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DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO Unidade I – Fundamento e Desenvolvimento Histórico do Direito Internacional Público CURSO DE DIREITO – Profª Ludmilla Russo Amanajás Pinto ATENÇÃO: Esse material teve por fonte a bibliografia do curso constante no Plano de Ensino da disciplina e é um mero roteiro para estudos, não substituindo a necessária consulta aos livros indicados. 1. Considerações iniciais Direito Internacional Público Direito Internacional Privado • Diferenças: • Sujeitos • Objetos • Campo de aplicação 1.1 O Direito e a ordem internacional ORDEM INTERNA Concentração de poder ORDEM INTERNACIONAL Ausência de autoridade centralizada ANARQUIA? 1.2 Panorama Necessidade de regras para a convivência em sociedade Globalização: economia de mercado global -> maior interdenpendência Complexidade das relações internacionais e a diversidade de áreas envolvidas (política, economia, etc.) Qual a relevância do Direito Internacional Público? O Direito Internacional Público é capaz de resolver todos os problemas oriundos das relações internacionais? 1.3 DIP e a Sociedade Internacional Onde há sociedade é necessária a existência de normas para regular a convivência entre seus membros O âmbito de Aplicação do DIP é a Sociedade Internacional A sociedade internacional e sua influência na formação e aplicação do DIP Para um entendimento do DIP é necessário o estudo da sociedade internacional, seu contexto e aspectos históricos 1.3.1 Conceito de Sociedade Internacional É uma reunião de diferentes sujeitos internacionais (Estados e Organizações) que se relacionam diplomaticamente, considerados de forma igualitária e sem a presença de um poder central, que tem por objetivo primordial intermediar e equilibrar interesses necessários ao desenvolvimento de cada Estado e do conjunto de Estados, através da cooperação. Conjunto de vínculos estabelecidos por motivos políticos, econômicos, sociais e culturais 1.3.2 Características da Sociedade Internacional Universalidade (por mais isolado que seja o Estado ele terá relações internacionais -> fronteiras) Heterogeneidade (presença de atores com diferenças entre si -> aspectos econômicos, culturais, etc. O nível de heterogeneidade influenciará negociações e aplicação de regras internacionais) Descentralização (não possui organização institucional superior aos Estados -> vários centros de poder como Estados, Org. Internacionais - Tribunal Penal Internacional, Corte Int. de Justiça, etc) Coordenação (não há subordinação e sim coordenação de interesses entre seus membros) Caráter Paritário (igualdade jurídica entre seus membros) Desigualdade de Fato (resultado de sua heterogeneidade e do diferencial de poder entre os Estados) 2. Direito Internacional Público 2. 1. Definição • O Direito Internacional Público é o ramo da Ciência Jurídica que visa regular as relações internacionais com vistas a permitir a convivência entre os membros da sociedade internacional, assim como a realização de certos interesses e/ou valores importantes em um determinado momento histórico (Paulo Henrique Gonçalves Portela) • É o conjunto de regras que regem as relações entre os Estados (René- Jean Dupuy) • Conjunto de normas jurídicas que regulam as relações mútuas dos Estados e, subsidiariamente, as das demais pessoas internacionais, como determinadas Organizações, e dos indivíduos (Hildebrando Accioly) 2. Direito Internacional Público 2. 