Prévia do material em texto
CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR – LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES CURSO DE NUTRIÇÃO INFLUÊNCIA DA MÍDIA NA ALIMENTAÇÃO INFANTIL THAÍS RANGEL BARROS MOREIRA RIO DE JANEIRO 2016 CENTRO UNIVERSITÁRIO IBMR – LAUREATE INTERNATIONAL UNIVERSITIES CURSO DE NUTRIÇÃO INFLUÊNCIA DA MÍDIA NA ALIMENTAÇÃO INFANTIL THAÍS RANGEL BARROS MOREIRA Orientadora: Profª. Omara Machado Araujo de Oliveira RIO DE JANEIRO 2016 Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de nutrição do Centro Universitário IBMR/ Laureate International Universities, como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Nutrição. THAÍS RANGEL BARROS MOREIRA INFLUÊNCIA DA MÍDIA NA ALIMENTAÇÃO INFANTIL Banca examinadora composta para defesa de Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do grau de Bacharel em Nutrição Aprovada em: ______de _____________________________de_________ Presidente e Orientador: ______________________________________________ Membro Avaliador: _________________________________________________ RIO DE JANEIRO 2016 AGRADECIMENTOS Agradeço em primeiro lugar a Deus, por me capacitar e fortalecer no decorrer deste trabalho. Porque dEle, por Ele e para Ele são todas as coisas. Aos meus pais, por acreditarem e investirem em mim, obrigada pelo carinho, cuidado e dedicação. Às minhas amigas da faculdade, agradeço pelo incentivo e apoio constantes. À professora Omara Machado, pela paciência na orientação, suas correções, incentivo e sua ajuda na conclusão deste trabalho. À professora Tereza Miglioli, por suas correções e ajuda durante este trabalho. Aos professores que desempenharam com dedicação as aulas ministradas. E a todos que fizeram parte da minha formação, muito obrigada. “Sonhos determinam o que você quer. Ação determina o que você conquista.” Aldo Novak MOREIRA, Thaís Rangel Barros. Influência da Mídia na Alimentação Infantil. Rio de Janeiro, 2016, 37p. Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Nutrição, Centro Universitário IBMR/Laureate International Universities. RESUMO A publicidade faz parte do cotidiano das pessoas no mundo, e atualmente isso tem influenciado grande parte da população mundial. A mídia tem o poder de prender a atenção das pessoas, seja com propagandas na televisão ou em rádios, especialmente do público infantil. O objetivo deste trabalho é analisar a influência que a mídia exerce no comportamento alimentar de crianças.Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica realizada nas bases de dados específicas da área da saúde,livros, revistas, artigos científicos e periódicos que discutam sobre a publicidade de alimentos e crianças. O estudo evidencia que o principal fator responsável pelas mudanças na alimentação infantil, gerando um efeito negativo na saúde destes indivíduos tem sido o marketing da indústria de alimentos. Conclui-se que, estratégias devem ser tomadas para ajudar na diminuição de comportamentos prejudiciais à saúde como forma de garantia do direito humano à alimentação adequada, dentre elas a regulamentação da publicidade de alimentos entendida como uma ação de proteção, colaborando com o bom desenvolvimento de trabalhos de promoção da saúde e de prevenção de doenças em crianças. Palavras-chave: publicidade de alimentos, marketing, televisão, crianças, alimentação infantil. LISTA DE QUADROS Quadro 1. Métodos de regulamentação do horário e conteúdo da publicidade televisiva dirigida às crianças .................................................................................... 28 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS TV – Televisão PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar RJ – Rio de Janeiro PNS – Pesquisa Nacional de Saúde IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística OPAS – Organização Pan-Americana de Saúde OMS – Organização Mundial da Saúde IFBA – International Food and Beverage Alliance CONAR – Conselho Nacional de Autorregulação Publicitária ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 9 2. OBJETIVOS .......................................................................................................... 11 2.1 Objetivo geral ................................................................................................. 11 2.2 Objetivos Específicos .................................................................................... 11 3. MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 12 4. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 13 4.1 Desenvolvimento do Comportamento Alimentar Infantil ........................... 13 4.2 Inatividade Física e Estilo de Vida ................................................................ 14 4.3 Publicidade Dirigida a Crianças .................................................................... 15 4.4 Influência da Televisão na Escolha Alimentar da Criança ......................... 16 4.5 Hábitos Alimentares e Marketing .................................................................. 19 4.6 Fases do Desenvolvimento do Consumidor Infantil ................................... 21 4.7 A Ilegalidade da Publicidade Voltada ao Público Infantil ........................... 22 4.7.1 Efeitos das políticas sobre o marketing de alimentos para crianças .......... 24 4.7.2 Regulamentação da publicidade de alimentos .......................................... 26 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 30 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 31 9 1. INTRODUÇÃO A alimentação da população brasileira vem se modificando ao longo dos anos, em virtude das transformações no cotidiano de vida e trabalho das pessoas. A urbanização, as mudanças na relação entre o tempo e o espaço, a industrialização crescente, a multiplicidade de atribuições da mulher, que ainda exerce papel central no cuidado com a saúde e a alimentação da família, o marketing e outros fatores contribuem para o aumento do consumo de alimentos industrializados (GARCIA, 1997). As pessoas estão fazendo suas refeições fora do ambiente domiciliar, pela sua praticidade e economia de tempo. A indústria de alimentos tem “solucionado” esses problemas através da oferta de alimentos pré-cozidos, congelados e enlatados (COLLAÇO, 2004). Hábitos alimentares de crianças, apesar de serem diferentes entre os mais diversos países, seguem uma tendência global em relação ao aumento do consumo de alimentos altamente calóricos e de baixo valor nutricional. Diante disto, a globalização do fast food e outrosalimentos processados têm começado a afetar a alimentação infantil de vários lugares (POPKIN, 2006; ADAIR; POPKIN, 2005). O público infantil tem sido o mais vulnerável aos apelos promocionais. As práticas alimentares das crianças são influenciadas, principalmente pela mídia. Com variedade e forma de acesso à mídia, percebe-se um crescimento na promoção de alimentos industrializados nos supermercados, que vêm interferindona dieta e no estado de saúde das crianças (DENNISON, 2004). A mídia, considerada como o “quarto poder”, assume funções de difusora e operadora de sentidos e de reafirmação de valores da sociedade globalizada. Estudos foram feitos destacando o papel essencial das mídias com o desenvolvimento capitalista e sua difusão na consolidação da sociedade de consumo (SERRA; SANTOS, 2003; HENRIQUES et al., 2012). Dentre as mídias veiculadoras de publicidade, a televisão (TV) é a mais significativa, exercendo desde cedo sua influência socializadora. Após os dois anos de idade, muitas crianças permanecem cerca de 3 a 4 horas diante de um aparelho de TV, o que representaria uma exposição de 24 horas semanais aos comerciais (SOUZA, 2000; MOURA, 2010). 