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SOCIEDADE ANÔNIMA

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SOCIEDADE ANÔNIMA
I – INTRODUÇÃO
O ordenamento jurídico brasileiro prevê diversos tipos societários, cada um com suas particularidades e voltados a objetivos específicos. Junto ao tipo societário da Sociedade Limitada, um dos mais conhecidos no Brasil é a Sociedade Anônima (ou Companhia), amplamente utilizada neste ramo jurídico, principalmente nos grandes empreendimentos, e objeto do presente trabalho, sendo regida pela Lei das Sociedades por Ações (LSA) de nº 6.404/1976, e em casos de omissão, pelo Código Civil, na forma do art. 1.089.
Este trabalho abordará as principais características das sociedades anônimas, bem como os procedimentos que envolvem sua constituição, a formação do seu capital social e demais observações, com o objetivo de compreender melhor o funcionamento deste tipo societário, tomando com base as obras dos autores André Luiz Santa Cruz Ramos, Fábio Ulhoa Coelho e Marlon Tomazette.
III – CARACTERÍSTICAS
Para uma completa compreensão da Sociedade Anônima (S/A) é preciso destacar suas principais características. De forma sucinta, mas completa, o autor André Luiz Santa Cruz Ramos destaca quatro características principais, quais sejam: sua natureza capitalista, sua essência empresarial, sua identificação exclusiva por denominação e, por fim, a responsabilidade limitada de seus sócios.[1: RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito Empresarial. 7ª edição. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo. MÉTODO, 2017.]
As sociedades podem ser de pessoas ou de capital, e, segundo o aludido doutrinador, a sociedade anônima é “de capital por excelência”. Tal característica revela particularidades como o título representativo da participação societária, que se dá através de ações (em outras palavras, o capital social é fracionado, sendo, pois, representado por ações), bem como o tocante ao ingresso de novos acionistas. Ressalta-se, ainda, que a S/A deverá possuir um estatuto social, devidamente registrado no órgão competente, e que este estatuto fixará o número de ações, todavia, não indicará diretamente a pessoa do acionista, motivo pelo qual a transferência de ações é plenamente possível, sendo prescindível a anuência dos demais acionistas. Frisa-se, também, que nada impede que a S/A assuma a característica de uma sociedade de pessoas, entretanto, não é o mais comum. Em conformidade com o exposto, ressalta-se a lição de Fábio Ulhoa Coelho e Marlon Tomazette, respectivamente:
A sociedade anônima é uma sociedade de capital. Os títulos representativos da participação societária (ação) são livremente negociáveis. Nenhum dos acionistas pode impedir, por conseguinte, o ingresso de quem quer que seja no quadro associativo. Por outro lado, será sempre possível a penhora da ação em execução promovida contra o acionista.[2: COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito comercial: direito de empresa. 23ª Edição. São Paulo. SARAIVA, 2018, pág. 211.]
Com efeito, a sociedade anônima é uma típica sociedade de capitais, haja vista a maior importância atribuída à contribuição do sócio e não às suas qualidades pessoais. Em função disso, é livre a negociação de ações, que pode ser eventualmente restringida (art. 36 da Lei 6.404/76), mas nunca impedida, pois não importam as qualidades pessoais dos sócios, mas sua contribuição patrimonial.[3: TOMAZETTE, Marlon. Curso de Direito Empresarial: Teoria geral e direito societário. Vol 1, 8ª edição, São Paulo. ATLAS, 2017, pág. 513.]
A segunda característica trazida é a essência empresarial da S/A, ressaltada no art. 982, parágrafo único, do CC que dispõe que independentemente do objeto da sociedade, considera-se esta empresária se for por ações, e simples a cooperativa. Nesse sentido, a S/A que tem como característica ser suma sociedade por ações, será sempre empresarial, sendo irrelevante o fato de explorar ou não atividade econômica de forma organizada.
Em seguida, traz o autor a terceira característica principal: sua identificação exclusiva por denominação. Dispõe o art. 3º da LSA que “a sociedade será designada por denominação acompanhada das expressões ‘companhia’, ou ‘sociedade anônima’, expressas por extenso ou abreviadamente, mas vedada a utilização da primeira ao final”, reforçado pelo art. 1.160 do CC que “a sociedade anônima opera sob denominação designativa do objeto social, integrada pelas expressões ‘sociedade anônima’ ou ‘companhia’, por extenso ou abreviadamente”. Observa-se, portanto, que não poderá nunca a S/A adotar firma social, mas somente denominação social.
