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GABARITO AD1 – 2019.2 DISCIPLINA: LITERATURA NA FORMAÇÃO DO LEITOR GABARITO BASEADO EM RESPOSTAS DE ALUNOS, COMPLEMENTADAS PELA EQUIPE DE LITERATURA. MAS AS RESPOSTAS NÃO SÃO UNICAS, PODEM TER DIVERSAS FORMULAÇÕES. 2 QUESTÃO 1 (2 PONTOS) – Leia o poema abaixo e responda às questões (0,5 cada item). ESTA REPÚBLICA, de Bastos Tigre (1904) É certo que a República vai torta; Ninguém nega a duríssima verdade. Da pátria o seio a corrupção invade E a lei, de há muito tempo, é letra morta. A quem sinta altivez, força e vontade Ficou trancada do Poder a porta: Mas felizmente a vida nos conforta De esperança, uma dúbia claridade. Porque (ninguém se iluda), "isto" que assim A pobre Pátria fere, ultraja e explora, Jamais o sonho foi de Benjamin. Os motivos do mal não são mistério: — É que a gentinha que governa agora É o rebotalho que sobrou do Império. Bastos Tigre, poeta pernambucano do final do século XIX, jornalista, bibliotecário e humorista, transfere-se para o Rio de Janeiro onde morre, em 1957, aos 75 anos. A exposição do seu Centenário, em 1982, chamada As vidas de Bastos Tigre, homenageou sua capacidade de exercer várias funções e se destacar em todas. Junto com o poeta Emílio de Menezes, seu contemporâneo, destacou-se pela aguda verve crítica. 1.1 Com Esta República, Bastos Tigre escreve um soneto, usando métrica regular, à maneira do Parnasianismo do final de século XIX, início do XX. Em relação às inversões sintáticas que ele elabora, obrigando o leitor a buscar a ordem direta que facilita a compreensão, A) a que se refere o poeta nas duas primeiras quadras? Resposta: Tigre refere-se ao cenário político brasileiro da época, no período entre 1902 e 1906, Rodrigues Alves era o presidente do país, eleito pela forçadas oligarquias do café, que sobrepujavam a constituição brasileira. Era a chamada política dos governadores, do período denominado República Velha, na qual os representantes eram escolhidos graças às articulações da aristocracia dos fazendeiros, que tinham um único propósito: garantir seus próprios interesses econômicos, que se encontravam intimamente relacionados à exportação agropecuária. NA CORREÇÃO FORAM CONSIDERADAS AS RESPOSTAS DE CUNHO HISTÓRICO OU AS QUE DISSERAM O CONTEÚDO DA PRIMEIRA ESTROFE COM OUTRAS PALAVRAS, EVIDENCIANDO A CRÍTICA AO COMPORTAMENTO ANTI ÉTICO E DESRESPEITOSO DOS POLÍTICOS, ATITUDES QUE DESVIAVAM A REPÚBLICA DO SEU PROJETO ORIGINAL. B) Faça uma pesquisa na internet e diga a que pode estar se referindo o poeta no primeiro terceto. Resposta: O poeta, neste soneto satírico, fala sobre a corrupção e o jogo de interesses que norteavam as ações políticas no período da República Velha, que se afastavam muito dos princípios verdadeiramente republicanos. No primeiro terceto o poeta alerta que “isto”, a corrupção e a atitude antidemocrática que permeava as relações políticas no Brasil naquela época, estava longe de ser patriótica e certamente não traduzia os ideais de Benjamim Constant, fundador de República brasileira. TODOS OS QUE FORAM À INTERNET SABER QUEM FOI BENJAMIN CONSTANT, QUE PROPOSTA TRAZIA, OS QUE EVIDENCIARAM O CONTERÚDO DO “ISTO” COMO RELATIVO AO COMPORTAMENTO GANANCIOSO E CORRUPTO REFERIDO NA QUESTÃO 1 TAMBÉM OBTIVERAM PONTOS. C) O último terceto guarda a crítica mais dura. O que o poeta quis criticar? Resposta: O poeta finaliza sua crítica, no último terceto deste soneto, destacando de forma mais contundente sua opinião sobre a qualidade dos políticos da época, dizendo: “a gentinha que governa”, referindo-se ao grupo de fazendeiros, das oligarquias cafeeiras, que mantinham o poder e controlavam as ações políticas no país na época da República Velha. Essa “gentinha” reproduzia o absolutismo e a exploração de nosso país comum ao período Imperial, pois os governantes dedicavam-se à satisfação de seus interesses mantendo o poder na mão de um grupo específico, tanto quanto o fizeram os nobres no Império. A IDEIA ERA, POR MEIO DESTE TERCETO, FAZER A SÍNTESE DA SITUAÇÃO NAQUELA ÉPOCA, E, POR MEIO DESTA REFLEXÃO, RESPONDER ENTÃO À COMPARAÇÃO COM A SITUAÇÃO ATUAL, SUGERIDA PELA ULTIMA QUESTÃO. 