10 O grande poder impactante da TV sobre o consumidor está no som, na imagem e no movimento, captando a atenção do espectador com mais facilidade e adesão. Presente em 98% das residências brasileiras e preferida por 88% das crianças que passaram a ocupar o lugar de espectadoras/consumidoras do mercado publicitário (ISHIMOTO; NACIF, 2001; PEREIRA, 2002). As crianças têm sido cada vez mais expostas a esses tipos de alimentação (não saudáveis), seja pela longa jornada de trabalho dos pais ou pelas poucas opções nas cantinas escolares, ou ainda pelos constantes tipos de propagandas de produtos alimentícios que influenciam suas escolhas alimentares (HENRIQUES et al., 2012). A propaganda de alimentos tem sido foco de discussões entre especialistas da área da saúde, pois a televisão pode intervir nas escolhas alimentares da população. Acredita-se que tais propagandas estão contribuindo para um mundo com pessoas mais obesas, onde estão valorizando cada vez mais alimentos muito calóricos e pouco nutritivos, prejudicando a opção por alimentos mais saudáveis (VASCONCELLOS et al., 2009). Foi feita uma análise das propagandas veiculadas por três emissoras de televisão brasileira, que em 2001 obteve 90% de audiência, mostrando que 44% das propagandas voltadas ao público infantil eram de alimentos gordurosos e ricos em açúcar (LANG; MILLSTONE, 2002). É necessária a consolidação da regulamentação do marketing de alimentos pouco nutritivos direcionados às crianças, além disso, estratégias voltadas aos pais para auxiliá-los a diminuírem os efeitos da TV sobre os hábitos alimentares de seus filhos (RODRIGUES; FIATES, 2012). Considerando o aumento de sobrepeso e obesidade infantil, possivelmente motivado pelo marketing de alimentos, o objetivo deste trabalho é analisar a influência que a mídia exerce no comportamento alimentar de crianças. 11 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral Analisar a influência que a mídia exerce no comportamento alimentar de crianças. 2.2 Objetivos Específicos Apresentar dados sobre a relação de consumo e comportamento das crianças diante da mídia. Verificar qual a mídia considerada de maior influência pela população. Analisar os efeitos do marketing de alimentos sobre o comportamento alimentar infantil. Descrever os males causados pela ação de algumas mídias para promover a aquisição de produtos, mesmo sendo considerados não saudáveis. 12 3. MATERIAL E MÉTODOS Trata-se de um estudo baseado em uma revisão bibliográfica, onde foi realizada uma revisão de literatura nas bases de dados específicas da área da saúde, livros, revistas e artigos científicos que discutam sobre a publicidade de alimentos e crianças. As buscas foram realizadas nas seguintes bases de dados: Scientific Eletronic Library Online (SciELO), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LiLacs), com os idiomas em português, inglês e espanhol no período de 1997 a 2015. Foram utilizadas as seguintes palavras-chave: publicidade de alimentos, marketing, televisão, crianças, alimentação infantil. 13 4. REVISÃO DE LITERATURA 4.1 Desenvolvimento do Comportamento Alimentar Infantil Na infância são formados os hábitos alimentares, por isso é importante entender suas causas determinantes visando estabelecer processos educativos efetivos para modificar o padrão alimentar da criança, pois um dos fatores que contribui para o surgimento de doenças crônico-degenerativas nas pessoas é a alimentação (RAMOS; STEIN, 2000). A literatura sobre nutrição infantil mostra que o comportamento alimentar do pré-escolar primeiro é determinado pela família e depois pelas interações psicossociais e culturais da criança, sendo seu padrão alimentar determinado por suas escolhas alimentares. A introdução alimentar adequada no primeiro ano de vida, com uma socialização alimentar correta e também a disponibilidade de variados alimentos saudáveis em um ambiente alimentar agradável favorece as preferências alimentares determinando o padrão adequado de consumo alimentar infantil (RAMOS; STEIN, 2000). Os alimentos favoritos das crianças promovem ou impedem o consumo de dietas adequadas nutricionalmente. As crianças exercem influência considerável sobre as compras da família, desde roupas e acessórios até alimentos, principalmente cereais matinais e guloseimas. A preferência infantil por doces tem influência tanto ambiental quanto genética e a habilidade de detectar, discriminar e aprender associações positivas envolvendo odores e sabor começa no útero, através do contato com o líquido amniótico e com a ingestão de leite materno (FIATES et al., 2006). A responsabilidade pela formação do comportamento alimentar da criança é da família, através da aprendizagem social, sendo os pais, os primeiros educadores nutricionais. As escolhas alimentares podem definir a seleção de alimentos e a qualidade da dieta, portanto um melhor entendimento sobre essas preferências poderia contribuir para o surgimento de estratégias de intervenção visando à promoção de dietas saudáveis. É possível que as crianças aprendam a gostar de alimentos que sejam benéficos a elas, sendo preparadas para isto precocemente (MOURA, 2010). 14 É importante a educação nutricional no contexto escolar, nesta situação o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) merece destaque, presente totalmente nas escolas públicas do país, como um serviço onde poderiam ser incorporadas estratégias de intervenção visando o reconhecimento e consolidação de hábitos alimentares saudáveis. Portanto, é importante haver orientação e treinamento para os locatários das cantinas escolares, objetivando selecionar tipos de preparações mais saudáveis para os alunos, incluindo alimentos com menor teor de gorduras, açúcares e sal (DANELON et al., 2006). 4.2 Inatividade Física e Estilo de Vida A prática da atividade física durante a infância e adolescência é importante devido a possibilidade desta exercer grande influência na fase adulta.A falta de locais públicos adequados e seguros e um aumento dos índices de violência nos grandes centros urbanos são fatores que podem levar uma criança a maior prática de atividade sedentária, como assistir televisão, jogar vídeo game e jogos de computador(MOURA, 2010; SILVA; MALINA, 2000). Dados do Ministério da Saúde revelaram que 60,8% das crianças com menos de dois anos de idade comem biscoitos, bolachas e bolos e que 32,3% tomam refrigerantes e suco artificial. Estas informações da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), feita em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), traz medidas inéditas da população do país, como peso, pressão arterial e circunferência da cintura. Destaca-se a importância do incentivo a prática de exercícios e uma alimentação saudável nas crianças, para que possa ser revertido o quadro de excesso de peso e obesidade na população. São realizadas ações de promoção à saúde com mais de dezoito milhões de alunos do ensino fundamental através do programa Saúde na Escola, cerca de quatro mil municípios, em 2014, que participam desta iniciativa, adotaram medidas nas creches para avaliação antropométrica e promoção de alimentação saudável das crianças de até dois anos (BRASIL, 2015). 