Por último, mas não menos importante, tem-se a questão da responsabilidade limitada dos acionistas, ou seja, dos sócios da sociedade anônima. Como o próprio nome deixa claro, na S/A o sócio responderá, em regra, no limite da sua parte no capital social. Nas palavras de André Luiz Ramos “os acionistas respondem tão somente pela integralização de suas ações, não havendo, para eles, a previsão de responsabilidade solidária quanto à integralização de todo o capital” (RAMOS, 2017, pág. 378), como ocorre nas sociedades limitadas. Tal característica encontra previsão no art. 1º da LSA.
III – CLASSIFICAÇÃO
De acordo com a Lei das Sociedades por Ações, em seu art. 4, pode-se falar que as sociedades anônimas poderão ser classificadas como abertas ou fechadas, analisando-se o fato dos valores mobiliários de sua emissão estarem ou não admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários, sendo que a autorização para a negociação desses valores mobiliários no mercado de capitais concedida pela Comissão de Valores Mobiliários – CVM, uma autarquia que tem como finalidade o controle e fiscalização das operações realizadas no mercado de capitais.
Ulhoa destaca, ainda, que a identificação da classificação em S/A aberta ou fechada se baseia em um critério meramente formal, bastando, pois, que a companhia tenha seus valores mobiliários admitidos no mercado. Ressalta o doutrinador qual o interesse do Estado nessa fiscalização, conforme trecho abaixo transcrito:
O interesse do governo federal no acompanhamento das sociedades anônimas abertas — que justifica o regime de controle específico a que estas se encontram submetidas — está relacionado com a proteção ao investidor popular em especial, e com o papel que tais entidades desempenham na economia em geral. Em virtude desse interesse é que a legislação do anonimato prevê determinadas regras de aplicação restrita a uma ou a outra categoria de sociedade anônima (COELHO, 218, pág 216).
IV – CONSTITUIÇÃO DA SOCIEDADE ANÔNIMA
A companhia se constitui por meio de um ato institucional ou estatutário, através da elaboração de um estatuto social, e não de um contrato social. Por esse motivo é que deverá ser observado diversos requisitos formais expressos em lei e divididos em dois grupos.
Os requisitos preliminares estão previstos no art. 80 da LSA, sendo eles a subscrição, por, pelo menos, duas pessoas, de todas as ações em que se divide o capital social fixado no estatuto, a realização de 10%, no mínimo, do preço de emissão das ações subscritas em dinheiro e, por fim, um depósito no Banco do Brasil, ou em outro bando autorizado pela CVM, da parte do capital realizado em dinheiro.
Algumas observações merecem destaque quanto aos aludidos requisitos preliminares. A primeira, e mais geral, consiste na afirmação de que a constituição de uma S/A somente poderá ocorrer se houver mais de um sócio, sendo, portanto, vedada a sociedade anônima unipessoal, com exceção apenas para a sociedade subsidiária integral, com previsão no art. 251 da LSA. A segunda observação diz respeito ao inciso III, que se refere ao depósito de parcela do capital social integralizado. Neste quesito, o art. 81 do diploma legal determina o prazo de cinco dias para tal depósito, contados do recebimento das quantias, em nome do subscritor e a favor da sociedade em organização, sendo que este somente poderá levantá-lo após haver adquirido personalidade jurídica da sociedade. Neste quesito, insta ressaltar novamente que a personalidade jurídica da sociedade somente se iniciaapós o devido registro na junta comercial do respectivo estado. Logo, o parágrafo único determina que “caso a companhia não se constitua dentro de 6 (seis) meses da data do depósito, o banco restituirá as quantias depositadas diretamente aos subscritores”.
