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AÇÃO PENAL

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AÇÃO PENAL PÚBLICA:
a) Requer o arquivamento dos autos;
b) Requer a remessa ao juízo competente;
c) Requer diligências (especificamente – pede para o juiz e se esse autorizar o delegado está obrigado a realizar);
d) Oferecer denúncia.
AÇÃO PENAL PRIVADA:
a) Nada, passa o prazo de 06 meses, e decai o direito de oferecer a ação. Extinção da punibilidade;
b) Oferecer queixa-crime.
Quando o autor da ação penal requer o arquivamento o juiz pode decidir de dois modos:
a) Aceitar o pedido de arquivamento, sem prejuízo do artigo 18 do CPC. Desarquiva somente com fatos novos até o crime prescrever.
b) Não aceita o arquivamento: Artigo 28, CPP – O processo sobe ao procurador geral de justiça (estadual) que pode fazer duas coisas: 1) Determinar o arquivamento, concordando com o autor da ação penal;
2) Designa outro promotor para oferecer a denúncia, concordando com o juiz. Não pode obrigar o autor da ação penal para oferecer denuncia, pois ele tem dependência funcional. O promotor designado tem a obrigação de oferecer denuncia, pois ele está agindo em nome do procurador geral.
Se o autor oferecer a denúncia o juiz pode:
a) Rejeitar a denuncia (artigo 41) – O MP pode recorrer, pelo RESE, recurso em sentido estrito, artigo 581 do CPP;
b) Receber a denuncia – Inicio do processo.
Exceções
Art. 95. Poderão ser opostas as exceções de:
I - suspeição;
II - incompetência de juízo;
III - litispendência;
IV - ilegitimidade de parte;
V - coisa julgada.
Praticamente todo o processo penal se volta para a discussão se o autor é culpado ou inocente, para o mérito. Mas nas exceções não se discute o mérito. As exceções processuais são formas de se atacar algum fato que se relacione à regularidade da formação da relação processual. É uma análise puramente processual. É uma defesa processual.
As exceções dizem respeito á formação adequada da relação jurídico-processual. Pode se dar em relação ao juiz (suspeição e incompetência), com relação às partes (ilegitimidade) e com relação ao objeto (jurisprudência, coisa julgada e exceção da verdade).
Todas as exceções são normalmente apresentadas na fase de resposta à acusação, são autuadas em apartado e devem ser decididas de pronto. Apenas a exceção da verdade será decidida pelo juiz juntamente com a decisão final do processo, pela sua particularidade de confusão com a causa.
SUSPEIÇÃO. INCOMPATIBILIDADE. IMPEDIMENTO
Utiliza-se a suspeição latu sensu (suspeição strictu sensu, incompatibilidade e impedimento) quando se desconfia da imparcialidade do juiz. A suspeição é puramente processual, pois define se aquele juiz pode julgar aquele processo.
Os artigos 252 e seguintes descrevem algumas situações que comprometem a imparcialidade do juiz e devem ser evitadas.A Suspeição sempre tem que ser alegada por escrito e deverá preceder a todas as outras (a primeira a ser alegada, pode ser alegada a qualquer tempo quando acontecer por fato superveniente).Suspeição (Stricto Sensu, por assim dizer) – Ocorre quando o juiz tem interesse na vítima ou no réu do processo. Por exemplo, quando a vítima é sobrinha do magistrado.
Um juiz suspeito compromete não só o processo em que atua, mas coloca em xeque o devido processo legal. A suspeição compromete a imparcialidade do juiz e, sem imparcialidade, é impossível fazer justiça.
Impedimento – Ocorre quando o juiz tem interesse no objeto da causa. Imaginem que o juiz tem um irmão que está sendo processado criminalmente pelo cometimento de um crime novo, do qual não existe muita jurisprudência, e julga o caso da maneira como ele gostaria que julgassem o processo do seu irmão.
Incompatibilidade – São os processos em que o juiz já atuou de alguma forma, como acontece nos casos em que ele atuou quando era promotor ou advogado do réu.
