ideia fundamental de que a cultura não é adquirida através da herança biológica, mas sim, é adquirida pela aprendizagem. O processo através do qual as crianças aprendem a sua cultura chama-se Inculturaçao. É um processo de interiorização dos costumes do grupo, até ao ponto de fazer estes como próprios.
 A cultura é simbólica
O pensamento simbólico é exclusivamente humano. A capacidade para criar símbolos é só humana. Que é um símbolo? Um símbolo é aquilo que representa uma coisa, esta em lugar de algo, e esta conexão pode ser simbolizada de maneira diferente segundo as culturas. Exemplo:
	Português
	Francês
 
	Inglês
 
	Swahili
 
	Macua
 
	Cão
	Chien
 
	Dog
	mbwa
 
	Mualapua
 
 
O símbolo serve para vincular uma ideia ou um significado que tem um significado social.
 A cultura é geral e especifica
No sentido geral todos seres humanos têm cultura (universal humano), mas num sentido particular a cultura descreve um conjunto de diferenças de um grupo humano especifico com os outros.
 A cultura é partilhada
A cultura é partilhada enquanto membros do grupo.