Dispõe ainda a Lei das Sociedades por ações, em seu art. 82, dos requisitos da constituição da S/A quando esta for considerada uma sociedade aberta, qual seja, sua constituição por subscrição pública. Nesta modalidade, para que a S/A possa ser constituída é necessário o prévio registro da emissão na Comissão de Valores Mobiliários, ressaltando que isso somente ocorrerá com a intermediação de uma instituição financeira (é o que se chama de serviços de underwriting). Em resumo, quando se tratar de S/A aberta, sua constituição será mediante subscrição pública de ações, tendo como formalidades específicas a necessidade de registro prévio na CVM, a disposição das ações aos investidores que eventualmente estejam interessados e, por fim, a realização de uma assembleia inicial de fundação.
Noutro giro, quando se tratar de S/A fechada, esta poderá ser constituída por subscrição particular, que possui uma maior simplicidade de procedimentos, sendo prevista no art. 88 da LSA. De acordo com esta disposição, duas são as modalidades que poderão ser adotadas, quais sejam: a realização de assembleia dos subscritores ou a lavratura de escritura pública em cartório. Caso seja utilizada a primeira modalidade, observa-se que serão adotadas as mesmas formalidades da S/A aberta, na forma do §1º do art. 88. Quando se tratar da segunda modalidade deve-se observar a disposição do art. 87, §2º, da LSA.
Observa-se que além das formalidades aludidas, a LSA ainda prevê formalidades complementares que envolvem os procedimentos de registro na Junta Comercial e demais procedimentos administrativos e operacionais, previstas no capítulo VIII do diploma legal.
Por fim, vale destacar a divergência doutrinária trazida por Tomazette em relação à natureza jurídica do ato constitutivo das sociedades anônimas, a qual parte da doutrina afirma se tratar da aplicação de contrato plurilateral e, outra parte, de ato institucional. Vejamos:
Parte da doutrina entende que o ato constitutivo da sociedade anônima é um contrato plurilateral, isto é, um contrato sui generis, com determinadas peculiaridades em relação aos contratos bilaterais puros. Assim, no contrato plurilateral haveria a possibilidade da participação de mais de duas partes, uma finalidade comum entre os contratantes, o surgimento de obrigações entre todas as partes, uma finalidade instrumental, a abertura do contrato a novas adesões, a inaplicabilidade da exceção do contrato não cumprido e pela distinção no que diz respeito à adesão de cada um dos sócios e no que diz respeito ao contrato como um todo. Em síntese, o ato constitutivo seria um contrato dotado de certas peculiaridades.
Outra parte da doutrina, a nosso ver com razão, afasta a noção de contrato no ato constitutivo da sociedade anônima. Ela seria uma instituição destinada a exercer o seu objeto para atender aos interesses dos acionistas, empregados e da comunidade. Sendo uma instituição, seu ato constitutivo seria um ato institucional.[4: TOMAZETTE, Marlon. Curso de Direito Empresarial: Teoria geral e direito societário. Vol 1, 8ª edição, São Paulo. ATLAS, 2017, pág. 516.]
V – O CAPITAL SOCIAL
O capital social pode ser entendido como um montante das contribuições dos sócios do tipo societário e, em se tratando da S/A, será fixado no seu estatuto social, na forma do art. 5 da LSA, somente podendo vir a ser alterado se observado os preceitos da aludida lei e do estatuto social, conforme dispõe o art. 6º. Tomazette traz ainda, no tocante à obtenção de recursos, que, em se tratando de companhias, poderá ser por meio de empréstimos bancários ou por meio de emissão de valores mobiliários.
Observação importante deve ser feita no tocante à exatidão do valor do capital social e da totalidade das contribuições dos sócios. Nas sociedades por ações é possível que sejam emitidas ações sem valor nominal, assim como ações com preço superior ao valor nominal, motivo pelo qual é possível que o capital social venha a ser diferente da soma das contribuições dos sócios por suas ações subscritas. Em outras palavras, nem todas as contribuições dos sócios firmam o objeto social, mas somente aquelas ligadas à realização do objeto social.
A doutrina ressalta ainda a presença do princípio da intangibilidade do capital social quando se tratar de companhia. Segundo esse princípio, é vedada a restituição aos acionistas de suas contribuições para o capital social, sendo, portanto, no caso das S/A, fundamental a formação de reservas de capital, que poderão ser utilizadas em situações específicas, como por exemplo, nos casos de reembolso ou resgate de ações.