15 4.3 Publicidade Dirigida a Crianças Governos e setores da indústria mundial estão tomando iniciativas acerca da publicidade e promoção de alimentos com alto teor de gordura, açúcar e sal. Existem indícios claros e sólidos que estes tipos de publicidade são prejudiciais à saúde das crianças (HASTINGS et al., 2003). As crianças são extensamente expostas ao marketing de alimentos: a publicidade e outras formas de comunicação mercadológica são extremamente utilizadas visando promover o consumo de alimentos por crianças no mundo inteiro. Na Austrália, as crianças de cinco a doze anos de idade estão expostas a 96 comerciais de alimentos por semana, sendo 63 peças publicitárias de alimentos ricos em gordura e açúcar (KELLY et al., 2007). Um estudo feito no México mostrou que as crianças são alvo de uma média de 14,8 comerciais de alimentos por hora na televisão, o que corresponde a 8,3 minutos de tempo por hora, quase 70% do tempo gasto para anunciar todos os produtos para o público infantil (PÉREZ-SALGADO et al., 2010). A publicidade na TV embora seja importante, é apenas uma parte de um mix de comunicações mercadológicas que possui multifaces, voltado para a construção de marcas e relacionamentos com os consumidores, envolvendo canais de mídia e técnicas de marketing; como a internet, celulares, embalagens, marketing nas escolas, apoio de celebridades, personagens e desenhos animados nas marcas, etc. Essas estratégias criativas são utilizadas nas mensagens de comunicações para aumentar a influência das publicidades de alimentos sobre as crianças. Isto desenvolve vínculos emocionais entre o produto alimentício e a criança (HAWKES, 2002). No México, o número de crianças e jovens com sobrepeso e obesidade aumentou significativamente, tornando esta condição um grave problema de saúde pública. No ano de 1999 a prevalência de sobrepeso e obesidade neste país foi de 19,5% na população escolar. Em 2006, 25,9% eram meninos e 26,8% eram meninas, ou seja, um aumento de mais de 30% em apenas sete anos. A obesidade aumenta o risco de doenças, como, diabetes e hipertensão. Dentre os fatores que podem influenciar a ocorrência de sobrepeso e obesidade está a publicidade de alimentos veiculados por qualquer tipo de mídia, fazendo com que a criança peça mais frequentemente produtos que são anunciados, aumentando o consumo de 16 lanches e outros alimentos promovidos, refletindo no aumento da ingestão de energia (PEREZ-SALGADO et al., 2010). A propaganda foi criada para despertar o desejo de consumir. Para alguns adultos já é difícil controlar o desejo de consumir certos produtos nos shoppings, para as crianças é ainda mais, pois elas ainda não estão preparadas para fazerem suas próprias escolhas e seriam mais propensas aos apelos das propagandas, tornando-se frustradas por não terem o que desejam. Os pais costumam ficar preocupados diante dos protestos de seus filhos quando “exigem” ganhar o que viram na propaganda, uns se sentem decepcionados por não poderem atender, outros cedem, alguns possuem dificuldade para lidar com a questão. Nesta condição de sentimentos contraditórios que a publicidade surge como vilã na alimentação de muitas crianças (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE AGÊNCIAS DE PUBLICIDADE, 2012). O controle do marketing e da propaganda de alimentos não-saudáveis, principalmente dirigidas ao público infantil, está entre uma das medidas de proteção para se alcançar uma alimentação saudável. Olivares, Yáñes e Díaz (2003) avaliaram a atitude de crianças de três escolas públicas no Chile, em relação à publicidade de alimentos, onde foi verificado que as mensagens publicitárias preferidas pelos escolares foram de produtos doces e salgados, como chocolate e batata frita e outros alimentos ricos em gordura, açúcar e sal (38,5%). Este estudo pode fundamentar a discussão sobre a fragilidade da população infantil expostas a peças publicitárias, defendida pelo Conselho Nacional de Autorregulação Publicitária (CONAR), quando diz que crianças e adolescentes possuem personalidade ainda em formação, certamente inaptas para responder de forma madura aos apelos de consumo (CONSELHO NACIONAL DE AUTORREGULAÇÃO PUBLICITÁRIA, 2006; LANG et al., 2009). 4.4 Influência da Televisão na Escolha Alimentar da Criança A persuasão dos comerciais veiculados pela televisão pode ser comprovada pelos altos investimentos publicitários, tendo como objetivo principal causar impacto nos horários de grande audiência para sua população alvo. Os comerciais reúnem 17 imagens, sons, movimentos e cores para chamar a atenção dos consumidores, influenciando suas escolhas alimentares (SANTOS et al., 2012). O aumento da obesidade infantil pode ter relação com a influência que a mídia exerce no comportamento das crianças, especialmente quando se trata da televisão. Estudos têm mostrado associação entre o hábito de assistir TV e o sobrepeso, pois muitas crianças gastam horas em frente a televisão e não praticam atividade física, além de escolherem os produtos que são anunciados nas propagandas, levando a um consumo maior de energia na dieta (FIATES et al., 2006). A Organização Pan-Americana de Saúde - OPAS (2003) confirma que o desequilíbrio alimentar (dietas hipercalóricas) associado ao sedentarismo ou a atividade física reduzida são fatores desencadeantes do excesso de peso. As crianças dedicam mais de duas horas por dia assistindo TV, comportamento este que demanda baixo gasto energético, podendo levar ao sedentarismo na infância. As imagens transmitidas pela televisão são capazes de influenciar as escolhas alimentares do público infantil, já que grande parte da publicidade alimentícia veicula alimentos de alto teor calórico, sabendo que os produtos alimentícios perfazem 27% dos comerciais (PIMENTA; PALMA, 2001; ALMEIDA et al., 2002). Foi feito um estudo, onde utilizaram gravações e transcrições de 23 grupos focais pré-realizadas em uma escola particular (2006) e uma escola pública estadual (2008) de Florianópolis/ SC, com crianças de 7 a 10 anos. A seleção de uma escola particular e de uma pública se deu para diferenciar os níveis de renda familiar das crianças, onde verificou-se que na escola particular pertenciam famílias de maior renda e na escola pública as de menor renda (RODRIGUES; FIATES, 2012). Foi escolhida esta faixa etária dos participantes do estudo porque neste período ocorrem diversas etapas do comportamento consumidor, além disto, nesta fase a criança já realizou de forma independente o ato da compra, sem a interferência dos pais (JOHN, 1999; MCNEAL, 2000). Nas duas escolas foram utilizados guiasde discussão para conduzir os grupos focais aos temas comuns. Neste trabalho foram analisados os dados referentes a ingestão de frutas, legumes, verduras e guloseimas, à aquisição de alimentos e ao hábito de assistir televisão (RODRIGUES; FIATES, 2012). 