Exceto nos casos de suspeição dos jurados (art. 106 do CPPP), para a oposição da exceção o interessado deverá oferecer uma petição assinada por ele próprio ou por procurador com poderes especiais para tanto, na qual narra a situação que considera fundamentadora da suspeição, juntando os documentos que façam prova do alegado ou indicando rol de testemunhas.
O juiz poderá encaminhar a exceção de duas formas: ou reconhece de plano a situação e encaminha os autos do processo ao seu substituto legal, ou mandará autuar em apartado a petição, respondendo às alegações no prazo de três dias, igualmente juntando documentos ou indicando testemunhas. Instruído o apartado, será encaminhado ao tribunal, que decidirá sobre o caso.
Existe a necessidade de provar o motivo pelo qual o juiz é considerado suspeito naquele processo.
Considerando verdadeira a alegação de suspeição, todos os atos do processo serão considerados nulos. Caso as alegações sejam rejeitadas, os autos seguirão seu curso normal. A rigor, o processo não será sobrestado, salvo se o juiz reconhecer de plano sua suspeição, ou se tanto acusação quanto defesa concordarem sobre a suspeição.
Não há suspensão do processo. Ocorrerá a suspensão do processo apenas se as duas partes concordarem.
As regras de impedimento, suspeição e incompatibilidade também poderão ser aplicadas ao Ministério Público (art. 112 e 258), aos serventuários ou funcionários da justiça, aos peritos ou intérpretes (art. 112), e aos jurados (art. 106).
O promotor pode ser afastado do processo quando seu interesse fugir da correta aplicação da lei. Assim, é possível que se afaste o promotor do processo quando esse interesse passa a ser secundário diante de um interesse pessoal maior. Os peritos, intérpretes, serventuários, etc., também podem sofrer suspeição. Nesses casos, é o próprio juiz da causa julga, não cabendo recuso dessa decisão (talvez HC, que não é recurso).
Não se aplicam, porém, à autoridade policial, que pelo texto legal, não pode ser alegada em juízo, mas nada impede que a autoridade policial não atue em investigações nas quais tenha algum interesse e se declare suspeita espontaneamente.
Não existe uma exceção para este caso, então um delegado pode presidir um inquérito no qual figura como autor o filho dele, ou a pessoa que matou o filho dele, por exemplo. Mas existem outras formas de retirar o delegado do caso, como o habeas corpus, o mandado de segurança, etc.
Incompetência
A exceção de incompetência é um processo incidental que não se confunde com o mérito. O art. 108 diz que a exceção de incompetência do juízo poderá ser oposta oralmente, ou por escrito, no prazo da defesa.
Pelo texto legal, a sugestão é de que apenas a defesa – e no prazo que lhes é concedido para a resposta à acusação – oporá tal exceção.
O autor da ação (MP) não pode alegar incompetência porque foi ele que propôs a ação no juízo que entendeu competente.
A competência é a parcela de jurisdição que detém o juiz de acordo com os critérios do CPP.
A competência é definida em razão da matéria (criminal é criminal; civil é civil; etc.), em razão da pessoa (foro de prerrogativa de função), que são absolutas, ou em razão do local, que é relativa. Quando se discute incompetência, então, primeiramente há de se verificar qual a espécie de competência a que se relaciona o fato, pois as competências absolutas podem ser alegadas em qualquer tempo, a relativa não.
O CPP prevê que assim que os autos retomarem seu curso no juízo, os atos anteriores serão ratificados. Essa previsão diz respeito aos atos não decisórios, pois estes, conforme o art. 567, deverão ser refeitos.
Ilegitimidade de Partes
Ilegítima é a parte que não pode figurar em um dos polos, seja porque não possui capacidade processual para isso (ilegitimidade ad processum), seja porque não detém o status de autora ou ré (ilegitimidade ad causam).
A ilegitimidade ad processum pode ser corrigida, retificada; enquanto a ilegitimidade ad causam é irreparável.
A oposição também não possui formalidades, mas o ideal é que seja oposta por petição própria, para que seja autuada em apartado. O juiz decidirá após ouvir o MinistérioPúblico.