1. Definição • O Direito Internacional Público é o ramo da Ciência Jurídica que visa regular as relações internacionais com vistas a permitir a convivência entre os membros da sociedade internacional, assim como a realização de certos interesses e/ou valores importantes em um determinado momento histórico (Paulo Henrique Gonçalves Portela) • É o conjunto de regras que regem as relações entre os Estados (René- Jean Dupuy) • Conjunto de normas jurídicas que regulam as relações mútuas dos Estados e, subsidiariamente, as das demais pessoas internacionais, como determinadas Organizações, e dos indivíduos (Hildebrando Accioly) 2.1.1 Elementos do Conceito Sujeitos: Estados Organizações Internacionais •Matérias a Regular Relações Interinstitucionais (Estados e Organizações Internacionais) Sujeitos: Estados Organizações Internacionais Indivíduo Empresas* Organizações não-Gov •Matérias a Regular Relações Interinstitucionais (Estados e Organizações Internacionais) Cooperação Internacional Temas de interesse Global Entendimento Clássico Entendimento Moderno 2.2 Características do Direito Internacional Público a) inexistência de órgãos centrais – não há um poder legislativo apto a criar regras supranacionais e aplicáveis a todos os Estados. b) baixo nível de codificação – existem menos tratados do que leis internas c) escassez de sujeitos – apenas os estados soberanos e as organizações internacionais possuem personalidade jurídica de direito internacional público; d) responsabilidade coletiva – quando necessário, as sanções devem ser aplicadas de modo coletivo (como no caso das Resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas); e) boa-fé – premissa maior do sistema, manifestada pelo princípio do pacta sunt servanda e pela transparência nas relações entre as partes; 2.2 Características Direito Internacional Público – Cont. f) Igualdade soberana – os Estados se encontram no mesmo nível e assumem compromissos na ordem internacional mediante consentimento; g) proteção aos direitos humanos – embora regule relações entre Estados e/ou organizações internacionais, a finalidade derradeira do direito internacional é promover a tutela dos direitos fundamentais dos indivíduos. OBS: TERMINOLOGIA PREDOMINANTE -> Direito Internacional Público (desde 1780) OUTRAS: • Jus Gentium (Direito romano até o séc XVIII) • Jus Inter gentes (Séc XV) 3. Objetos do Direito Internacional Público 4. Desenvolvimento Histórico 4.1 Antiguidade Clássica: -> Os Romanos -> JUS GENTIUM Aplicação das leis romanas aos povos conquistados Apenas os nascidos romanos dispunham de direitos inerentes a sua cidadania (a jus civile) Expansão territorial por guerras de conquistas: hegemonia cultural e política sem haver consideração pelos povos conquistados Principal motivo da queda do império Romano 4. Desenvolvimento Histórico 4.2 Idade Média: Queda do Império romano-> Invasões Bárbaras-> desfragmentação Base de sustentação social -> Igreja Católica (universal) Romana (unidade espiritual) Personalidade da lei: cada indivíduo era regido por sua lei de origem e, em julgamento, podia declarar sua lei. Feudalismo (séc. IX): Territorialidade feudal – fim da Personalidade da Lei O homem vivia sob a lei do senhor feudal. 4. Desenvolvimento Histórico 4.2 Idade Média: Igreja Católica foi a grande influência no desenvolvimento do Direito Internacional durante a Idade Média. O Papa era considerado o árbitro por excelência das relações internacionais e tinha autoridade para liberar um chefe de Estado do cumprimento de um tratado. CLERO: terra + poder político + poder ideológico (salvação) NOBREZA: terra + poder político SERVOS: obrigações Além do território sob sua jurisdição política a Igreja tinha o poder espiritual sobre quase todo o território europeu. 4. Desenvolvimento Histórico 4.2 Idade Média: Principais contribuições da Igreja Católica na Idade Média “Humanização da guerra” Paz de Deus: proibindo a destruição de colheitas (respeito aos camponeses, aos viajantes e às mulheres) Trégua de Deus: suspensão de combates durante as festas religiosas (Páscoa, Natal, etc.) e nos dias santos. Guerra Justa: caso tivesse por causaa violação de um direito e pretendesse reparar um mal. 4. Desenvolvimento Histórico 4.3 Idade Moderna: Surgimento do Direito Internacional como o conhecemos hoje Surgimento das noções de Estado Nacional -> Fundamentado na SOBERANIA Os Estados não mais respeitavam uma vaga hierarquia