18 Com base na definição do Guia Alimentar para a População Brasileira, as frutas, legumes e verduras foram classificados como alimentos saudáveis, e as guloseimas foram considerados alimentos que, de acordo com a Lei Estadual nº 12.061 de 2001, estão vetados de comercialização nas cantinas escolares de Santa Catarina. São estes alimentos: Balas, pirulitos, gomas de mascar; refrigerantes e sucos artificiais; salgadinhos industrializados; salgados fritos e pipocas industrializadas (BRASIL, 2005; LEI Nº 12.061, 2001). As crianças disseram gostar das frutas e consumi-las habitualmente, independente do nível de renda, citando suas favoritas, as que mais consomem e formas de consumo. Em relação aos legumes e verduras, muitas crianças da escola pública referiram que gostavam desses alimentos e que os consumia usualmente. Poucos grupos da escola particular apareceram falas onde as crianças declararam gostar desses alimentos e consumi-los. Quanto ao costume de consumir guloseimas, a maioria das crianças citou gostar de doces, salgadinhos, refrigerantes e biscoitos. Grande parte das crianças da escola particular disse que só consumiam estes alimentos aos finais de semana, e a maioria dos alunos da escola pública disseram consumir estes alimentos diariamente (RODRIGUES; FIATES, 2012). Quando o assunto foi o hábito de assistir a TV, as crianças ficaram bem interessadas, fazendo comentários entusiasmados, afirmando gostar muito desta atividade, que é diária. Muitos disseram assistir sempre que possível, nos intervalos de suas atividades ou à noite por longos períodos. Entre as crianças da escola particular, algumas disseram que seus pais as proibiam de assistir a TV quando queriam deixá-las de castigo por terem feito algo de errado, já os alunos da escola pública disseram que o único problema era quando cada membro da família queria assistir uma programação diferente. Em relação a comer em frente a televisão, o único problema para os pais era a sujeira que poderiam fazer enquanto comiam. De um modo geral as crianças demonstraram ter vontade de comprar os produtos anunciados na TV (RODRIGUES; FIATES, 2012). A televisão é um entretenimento comum, podendo levar pessoas ao sedentarismo e influenciar no comportamento alimentar das mesmas. Considerando este fato, um estudo mostrou que 22% do total de 432 horas de programação em dias de semana eram dedicadas à categoria dos alimentos. Observou-se que dos produtos alimentícios transmitidos pela mídia, 57,8% eram do grupo de gorduras, 19 óleos e doces, 21,2% dos pães, cereais e massas, 11,7% eram laticínios e 9,3% pertenciam ao grupo das leguminosas, ovos e carnes (ALMEIDA et al., 2002). Foi realizado um estudo em Ponta Grossa/PR, onde a prevalência de sobrepeso (11,5%) e obesidade (5,8%) é expressiva, 24,5% de uma amostra da população (n=548) de escolares da rede pública, de crianças entre 6 a 11 anos, dedicam de 2 a 3 horas diárias semanais a assistir TV. Tal comportamento apresenta-se preocupante, também entre crianças com desvios nutricionais observado sob a forma de obesidade. 71,9% das crianças obesas, durante a semana destinam mais de 3 horas do seu dia assistindo TV, comportamento este que pode levar a obesidade, devido ao gasto energético ser menor que o consumo alimentar (BORGES et al., 2007). Atividades que demandam grande gasto energético foram trocadas pela televisão, hábito este que pode levar as crianças ao sedentarismo e como consequência ao sobrepeso. A influência do ambiente familiar (pais sedentários) também afasta as crianças de praticarem atividade física, que pode se tornar uma situação grave, pois esses hábitos podem permanecer até a idade adulta (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE, 2003; PIMENTA; PALMA, 2001). Considerando o número de horas diárias que as crianças passam vendo TV e os produtos alimentícios que são anunciados pela mídia, suspeita-se que há uma relação direta entre a TV e as escolhas alimentares das crianças (BORGES et al., 2007). 4.5 Hábitos Alimentares e Marketing O comportamento consumista de crianças é um processo onde a criança “adquire capacidade, conhecimento e atitudes necessárias para se tornar consumidora: ser capaz de sentir vontades e preferências, procurar satisfazê-las, fazer uma escolha e uma compra e avaliar o produto e suas alternativas”. A liberalização das relações entre pais e filhos na sociedade tem aumentado, o que torna a opinião das crianças mais sérias, possibilitando uma participação das mesmas no processo de tomada de decisão (FIATES et al., 2006). Nos últimos anos, houve o desenvolvimento de um amplo prenúncio de estratégias direcionadas ao consumidor infantil. Essas estratégias consideram que 20 as crianças da sociedade possuem quantidade considerável de dinheiro para buscar seus próprios interesses, qualificando-as como um grupo importante do mercado primário. Elas também constituem um mercado futuro, pois desenvolvem fidelidade a marcas numa idade precoce e essas relações favoráveis a certas marcas parecem perdurar até a idade adulta. Portanto entende-se que crianças são influenciadores importantes, opinando sobre as compras diárias da família (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2004). As preferências alimentares parecem divergir das recomendações nutricionais, o que tem agravado o aumento da incidência de sobrepeso e obesidade no mundo. Um estudo feito em 1999 com mais de 3000 crianças e adolescentes americanos mostrou que apenas 1% delas estava com a ingestão de acordo com as normas dietéticas. As predisposições genéticas das pessoas se desenvolveram ao longo dos anos quando os alimentos de alta densidade energética eram escassos, um ambiente muito diferente do atual. A prevalência de sobrepeso está se tornando cada vez maior, mostrando que as predisposições que eram adaptativas em um ambiente onde o alimento era escasso não são adaptativas no meio atual, onde alimentos baratos, ricos em açúcar, gordura e sal estão totalmente disponíveis. Apesar de haverem múltiplas causas do aumento de peso entre crianças e adolescentes, parece haver uma relação entre adiposidade das crianças e suas escolhas alimentares (BIRCH, 2001). Foi realizado um estudo que confirmou o papel importante das preferências alimentares precoce das crianças, as mães podem influenciar seus filhos por meio de suas próprias preferências, o que pode limitar os alimentos oferecidos às crianças (SKINNER, 2002). Outro estudo verificou existir uma correlação positiva entre a ingestão de verduras e frutas citada pelos pais e o consumo destes alimentos por seus filhos. Os pais que consumiam menos vegetais e frutas pressionavam mais seus filhos, entretanto, estes consumiam quantidades significativamente menores de frutas e vegetais. De acordo com o estudo, as estratégias de alimentação infantil que restringem o acesso das crianças a lanches pouco nutritivos acabam tornando estes alimentos ainda mais atrativos (FISHER, 2002). Atualmente, existe uma falta de consenso sobre como o marketing influencia a dieta e saúde das crianças. Algumas pesquisas mostram que o marketing intenso de fast foods e alimentos de alta densidade energética e pobre em micronutrientes 21 seja uma causa provável de ganho de peso e obesidade. Outros estudos mostram que a publicidade tem efeito sobre as escolhas alimentares, podendo influenciar noshábitos alimentares (HAWKES, 2002). 4.6 Fases do Desenvolvimento do Consumidor Infantil O termo “socialização do consumidor” pode ser definido como um processo onde pessoas jovens adquirem habilidades, conhecimentos e atitudes importantes ao seu funcionamento como consumidores no mercado. Tal definição gerou um campo de estudo emergente sobre o papel da criança como consumidora (FIATES et al., 2006). Com o passar dos anos surgiram novas pesquisas sobre o tema, mostrando o crescimento do papel da criança como consumidora, englobando seu conhecimento de produtos, marcas, propagandas, compras, abordagens de negociação e influência sobre os pais (JOHN, 1999). Ocorreram muitas mudanças no contexto ambiental das crianças, que certamente modificaram o comportamento consumidor infantil. A comunicação entre os membros da família está diferente, aumentaram as pressões comerciais sobre as crianças, devido a tantas mensagens de propagandas destinadas a segmentos específicos do público infantil, o que torna a criança menos dependente de seus pais no aprendizado de valores consumidores (VALKENBURG, 2000; VALKENBURG; CANTOR, 2001). Entre os 3 e 8 anos de vida as crianças