Será processada em apartado como as demais. Caso o juiz reconheça a ilegitimidade ad causam, o processo será extinto quanto a esta pessoa. Se a ilegitimidade for ad processum, poderá ser suprida ratificando-se os atos processuais já realizados.
Coisa Julgada
Todo processo criminal tem como objeto um fato e sua autoria. Caso essa relação já tenha sido tratada em outro processo e tenha sido definitivamente decidida, poderá ser oposta a exceção de coisa julgada. Será autuada em apartado e, caso seja julgada procedente, causará a extinção do processo na qual foi alegada.
Imaginem que uma pessoa praticou o crime em São Paulo, mantendo a vítima em cárcere privado em Campinas. Em São Paulo, o réu foi absolvido do crime e a decisão transitou em julgado. Mas em Campinas, o processo continuou correndo, quando a denúncia for apresentada, leva-se uma certidão de objeto e pé do processo no qual o réu foi absolvido ao juiz de Campinas e propõe uma exceção de coisa julgada.
Litispendência
Litispendência é a existência de dois processos ainda em curso e instaurados para julgarem o mesmo fato. Deve-se opor a exceção de litispendência que, se considerada procedente, deverá causar a extinção do feito iniciado por último. Será processada da mesma forma que as demais.
Imaginem que uma pessoa praticou o crime em São Paulo, mantendo a vítima em cárcere privado em Campinas. Em São Paulo, corre um processo e em Campinas corre outro tratando do mesmo crime, quando o réu for denunciado no segundo processo, oporá a exceção de litispendência. O segundo processo é extinto.
Exceção da Verdade
É a única exceção que não está no artigo 95, que traz as exceções previstas para o rito Ordinário. Os crimes contra a honra possuem procedimento específico, lá está prevista a exceção da verdade.
Para a adequação típica do crime de calúnia, a imputação que se faz de um fato deve ser falsa. Portanto, a lei permite que o autor da ofensa possa opor exceção da verdade e demonstrar que a afirmação que fez sobre um comportamento de alguém é verdadeira. Da mesma forma, se o crime for de difamação contra funcionário público, o interesse público exige e a lei permite que se demonstre que o fato imputado corresponde à verdade.
Da mesma forma que as demais exceções, deverá ser oposta no momento da resposta à acusação, podendo o juiz abrir o prazo de dois dias para que o querelante indique as testemunhas que pretende ouvir ou juntar documentos. Instruída a exceção, somente será julgada no momento final do processo.
Não cabe exceção da verdade nos crimes de calúnia quando ele for cometido contra o presidente da república, quando houver sentença absolutória transitada em julgado, ou quando o crime imputado for de ação penal privada.
Imaginem que o Fabretti diga que o Paulo está roubando coisas na sala de aula. Paulo processa o Fabretti por calúnia. Só que o Fabretti sabe que é verdade o que ele falou sobre o Paulo e tentará comprovar isso em juízo através da exceção da verdade. Ele fará isso porque só existe crime de calúnia quando o crime imputado é falso, se o Fabretti conseguir provar que o Paulo realmente está roubando a classe, não cometerá crime nenhum, porque o crime imputado era verdadeiro.
Até a oposição da exceção da verdade, o que se discute é o crime que o Fabretti, em tese, cometeu. É um processo de ação penal privada que discute a materialidade e a autoria de um crime contra a honra (objeto da ação principal). Quando da oposição, a discussão passa a ser se o Paulo cometeu o crime de roubo, então instaura-se um processo apartado para discutir a falsidade imputada (Objeto do processo incidental).
Se na exceção o juiz chegar à conclusão de que a imputação é verdadeira, o Fabretti tem que ser absolvido. A exceção da verdade se diferencia das demais porque é julgada ao final do processo principal, junto à sentença de mérito. O juiz instrui as duas ações.
Mas se ele chegar à conclusão de que a imputação é falsa, o Fabretti será condenado. Portanto, a exceção da verdade é julgada na sentença de mérito porque sua decisão influencia diretamente no resultado da ação penal.
