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Ação redibitória 
 
Devolver a coisa viciada e reclamar a importância paga, bem como as despesas 
do contrato. Se provar que o alienante conhecia o vício, poderá pleitear perdas 
e danos. 
 
B) Fundamentação legal: arts. 441 a 446, CC. 
A elaboração da peça compreende os seguintes passos: 
 
 
1º Passo: Endereçamento 
A ação será ajuizada, atendendo-se as regras gerais de competência, fixadas 
nos artigos 46 e seguintes do CPC/15. 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE ... / 
ESTADO... 
 
2º Passo: Qualificação das partes 
Aqui, como em toda petição inicial, as partes necessitam ser qualificadas (os 
nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o 
número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional 
da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor 
e do réu), conforme art. 319, II, do CPC/2015. As partes são comumente 
chamadas de autor e réu, tendo em vista que estamos diante de ação de 
conhecimento. Assim: 
 
FULANO DE TAL, (Qualificação e endereço completo), através do advogado 
que a esta subscreve, com escritório profissional situado na (xxx), e-mail, onde 
receberá intimações, vem a presença de vossa excelência, com fundamento 
nos artigos 441 a 446 do Código Civil, c/c artigo 319 do CPC, propor AÇÃO 
REDIBITÓRIA, em face de BELTRANO, (Qualificação), nos seguintes termos: 
 
 
 
3º Passo: Fundamentação 
O examinando deverá, primeiramente, expor os fatos narrados na questão. 
Assim: 
 
1. FATOS 
O Requerente, no dia 12 de fevereiro de 2014, adquiriu um apartamento, no valor 
de R$150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), na Rua da Raposa, nº 03, bairro 
Títulos, por meio de contrato comutativo, vendido pelo Requerido. 
O requerente pagou R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) no ato da compra e 
financiou o restante em 20 parcelas fixas de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), 
com vencimentos todo dia 19 dos meses subsequentes. 
Todavia, após três dias de uso, o apartamento começou a apresentar 
vazamentos no banheiro e na cozinha, sendo avisado o Requerido do ocorrido, 
que contratou um encanador para resolver o problema. 
Ocorre que, cerca de menos de um mês após o conserto, os vazamentos 
voltaram nos mesmos locais e também no quarto do Requerente. Este procurou 
novamente o Requerido, que, dessa vez, escusou-se de providenciar o conserto, 
dizendo que não mais era de sua responsabilidade eventuais defeitos 
apresentados no imóvel. 
Dessa forma, o Requerente procurou, por conta própria (documentos anexos), 
um profissional habilitado para reter o vazamento. Foi quando o Requerente 
descobriu que o problema era anterior à compra do imóvel, e ocorreu no 
momento da construção do apartamento, uma vez que não foram utilizados 
tubos de conexão resistentes e tampouco bem colocados, conforme 
devidamente comprovado nos documentos anexos. 
Além disso, ao saber do ocorrido, um vizinho relatou ao Requerente que o 
mesmo problema já havia ocorrido com o antigo proprietário (é dizer, o 
Requerido), e por isso ele resolveu vender o apartamento. Portanto, fica 
comprovada a má-fé do alienante, pois ele tinha ciência do vício e não informou 
ao Requerente quando este realizou a compra. 
 
Ato contínuo, o examinando deverá partir para os fundamentos de direito. 
Vejamos: 
 
 
 