não tem qualquer visão sobre as coisas que não seja a delas. Elas estão em um estágio de desenvolvimento de socialização como consumidor somente para aquilo que é imediato e observável. A fase que vai dos 7 aos 11 anos é considerada como analítica, onde se desenvolvem os pensamentos, é uma fase mais reflexiva, permitindo uma compreensão mais ampla do mercado. A partir dos 8 anos que as crianças entendem que os outros podem ter opiniões diferentes das suas, sendo assim, as propagandas direcionadas às crianças menores de 8 anos teria um efeito mais prejudicial do que àquelas maiores de 8 anos. Por volta do oitavo aniversário, as crianças compreendem a intenção persuasiva do comercial e também reconhecem a existência de interesse e decepção nos comerciais; passam a não acreditar que os comerciais “sempre dizem 22 a verdade”. Com o passar dos anos, o pré-escolar que pensava que os comerciais eram informativos e divertidos se transforma em um adolescente desacreditado que sabe que a propaganda existe para persuadir e acredita que eles sejam pouco verdadeiros no geral. Tal reação é vista como uma defesa mental contra a propaganda (JOHN, 1999). Segundo McNEAL (2000) o desenvolvimento do comportamento consumidor na infância é dividido em 5 estágios: Observação (2 meses) Normalmente é por volta desta idade que a criança visita pela primeira vez um estabelecimento comercial. Pedido (2 anos) A criança pede o produto por meio de gestos e palavras. Seleção (3 anos e meio) Pega sozinho os produtos das prateleiras. Compra assistida (5 anos e meio) Faz a primeira compra do produto desejado com supervisão dos pais. Compra independente (8 anos) Independente da presença dos pais, realiza o ato da compra por sua conta. Para melhor orientar as crianças na tomada de decisões conscientes como consumidoras, seria importante um maior número de pesquisas considerando os agentes ambientais, como: exposição à mídia, influência de pais e colegas, padrões de comunicação familiar, atitude dos pais em relação ao consumismo. E também os fatores ligados à criança, como: gênero, estágio de desenvolvimento, interesses e gostos que motivam a exposição; que juntos interagem para desenvolver o comportamento consumidor da criança (VALKENBURG, 2000; VALKENBURG; CANTOR, 2001). 4.7 A Ilegalidade da Publicidade Voltada ao Público Infantil A maioria das crianças não consegue entender que o principal objetivo da publicidade, atrás de todos os recursos gráficos, falas sedutoras, personagens animados, ídolos famosos, dentre outros, é a persuasão para o consumo do produto ou serviço anunciado (HENRIQUES, 2010). Crianças até 8 anos de idade não conseguem diferenciar a publicidade do conteúdo de programação televisiva ou de outro entretenimento, como sites de jogos 23 na internet ou histórias em quadrinho. E após conseguirem fazer tal diferenciação, até os 12 anos não compreendem o caráter sedutor da publicidade e a complexidade das relações de consumo (BJURSTROM, 2000). As crianças não possuem ferramentas cognitivas necessárias para compreensão das mensagens comerciais porque não as diferenciam do conteúdo de entretenimento nem entendem seu caráter persuasivo. São induzidas mais facilmente e não escolhem livremente quando são influenciadas pelo marketing, baseando-se não em seus desejos ou instintos, porém, somente nos dados recebidos nos anúncios (POSTMAN, 1999). A publicidade tem maior chance de induzir crianças de até 12 anos ao erro, pois elas não possuem todas as ferramentas necessárias para compreender o real, elas não têm a mesma capacidade que um adulto tem de resistência mental e de compreensão da realidade e não estão em circunstâncias de enfrentar com igualdade de força a pressão exercida pelo marketing em relação ao consumo (TAILLE, 2001). No ordenamento jurídico brasileiro, as crianças são titulares de proteção especial denominada integral, por se encontrarem em peculiar processo de desenvolvimento. Esta fase de desenvolvimento biopsicológico, que é quando sua capacidade de posicionamento crítico frente ao mundo não está completamente desenvolvida, nas relações de consumo, onde se envolverem serão consideradas, para fins legais, como hipervulneráveis garantindo uma série de direitos e proteções (TAVARES, 2001). Os órgãos governamentais através de legislações criadas esperam proporcionar a criança e ao adolescente um desenvolvimento saudável e feliz, sem violência e opressões, por meio da garantia da proteção integral e da primazia do melhor interesse da criança. A exposição de crianças à mídia deve favorecer o seu pleno desenvolvimento físico, mental e emocional e não prejudicá-lo. O Código de Defesa do Consumidor, lei federal, em relação ao público infantil, determina que a publicidade não deve se aproveitar da incapacidade de julgamento e experiência da criança, sob pena de ser considerada abusiva, e portanto, ilegal. E também impõe que “a publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente a identifique como tal”, sob pena de também ser considerada ilegal (HENRIQUES, 2010). 24 A publicidade dirigida ao público infantil no Brasil não atende o princípio da fácil e imediata identificação publicitária. Uma criança entre 8 e 12 anos não tem condições de fazer uma análise crítica da mensagem comercial, logo a publicidade voltada a este público viola o dispositivo que proíbe o aproveitamento da deficiência de julgamento e experiência da criança (NUNES JUNIOR, 2008). Crianças não possuem a plenitude de instrumentos psicológicos para lidar com igualdade às pressões de sedução que são exercidas pela publicidade, logo, essa prática se utiliza da vulnerabilidade infantil diante dos apelos publicitários, se tornando abusiva nos termos da lei, e, portanto, ilegal. Investir tão pesadamente neste tipo de ações é desonesto e configura prática abusiva, ilegal e antiética. Em qualquer conflito onde a criança esteja envolvida é importante observar prioritariamente seus interesses, como estabelece a Constituição Federal, o Estatuto da Criança e do Adolescente e a Convenção das Nações Unidas Sobre os Direitos da Criança (HENRIQUES, 2010). 4.7.1 Efeitos das políticas sobre o marketing de alimentos para crianças O efeito da publicidade televisiva independe de outros fatores que são conhecidos por influenciar os hábitos alimentares das crianças, como por exemplo,a influência dos pais, sabendo que a publicidade induz à compra de marcas e categorias. Os resultados de estudos sobre a publicidade na televisão tendem a subestimar o efeito geral das comunicações de marketing para o público infantil, entendendo que estas comunicações avançam muito além dos limites da TV (MULLIGAN et al., 2013). Em 2010, a OMS (2010) emitiu um Conjunto de Recomendações sobre Marketing de Alimentos e Bebidas Não Alcoólicas para Crianças. Tais recomendações convocam países a tomar ações em relação a publicidade de alimentos para crianças, como uma maneira de enfrentar os índices crescentes de obesidade e doenças crônicas não transmissíveis associados a dieta, principalmente nas nações em desenvolvimento. Em específico, declaram que os governos devem estabelecer políticas objetivando reduzir o impacto do marketing de alimentos na saúde das crianças. Segundo as Recomendações, os governos deveriam diminuir 25 as formas de marketing infantil, e embora o setor privado possa se envolver na implementação das restrições, cabe ao governo liderar a ação. Os governos estão investindo em mais ações para redução da exposição das crianças à publicidade.Uma revisão das políticas de 59 países mostrou que 26 