É importante lembrar que a ação penal em tela trata exclusivamente do delito cometido pelo Fabretti. Se o juiz chegar à conclusão que o Paulo cometeu mesmo o roubo, ele não pode condená-lo de ofício, deve encaminhar os autos ao MP para que este dê início à ação penal voltada à discussão da autoria e materialidade do crime de roubo supostamente cometido por Paulo. Não há vinculação entre a decisão da exceção e do processo penal contra o Paulo, o juiz pode ter considerado que a afirmação foi verdadeira e que Paulo cometera o crime na exceção, e o outro juiz pode absolver o Paulo no processo especificamente instaurado para ele.
Questões prejudiciais
São questões que tem que ser definidas antes do mérito da causa porque o prejudicam. Não se discute o mérito, mas a existência de elementares do crime. É uma defesa puramente processual.
Imagine que você está sendo processado pelo crime de receptação, que consiste em receber coisa produto de crime, porque você foi encontrado com um CD Player que se descobriu havia sido furtado. Dá para dizer que qualquer CD Player sem nota é furtado? Não. Então, a questão prejudicial não discutirá se o CD Player estava ou não com você, mas se ele era ou não furtado, porque se ele não for furtado, estará prejudicada a elementar “coisa produto de crime”. Antes de se decidir se o acusado é ou não autor do crime (mérito), tem que se decidir se o produto é ou não objeto de crime (questão prejudicial).
As questões prejudiciais são os pontos fundamentais, vinculados ao direito material, que necessitam ser decididos antes do mérito da causa, porque a este se ligam. Em verdade, são impedimentos ao desenvolvimento regular do processo. Constitui matéria intimamente ligada ao mérito da causa, necessitando ser julgada antes desta.
Os procedimentos incidentes são interpostos ao longo da causa principal, que demandam solução pelo próprio juiz criminal, antes que o mérito seja decidido e conhecido. Correm ao largo do procedimento principal para não tumultuá-lo, embora com ele tenham uma ligação. Ex.: arguindo-se o impedimento ou a suspeição do promotor, deve-se decidir essa questão antes do mérito ser julgado. Diz respeito ao próprio processo e seu regular desenvolvimento, devendo ser resolvida tão logo seja invocada.
Prejudiciais Homogêneas: Dizem respeito à matéria principal, que é penal.
Imaginem que o João é acusado pelo furto do CD Player encontrado em sua posse, em relação a você há duvida se a coisa é produto de crime, incidindo uma questão prejudicial. O próprio juiz penal decidirá sobre a questão prejudicial, porque ela é de matéria penal. 
Os dois processos tem que ser apreciados pelo mesmo juiz, porque é o resultado do processo que João responde de furto que decidirá se a coisa é ou não produto de crime, e o seu processo só poderá seguir se essa decisão já houver sido proferida.
Prejudiciais Heterogêneas: Vinculam-se a outras áreas do direito, devendo ser decididas por outro juízo.
Imagine que o MP o denuncia por um crime contra as relações de trabalho, que ele alegue que você escraviza seus empregados. Mas eu alegue que eles não são meus escravos, e sim meus sócios, e sócios não podem ser escravos. Quem define se a relação entre eles é ou não de trabalho é o juiz do trabalho e não o juiz penal.
É a decisão que depende de apreciação de um juiz que não é criminal. Divide-se em duas:
Prejudiciais Obrigatórias: Impõem a suspensão do processo criminal, enquanto se aguarda a decisão a ser proferida por juízo cível. São aquelas que se referem ao estado civil da pessoa, obrigando o juiz criminal a aguardar a solução da questão na órbita cível. Pode ser decretada de ofício ou a requerimento da parte.
Quanto ao estado civil da pessoa, refere-se à cidadania, nome, família, e à capacidade civil. O prazo de suspensão do processo é indefinido, aguardando-seo término da solução da controvérsia na esfera cível, com o trânsito em julgado da decisão.