2. DO DIREITO 
Sabendo tratar-se de vício redibitório, é dizer, vício oculto, que não pode ser 
percebido de maneira aparente pelo homem médio, decorrendo de defeitos que 
tornem a coisa imprópria ao uso ou lhe diminua o valor, presentes antes ou no 
momento da tradição (art.441, CC/02). Em se tratando de vício que tornou 
impossível habitar no apartamento, o Requerente enseja a ação redibitória, para 
redibir o contrato e, assim, rejeitar a coisa, sendo ressarcido pelo que já pagou. 
Dessa forma, é cabível ao Requerente, anular judicialmente uma venda ou outro 
contrato comutativo em que a coisa negociada foi entregue com vícios ou 
defeitos ocultos, que impossibilita o uso ao qual se destina, que lhe diminuem o 
valor (FERREIRA: 1986, 1467). Em relação ao assunto, afirma Sílva Sanchez: O 
propósito do legislador, ao disciplinar esta matéria, é o de aumentar as garantias 
do adquirente. De fato, ao proceder à aquisição de um objeto, o comprador 
não pode, em geral, examiná-lo com a profundidade suficiente para descobrir 
os possíveis defeitos ocultos, tanto mais que, via de regra, não tem a posse da 
coisa. Por conseguinte, e considerando a necessidade de rodear de segurança 
as relações jurídicas, o legislador faz o alienante responsável pelos vícios ocultos 
da coisa alienada. Seguindo essa linha, os tribunais expressam: O comprador é 
carecedor da ação de rescisão de negócio mercantil por vícios redibitórios ou 
de qualidade da mercadoria quando deixa escoar o decêndio previsto pelo Código 
Comercial sem qualquer reclamação, depósito judicial da coisa adquirida e 
ajuizamento da ação competente. Preconiza o art. 443 do Código Civil, que se 
o alienante conhecia o vício ou o defeito da coisa, restituirá o que recebeu 
com perdas e danos; se o não conhecia, tão somente restituirá o valor recebido 
mais as despesas do contrato. Dessa forma, sabendo o Requerido que o 
apartamento já apresentava vícios, agiu de má-fé ao vender ao Requerente 
sem avisá-lo, sabendo que se o fizesse, este não compraria o imóvel. O Código 
Civil de 2002 tem como um de seus pilares a eticidade, segundo a qual os 
negócios jurídicos devem ser celebrados nos ditames e limites da boa-fé, de 
maneira proba, em busca de garantir respeito a ambas as partes contratantes, 
bem como o efetivo cumprimento do contrato. 
Todavia, o Requerido agiu de má-fé para com o Requerente, que poderia 
desfrutar do apartamento próprio comprado após muito esforço e trabalho, 
mas não pode fazê-lo em virtude do vício presente no imóvel, ocultado pelo 
alienante. Deverá, portanto, o Requerido restituir o valor já pago, bem como 
arcar com perdas e danos, uma vez que as perdas e danos ocorrem de maneira 
automática, nos casos de má-fé do alienante, conforme já visualizado no art. 
443, do Código Civil. 
 
DA TEMPESTIVIDADE 
 
Consoante o art. 445, caput, CC/02: 
O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no 
prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado 
da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, 
reduzido à metade. 
Em se tratando de bem imóvel, é possível conferir que o Requerente interpela 
a ação dentro do prazo referido no art. 445, caput. 
 
4º Passo: Pedidos 
Nos pedidos, é mister requerer 
a) requerimento de citação do réu para, querendo, comparecer à audiência ou 
contestar a ação no prazo de 15 dias; 
b) a procedência da demanda, com a confirmação da tutela inicialmente 
deferida; 
c) condenação nas custas processuais e nos honorários advocatícios. 
 
4. DOS PEDIDOS 
Por todo o exposto, PEDE e REQUER a Vossa Excelência: 
a) - Que seja citado o réu para comparecer a audiência ou oferecer 
contestação no prazo determinado ou para pagamento do valor do imóvel, bem 
como da indenização pelos danos causados; 
 
b) - Que seja julgada TOTALMENTE PROCEDENTE a presente ação, condenando 
o Requerido ao pagamento das custas processuais, bem como ao pagamento 
dos honorários de sucumbências a ser fixado por esse r. juízo; 
 
c) - Requer ainda o Autor os benefícios da justiça gratuita, nos termos da Lei 
1060/50, por ser pobre em sentido 
jurídico, não podendo arcar com as custas e despesas processuais. 
 
 
5º Passo: Protesto pelas provas 
Como se trata de “ação”, é mister que o autor prove o alegado, para que os 
pedidos formulados na demanda sejam acolhidos. Por exemplo: 
 
Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos, 
em especial... 
 
7º Passo: Valor da causaA toda causa deve ser atribuído um valor (art. 291 e 292, CPC/2015), o qual 
corresponderá, na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o 
cumprimento, a modificação, a resolução, a resilição ou a rescisão de ato 
jurídico, o valor do ato ou o de sua parte controvertida, (292, II, CPC/2015). Por 
exemplo: 
 
Dá-se à causa o valor de R$ ... 
 
8º Passo: Encerramento 
Pede-se o deferimento daquilo que fora postulado, seguindo-se do local, data e 
advogado. Por exemplo: 
 
Termos em que pede deferimento. 
Local, data, 
Advogado 
OAB...

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