haviam feito menções explícitas à propaganda de alimentos para crianças em documentos estratégicos e 20 contam com políticas específicas ou estão desenvolvendo-as na forma de dispositivos legais, diretrizes oficiais ou modelos aprovados de autorregulamentação (HAWKES; LOBSTEIN, 2010). Alguns países exigem advertências ou colocação de mensagens na publicidade. Informações nutricionais devem ser apresentadas em toda publicidade de alimentos destinados a adultos e crianças desde 2007, na França. Advertências nos comerciais de doces e fast food são exigidas na Irlanda. O último país a exigir advertências foi o Brasil através da publicação do regulamento da ANVISA (MULLIGAN et al., 2013). Como resultado da pressão da OMS e dos governos, o setor privado tomou medidas para modificar o marketing de alimentos para crianças, fabricantes de alimentos assinaram diretrizes se comprometendo a não anunciar alimentos para crianças com menos de 12 anos nos mais importantes canais de mídia. Essas diretrizes de compromisso se originaram na América do Norte e na Europa, mas foram disseminadas em outros países, como no Brasil, Estados do Golfo, México, Índia, Filipinas e Tailândia. A IFBA – International Food and Beverage Alliance (Aliança Internacional de Alimentos e Bebidas) é composta por empresas-membros que se comprometeram a não anunciar alimentos que não atendam a critérios nutricionais especificados para crianças menores de 12 anos de idade (MULLIGAN et al., 2013). De acordo com Buijzen e Valkenburg (2003) e o Conselho Nacional de Auto- regulamentação Publicitária (2005) alguns países da Europa, como na Suécia a regulamentação da propaganda infantil retirou totalmente propagandas dirigidas ao público menor de 12 anos de idade. Na Grécia, comerciais de brinquedos são permitidos somente após as 10 horas da noite, na Bélgica é proibido passar comerciais durante os programas infantis e também 5 minutos antes e depois dos mesmos. No Brasil, o CONAR (Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária) é responsável pela regulamentação da propaganda de alimentos, nos 26 seguintes termos descritos a seguir: “Além de atender os preceitos gerais deste Código, os anúncios de produtos alimentícios devem: Restringir-se às normas de seu licenciamento pelas autoridades competentes; Não associar o produto alimentício a produtos fármaco-medicinais ou dietéticos; Deixar bem claro, na embalagem, a qualidade, natureza e tipo de alimento e o emprego de aditivos ou preservativos artificiais, quando for o caso; Deixar expressos, quando possível, o valor nutricional e calórico do produto anunciado; Indicar claramente, na embalagem, se trata de produto natural ou artificial. Entre as estratégias para regulamentar a publicidade e proteger o consumidor, o Brasil possui a autorregulação publicitária representada pelo Conselho Nacional de Autorrregulação Publicitária, o CONAR que dispões sobre diretrizes éticas a serem adotadas pelos anunciantes. É uma organização formada por empresas anunciantes, por grandes agências publicitárias e por veículos de comunicação como emissoras de rádio, televisão e jornais. O CONAR constitui-se em uma “organização não governamental que visa promover a liberdade de expressão publicitária e defender as prerrogativas constitucionais da propaganda comercial” (LANG et al., 2009; CONSELHO NACIONAL DE AUTORREGULAÇÃO PUBLICITÁRIA, 2006). 4.7.2 Regulamentação da publicidade de alimentos Hawkes (2006) fez um revisão das regulamentações mundiais sobre publicidade e propaganda de alimentos, especialmente os dirigidos ao público infantil. 72 países foram analisados, e destes, 85% (62 países) possuem regulamentações sobre publicidade televisiva referindo-se em especial às crianças. As regulamentações afirmam que os comerciais não devem: “explorar a credulidade das crianças, ser prejudicial à saúde física, mental e moral das crianças; fazer as crianças se sentirem inferiores a outras que possuem o produto; e induzir as 27 crianças a pressionarem indevidamente seus pais ou outras pessoas a comprarem um produto. O Brasil possui duas leis federais, em relação às regulamentações estatais, que podem ser utilizadas para proteger a população infanto-juvenil contra o marketing agressivo de alimentos e bebidas que são prejudiciais à saúde: Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o Código de Defesa do Consumidor (CDC). O Estatuto da Criança e do adolescente mostra em seu 7º artigo que “a criança e o adolescente têm direito à proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência” (BRASIL, 1990a). Sobre a publicidade, o Código de Defesa do Consumidor na seção III diz que: “é proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.” O mesmo conceitua a publicidade enganosa como: “qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário inteira ou parcialmente falso ou por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços” (BRASIL, 1990b). A publicidade no Brasil possui regras rígidas, principalmente quando se trata de anunciar para o público infantil. De acordo com a Associação Brasileira de Agências de Publicidade (2012) as regras mais importantes que devem ser observadas na propaganda destinada às crianças são: Não pode ser apresentada em formato jornalístico. É proibido o uso do imperativo, como “compre” ou “peça para seus pais”. É proibido apresentar produtos que substituem as refeições. Não pode menosprezar a alimentação saudável. É proibido associar crianças e adolescentes a situações ilegais, perigosas ou socialmente condenáveis. Não podem desmerecer o papel dos pais e educadores como orientadores para se ter hábitos alimentares saudáveis. Não pode encorajar o consumo excessivo de alimentos e bebidas. 28 Não pode fazer merchandising em programas dirigidos a crianças ou utilizando personagens do universo infantil para atrair a atenção desse público. Não pode difundir o medo nas crianças, expô-la a situações perigosas ou simular constrangimento por não poder consumir o produto ou serviço anunciado. Não pode conter conteúdos que desvalorizem a família, escola, vida saudável, proteção ambiental, ou que contenha algum tipo de preconceito racial, religioso ou social. A publicidade televisiva é a mais extensamente regulamentada de uma série de técnicas usadas para divulgar produtos alimentícios às crianças. Regulamentações estatutárias e auto-regulamentações industriais encontram-se em escala nacional, regional e internacional (HAWKES, 2006). No quadro 1 estão listados os métodos de restrição do horário e conteúdo da publicidade televisiva direcionada a crianças encontradas nas regulamentações estatutárias de alguns países pesquisados. Quadro 1. Métodos de regulamentação do horário e conteúdo da publicidade televisiva dirigida às crianças (continua) Tipo de restrição Forma de restrição Horário Proibir a interrupção de programas infantis de televisão com publicidade. Limitar a quantidade de tempo durante a programação infantil que pode ser dedicada à publicidade. Proibir publicidade por um período antes e depois dos programas infantis de televisão. Proibir toda a publicidade dirigida a crianças na televisão. 