Quando houver decisão com trânsito em julgado na esfera cível, a questão sobre o estado civil não mais poderá ser discutida no juízo criminal. Ex.: no caso de bigamia, se um dos casamentos for anulado, não mais se verifica a tipicidade do delito, sendo impossível prova nesse sentido no processo crime.
Imaginem que uma pessoa é processada por abandono material, que é um crime no qual o pai deixa de sustentar os filhos. Em sua defesa, o acusado alega que a criança não é sua filha, a questão da paternidade será discutida na esfera cível e o processo penal fica suspenso. Depois de dez anos, com o trânsito em julgado do cível, o processo penal volta a correr.
Se a ação penal for pública, o próprio MP entra com a ação cível; já se for privada, o processo pode ficar suspenso até que a parte entre com a ação. Caso já exista uma ação em curso na esfera cível, o MP a acompanhará.
Esta é a única hipótese em que a via cível suspende a criminal.
Prejudiciais Facultativas: Permitem ao juiz criminal, segundo seu prudente critério, suspender o feito, aguardando a solução em outra esfera. Discute toda e qualquer questão diferente do estado das pessoas, sendo igualmente do juízo cível sua averiguação (art. 93 CPP).
Neste caso, no entanto, é preciso ponderar dois aspectos fundamentais: a) para ocorrer à suspensão do processo criminal torna-se indispensável que a ação cível já esteja ajuizada; b) a questão em debate no cível deve ser de difícil solução, não versando sobre direito cuja prova é limitada pela lei civil.
Se não houver ação proposta, é o próprio juiz criminal que decidirá a questão. Imaginem aquele caso de trabalho escravo, se a questão não tiver sido levantada na seara trabalhista, é o próprio juiz criminal quem decide se há relação de trabalho ou não.
São questões sobre propriedade, posse, relações contratuais ou empregatícias, etc. A lei faculta ao juiz suspender ou não o processo, mas se ele decidir suspender precisa tomar tal decisão fundamentada em questão controversa da qual dependa a prova de existência da infração penal e não simplesmente algo que envolva circunstância do crime, muito mais ligada À aplicação de pena do que a constatação da tipicidade.
A decisão com trânsito em julgado na esfera civil vincula o magistrado na órbita criminal. Ainda que se trate de questão facultativa, uma vez que o juiz penal determinou a suspensão, a decisão proferida no cível estreita a análise do mérito da ação penal. O prazo da suspensão deve ser fixado pelo juiz, dentro de seu prudente critério.
Esse prazo não é dado ao juiz cível, é um prazo auto imposto pelo juiz criminal, que determina que se a questão demorar mais do que o prazo por ele fixado, ele mesmo decidirá sobre a questão, sem que o juiz cível tenha resolvido a questão.
A decisão criminal não vincula a outra esfera. Se a outra esfera decidir de maneira diversa da criminal, o advogado do réu deverá ingressar com uma revisão criminal, dizendo que a decisão foi contrária, pedindo para que o juiz criminal reexamine a questão.
Processos incidentais
São processos que surgem de maneira incidental, são os introduzidos no meio de outros processos.
Quando tratávamos da questão incidental, falávamos de um ponto que não se confundia com uma discussão sobre o mérito da questão principal, discutíamos litispendência, etc.
Nos processos incidentais, surge uma questão de mérito próprio, que não se confunde com o mérito do processo. Imaginem que num processo crime de furto a coisa furtada é apreendida e as partes pedem a restituição. É necessário averiguar, em separado, a propriedade da coisa apreendida antes de ser devolvida ao dono, o que não se confunde com a discussão de autoria e materialidade do crime de furto dos autos principais.
Também é autuado em apartado porque não se confunde com o mérito próprio dos autos principais.
O processo incidental é um processo que surge incidentalmente num processo principal, mas cada um tem o seu próprio mérito, que não se confundem entre si.
Conflito de Jurisdição e de competência – art. 113 e ss.
É o procedimento legal de devolução a quem de direito de objeto apreendido, durante diligência policial ou judiciária, não mais interessante ao processo criminal. Pode constituir-se em procedimento incidente, quando houver litígio ou dúvida sobre a propriedade da coisa.