1.2 O que indica que o poema crítico de Bastos Tigre ainda pode ser lido hoje com interesse? Respostas: Infelizmente o objeto dessa crítica de Tigre é extremamente familiar, pode-se dizer atemporal, pois em qualquer época ou contexto de nossa história, com maior ou menor intensidade, ele pode ser significado. A corrupção, o autoritarismo e o jogo de interesse que motiva as ações políticas de muitos governantes brasileiros, estão bem longe dos ideais de uma sociedade mais justa e igualitária, pois dedicam-se à manutenção do capital e do poder na mão de poucos, enquanto a grande maioria da população é explorada, vende sua força de trabalho para sobreviver e para garantir os interesses da classe dominante. QUESTÃO 2 (3 PONTOS) Leia o poema abaixo, use o link https://www.letras.mus.br/carlos-drummond-de-andrade/460645/ para ouvir o poeta declamá-lo, reflita sobre a plurissignificação que as palavras apresentam e responda às questões. (0,5 cada item completo) 3 Confidência do Itabirano Carlos Drummond de Andrade Alguns anos vivi em Itabira. Principalmente nasci em Itabira. Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro. Noventa por cento de ferro nas calçadas. Oitenta por cento de ferro nas almas. E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação. A vontade de amar, que me paralisa o trabalho, vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes. E o hábito de sofrer, que tanto me diverte, é doce herança itabirana. De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço: esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil, este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval; este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas; este orgulho, esta cabeça baixa... Tive ouro, tive gado, tive fazendas. Hoje sou funcionário público. Itabira é apenas uma fotografia na parede. Mas como dói! Responda com frases completas: A) Apesar de ser poeta modernista, o tom deste poema de Drummond não é de piada. Que sentimento provoca? Responda: Neste poema de Drummond pode-se sentir o tom nostálgico com que nos fala o eu lírico. Uma insatisfação, uma tristeza melancólica oriunda da decepção e saudade, cuja lembrança provoca dor. Saudade de um “ter” e um “ser”, melhores, perdidos em um tempo que não volta mais, tristes lembranças de sucesso, alegria, autonomia e liberdade convertidas pelo urbanismo e pela modernidade em sentimento de impotência e fracasso. B) O poeta diz fazer uma “confidência”. Que confidência? Resposta: O eu lírico dirige-se diretamente ao leitor e confidencia sua ligação com a cidade onde nasceu, insinuando o orgulho que sente disso, apesar de não ter realmente vivido na cidade. Este eu aprendeu a amar e a sofrer por causa de Itabira, declara que é esse um hábito que o diverte. Conta que Itabira é uma lembrança mitificada de um tempo melhor, de uma condição melhor, que a modernidade e vida nas grandes cidades degradou, restando apenas uma saudade que lhe dói profundamente. Mas também refere aos defeitos da cidade, seu enrijecimento pelo excessivo contato com o ferro, que parece ter contaminado a alma e, por