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Behaviorismos: Watson e Skinner

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MODULO 2 - Os Behaviorismos. 
II.1 Behaviorismo Metodológico.
II.2 Behaviorismo Radical.
II.3 As Abordagens Cognitivo - Comportamentais. 
PARTE 1: O BEHAVIORISMO METODOLÓGICO DE J. B. WATSON - O "MANIFESTO BEHAVIORISTA" E OS PRIMÓRDIOS DE UMA CIÊNCIA DO COMPORTAMENTO. 
	Nos primeiros anos do século XX, havia nos EUA um ambiente favorável à idéia de que a Psicologia deveria produzir um conhecimento que pudesse ser aplicado à solução dos problemas humanos. John Watson (1878-1958) é comumente apontado como fundador do movimento a que chamou Behaviorismo.  
	Influenciado pelos modelos científicos que enfatizavam fortemente a obtenção de dados objetivos sobre seus objetos e a produção de conhecimento experimentalmente comprovável, propôs que a Psicologia passasse a se ocupar do comportamento (behavior, em inglês): Por que não fazemos daquilo que podemos observar, o corpo de estudo da Psicologia? (Watson, 1913). 
	Em substituição ao método introspectivo, Watson defendia que a psicologia deveria se limitar a dados objetivos e mensuráveis.  Contrariamente ao que ocorria com a experiência privada do indivíduo que só podia ser revelada através da introspecção, o comportamento permitia a observação pública e a medição objetiva.
	Privilegiando, assim, a observação consensual (isto é, a observação que pode ser comprovada por pelo menos duas pessoas), Watson estabeleceu um critério que definia o que poderia vir a ser estudado pela psicologia: apenas o observável.
	Seguindo a visão mecanicista da época, derivada da física newtoniana, segundo a qual todo fenômeno tem uma causa, e                  negando-se a estudar a mente humana, que não pode ser diretamente observada, Watson foi buscar as variáveis responsáveis pela determinação do comportamento fora do organismo.
	Para Watson, o comportamento era produto da ação de variáveis externas antecedentes. Certos estímulos eliciariam determinadas respostas, geneticamente programadas, em resultado na evolução das espécies, ou estabelecidas através da formação de hábitos (condicionamento clássico). Watson entendia que o repertório comportamental de um organismo era resultado da ação do ambiente sobre estas estruturas reflexas hereditárias. A resposta condicionada era vista como a menor unidade do comportamento, a partir da qual cadeias complexas seriam originadas pela interligação de reflexos simples. Esquematicamente, podemos grafar o modelo compreensivo de Watson como E à R (ou S à R, um estímulo (stimulus), eliciando uma resposta (response)).
	O Behaviorismo de Watson veio a ser conhecido como Behaviorismo Metodológico (1913) pela ênfase dada às definições objetivas, aos procedimentos de medida, à demonstração e à experimentação – em outras palavras, ênfase no método – Comportamento Reflexo (que não podemos controlar: respirar, espirrar, tossir, salivar) – Condicionamento Reflexo. Exemplo: cão, comida e sino. A salivação (resposta) é emitida pela vontade em relação à comida (estímulo), uma vez que se acrescenta o sino como referência/condicionamento (estímulo neutro – que não desperta nada) para a comida, ele passa a salivar também, mesmo que não tenha comida.
	Costuma-se considerar que a psicologia científica começa quando Wundt, em 1879, monta o primeiro laboratório de psicologia, em Leipzig, na Alemanha. 
	Wundt concebia a psicologia como uma ciência intermediária, localizada entre as ciências naturais e as ciências da cultura. 
	Desenvolveu, assim, um duplo projeto: uma psicologia experimental fisiológica, que se propunha a estudar a experiência imediata dos sujeitos seguindo os cânones adotados pelas demais ciências: uma psicologia experimental da consciência; e uma psicologia social ou “dos povos”, dedicada ao estudo dos processos superiores da vida mental (pensamento, imaginação, etc). 
	Como seu interesse, dentro da psicologia experimental, era a percepção dos fenômenos pelos sujeitos, incluiu em seus estudos a introspecção. Método herdado da filosofia, a introspecção consiste na observação e registro das percepções, pensamentos e sentimentos pelo próprio sujeito. Wundt, no entanto, introduziu algumas alterações neste método. Seus sujeitos experimentais eram treinados em auto-observação, na tentativa de torná-los aptos a fornecer relatos fidedignos. 