Coisas apreendidas são aquelas que, de algum modo, interessam á elucidação do crime e de sua autoria, podendo configurar tanto elementos de prova, quanto elementos sujeitos a futuro confisco, pois coisas de fabrico, alienação, uso, porte ou detenção ilícitas, bem como as obtidas pela prática do delito.
Instaura-se o incidente processual denominado restituição de coisas apreendidas para a liberação odo que foi recolhido pelo Estado. O fator limitativo da restituição das coisas apreendidas é o interesse gerado ao processo (art. 118). Portanto, enquanto for útil à causa, não se devolve a coisa recolhida, até porque, fazendo-o, pode-se não mais obtê-la de volta.
Imagine-se a arma do crime, que necessitaria ser exibida aos jurados, num processo que apure crime doloso contra a vida. Não há cabimento na sua devolução antes do trânsito em julgado da sentença final, pois é elemento indispensável ao feito, ainda que pertença à terceiro de boa-fé e não seja coisa de posse ilícita.
Assim, os instrumentos do crime, cuja utilização é proibida, como ocorre com armas de uso privativo do Exército, por exemplo, não retornarão jamais ao acusado, mesmo que ele seja absolvido. Ocorre o confisco. Ressalva-se a posição do lesado ou terceiro de boa-fé, oco pode acontecer com o sujeito que tem a arma proibida retirada de sua coleção autorizada para a utilização em um roubo. Pode pleitear a devolução, pois, no seu caso, a posse é lícita.
Convém deixar claro que, quando é certa a propriedade da coisa apreendida, não sendo ela mais útil ao processo, deve ser devolvida diretamente a quem de direito, sem necessidade de procedimento incidente apartado.
Haverá igualmente autuação em apartado, somente podendo decidir o magistrado, caso as coisas sejam apreendidas em mãos de terceiro de boa-fé, demonstrado, pelo § 1º, que o requerente da restituição é o acusado, bem como pode ser o ofendido, pessoa envolvida no feito, enquanto pelo § 2º, nota-se que o requerente é terceiro de boa-fé, alheio ao processo criminal.
Deve o reclamante, seja como for, demonstrar a propriedade, apresentando os documentos que possuir ou requerer a produção de outro tipo de prova em juízo. Se a dúvida sobre a propriedade não puder ser resolvida pela curta dilação probatória realizada em esfera criminal, transfere-se a discussão para o juízo cível, depositando-se as coisas em mãos de depositário ou do próprio terceiro, desde que idôneo.
Sobre a competência do juízo cível, é preciso ressaltar que há duas hipóteses possíveis: a) o juízo cível comum: quando o conflito se estabelece entre particulares, ambas pleiteando a coisa e dizendo-se proprietários; b) juízo da Fazenda Pública, quando o conflito se der entre o pretenso proprietário, particular, e a Fazenda, que não reconhece a propriedade, crendo que o bem deva permanecer apreendido para assegurar o confisco, revertendo aos cofres públicos o resultado de sua venda.
As coisas deterioráveis serão avaliadas e levadas a leilão público, deposita-se o dinheiro apurado ou devem ser entregues ao terceiro que as possuía, desde que idôneo, mediante termo de responsabilidade.
Tem a parte interessada na devolução do bem apreendido noventa dias, após o trânsito em julgado da sentença condenatória, para requerer a restituição ou libração da constrição (art. 122). Caso ninguém se habilite a tanto, o juiz decretará a perda, em favor da União, do que foi apreendido, revertendo-se o dinheiro aos cofres públicos.
Trata-se de procedimento incidente, voltado à constataçãoda autenticidade de um documento, inserido nos autos do processo criminal principal, sobre o qual há controvérsia. A importância desse procedimento é nítida, pois visa à garantia da formação legítima das provas produzidas no processo penal, onde prevalece o princípio da verdade real, impedindo, pois, que esta seja obscurecida pela falsidade trazida aos autos por uma das partes.