internacional baseada na religião e não mais reconheceriam nenhum outro poder acima de si próprios (soberania) 4. Desenvolvimento Histórico 4.3 Idade Moderna: Século XVII: PAZ DE VESTFÁLIA: Católicos x Protestantes Primeira paz Pan Europeia. Reconheceu os princípios da soberania e da igualdade interestatal (Estados-nação) como as bases do equilíbrio político europeu, (ideário do respeito e coexistência entre os diversos entes políticos) 4. Desenvolvimento Histórico 4.3 Idade Moderna: Século XIX: Congresso de Viena (1815): redefinição das fronteiras políticas européias após a Era Napoleônica (favorecendo vencedores Áustria, Rússia, Prússia e Inglaterra) e relativa paz no contexto da época; Criação dos primeiros Organismos Internacionais. Primeira Convenções de Genebra (1864). Conferência de Berlim de 1885 (neo-imperialismo na África). Congresso de Viena (1815) Conferência de Berlim (1885) 4. Desenvolvimento Histórico 4.3 Idade Moderna: Século XX: Consolidação do DIP: • Liga das Nações • Organização das Nações Unidas • Intensificação da codificação do DIP (Convenções de Viena sobre o Direito dos Tratados e a proliferação de tratados resultante do intenso intercâmbio internacional do mundo contemporâneo.) Liga das Nações (1920) Organização das Nações Unidas (1945) 5. Fontes do Direito Internacional Público Concepção Positivista/Voluntarista Vontade comum dos Estados Concepção Objetivista Fontes Materiais “verdadeiras fontes do Direito” ex. tradição, a cultura, a história Fontes Formais “meios de comprovação” art. 38 ECIJ 5.1 Fontes Formais • Estatuto da Corte Internacional de Justiça de Haia (Art° 38 ): • Tratados • Costumes • Princípios Gerais do Direito • Decisões Judiciais e a Doutrina • Equidade* * “A presente disposição não restringe a faculdade da Corte para decidir um litígio ex aequo et bono, se convier às partes.” Convencionais Auxiliares 5.1 Fontes Formais Obs: Fontes: Auxiliares x Convencionais Ausência de hierarquia entre as fontes do DIP 5.1 Fontes Formais Obs: Doutrina Moderna expande o rol de fontes do DIP previsto no art 38 do ECIJ: •Atos unilaterais: a notificação, a renúncia e o reconhecimento – não são norma mas produzem consequências jurídicas -> obrigações aos Estados; •Decisões de Organizações Internacionais -> O rol de fontes previsto no artigo 38 do ECIJ refletia a realidade do século XX, quando foi lavrado. -> DIP evoluiu e o rol não pode ser taxativo a) Tratados • O tratado internacional é um acordo resultante da convergência das vontades de dois ou mais sujeitos de Direito Internacional, formalizada num texto escrito, com o objetivo de produzir efeitos jurídicos no plano internacional. TRATADO Vontade de A Vontade de B Vontade de C Produção de efeitos Jurídicos Internacionalmente a) Tratados Denominações: • Tratado • Convenção • Declaração • Acordo • Pacto • Protocolo • Concerto • Memorando de entendimento, • Troca de notas • etc b) Costumes Costume jurídico: prática social reiterada e obrigatória. -> regras não escritas, introduzidas pelo uso continuado e com o consentimento de todas as pessoas que as admitiram como norma de conduta. -> Sua violação acarreta uma responsabilidade jurídica. Estatuto da CIJ: o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito (ART. 38, b) Ex: Cortesia internacional - imunidade do imposto aduaneiro sobre os bens dos diplomatas. -> Prática reiterada fez com que isto se tornasse um Costume Internacional, sendo posteriormente codificado pelos artigos 36 e 37 da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961. b) Costumes Repetição de condutas idênticas Convicção de obrigatoriedade FONTE DO DIP Elemento Material ou Objetivo Elemento Subjetivo b) Costumes Considerações históricas -> Até meados do séc XIX o DIP era em sua maior parte um direito costumeiro e não escrito -> Os tratados eram episódicos e bilaterais -> Não criavam regras universais de conduta, ao contrário do costume. A situação inverteu-se com a