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PAPER COMPLETO - SEMINÁRIO DE PRÁTICA VII

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como verbais. Essa obra é narrada em primeira pessoa, ou seja, pelo ponto de vista de Chica: “Aqui vivi minha história de escrava”. Mais à diante, ela destaca a mudança que aconteceu na sua vida: “Meu dedo toca o traço fino que desenha a estrada onde encontrei João Fernandes", mais na frente, “desviou rios e, entre montanhas, criou o mar que eu queria”. Nas páginas principais dessa obra, Chica e João se veem em dupla página, estando coloridos e também apaixonados. A partir desse momento, as cores são tenebrosas, pois mostram a ausência de João Fernandes. 
2.2 A IMPORTÂNCIA DA CRIAÇÃO DA LEI Nº 10.639/2003, PARA A LITERATURA AFRO-BRASILEIRA.
	Podemos observar que a partir do ano de 2003, muitos pesquisadores fizeram reflexões não somente sobre o ensino da Literatura Afro, mas também da História Africana, como um todo, que constitui umas das problemáticas propostas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). 
	Um marco importantíssimo para o reconhecimento e da importância do professor, especificamente o de Língua Portuguesa, trabalhar com a Literatura Afro-brasileira em sala de aula, foi justamente a partir da publicação, em março de 2003, da Lei 10.639/003, e no ano seguinte a criação do Parecer 003/004 o qual regulamenta a implantação da referida lei, várias foram as manifestações em relação à criação da nova lei, alguns estudiosos a acharam um tanto quanto desnecessária, outros , no entanto, consideraram-na um grande avanço para a educação do Brasil. 
	Os que a criticavam, encontravam-se aqueles que a consideravam desnecessária, uma vez que os conteúdos já estavam elencados na LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) e por atentar contra a autonomia curricular dos estados brasileiros. Por outro lado, faz-se necessário salientamos a importância de reconhecermos que a criação dessa lei convergiu, favoravelmente, para o estabelecimento do ensino e valorização da Literatura Afro-brasileira e também para conhecer a história deste povo que se tornou um importante aliado para o nosso país. 
	Segundo o poeta e historiador Alberto da Costa e Silva, “a história da África é importante para nós, brasileiros, porque ajuda a nos conhecermos melhor. E também, pelo seu próprio valor e porque nos mostra melhor o grande continente que fica em nossa fronteira leste e de onde proveio quase a metade de nossos antepassados”. Isso corroborou para que fossem criadas, em várias partes do Brasil, como por exemplo: na Bahia, São Paulo etc. Centros Avançados de Estudos Africanos.
	Na propositura da Lei nº 10.639/03, os gêneros apresentados trazem, no seu universo africano, as narrativas, ainda pouco conhecidas no ambiente escolar, porém tão presente nos falares, nas histórias e estórias que são contadas por nossos antepassados, e até mesmo pela geração mais jovem do Brasil. Observam-se vários elementos culturais, certas expressões que foram sendo reformuladas, ganhando novas abordagens semânticas. 
	Ainda sobra a Literatura Africana na Brasileira, destacamos os Cadernos negros volume 30: contos africanos (BRASIL, 2009), foi a primeira obra composta e organizada por Esmeralda Ribeiro e Márcia Barbosa (BRASIL, 2007), há um trecho de extrema relevância: “Estamos limpando nossos espíritos das ideias que nos enfraquecem”. Essa obra possui vários contos de 25 autores negros que vêm lutando em busca de possibilidades, em um compromisso político: “Os contos trazem a diversidade [...] ao fundo existe sempre o rumor das questões que nos atingem no dia-a-dia. Há a dor e o desespero, mas há também a ironia e o humor”. Vale salientarmos que é importante dar ênfase as falas, para que possamos questionar e posteriormente levar para a sala de aula estas reflexões de forma precisa e também planejada (BRASIL, 2004). 