outro lado o orgulho deslocado que seus habitantes sentiam. OBTEVE PONTOS QUEM DISSE QUE A CONFIDÊNCIA É A EXPOSIÇÃO DE UM SEGREDO, ESTA CORAGEM DE REVELAR OS ASPECTOS QUE CONSIDERA TRISTES NO SEU PRÓPRIO COMPORTAMENTE, E QUE ATRIBUI A UMA NATUREZAQUE HERDOU DA CIDADE ONDE NASCEU, ONDE POUCO VIVEU, NO ENTANTO. C) Que diferença parece estabelecer entre “vivi” e “nasci”, já que para o fato de ter nascido em Itabira ele usa o advérbio “principalmente”? Em que contexto do poema se situa este verso? A que ele parece se referir? Resposta: O poeta faz questão de destacar em sua obra que não apenas viveu em Itabira, mas nasceu lá, porque isso é o que lhe confere o orgulho de ser Itabirano. Esse título parece ser usado para validar seu amor e laço com a terra natal. A palavra “principalmente” oferece um destaque e reforço à ideia de que viver em Itabira não é tão significativo quanto ter sua origem lá. Esse sentimento de pertencimento que contribuiu para a constituição da identidade do autor enquanto sujeito, também parece ser usado nos primeiros versos para caracterizar e validar seu eu lírico, fazendo questão de logo esclarecer de que lugar fala a voz que expõe todos os sentimentos, positivos e negativos, passado e presente, ao longo do poema. OS ASPECTOS PRINCIPAIS A SEREM ABORDADOS SÃO ESSE: O CARÁTER FÉRREO ORGULHOSO E DE SUJEIÇÃO COM O QUAL NASCEU NESTA CIDADE FERROSA E A VIDA QUE ESCOLHEU VIVER DEPOIS DISTO, O FUNCIONÁRIO PÚBLICO COMO AQUELE QUE TEM UMA VIDA LIMITADA AOS DESÍGNIOS DA CARREIRA. D) Pode-se dizer que é um poema de contrastes? Por quê? Exemplifique. Resposta: Este é um poema de contrastes, pois o eu lírico se desenvolve em um discurso repleto de sentimentos contraditórios e antíteses tais como: o orgulho e cabeça baixa; o amor causando saudade e dor, a “vontade de amar” contra o “hábito de sofrer”; o “tanto me diverte” contra o “como dói”; o coletivo contra o individual; a vida no interior contra a vida urbana na cidade grande; o tradicional contra a modernidade; o fútil contra o valoroso; a prosperidade contra a decadência; o passado contra o presente e muitos outros significados tecidos no poema através desses contrastes. A RESPOSTA SUPUNHA VALORIZAR O USO DE EXPRESSÕES CONTRÁRIAS COMO O HÁBITO DE SOFRER QUE DIVERTE, O CARÁTER FÉRREO QUE BUSCA AMOR. E) Analise o verso “Itabira é apenas uma fotografia na parede” e a expressão “Mas como dói!”. O que representa afinal Itabira? Explique com suas palavras. Resposta: Itabira representa a lembrança de um tempo próspero vivido na cidade natal do autor. Como disse anteriormente, reflete a memória de uma melhor condição de “ter” e “ser” que, degradada pela modernidade, sofre com a decadência. Itabira é a lembrança, como uma “fotografia na parede”, de um “eu melhor”, que se ficou no passado. HÁ UMA CERTA INCONFORMIDADE COM O QUE NÃO SE PODE MAIS VIVER, POR ISSO DÓI, QUE DEVERIA SER DE ALGUM MODO EVIDENCIADO NA RESPOSTA. F) O que a forma deste poema contém dos traços característicos dos modernistas? Respostas: Apesar de apresentar influências românticas, por tratar de sentimentos de saudade e amor pela infância e pela terra natal, usando recursos retóricos, o poema Confidências de um Itabirano apresenta traços claramente modernistas quando o autor usa versos livres e assume postura politizada, retornando ao passado para questionar a realidade de forma contundente. O poeta estabelece uma relação tensa, dicotômica e ou mesmo tempo irônica entre o universal e o particular, o tradicional e o moderno, estabelecendo uma reflexão crítica de sua condição enquanto indivíduo ao mesmo tempo que questiona a sociedade, tentando interpretar e entender o estar no mundo. É um posicionamento político que critica as grandes transformações vivenciadas por ele e pela sociedade naquele contexto histórico-social. Por este motivo essa obra representa uma fase heroica do modernismo cujo discurso se faz em um tom contestatório. Drummond realiza uma apresentação objetiva dos fatos e acontecimentos históricos e por isso o tom lírico do poema foi tecido em linguagem coloquial, que apesar da relativa subjetividade, compõe-se por expressões linguísticas típicas da oralidade. EVIDENCIAR O VERSO LIVRE, O TOM CRÍTICO DO PRESENTE, O USO DA LÍNGUA, A FORMA LIBERTA DE REGRAS COM QUE EXPÕE IDEIAS, NUMA FRASE MENOS AFEITA À MUSICALIDADE DO VERSO E MAIS PRÓXIMA À LIBERDADE DE FLUXO DA PROSA. QUESTÃO 3 (2 PONTOS) Leia o poema abaixo, do escritor carioca Machado de Assis, escrito para sua esposa recentemente falecida. (0,5 cada item) 4 A CAROLINA Querida, ao pé do leito derradeiro Em que descansas dessa longa vida, Aqui venho e virei, pobre querida, Trazer-te o coração do companheiro. Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro Que, a despeito de toda a humana lida, Fez a nossa existência apetecida E num recanto pôs um mundo inteiro. Trago-te flores, — restos arrancados Da terra que nos viu passar unidos E ora mortos nos deixa e separados. Que eu, se tenho nos olhos malferidos Pensamentos de vida formulados, São pensamentos idos e vividos. Responda: A) Que seria este “leito derradeiro”, que cenário o poeta escolheu para exprimir sua dor? Exemplifique. Resposta: Machado de Assis refere-se ao leito de morte da esposa, espaço-túmulo, expresso como último leito de descanso, isto é, a sua sepultura. Pois o leito é aquele em que ela descansa “dessa longa vida”, portanto, já está morta. O poeta fez esse soneto como forma de expressão de sua dor por ocasião do falecimento e sepultamento de sua esposa. B) Qual a oferenda mais sugestiva que o companheiro veio trazer à companheira? Justifique sua resposta. Resposta: O companheiro diz que foi “Trazer-te o coração do companheiro”, quer dizer, seu amos, mas também , como é de praxe, levou flores, oferenda que homenageia o amor vivido, mas também o ente amado que partiu. Essa condição de homenagem em situação de pós-morte, diante da sepultura, fica mais clara quando o amado declara que a oferenda foi retirada da terra que um dia os uniu, por onde caminharam juntos, mas que hoje os separa, isso porque a morte que os separou, um dia, irá uni-los novamente. A flor representa uma dupla natureza de sentimentos, são ao mesmo tempo, fruto e restos da terra, representam a vida e a morte, a felicidade pelo “afeto verdadeiro”, mas a tristeza da separação, a gratidão pelo tempo que estiveram juntos nesta vida e a esperança de um reencontro futuro. AS RESPOSTAS PODEM SER MAIS SIMPLES OU MAIS DETALHADAS, O IDEAL É QUE CITEM ALGUMA PARTE DO POEMA. C) Uma das características do soneto, segundo consideram, é trazer no último terceto a “chave” do poema. Pode-se dizer que a ideia procede em relação ao soneto “A Carolina”? Justifique sua resposta. Resposta: Sim, pode-se dizer que a ideia procede em relação ao soneto Carolina. Apesar de estar bem claro desde o primeiro quarteto qual é o tema da obra, foi só no último terceto que o autor sintetiza tudo o que desenvolveu. Na composição formal dos últimos versos há uma acentuação do lamento que veio se intensificando ao longo da obra, mas é neste terceto onde destaca que tudo o que foi pensado e dito foi vivido, é um sentimento real. D) Há uma série de pequenos contrastes que o poeta evoca, diante do quadro que a morte oferece. Encontre esses contrastes e elabore um pequeno parágrafo sobre isso. Resposta: O primeiro contraste apresentado pelo autor diz respeito ao significado da vida e da morte, quando se refere ao túmulo como leito e à morte como descanso. Sugerindo que apesar do lamento pela separação, a vida pode ser cansativa. Enquanto insinua que a morte é um descanso merecido para uma longa vida. Outro ponto de contraste é o uso da palavra pulsar em situação de morte, uma forma de destacar o amor que ultrapassa essa condição e se mantém vivo no coração do autor. Esse amor é mais uma vez proclamado pelo contraste entre o sofrer da “lida humana” e o prazer da significaçãode mundo oriunda do companheirismo do casal. As flores são homenagem ao seu amor, mas também são restos arrancados da terra, assim como o corpo da amada o foi. A terra como contraste entre começo e fim, local de união e separação, de tristeza e alento ao representar esperança de reencontro. QUESTÃO 4 (1,5 PONTOS) Leia o poema abaixo: (0.5 cada item) NÃO HÁ VAGAS Ferreira Gullar O funcionário público não cabe no poema com seu salário de fome sua vida fechada em arquivos. Como não cabe no poema o operário que esmerila seu dia de aço e carvão nas oficinas escuras – porque o poema, senhores, está fechado: “não há vagas” 5 Só cabe no poema o homem sem estômago a mulher de nuvens a fruta sem preço O poema, senhores, não fede nem cheira. Responda com frases completas: A) Ferreira Gullar é poeta modernista, recentemente falecido. Sua poesia era de luta, política. Como esta característica se manifesta neste poema, particularmente? Resposta: É possível perceber que esse poema de Gullar representa um literatura comprometida com a crítica, neste caso política e social, pois o próprio título remete a um problema crônico da sociedade brasileira, o desemprego. No entanto não é apenas isso que a expressão “Não há vagas” além de aludir ainda que indiretamente à questão social, sobretudo faz ironia com a poesia que circulava, onde não havia espaço para as questões sociais, mas apenas para frivolidades, superficialidades, bobagens descontextualizadas, como “o homem sem estômago/a mulher de nuvens/a fruta sem preço”, por isso uma poesia que “não fede nem cheira”, é inócua, como para ele a poesia não deveria ser! B) Segundo os argumentos que usa para o poema, porque ele escolhe excluir o funcionário público e o operário? Resposta: Gullar escolhe o funcionário público e o operário, porque representam a classe trabalhadora, dois segmentos da sociedade que podem representar ferramentas de manutenção da lógica dominante. De um lado os operários representam a iniciativa privada e do outro o funcionário público, representantes da pública. Ambos estão presos, enclausurados a um sistema injusto, mantido pelo baixo salário, precariedade de serviços e participação restrita na compreensão e elaboração da realidade social que os cerca. C) Qual a relação que se pode estabelecer entre o título e a temática do poema, especificamente? Resposta: O título é uma expressão que remete à situação de um problema socioeconômico de nosso país, o desemprego, que afeta há ano nossa sociedade, dificultando o acesso de grande parte da população à educação, à saúde e a outros bens e serviços. Essa situação contribui para a promoção da alienação de muitos brasileiros que se mantém apáticos, submissos a um sistema que cerceia seus direitos, impedindo-os de exercer de forma consciente sua cidadania. Mas a poesia, para ele, seria algo combativo, portanto esses que batalham estariam fora deste tipo de poesia. Ele estabelece uma analogia entre poesia e vida, poesia e trabalho.Mas é uma poema metalinguístico, portanto não há vagas é pura ironia amrga contra o fechamento da poesia para a crise social. QUESTÃO 5 (1,5 PONTOS) Leia os poemas abaixo e responda às questões que se seguem.(0.5 cada item) 6 A) Cada um dos quadrados contém um pequeno poema escrito por Arnaldo Antunes. Escolha dois destes poemas e indique, a partir da observação de como ele compõe cada um deles, quais as duas características mais visíveis, justificando cada exemplo. Resposta: No poema do terceiro quadro, o autor usa letras da palavra crescer dispostas de uma forma embaralhada, aproveitando a capacidade que o cérebro tem de ler e interpretar vocábulos por rotas semânticas. Além disso a distribuição no espaço passa o sentido de movimento integrado, como o crescer do organismo humano. No último quadro existe um métrica intencional dos versos, “vejo como beijo”, “miro como um tiro”, que tem um ritmo e por isso intenção de sonoridade. Quanto à impressão visual, a mensagem do verso em verde chega primeiro, pois pela disposição convencional das palavras, são lidas automaticamente pelo leitor. Já o verso em azul, fica em segundo plano, depende uma leitura diferenciada. É possível que o autor tenha expressado que seu olhar, sua interpretação de mundo seja guiada pela emoção, da mesma forma que quando se beija fecha-se o olho, mas ainda se sabe o que fazer e se é guiado pelo que se sente. Diferente quando esse mesmo olhar é direcionado, ou seja, mirado, existe uma intenção de acertar o alvo. Os dois poemas tem características icônicas, de escrita telegráfica e subjetiva. B) “Todas as coisas do mundo não cabem numa ideia, mas tudo cabe numa palavra”. É de Arnaldo Antunes este enunciado, que resgata uma atitude dos anos 1950, dos poetas concretistas, como os irmãos Campos, que compunham o Grupo Noigandres. Qual desses poemas parece exemplificar com precisão a ideia desta frase? Justifique a resposta. Resposta: No segundo quadro, o poema com as letras da palavra crescer parece exemplificar com precisão a ideia desta frase, pois vários significados surgem desta palavra, tudo pode ser significado por um significante, por isso tudo cabe numa palavra. Entretanto não há um único significante, uma única palavra que comporte todos os significados de todas as coisas do mundo, por isso existem muitas palavras que significam “tudo”. Todas as coisas no mundo podem ser significadas, que serão representadas por um significante, por uma palavra. C) Em quase oposição à narrativa, sabe-se que a poesia explora a capacidade de síntese da linguagem. Reescreva de forma corrente a ideia da frase abaixo para comprovar esta característica de economia do poema. Resposta: “Perder Liberta”, talvez de modo corrente pudesse se traduzir como: não ficar preso à necessidade de ganhar sempre, em qualquer competição que se esteja, liberta o homem do excesso de autoexigência. Entendendo-se do modo mais material, pode-se dizer que perder algum bem obriga ao desapego, o que também liberta do aprisionamento à ditadura dos bens materiais. Importante dizer que as respostas foram livres na escolha dos poemas, mas era precisa uma argumentação que a sustentasse. Lembro que na prova de Literatura as respostas devem ser completas, expressar a ideia do leitor, da leitora sobre o texto lido. Por isso são necessários os exemplos, para fundamentar o que entendeu. Por outro lado, a pesquisa na internet também exige liberdade de escolha e limites no seu uso. Não se sai copiando tudo o que se lê. Lê-se, pensa-se, formula-se uma frase de acordo com o que compreendeu. Não sai copiando, sim?
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