Além disso, apurando-se o falso e, se possível, o seu autor, pode-se determinar a instauração de investigação criminal para a futura responsabilização do agente da infração penal contra a fé pública, ou, havendo provas suficientes, desde logo enviar as peças ao MP, para que possa promover diretamente a ação penal, dispensando-se o inquérito.
Espera-se que, instaurado o procedimento incidente de apuração de falsidade documental, uma vez julgado procedente, possa-se afastar do conjunto de provas o elemento nocivo, porque não verdadeiro, impedindo-se que gere efeitos negativos.
A parte interessada deverá arguir por escrito a falsidade de determinado documento constante dos autos, determinando o magistrado à autuação em apartado, bem como a oitiva da parte contrária, que terá prazo de 48 horas, a contar da intimação. Na sequência, abre-se o prazo de três dias, sucessivamente, para cada parte apresentar as provas que possui ou requerer a produção das que não detém.
Para o fim do incidente, cremos que qualquer documento, cuja base material seja expressão de uma ideia ou manifestação de vontade, cujo autor seja possível de identificação, comporta a arguição de falsidade.
Corretamente, a norma processual penal estabelece que a decisão tomada nos autos do incidente de falsidade, declarando ser o documento não autêntico, é limitada às estreitas fronteiras do procedimento incidente. Assim, reconhecida a falta de autenticidade da prova, desentranha-se esta e determina-se a apuarão do falso, em outro processo.
Incidente de Insanidade Mental do Acusado – Art. 149 e ss.
Este incidente está disposto no CPP após as medidas assecuratórias, que também são processos incidentais.
O crime é uma conduta típica, ilícita e culpável. Para que a conduta do acusado seja culpável, são requisitos que o autor seja imputável (capaz de ser criminalmente responsabilizado por seus atos) e tenha higidez mental (ausência de doença mental). Então, para o direito Penal, quem pode ser responsabilizado criminalmente por seus atos são as pessoas maiores de 18 anos sem qualquer doença mental.
Segundo as regras do CPP, o momento de análise da higidez mental do sujeito é o momento da prática do crime. Isso é relevante porque o autor pode estar acometido de doença mental no momento do crime e depois curar-se, ou não ter uma doença à época dos fatos e adquiri-la posteriormente.
Se o sujeito era inimputável (incapaz de ser responsabilizado + sem higidez mental) no momento em que foi realizada a conduta, no final do processo, se a conduta dele for típica e ilícita, mas não for culpável, vai acontecer a ABSOLVIÇÃO IMPRÓPRIA, na qual o acusado não é condenado pelo crime, mas lhe aplica uma medida de segurança.
É chamada de absolvição imprópria porque, apesar de o réu ter sido absolvido, ele não será liberado, existirá a restrição de sua liberdade denominada medida de segurança. 
A medida de segurança, para ser aplicada, avalia a periculosidade do doente mental à sociedade: se ele for perigoso aplica; se ele não for não se aplica.
Agora, se o sujeito, no momento de sua conduta, era imputável, sabia exatamente o que estava fazendo e, durante o processo é acometido por uma inimputabilidade superveniente (doente mental depois do ato criminoso), o processo ficará suspenso até que ele se recupere.
Pode acontecer, ainda, de o sujeito ser imputável no momento da conduta e durante o processo e, no momento de execução da pena, lhe acometer uma doença mental. Neste caso ele não poderá continuar sua pena no presídio.
O incidente de insanidade mental pode ser requerido durante o inquérito, durante o processo e durante a execução da pena. Ou seja, a qualquer momento.
A legitimidade para a requisição deste incidente é amplíssima. Pode: o juiz de ofício, o delegado de polícia, o MP, a administração penitenciária, o defensor, e o cônjuge, ascendente, descendente, irmão ou curador do acusado.
Procedimento: Havendo processo e decidindo o juiz por instaurar o incidente, deverá imediatamente após a decisão suspender o processo e nomear curador ao réu.
O processo é suspenso porque uma pessoa doente mental é considerada incapaz de completar o devido processo legal e a ampla defesa. O juiz, durante a suspenção, como acontece no inquérito, para produzir provas de ofício, tem que fundamentar exaustivamente e só pode determinar a produção das provas imprescindíveis para o processo que não podem ser produzidas em outro momento (perda da prova em virtude do tempo), porque são provas que serão produzidas sem o contraditório.