 PARTE 2: BEHAVIORISMO RADICAL DE B. F. SKINNER. UMA ABORDAGEM FUNCIONAL DO COMPORTAMENTO: O CONCEITO DE OPERANTE. 
	Seguindo a tradição behaviorista, B. F. Skinner (1904 - 1990), não obstante, introduz inovações fundamentais no projeto científico de Watson. Embora reconhecesse a existência, no repertório humano, de um conjunto de comportamentos que atendiam ao paradigma reflexo proposto por seu predecessor (E -- >R), Skinner salientava que esta classe de comportamentos, 
que denominou comportamentos respondentes (reflexos incondicionados + hábitos adquiridos), somente englobava uma parte muito limitada desse repertório. 
	Para Skinner, a maior parte dos comportamentos humanos não estavam sujeitos a este tipo de controle primário, não sendo possível encontrar, no meio ambiente, estímulos que os eliciassem. Estes limites levaram-no, em 1937, à conceituação de uma nova classe de Comportamento Operante (não há estímulos, o organismo opera). EX: Uma pessoa contará mais piadas uma vez que a consequência for reforçadora – pessoas rirem. 
	Ele considera pensamentos e emoções como comportamentos, e os estudou dessa forma, e não como processos mentais. Os quais precisam ser explicados e não utilizados como explicação de comportamentos.
 	A denominação “operante” se aplica àqueles comportamentos que operam sobre o ambiente (ou seja, produzem algum efeito sobre o ambiente). 
	Para Skinner, são justamente estes efeitos da ação humana que, retroagindo sobre o comportamento, alteram a probabilidade de sua ocorrência futura. Em outras palavras, algumas consequências ambientais de um dado comportamento atual tornam maior ou menor a probabilidade de ocorrência deste mesmo comportamento no futuro. 
	Observando um organismo, é possível identificar que, quando algumas circunstâncias seguem uma dada “resposta” comportamental, há um aumento na frequência de ocorrência desta mesma resposta. Chamamos estas consequências de reforçadoras - Reforço (consequência gerada por um comportamento que já foi emitido). Em outros casos, uma dada consequência reduz a frequência de um dado comportamento. Chamados esta ocorrência de “estímulo” aversivo. Vale ressaltar o contexto/ambiente em que o comportamento ocorre, podendo favorecer ou não (probabilidade) – Estímulos discriminativos (antes de ser emitido). Podemos esquematicamente grafar a relação funcional estabelecida do seguinte modo: SD   --> R --> SR (um estímulo discriminativo indicando a ocasião em que uma dada resposta provavelmente será reforçada).
	Na proposta de Skinner, por ele denominada Behaviorismo Radical (1945), as condições vigentes na ocasião em que um dado comportamento ocorre adquirem conexões com este determinado comportamento. 
	Esta conexão estímulo-resposta é, no entanto, fundamentalmente diferente daquela que ocorria no comportamento respondente ou reflexo estudado por Watson. 
	Aqui, o estímulo não elicia (produz) a resposta, mas tão somente assinala a ocasião em que a resposta foi seguida de reforçamento no passado. 
	Skinner adota a concepção evolucionista de Darwin, segundo a qual determinadas características das espécies de seres vivos permitem maior adaptação desses organismos a seus ambientes, favorecendo sua sobrevivência e reprodução. Assim, pelo mecanismo de seleção natural, estas características são mantidas, enquanto aquelas menos adequadas ao ambiente acabam por desaparecer.  Skinner propõe a seleção de comportamentos por suas consequências: alguns comportamentos ocorrem aleatoriamente e são selecionados os mais aptos à sobrevivência do organismo. 
	Esta seleção por consequências deve ser considerada em três níveis:                                                                                                          
	Emprimeiro lugar, em nível filogenético, estão as características da espécie, de natureza genética, com seus padrões comportamentais típicos.
	Em segundo lugar o nível ontogenético, onde através da modelagem e da imitação, os membros da espécie vêm a desenvolver um repertório comportamental aprendido ao longo de sua história de vida ocorre ainda um terceiro nível de seleção por consequências.
	Em terceiro lugar, no caso da espécie humana, o nível cultural, que depende da participação de outros elementos do grupo no qual o indivíduo se insere. 
	Assim, para entender o comportamento, é necessário inseri-o nestes três contextos: filogenético, ontogenético e cultural.