celebração dos primeiros tratados multilaterais OBS: Quem alega o costume tem o ônus da prova; Princípio da subordinação dos novos Estados ao costume existente c) Princípios Gerais do Direito O Direito Internacional acata certos princípios reconhecidos pela maioria dos Estados Nacionais como obrigatórios: • princípio da não-agressão; • da solução pacífica de controvérsias; • da autodeterminação dos povos; • da coexistência pacífica; • da obrigação de reparar o dano; • do cumprimento de boa fé; e • pacta sunt servanda (os acordos devem ser cumpridos) c) Decisões Judiciais e Doutrina • Decisões Judiciais: jurisprudência dos tribunais arbitrais, além das decisões dos tribunais e organizações internacionais. • Doutrina: dos publicistas de maior competência das distintas nações d) Equidade Princípio ex aequo et bono, mencionado expressamente pelo artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça. É o exato ponto de equilíbrio entre as partes, sendo essencial lembrar que sua aplicação, no Direito Internacional Público, depende da anuência dos envolvidos. • Senso de justiça - respeito à igualdade de direito das partes 6. Fundamentos do Direito Internacional Público Por quê as normas internacionais são obrigatórias? Quais as razões jurídicas da aceitação e obrigatoriedade do Direito Internacional por parte de toda a sociedade internacional? Não confundir Fundamentos do DIP com suas fontes Discussão Doutrinária: Voluntaristas x Objetivistas x Pacta Sunt Servanda 6. Fundamentos do Direito Internacional Público Corrente Voluntarista Várias vertentes -> O Direito Internacional Público é obrigatório porque os Estados, expressa ou tacitamente, assim o desejam e querem • Teoria de caráter subjetivo pautada no papel central da Vontade dos Sujeitos do DIP • A norma é obrigatória pela concordância livre dos Estados (de forma Expressa – Tratados Tácita – aceitação de um costume 6. Fundamentos do Direito Internacional Público Corrente Voluntarista (Positivista) Críticas: Condiciona toda a regulamentação internacional, inclusive a concernente a matérias de grande importância para a humanidade, à mera vontade dos Estados. Como fica a proteção dos direitos humanos, que impõem limites à atuação do Estado nos cenários interno e internacional? 6. Fundamentos do Direito Internacional Público Corrente Objetivista: • Caráter objetivo • Irrelevância da vontade • A obrigatoriedade do Direito Internacional advém da existência de princípios e normas superiores aos do ordenamento jurídico estatal -> A sobrevivência da sociedade internacional depende de valores superiores que devem ter prevalência sobre as vontades e os interesses domésticos dos Estados -> O Direito não é um produto da vontade humana, mas uma necessidade advinda de fato res sociais. 6. Fundamentos do Direito Internacional Público Corrente Objetivista: Críticas: Minimiza ou ignora completamente a vontade soberana dos Estados, que também têm o seu papel contributivo na criação das regras de Direito Internacional. 6. Fundamentos do Direito Internacional Público PACTA SUNT SERVANDA – Concepção contemporâneaO Direito Internacional se baseia em princípios jurídicos alçados a um patamar superior ao da vontade dos Estados, mas sem que se deixe totalmente de lado a vontade desses mesmos Estados. Objetivismo + Vontade Regras: a) pacta sunt servanda - as partes têm o dever de cumprir e respeitar aquilo que foi acordado no plano internacional b) jus cogens – normas imperativas de Direito Internacional geral Convenção de Viena sobre Direitos dos Tratados: PACTA SUNT SERVANDA: Art. 26. Todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser cumprido por elas de boa-fé. JUS COGENS: Os artigos 53 e 64 consagrou a noção de jus cogens. Obrigado!Obrigada! ATENÇÃO: Esse material teve por fonte a bibliografia do curso constante no Plano de Ensino da disciplina e é um mero roteiro para estudos, não substituindo a necessária consulta aos livros indicados.