Quando o resultado do exame de sanidade mental é revelado pode determinar que o réu:
Era IMPUTÁVEL no momento da conduta E no durante o processo. Nesses casos, o processo volta ao seu curso normal, recebendo o autor uma pena comum se for condenado.
Era INIMPUTÁVEL no momento da conduta. Nesses casos, o processo também voltará ao seu curso normal, e no final, o acusado será absolvido propriamente quando inocente ou quando era culpado e apresentar uma melhora real (ele é dispensado); ou impropriamente quando culpado e continuar a representar um perigo à sociedade, cumprirá medida de segurança, por tempo indeterminado (até a cura).
Era IMPUTÁVEL no momento da conduta e se tornou INIMPUTÁVEL depois. Em tese, como no momento da conduta ele tinha consciência de seus atos, ele estaria sujeito à pena, mas não poderia cumpri-la porque não possui a capacidade de se defender completamente. O CPP determina que o processo permanecerá suspenso até que ele recupere sua sanidade. O problema é que se ele representar um perigo à sociedade, o juiz poderá determinar a internação compulsória dele até a sua cura, existindo a possibilidade dele ficar internado cautelarmente o resto da vida sem nunca ter-se realizado um juízo sobre a culpabilidade dele. É uma possibilidade de prisão perpétua sem sequer existir um julgamento. A suspenção do processo é discutida no art. 366 do CPP, existe a discussão de suspende pelo tempo máximo de 30 anos ou a preclusão da pena máxima.
Medidas Assecuratórias
Toda e qualquer medida assecuratória tem o objetivo de garantir alguma coisa. É uma medida de cautela, de garantia. No Processo Penal Brasileiro existem duas modalidades de medidas cautelares: as pessoais (recaem sobre as pessoas – prisões temporária, preventiva e em flagrante, e medidas cautelares); e as reais (recaem sobre coisas – sequestro e hipoteca/arresto).
As medidas reais recaem sobre o patrimônio do indiciado. A medida cautelar incidirá no patrimônio do acusado para assegurar uma decisão futura. A cautelar de sequestro pretende que o criminoso não usufrua dos produtos do crime; enquanto a hipoteca e o arresto servem para garantir a futura indenização da vítima.
Todas as medidas assecuratórias são processos incidentais.
Sequestro – art. 125 e ss.
*É a medida assecuratória consistente em reter os bens móveis e imóveis do indiciado ou acusado, ainda que em poder de terceiros, quando adquiridos com proveito da infração penal, para que deles não se desfaça, durante o curso da ação penal, a fim de se viabilizar a indenização da vítima ou impossibilitar ao agente que tenha lucro com a atividade criminosa (art. 125).
A petição será instruída com documentos ou com a indicação de provas a produzir, de forma a gerar no magistrado a convicção acerca do montante da indenização, além de constar a relação de imóveis, acompanhadas dos documentos demonstrativos de propriedade.
Ouvidas as partes, no prazo de dois dias, após a apresentação do laudo, decidiráo juiz, oficiando o Registro de imóveis para efetivar a indisponibilidade. A liquidação será fita somente após o trânsito em julgado da sentença condenatória.
Eventualmente, pode o acusado oferecer caução (garantia) suficiente em dinheiro ou títulos da dívida pública, pelo valor de sua cotação na bolsa de valores, para livrar os imóveis da constrição.
Não se tratando de coisa litigiosa, nem tampouco adquirida com os proventos do crime, é incorreto falar-se em sequestro. O patrimônio do acusado, de origem lícita, fica sujeito ao arresto, para que dele não se desfaça, fornecendo garantia ao ofendido ou á Fazenda Pública de que não estará insolvente ao final do processo criminal.
Quando os bens imóveis não forem suficientes para completar a indenização arbitrada pelo juiz, poder-se-á proceder com o arresto dos bens móveis passíveis de hipoteca.

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