	As Obras Literárias em Os Cadernos negros fazem surgir uma literatura que mostra um lugar político dos autores, usando a escrita literária, como ponto de partida em busca da nossa própria identidade nacional e mestiça. Existe nessas literaturas o olhar negro sobre como ver o mundo, vários a cognominam de literatura negra, outros afro-brasileira. N abordagem de Pereira (2014), a literatura é tão somente literatura e devemos, portanto, pensar sobre ela como sendo a construção social, cultural e política das diferenças em contextos que envolvem poder, sempre pairando no ar um padrão em que toda a diferença gera uma certa tensão, e isso pode ser vislumbrado pelas leituras e releituras. 
	Em se tratando de Contos e lendas afro-brasileiros, destacamos a obra “A criação do mundo”, do escritor Reginaldo Prandi (2007), no seu preâmbulo traz a personagem Adetutu, a qual em um navio que carregava negros, ela tem um sonho com a criação do mundo; a cada capítulo isso vai desenrolando-se, a Terra se molda, o mar mexe-se em fúria, um rio passa pela montanha, céu e Terra distanciam-se um do outro e, em todo esse ritual, unem-se. 
	Mencionamos ainda, na terceira obra, Lendas de Exu, narra a história de um herói todo atrapalhado o qual está ligado à vitalidade, ao prazer, ao bem estar e à descontração das emoções, a qual Exu encontra-se em diversas situações. Já na quarta obra, a do Professor de Literatura Africana, Rogério Andrade Barbosa, O segredo das tranças e outras histórias africanas (BRASIL, 2009), traz várias estórias dos cinco países africanos lusófonos, quais sejam: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. Essas obras são respectivamente: O segredo das tranças; Maria e o condão; O menino e a cegonha; A herança maldita; e A tartaruga e o gigante. Por fim a quinta obra, Mãe África: mitos e lendas, fábulas e contos, é uma abordagem renovada dos contos e que é capaz de criar uma memória fenomenal.
2.3 A PRESENÇA DA LITERATURA AFRO-BRASILEIRA NA SALA DE AULA 
	É notório que a inclusão da literatura afro-brasileira nas aulas de literatura reflete, também, a importância que o professor dá ao assunto. Ele como mediador do conhecimento, em sala de aula, deve dialogar com os estudantes, traçando dessa forma a importância desse debate, criando uma ponte de ligação entre o dia a dia dos alunos e a temática dos textos literários, especificamente os Afro-brasileiros. 
	O professor, bem esclarecido sobre as questões étnico-raciais e possuidor dos conhecimentos acerca da literatura afro-brasileira, questionará com seus alunos sobre o tema dentro do ambiente escolar. Esse trabalho com os textos e escritores afro-brasileiros, principalmente em sala de aula, nas escolas públicas do ensino médio, poderá despertar no aluno sua vocação em querer ser mais, de acreditar em si mesmo e dessa forma elevar sua autoestima, desenvolvendo também uma visão diferente, daquela impregnada historicamente, da importância do povo negro dentro da sociedade brasileira. De acordo com Freire (2003, p. 102), “[...] Quanto mais investigo o saber do povo com ele, tanto mais nos educamos juntos. Quanto mais nos educamos, tanto mais continuamos investigando [...]”. Coaduna com isso o que diz Ianni (1988):
[...]. Há uma relação dialética entre a literatura afro-brasileira e a vivência de muitos jovens. Os estudantes, sobretudo os negros, oriundos das escolas públicas, podem, por meio do diálogo, entender a sua história e a história do outro; o outro, subscrito nos livros de literatura ou na figura do próprio professor. Por essa razão, é necessário um cuidado especial ao se abordar essa literatura. Um conhecimento aprofundado daquilo que se irá falar, para construir pontes em vez de obstáculos. Neste momento, cabe destacar que [...] a literatura não só expressa como também organiza uma parte importante da consciência social do negro [...] (IANNI, 1988, p. 98).
	Diante disso, o questionamento inicia-se a partir do propósito de provocar nos alunos esses sentimentos, despertando também no professor o interesse pelo ensino da cultura e literatura afro-brasileira, onde nesse envolvimento, todos como cidadãos, em uma relação mútua de aprendizado, saem ganhando.
	Depois da reviravolta que houve, com o surgimento
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