Por conseguinte, o art. 7 da LSA dispõe que “o capital social poderá ser formado com contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro”, ou seja, trata da integralização do capital social por parte dos sócios da companhia. Neste tocante, é de suma importância destacar a responsabilidade dos sócios quando da integralização do capital social. Em se tratando de integralização com bens, dispõe o art. 10 da lei que “a responsabilidade civil dos subscritores ou acionistas que contribuírem com bens para a formação do capital social será idêntica à do vendedor”. Por outro lado, se se tratar de integralização com créditos, o parágrafo único do mesmo artigo determina que “o subscritor ou acionista responderá pela solvência do devedor”.
Outro aspecto de extrema relevância quando da constituição desse tipo societário, até por se tratar de uma sociedade que está relacionada a grandes empreendimentos, é o tocante à obrigação de integralizar o capital social por parte do sócio acionista. Neste tocante, o art. 106 da LSA é enfático ao estabelecer que “o acionista é obrigado a realizar, nas condições previstas no estatuto ou no boletim de subscrição, a prestação correspondente às ações subscritas ou adquirida”, estabelecendo, inclusive, que será constituído em mora se assim não o fizer e, portanto, passará a ser considerado um acionista remisso, na forma do §2º do aludido artigo.
Diante da condição de remisso do acionista, a companhia poderá, na forma do art. 107 da LSA, promover contra o acionista, e os que com ele forem solidariamente responsáveis (artigo 108), processo de execução para cobrar as importâncias devidas, servindo o boletim de subscrição e o aviso de chamada como título extrajudicial nos termos do Código de Processo Civil ou mandar vender as ações em bolsa de valores, por conta e risco do acionista. Insta ressaltar que cabe à S/A decidir qual será a penalidade imposta, sendo, inclusive, disposto no §1º que “será havida como não escrita, relativamente à companhia, qualquer estipulação do estatuto ou do boletim de subscrição que exclua ou limite o exercício da opção prevista neste artigo, mas o subscritor de boa-fé terá ação, contra os responsáveis pela estipulação, para haver perdas e danos sofridos, sem prejuízo da responsabilidade penal que no caso couber”.
Além disso, não obtendo êxito com a aplicação das medidas previstas, no tocante à integralização das ações, poderá a companhia, na forma do §4º do art. 107 da LSA “declará-las caducas e fazer suas entradas realizadas, integralizando-as com lucros ou reservas, exceto legal; se não tiver lucros e reservas suficientes, terá o prazo de 1 (um) ano para colocar as ações caídas em comisso, findo o qual, não tendo sido encontrado comprador, a assembleia geral deliberará sobre a redução do capital em importância correspondente”.
Por fim, ressalta Tomazette que o capital social desempenha três funções na S/A, quais sejam: a função de produtividade, a função de garantia e a função de determinação da posição do sócio. A primeira diz respeito ao fato de que o capital “é o fator patrimonial inicial que possibilitará o exercício da atividade empresarialda companhia”. No tocante à função de garantia, é cediço que nas S/A a responsabilidade dos acionistas é limitada às ações dispostas na integralização do capital social, e que, portanto, a princípio, os credores não têm garantia no patrimônio pessoal dos acionistas, incidindo, pois, a garantia apenas no patrimônio social da sociedade. Além dessas duas, o capital social funciona também para determinar a posição dos acionistas, ou seja, diante da participação destes no capital social poderão ter diferentes faculdades na sociedade, como por exemplo, o fato de que somente os acionistas que possuem pelo menos 10% das ações em circulação podem requerer a realização de nova avaliação na oferta pública para cancelamento do registro, na forma do art. 4ª-A, da LSA.[5: PAPINI, Roberto. Sociedade anônima e mercado de valores mobiliários. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1999, p. 46.]
VI – AÇÕES
Não é possível estudar a sociedade anônima sem abordar, ainda que em linhas gerais, as características das ações, que constituem o principal valor mobiliário emitido por esse tipo societário, representando, ainda, parcela do capital social que garante ao acionista a condição de sócio. Ainda nesse sentido, Tomazette afirma que “as ações são os títulos representativos do capital social das sociedades anônimas, conferindo aos seus titulares o direito de participar dos resultados da atividade das companhias” (TOMAZETTE, 2017, pág. 558).
As ações podem ser classificadas quanto aos direitos e obrigações e quanto à forma de transferência. A primeira classificação pode ser dividida em ações ordinárias, preferenciais ou de fruição. As ações ordinárias conferem direitos normais ao seu titular, que passa a ser chamado de ordinarialista, não conferindo, portanto, nenhum direito especial ou qualquer vantagem em relação aos demais acionistas. Por sua vez, as ações preferenciais conferem vantagens aos seus titulares, podendo estas serem restringidas pelo estatuto social (devendo constar expressamente a restrição imposta para que possa ser de fato aplicada). Por fim, as ações de fruição apenas conferem direitos de gozo ao titular acionista, na forma do art. 44 da LSA.
No tocante à classificação quanto à forma de transferência, as ações podem ser nominativas ou escriturais. As primeiras são aquelas que se transferem mediante registro levado a efeito em livro específico escriturado pela companhia, na forma do art. 31 da LSA, sendo, pois, o registro no livro um requisito de validade da transferência. As ações escriturais, por sua vez, previstas no art. 34 da LSA, são mantidas em contas de depósito junto a instituições financeiras designadas pela S/A, devendo estas possuírem autorização da CVM para então prestarem esse tipo de serviço, como dispõe o §2º do aludido artigo. Ressalta-se, ainda, que as escriturais não exigem a mesma solenidade para a transferência como no caso das ações nominativas, sendo transferidas apenas “pelo lançamento efetuado pela instituição depositária em seus livros, a débito da conta de ações do alienante e a crédito a conta de ações do adquirente, à vista de ordem escrita do alienante, ou de autorização ou ordem judicial, em documento hábil que ficará em poder da instituição” (art. 35, § 1.º, da LSA).
Outro aspecto a ser destacado é o fato de que as ações podem ser valoradas de forma diferente, com base em critérios específicos, podendo assumir, portanto, valor nominal, patrimonial, de negociação, econômico ou valor de emissão. Além disso, as ações, a depender do seu tipo, conferem diferentes direitos aos seus titulares dentro da sociedade anônima, assim como diferentes restrições ao exercício de outros direitos. Todavia, há direitos que são conferidos a todos os acionistas, sem qualquer distinção com base nas ações, são os chamados direitos essenciais, que não poderão ser suprimidos nem pela assembleia geral nem pelo estatuto social da companhia, sendo previstos no art. 109, da LSA, quais sejam: I – participar dos lucros sociais; II – participar do acervo da companhia, em caso de liquidação; III – fiscalizar, na forma prevista nesta Lei, a gestão dos negócios sociais; IV – preferência para a subscrição de ações, partes beneficiárias conversíveis em ações, debêntures conversíveis em ações e bônus de subscrição, observado o disposto nos artigos 171 e 172; V – retirar-se da sociedade nos casos previstos nesta lei”.
Observa-se que o direito de voto não consta no rol dos direitos essenciais e, por esse motivo é que as ações preferenciais, em regra, não conferem direito de voto ao seu titular. Por outro lado, as ações ordinárias conferem aos seus titulares esse direito, na forma do art. 110 da LSA.
Além das ações, as sociedades anônimas também podem emitir outros valores mobiliários, com o objetivo de captar recursos no mercado de capitais, como por exemplo, debêntures, as partes beneficiárias e os bônus de subscrição.
VII – CONCLUSÃO
As sociedades anônimas, conforme exposição no presente trabalho, possui características próprias que as diferenciam dos demais tipos societários. Por desempenhar um papel importante no mundo empresarial, e por envolver, em regra, grandes empreendimentos, as companhias são de fundamental relevância para o mercado de capitais no país, uma vez que proporcionam o desenvolvimento e crescimento econômico de grandes empresas que, por sua vez, movimentam a economia do país.
REFERÊNCIAS
RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito Empresarial. 7ª edição. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo. MÉTODO, 2017.
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito comercial: direito de empresa. 23ª Edição. São Paulo. SARAIVA, 2018.
TOMAZETTE, Marlon. Curso de Direito Empresarial: Teoria geral e direito societário. Vol 1, 8ª edição, São Paulo. ATLAS, 2017.
PAPINI, Roberto. Sociedade anônima e mercado de valores mobiliários. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1999.

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