 	Temos, então, aqui delineada a forma pela qual Skinner concebe o ser humano. De acordo com suas próprias palavras:
 	“Numa análise comportamental, uma pessoa é um organismo, um membro da espécie humana que adquiriu um repertório de comportamento. (...) Uma pessoa não é um agente que origine; é um lugar, um ponto em que múltiplas condições genéticas e ambientais se reúnem num efeito conjunto. Como tal, ela permanece indiscutivelmente única. 
Ninguém mais (a menos que tenha um gêmeo idêntico) possui sua dotação genética e, sem exceção, 
ninguém mais tem sua história pessoal. Daí se segue que ninguém mais se comportará precisamente da mesma maneira.” (B. F. Skinner, sobre o Behaviorismo, São Paulo, Cultrix/Ed USP, 1982, p. 145)
	Para ele, o comportamento humano é controlado por sua história genética e ambiental e não pela própria pessoa, como agente criador, dotado de vontade e propósitos. Skinner manteve-se, até o final da vida, fiel a esta concepção.
 
PARTE 3: AS ABORDAGENS COGNITIVO – COMPORTAMENTAIS: O DESAFIO COGNITIVO 
	Apesar deste posicionamento mantido por Skinner, a partir do final da década de 60, começou a surgir nos EUA um novo desdobramento do projeto inicial Behaviorista, especialmente dentro da área clínica de atuação. Os adeptos deste movimento entendiam que o modelo não mediacional skinneriano (ou seja, um modelo que excluía a ação de variáveis internas na determinação dos comportamentos) era insuficiente para explicar todos os aspectos da atividade humana, especialmente o comportamento humano complexo-os processos de formação de crenças, a ação empreendida visando um objetivo etc. 
	Na tentativa de lidar com o comportamento humano complexo, Bandura (1969) conceituou a Aprendizagem Vicariante – Modelagem -  ocorre quando o aprendiz apenas observa (pessoas maduras/experientes) um modelo atuar e ser reforçado ou punido, por exemplo, ou a aprendizagem de regras comportamentais, que parece ocorrer quando o sujeito se comporta com relativa originalidade em situações novas, a partir da observação de um “estilo” de comportamento de um modelo. Skinner também utilizou esse método – pombos.
	Estas são situações nas quais faz sentido falar em cognição, expectativas e processamento de informação como fatores determinantes do comportamento.
	Outra área cujo estudo contribuiu para a expansão do cognitivismo entre os behavioristas foi a do autocontrole (Mahoney, 1974), que focalizava o controle voluntário do ambiente pelo sujeito. 
	Além disso, Ellis (1974) e Beck (1979) desenvolveram técnicas de modificação do comportamento cognitivo baseadas em princípios comportamentais. As mesmas leis da aprendizagem associativa se aplicariam às cognições que seriam incorporadas como respostas encobertas capazes de representar simbolicamente, para o sujeito, estímulos ausentes.
	Assim, uma facção da clinica comportamental passou a se deslocar na direção de um "neo-mentalismo", abrindo a “caixa preta” conceituada por Skinner, em cujo paradigma era negado qualquer valor causal a variáveis organísmicas. 
	O modelo cognitivista postula que entre a estimulação ambiental e a resposta comportamental do indivíduo ocorre a intermediação da atividade do pensamento, que atribui significados aos eventos do mundo externo. 
	Entende-se aqui que o modo como um indivíduo estrutura as suas experiências – seus padrões de pensamento, formados nos primeiros anos de vida, como resultado de aprendizagens relacionadas à inserção da criança em um dado grupo social – determina em grande parte o modo como ele sente e se comporta.
 	Dentro desta concepção, determinados padrões cognitivos podem ser desadaptativos, na medida em que não correspondam aos dados da realidade. Uma atuação clínica baseada nesta conceituação teórica tem o objetivo de levar o paciente a conhecer seus esquemas básicos de funcionamento mental (sistemas de crenças e suposições sobre si mesmo, sobre o mundo, expectativas quanto ao futuro etc.), identificando padrões disfuncionais e desenvolvendo formas alternativas de pensamento. 
 
LEITURA OBRIGATÓRIA:
SCHULTZ, D. P. & SCHULTZ, S. E. História da Psicologia Moderna. 9ª ed. São Paulo: Thomson Learning, 2011.  (Capítulos 10 e 11).

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