29 Tipo de restrição Forma de restrição Conteúdo Proibir publicidade para crianças que contenha oferta direta. Proibir o uso de crianças na publicidade. Proibir o uso de figuras, desenhos e personalidades que aparecem nos programas infantis na publicidade para crianças; Proibir a publicidade para crianças de determinadas categorias de produtos Fonte: HAWKES, 2006 Estratégias devem ser tomadas visando ajudar na diminuição de padrões de comportamentos nocivos à saúde como forma de garantia do direito humano à alimentação adequada. Dentre essas estratégias está o desenvolvimento de ações que inibem ou controlem as propagandas direcionadas ao público infantil de informações confusas sobre alimentos, dificultando a escolha por opções mais saudáveis. A regulamentação da publicidade de alimentos destinados para a população infanto-juvenil deve contribuir com um bom desenvolvimento de trabalhos de promoção da saúde e de prevenção de doenças em crianças e adolescentes, consequentemente em adultos (LANG et al., 2009). O Brasil é um dos países que está numa posição intermediária, com um código de autorregulamentação muito específico sobre publicidade, destacando as regras da propaganda voltada ao público infantil e contando com leis, como o Código de Defesa do Consumidor, que trata do tema de uma forma mais ampla. Atualmente, o Brasil segue uma tendência mundial, examinando vários projetos que estabelecem novos tipos de restrições para a publicidade de alimentos e bebidas destinada as crianças (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE AGÊNCIAS DE PUBLICIDADE, 2012). Em 2013 foi proibido o merchandising de qualquer produto ou serviço na programação infantil, uma decisão que teve um impacto muito grande. Desde 2006, as propagandas não podem encorajar o consumo excessivo de alimentos e bebidas, ou menosprezar a alimentação saudável. São essas as decisões do CONAR que ajudaram a mudar a propaganda direcionada as crianças (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE AGÊNCIAS DE PUBLICIDADE, 2012). 30 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A mídia consegue chamar a atenção das pessoas, através de propagandas na televisão ou em rádios, especialmente quando se trata do público infantil. O estudo mostrou como é grande a influência que o marketing exerce no comportamento alimentar de crianças, implicando no ganho de peso e obesidade, através de anúncios de alimentos ricos em açúcares, gordura e sal associados à inatividade física, pois a criança fica horas do dia em frente a uma televisão. Os comerciais que passam na mídia televisiva possuem uma influência mais duradoura, porque utilizam mensagens persuasivas, atraentes e marcantes. Portanto a publicidade de alimentos destinada ao público infantil gera um efeito negativo na saúde destes indivíduos. Uma estratégia muito interessante visando combater a influência negativa que o marketing exerce no comportamento alimentar de crianças é a Educação Nutricional. Também é preciso uma regulamentação das propagandas de alimentos direcionada às crianças, com o intuito de combater os maus hábitos alimentares e a inatividade física. As intervenções governamentais que visam proteger a criança de riscos devem ser entendidas como instrumentos para a garantia do direito a uma alimentação adequada e saudável. 31 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADAIR L.S., POPKIN B.M. Are child eating patterns being transformed globally?Jul, 2005. Disponível em: <http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1038/oby.2005.153/abstract;jsessionid=B10185 C0993975AD417CCDF006C38773.f02t01>. Acesso em: 12 de outubro de 2016. ALMEIDA, S.S.; NASCIMENTO, P.C.B.D.; QUAIOTI, T.C.B. Quantidade e qualidade de produtos alimentícios anunciados na televisão brasileira. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 36, n.3, p. 353-355, 2002. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE AGÊNCIAS DE PUBLICIDADE. As leis, a publicidade e as crianças. Janeiro, 2012. Disponível em <http://www.abap.com.br/pdfs/03-leis.pdf>. Acesso em: 18 de outubro de 2016. BRASIL. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990ª. Institui o Estatuto da criança e do adolescente. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/L8069.htm>. Acesso em: 10 de novembro de 2016. ______. Lei. n. 8078, de 11 de setembro de 1990b. Institui o Código de Defesa do Consumidor. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm>. Acesso em: 10 de novembro de 2016. ______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Guia alimentar para a população brasileira: promovendo a alimentação saudável.Out, 2005. Disponível em: <http://www.sonutricao.com.br/downloads/Guia_Alimentar_Populacao_Brasileira.pdf >. Acesso em: 02 de outubro de 2016. ______.______. Pesquisa Nacional de Saúde, mais de 30% das crianças consomem refrigerantes antes dos dois anos. Agosto, 2015. Disponível em <http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/principal/agencia-saude/19289- mais-de-30-das-criancas-consomem-refrigerante-antes-dos-2-anos>. Acesso em: 21 de outubro de 2016. 32 BORGES, C.R.; KOHLER, M.L.K.; LEITE, M.L.; SILVA, A.B.F.; CAMARGO, A.T.; KANUNFRE, C.C.Influência da televisão na prevalência de obesidade infantil em Ponta Grossa, Paraná. CiencCuidSaude, Paraná, v.6, n.3, p. 305-311, 2007. BIRCH, L.L. et al. Confirmatory factor analysis of the child feeding questionnaire: a measure of parental attitudes, beliefs and practices about child feeding and obesity proneness. Appetite Journal, 2001,v.36, p. 9. BJURSTROM, E. Children and television advertising: a critical study of international research concerning the effects of TV-commercials on children. 2000. Disponível em: <http://www.alana.org.br/banco_arquivos/arquivos/docs/biblioteca/pesquisas/children _tv_ads_bjurstrom.pdf>.Acessoem: 2 de setembro de 2016. BUIJZEN, M.; VALKENBURG, P.M. The effects of television advertising on materialism, parent-childconflict and unhappiness: a review of research. Appl. Dev. Psych., v.24, p.437-456, 2003. CONAR. Provimento n. 01/2006. Dispõe sobre a vigência de novas normas de auto- regulamentação– seção 11 – crianças e adolescentes e anexo H. Novas Normas Éticas para a Publicidade de Produtos Destinados a crianças e adolescentes e anúncios de alimentos e refrigerantes. São Paulo: Conselho Nacional de Auto- Regulação Publicitária, 2006. COLLAÇO, J.H.L. Restaurantes de comida rápida, os fast-foods em praças dealimentação de shopping centers: transformações no comer. Jun. 2004. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/viewFile/2216/1355>. Acesso em: 20 de setembro de 2016. DANELON, M.A.S.; DANELON, M.S.; SILVA, M.V. Serviços de alimentação destinados ao público escolar: Análise da convivência do Programa de Alimentação Escolar e das cantinas. Segurança Alimentar e Nutricional, São Paulo, v. 13, n. 1, p. 85-94, 2006. 33 DENNISON, B.A. An intervention to reduce television viewing by preschool children.Arch. Pediatr. Adolesc. Med., USA, v.58, p. 170-176, 2004. FIATES, G.M.R.; AMBONI, R.D.M.C.; TEIXEIRA, E. Marketing, hábitos alimentares e estado nutricional:aspectos polêmicos quando o tema é o consumidor infantil. Alim. Nutr., Araraquara, v.17, n.1, p.105-112, 2006. FISHER, J. O. et al. Parental influences on young girls fruit and vegetable, micronutrient, and fat intakes. J. Am. Diet. Assoc., v. 102, p.58-64, 2002. GARCIA R.W.D. Práticas e comportamento alimentar no meio urbano: um estudo no centro da cidade de São Paulo. Caderno Saude Publica, São Paulo, v.13, n. 3, p. 455-467, 1997. HENRIQUES, P.; SALLY, E.O.; BURLANDY, L.; BEILER, R.M. Regulamentação da propaganda de alimentos infantis como estratégia para a promoção da saúde. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 17, n. 2, p. 481-490, 2012. HENRIQUES, I.V.M. Controle social e regulação da publicidade infantil. R. Eletr. de Com. Inf. Inov. Saúde, Rio de Janeiro, v.4, n.4, p. 72-84, 2010. HASTINGS, G.; STEAD, M.; MCDERMOTT, L.; FORSYTH, A.; MACKINTOCH, A.M.; RAYNER, M.; GODFREY, C.; CARAHER, M.; ANGUS, K. Review of Research on the Effects of Food Promotion to Children. Sep, 2003. Disponível em: <http://tna.europarchive.org/20110116113217/http:/www.food.gov.uk/multimedia/pdfs /foodpromotiontochildren1.pdf>.Acessoem: 17 de setembro de 2016. HAWKES, C. Marketing activities of global soft drink and fast-food companies in emerging markets: a review. In: Globalization, diets, and noncommunicable diseases. Genebra: Organização Mundial da Saúde, 2002. ______. Marketing de alimentos para crianças: o cenário global das regulamentações. Organização Mundial da Saúde. Brasília: Organização Pan- Americana da Saúde; Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2006. 34 ______. Marketing food to children: the global regulatory environment. Geneva: World Health Organization, 2002. 72p. HAWKES, C.; LOBSTEIN, T. Regulating the commercial promotion of food to children: a survey of actions worldwide. International Journal of Pediatric Obesity, Apr. 2011. v.6, n.2, p.11. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa de orçamentos familiares 2002-2003: Primeiros resultados: Brasil e regiões, Rio de Janeiro, 2004. Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv4472.pdfAcesso em: 28 de outubro de 2016. ISHIMOTO E.Y.; NACIF, M.A.L. Propaganda e marketing na informação nutricional. Brasil alimentos. Dez, 2001. Disponível em: http://www.signuseditora.com.br/BA/pdf/11/11%20-%20%CDndice.pdf. Acesso em: 15 de outubro de 2016. JOHN, D.R. Consumer socialization of children: a retrospective look at twenty- five years of research. J Cons Res. 1999. v. 26 n.3 p.42. KELLY, B. et al. Televison food advertising to children: the extent and nature of exposure. Public Health Nutrition, USA, v. 10 n.11 p. 1234-1240, 2007. LANG, R.M.F.; NASCIMENTO, A.N.; TADDEI, J.A.A.C. Nutritional transition and child and adolescent population: protective measures against the marketing of harmful food and beverages. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr.= J. Brazilian Soc. Food Nutr., São Paulo, SP, v. 34, n. 3, p. 217-229, 2009. LANG,T.; MILLSTONE, E. The atlas of food. 2ª ed, California: University of California Press, 2002. 128p. McNEAL, J.U. Children as consumers of commercial and social products. Washington, DC: Pan American Health Organization, 2000. 104 p. 35 MOURA, N.C. influência da mídia no comportamento alimentar de crianças e adolescentes. 2010. 10p. Dissertação de Doutorado - Programa de Pós-Graduação em Energia Nuclear na Agricultura do Centro de Energia Nuclear na Agricultura, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. MULLIGAN, A. et al. Publicidade de alimentos e crianças, 1ª Ed, São Paulo: Saraiva, 2013. 159p. NUNES JUNIOR, V.S. A publicidade comercial dirigida ao público infantil. Constituição federal: avanços, contribuições e modificações no processo democrático brasileiro. São Paulo: RT; CEU, 2008. p.842-846. OLIVARES, S; YANEZ, R; DIAZ, N.Publicidad de alimentos y conductas alimentarias en escolares de 5º a 8º básico. Rev. chil. nutr., Santiago , v. 30, n. 1, p.36- 42, abr, 2003. Disponível em:<http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0717- 75182003000100005&lng=es&nrm=iso>. Acesso em 18 de novembro de 2016. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Conjunto de recomendações sobre marketing de alimentos e bebidas não alcoólicas para crianças, 2010. Genebra: 2010. Disponível em: http://www.who.int/dietphysicalactivity/publications/recsmarketing/en/index.html. Acesso em: 8 de outubro de 2016. ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Doenças crônico-degenerativas e obesidade: estratégia mundial sobre alimentação saudável, atividade física e saúde. Brasília (DF): OPAS/OMS; 2003. Paraná. Parecer sobre o PL 5921/2001, que “Dispõe sobre a publicidade de produtos e serviços dirigidos à criança e ao adolescente”, formulado pelo Professor Yves de La Taille. Disponível em: http://www.crprj.org.br/antigo/noticias/2008/0305- publicidade-dirigida-ao-publico-infantil.html. Acesso em: 12 de novembro de 2016. PEREIRA, R.M.R. Infância, televisão e publicidade: uma metodologia de pesquisa em construção. Caderno de Pesquisa, Rio de Janeiro, n.115, p. 235-264, 2002. 36 PÉREZ-SALGADO, D.; RIVERA-MÁRQUEZ, J. A.; ORTIZ-HERNÁNDEZ, L. Publicidad de alimentos em La programación de La televisión mexicana: ¿los niños están más expuestos? Salud Pública de México, v. 52, n. 2, p. 119-126, 2010. PIMENTA, A.P.A.A.; PALMA, A. Perfil epidemiológico da obesidade em crianças: relação entre televisão, atividade física e obesidade. Rev. Bras. Cienc. e Mov. Brasília, v. 9, n.4, p. 19-24, 2001. POPKIN B. Global nutrition dynamics: the world is shifting rapidly toward a diet linked with noncommunicable diseases. The American journal of clinical nutrition, USA, ago. 2006. Caderno 8, p.9. POSTMAN, N. O desaparecimento da infância, 1ed, Brasil: Graphia, 1999. 192p. RAMOS, M.; STEIN, L.M. Desenvolvimento do comportamento alimentar infantil. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, 2000. Sociedade Brasileira de Pediatria, Vol. 76, Supl.3, p. 9. RODRIGUES, V.M.; FIATES, G.M.R. Hábitos alimentares e comportamento de consumo infantil: influência da renda familiar e do hábito de assistir à televisão. Rev. Nutr. [online], v.25, n.3, p. 353-362, 2012. SANTA CATARINA. Lei nº 12 061, de 18 de dezembro de 2001. Dispõe sobre critérios de concessão de serviços de lanches e bebidas nas unidades educacionais, localizadas no Estado de Santa Catarina. Diário Oficial do Estado de Santa Catarina, Santa Catarina, nº 16.810.2001. SANTOS, C.C. et al. A influência da televisão nos hábitos, costumes e comportamento alimentar. Cogitare Enferm, Minas Gerais, v. 17, n.1, p. 65-71, 2012. SERRA, G.M.A.; SANTOS, E.M. Saúde e mídia na construção da obesidade e do corpo perfeito. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 8, n. 3, p. 691-701, 2003. 37 SILVA, R.C.R; MALINA, R.M. Level of physical activity in adolescents from Niterói, Rio de Janeiro, Brazil. Caderno SaúdePública, Rio de Janeiro, v.16,n.4, p.1091- 1097, 2000. SKINNER, J.D. et al. Children’s food preferences: a longitudinal analysis. J. Am. Diet. Assoc.,v.102, p.1638-1647, 2002. SOUZA, L.C.C.F. Educação e publicidade. Perspec, São Paulo, v.14, n.2, p. 23-31, 2000. TAVARES, J.F. Direito da infância e da juventude. Belo Horizonte: 2001. 272p. VASCONCELLOS, A.B.; GOULART, D.; GENTIL, P.C.; OLIVEIRA, T.P. A Saúde Pública e a Regulamentação da publicidade de alimentos. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/documentos/regulamentaPublicidadeAlime ntos.pdf. Acesso em: 02 de novembro de 2016. VALKENBURG, P.M. Media and youth consumerism. Journal of Adolescent Health, NEW YORK, set. 2000. v. 27, n.2, p.5. VALKENBURG, P.M.; CANTOR, J. The development of a child into a consumer. Journal of Applied Developmental Psychology, USA, Jan. 2001, v.22, p.11. . 1. INTRODUÇÃO 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral 2.2 Objetivos Específicos 3. MATERIAL E MÉTODOS 4. REVISÃO DE LITERATURA 4.1 Desenvolvimento do Comportamento Alimentar Infantil 4.2 Inatividade Física e Estilo de Vida 4.3 Publicidade Dirigida a Crianças 4.4 Influência da Televisão na Escolha Alimentar da Criança 4.5 Hábitos Alimentares e Marketing 4.6 Fases do Desenvolvimento do Consumidor Infantil 4.7 A Ilegalidade da Publicidade Voltada ao Público Infantil 4.7.1 Efeitos das políticas sobre o marketing de alimentos para crianças 4.7.2 Regulamentação da publicidade de alimentos 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS