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casos de penal III

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DIREITO PENAL III
SEMANA 1
CASO CONCRETO
Leia o caso concreto abaixo e responda às questões formuladas com base nas leituras indicadas no plano de aula e pelo seu professor. Filho acusado de concretar a mãe em armário é condenado por júri. Disponível em: https://veja.abril.com.br/blog/rio-grande-do-sul/filho-acusado-deconcretar-a-mae-em-armario-e-condenado-por-juri/. Postado em: 21 nov 2018, 15h36
Homem foi condenado a 27 anos de prisão; motivo do crime seria seguro de vida, segundo promotoria. O filho acusado de matar e concretar a mãe em um armário, em Porto Alegre, em maio de 2015, foi condenado a 27 anos de reclusão. A condenação ocorreu na última segunda-feira, 19, durante um júri que durou quase 12 horas. A sentença proferida pela juíza Karen Luise Boanova. O Ministério Público acusou Ricardo Jardim de matar a mãe, Vilma Jardim, de 74 anos, e concretá-la em um armário feito sob medida para a ocultação do cadáver. Segundo a promotoria, o motivo do crime seria um seguro de vida deixado pelo pai em nome da mãe. Durante o júri, o filho negou o crime. Segundo ele, os dois discutiram e ela pegou uma faca na cozinha e perfurou a própria garganta e a cabeça. Antes de morrer, teria feito carinho na mão do filho para acalmá-lo, segundo o depoimento dele. A discussão teria ocorrido porque ele acusou a mãe de alterar a dosagem de remédios e causar a morte do pai. Conforme o Tribunal de Justiça, o laudo mostrou 13 golpes e o réu confessou três. Diante do caso concreto apresentado, responda de forma objetiva e fundamentada, às questões formuladas:
a) Com base nos estudos sobre os crimes contra a vida, tipifique a conduta do agente.
b) Quais os elementos caracterizadores do feminicídio? Aplicam-se ao caso concreto?
c) São aplicáveis os institutos repressores da lei de crimes hediondos (lei n.8072/1990)?
LETRA A: Trata-se de crime capitulado no art. 121 § 2º. I e VI e § 4º, IN FINE c/c art. 211 tudo na forma do art. 69 do Código Penal. A motivação torpe é por conta da ganância no seguro de vida e outra qualificadora refere-se ao feminicídio em face da violência doméstica, com a majorante pela idade avançada da vítima (sem a regra do § 7º, que veio depois) além da ocultação do cadáver TUDO em concurso material de crimes;
LETRA B: Convém destacar, contudo, que não basta tratar-se de homicídio de mulher, isto é, ser mulher o sujeito passivo do homicídio para caracterizar essa novel qualificadora. Com efeito, para que se configure a qualificadora do feminicídio é necessário que o homicídio discriminatório seja praticado em situação caracterizadora de (i) violência doméstica e familiar, ou motivado por (ii) menosprezo ou discriminação à condição de mulher. No mesmo sentido, manifesta-se Rogério Sanches afirmando: “Feminicídio, é o comportamento objeto da Lei em comento, pressupondo violência baseada no gênero, agressões que tenham como motivação a opressão à mulher. É imprescindível que a conduta do agente esteja motivada pelo menosprezo ou discriminação à condição de mulher da vítima”. SIM, aplica-se por conta da entrada em vigor da Lei 13104 que inseriu o inciso VI no § 2º, do art. 121 do CP, em 9/3/2015 (bem antes da prática do delito). Não incide o § 7º, II do Art. 121 do CP porque veio ao mundo jurídico somente em 19/12/2018, permanecendo os demais elementos caracterizadores do feminicídio. 
LETRA C: SIM, à toda evidência. Em relação ao crime de homicídio duplamente qualificado, face a expressa previsão legal contida no art. 1º da lei 8072/90. 
QUESTÃO OBJETIVA.
Com relação ao delito de homicídio, analise as assertivas abaixo e assinale a opção correta:
I. É possível que o homicídio seja qualificado-privilegiado, desde que as qualificadoras sejam de natureza subjetiva. (falsa) – AS QUALIFICADORAS DEVEM SER OBJETIVAS.
II. A descrição típica do homicídio funcional se caracteriza como norma penal do mandato em branco. (Verdadeira)
III. O crime de homicídio admite interpretação analógica no que diz respeito à qualificadora que indica meios e modos de execução desse crime. (Verdadeira)
IV. O perdão judicial pode ser aplicado em caso de homicídio culposo ou privilegiado. (falsa) SOMENTE AO CRIME CULPOSO. Homicídio privilegiado é doloso.
Estão corretas as assertivas:
a) I, II e III.
b) II, III e IV
c) I, II e III.
d) Somente as assertivas II e IIII.
e) Somente as assertivas II e IV.
DIREITO PENAL III
SEMANA 2
CASO CONCRETO
Leia o caso concreto abaixo e responda às questões formuladas com base nas leituras
indicadas no plano de aula e pelo seu professor Ana Luiza, de 19 anos, grávida de 6 semanas de seu namorado Felipe, 20 anos e com a finalidade de praticar um aborto conversou com várias amigas até ser convidada para ingressar em um grupo secreto de WhatsApp que gerencia a prática de abortos clandestinos. Soube por meio do grupo a forma com a qual poderia adquirir o medicamento cytotec e solicitou ao namorado que o comprasse, pois não dispunha do valor cobrado. Felipe realizou o depósito bancário de R$1.000,00 e o medicamento foi entregue, via correio, na residência de Ana Luiza que resolveu ingeri-lo durante a madrugada no mesmo dia. Das fortes contrações sofridas e consequente hemorragia após
a expulsão incompleta do feto e placenta, Ana Luiza necessitou ser socorrida de emergência para fins de realização de uma curetagem. Na clínica na qual foi atendida não havia médico de plantão, razão pela qual Ana Luiza foi socorrida por uma enfermeira que necessitou realizar as manobras abortivas das quais culminaram a ablação do útero. Ante o exposto, com base nos estudos realizados sobre os crimes contra a vida, responda de forma objetiva e fundamentada às questões:
a) Qual a correta tipificação das condutas de Ana Luiza e Felipe?
b) Com relação à ablação do útero em decorrência do procedimento abortivo, Felipe poderia ser responsabilizado pelo resultado mais gravoso?
c) A conduta da enfermeira tem relevância jurídico-penal?
LETRA A: Primeiramente SÃO formas do aborto: a) aborto natural: é a interrupção da gravidez oriunda de causas patológicas, que ocorre de maneira espontânea (não há crime); b) aborto acidental: é a cessação da gravidez por conta de causas exteriores e traumáticas, como quedas e choques (não há crime); c) aborto criminoso: é a interrupção forçada e voluntária da gravidez, provocando a morte do feto; d) aborto permitido ou legal: é a cessação da gestação, com a morte do feto, admitida por lei. Esta forma divide-se em: d.1) aborto terapêutico ou necessário: é a interrupção da gravidez realizada por recomendação médica, a fim de salvar a vida da gestante. Trata-se de uma hipótese específica de estado de necessidade; d.2) aborto sentimental ou humanitário: é a autorização legal para interromper a gravidez quando a mulher foi vítima de estupro. Dentro da proteção à dignidade da pessoa humana em confronto com o direito à vida (nesse caso, do feto), optou o legislador por proteger a dignidade da mãe, que, vítima de um crime hediondo, não quer manter o produto da concepção em seu ventre, o que lhe poderá trazer sérios entraves de ordem psicológica e na sua qualidade de vida futura; e) aborto eugênico ou eugenésico: é a interrupção da gravidez, causando a morte do feto, para evitar que a criança nasça com graves defeitos genéticos. Há controvérsia se há ou não crime nessas hipóteses, como se verá no art.
128; f) aborto econômico--social: é a cessação da gestação, causando a morte do feto, por razões econômicas ou sociais, quando a mãe não tem condições de cuidar do seu filho, seja porque não recebe assistência do Estado, seja porque possui família numerosa, ou até por política estatal. No Brasil, é crime.
Ana Luiza responderá pelo crime previsto no art. 124 do CP. FELIPE será responsabilizado criminalmente como PARTÍCIPE. Cremos que o delito admite a participação, desde que na forma secundária, consistente em induzimento, instigação ou auxílio. Ex.: aconselhar a gestante a cometer, sozinha, o aborto. Se ele atuasse diretamente para causar a interrupção dagravidez não seria mero partícipe, mas autor do delito do art. 126. 
LETRA B: NÃO. Como dissemos acima, se Felipe atuasse diretamente para causar a interrupção da gravidez surgiria a seu desfavor autoria prevista no art. 126 do CP progredindo o crime à configuração do art. 127, primeira parte, em face da lesão corporal grave sofrida por Ana Luiza (crime preterdoloso). Na condição de partícipe apenas responderá pelo art. 124 do CP. 
LETRA C: SIM, porque a mulher vítima de abortamento pode sofrer vários tipos de sequelas físicas, dentre as quais perda do útero, ovários, perfurações da bexiga e intestino, além de poder contrair sérias infecções. Ademais, existe o estresse causado pelo trauma. Por isso, os enfermeiros devem atentar para que as vítimas liberem suas emoções, devem fornecer condições para uma recuperação física e psicológica da paciente. De fato existe uma impossibilidade da incidência do art. 128, I para a enfermeira em decorrência do princípio da taxatividade, podendo ser aplicada a excludente de ilicitude prevista no CP, art. 24 (estado de necessidade), dado à ausência de profissional médico para atender ANA LUIZA, sendo a atitude da enfermeira necessária para que ela não morresse. Entende-se que somente o médico pode providenciar a cessação da gravidez nessas duas hipóteses (CP, art. 128 I e II), sem qualquer possibilidade de utilização da analogia in bonam partem para incluir, por exemplo, a enfermeira ou a parteira. A razão disso consiste no fato de o médico ser o único profissional habilitado a decidir, mormente na primeira situação, se a gestante pode ser salva evitando-se o aborto ou não. Quanto ao estupro, é também o médico que pode realizar a interrupção da gravidez com segurança para a gestante. 
Se a enfermeira ou qualquer outra pessoa assim agir, poderá ser absolvida por estado de necessidade ou até mesmo por inexigibilidade de conduta diversa, conforme o caso. EM SUMA: O Aborto terapêutico trata-se de uma hipótese específica de estado de necessidade. Entre os dois bens que estão em conflito (vida da gestante e vida do feto ou embrião), o direito fez clara opção pela vida da mãe. Prescinde-se do consentimento da gestante neste caso.
QUESTÃO OBJETIVA.
Com relação aos delitos contra a vida, analise as assertivas abaixo e assinale a opção correta:
I. Suponha que uma agente forneça a um amigo um poderoso veneno de rato para que ele o utilize como meio para seu suicídio. Caso ele venha a ingerir o veneno, mas sobreviva com lesões corporais graves é correto afirmar que a conduta e quem forneceu o veneno se configura como tentativa de homicídio. (Falsa) Ele não teria praticado atos de matar. 
II. A sentença concessiva do perdão judicial é meramente declaratória de extinção de punibilidade e não gera reincidência. V
III. Agente que, depois de iniciado parto caseiro, mas antes de completá-lo, sob influência do estado puerperal, mata o próprio filho pratica o crime de infanticídio. V
IV. Se a mãe não quis ou assumiu o risco da morte do filho, não se configura crime de infanticídio, em qualquer das formas, eis que inexiste para o crime de infanticídio forma culposa. V
V. O “aborto com consentimento” da gestante constitui exceção à teoria monística adotada pelo Código Penal. V
Estão corretas as assertivas:
a) I, II e III.
b) II, III, IV e V (deveria estar completa assim!!!)
c) I, II e III.
d) Somente as assertivas II e IIII.
e) Somente as assertivas II e IV.
BONS ESTUDOS!!!

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